Estamos sempre a aprender.
Fontes abertas seriam as que têm a água sempre a correr, enquanto as fechadas seriam as que têm torneira. Seria, mas já não é.
País da treta.
jpaulocraveiro@ gmail.com "Por decisão do autor, o presente blogue não segue o novo Acordo Ortográfico"
quarta-feira, 30 de maio de 2012
Regime jurídico da reorganização administrativa territorial autárquica
Lei nº 22/2012
Publicada em 30/5/2012
Coimbra é classificada como Município de nível 2.
Os mesmos critérios inteligentes e perfeitos colocaram Valongo, a Moita, etc. como municípios de nível 1.
Quem bolsou esta lei pode limpar as mãos à parede.
Os Exmºs Deputados eleitos por Coimbra pelo PSD aprovaram esta coisa?
Publicada em 30/5/2012
Coimbra é classificada como Município de nível 2.
Os mesmos critérios inteligentes e perfeitos colocaram Valongo, a Moita, etc. como municípios de nível 1.
Quem bolsou esta lei pode limpar as mãos à parede.
Os Exmºs Deputados eleitos por Coimbra pelo PSD aprovaram esta coisa?
terça-feira, 29 de maio de 2012
segunda-feira, 28 de maio de 2012
Bancarrotas (ou quase)
Há um ano
estávamos em situação de pré-bancarrota, isto é, o Estado português não
dispunha de fundos para cumprir as suas obrigações nem sequer para pagar aos
seus funcionários, não havendo quem nos emprestasse dinheiro, a não ser em
condições de agiotagem pura. Foi o ministro das Finanças dessa altura que nos
avisou do facto, obrigando o então primeiro-ministro a chamar a “troika” que
nos trouxe o dinheiro que os mercados nos negavam, a troco de condições que
fomos obrigados a aceitar. Ficámos assim, durante algum tempo, com acesso a
dinheiro emprestado sem ter que ir ao mercado pedi-lo, o que significa uma
segurança temporária, mas uma segurança, apesar de tudo.
Mas há uma área
da actividade económica que, quer entre nós, quer a nível mundial, continua a
provocar as mais fundadas preocupações e que é aquela que deu origem ao termo
que dá o título a esta crónica: precisamente a banca.
Não se passa
praticamente um dia em que não nos cheguem más notícias da banca. Ontem foi a
colocação do Facebook no mercado. Apesar de montada por um dos mais
prestigiados bancos, o Morgan Stanley, a sensação é de que a operação foi uma
autêntica barracada. Claro que uma barracada gigantesca, da ordem de 16 mil
milhões de dólares, o que deu muito dinheiro a ganhar a alguns “felizardos”, já
que a avaliação da rede social foi claramente inflacionada, antes da entrada em
bolsa. Pelos vistos, dentro do próprio Morgan Stanley alguém se apercebeu da
“bolha” que se estava a encher, avisando alguns investidores privilegiados do
facto. Claro que, entretanto, as acções já desceram uns 17% e continuam a cair.
Ainda ontem,
mas mais perto de nós, soube-se que, em apenas cinco dias, os três maiores
bancos privados portugueses perderam 660 milhões de euros na sua capitalização.
As acções do Millennium BCP, por exemplo, já não chegam a valer 10 cêntimos.
Anteontem foi a
notícia chocante para todo o mundo, da descoberta de uma perda de mais de 2 mil
milhões de dólares no banco que até agora era o paradigma mundial de segurança
nos investimentos, o JPMorgan Chase. O único banco de investimentos que passou
incólume pela tempestade financeira de 2008/2009, que tem no seu interior uma
segurança contra falhas ao mais alto nível que pode existir, em que o
responsável pela área ganhou o ano passado 15 milhões de dólares, veio agora
descobrir no seu interior uma carteira de investimentos que é afinal um buraco
de 2 mil milhões. É obra; até porque essa carteira destinava-se precisamente a
precaver os resultados do banco contra baixos crescimentos económicos. Lá está,
vai-se a ver e trata-se de “produtos derivados”, quase impossíveis de gerir
racionalmente por pessoas, para além dos programas automáticos
hipersofisticados que fazem perder a relação com a realidade. Os tais
“derivados” a que Warren Buffet costuma chamar “armas de destruição maciça”,
mas de que até o JPMorgan não consegue fugir.
Aqui entre nós,
anteontem o fundador do BCP Eng. Jardim Gonçalves chamou dramaticamente a
atenção para o que está a acontecer na banca portuguesa em consequência das
medidas de recapitalização impostas pelos burocratas europeus e que a curto
prazo vão acabar por entregar os bancos portugueses a estrangeiros, por valores
ridículos.
A economia
portuguesa anseia pelo dinheiro que os bancos não são capazes de lhe fornecer
em condições aceitáveis. Provavelmente, porque não o têm, já que o seu problema
é sobreviver, gerir a dívida pública que tiveram que comprar e ainda responder
às exigências de recapitalização inventadas pela União Europeia. Um país
pequeno como o nosso, que está pejado de auto estradas do lá-vai-um e que têm
que ser pagas, endividado até ao tutano, com a economia estagnada, com um
Estado habituado a gastar muito mais do que recebe em impostos, não está
provavelmente em condições de exigir nada perante a União Europeia e baixar a
cabeça, já que o seu problema é safar-se da tempestade.
Mas não podemos
deixar de ter consciência de que grande parte dos males europeus actuais vem
dos erros gigantescos da actividade financeira, em particular da banca, havendo
uma enorme responsabilidade das entidades que a deviam regular como os bancos
centrais. Acresce que os dirigentes políticos europeus estão claramente
impreparados para lidar com forças tão poderosas como os gigantescos fluxos
financeiros que diariamente dão várias voltas à Terra, não se sabendo nunca
exactamente onde estão, nem para onde se dirigem. Os mercados são essenciais à
vida económica nos seus mais diversos níveis, mas os Estados e neste caso a
União Europeia têm que ter capacidade e meios para se defender, evitando dar o
ouro ao bandido como se costuma dizer e preservando os seus cidadãos dos
predadores de que individualmente não se podem defender.
Publicado originalmente no diário de Coimbra em 28 de Maio de 2012
domingo, 27 de maio de 2012
sexta-feira, 25 de maio de 2012
Agenda do crescimento
Se é assim tão boa, a "Agenda do crescimento" não foi aplicada pelo anterior governo, porquê?
Ou dar-se-à o caso de estarmos onde estamos porque o anterior governo a aplicou?
Palavra de honra, que já não não há pachorra para tanta palermice.
Ou dar-se-à o caso de estarmos onde estamos porque o anterior governo a aplicou?
Palavra de honra, que já não não há pachorra para tanta palermice.
quinta-feira, 24 de maio de 2012
segunda-feira, 21 de maio de 2012
ÉTICA E CORRUPÇÃO
O que é a ética? Pergunta de
difícil resposta, embora, neste início do século XXI se fale de ética por tudo
o que é sítio. Talvez porque se sente muita falta dela. Procurando respostas simples
verificamos, desde logo, que o termo vem do grego “ethos” que significa
“costume”; É, portanto, algo que não é de agora, mas que vem de há muito e se
mantém actual nos dias hoje, o que desde logo atesta a sua importância na vida
da sociedade. Segundo os dicionários, ética é a “parte da filosofia que estuda
os fundamentos da moral”, ou muito simplesmente “um conjunto de regras de
conduta”. O dicionário não nos facilita muito a vida: de facto; se por um lado
nos atira para a moral, termo que vem do latim “mores” e que significa também
“costumes”, por outro lado remete-nos para a conduta, o que tem a ver com a acção,
isto é, a prática de vida. Ser ético, portanto, será verdadeiramente aquilo que
importa, o que não é fácil, dadas as diferentes fontes de moral que ao longo
dos séculos se foram sucedendo desde os tempos da ética filosófica de
Aristóteles, assistindo-se hoje à coexistência de muitas delas e mesmo á
recuperação de algumas que se julgava perdidas. Talvez resida aí uma das razões
principais do actual desnorte nesta matéria.
E o que é a corrupção?
Socorrendo-nos de um dicionário, ficamos mais uma vez quase na ignorância, já
que o seu significado aponta para “depravação, suborno, alteração” ou mesmo
“sedução”. Mas neste caso da corrupção, ao contrário da ética, acontece sempre
algo de concreto e bem material e não filosófico, pelo que se encontra
completamente identificada na lei, que tipifica mesmo os diversos tipos de
corrupção, que vão do suborno à extorsão e ao peculato, passando pelo
nepotismo. Claro que em Portugal é mais fácil sentir o cheiro da corrupção do
que prová-la, pelo menos quando há políticos envolvidos.
É cada vez mais frequente
ouvir-se discorrer sobre ética e corrupção, associando-lhe a política. Na
verdade, ouve-se tantos políticos falar em ética, que quando isso acontece fico
logo desconfiado, principalmente quanto mais alto falam e quanto mais
assertivos são sobre o assunto. E os anos que já levo por cá e a experiência de
vida aconselham de facto a ser prudente ao ouvir a palavra ética,
principalmente quando associada a política e negócios. Há por aí fazedores de
opinião de alto gabarito e muita “ciência económica” que vendem a necessidade
da ética nos negócios quando até se sabe terem já sido corruptos em alto grau.
Por outro lado, é comum ouvir-se
dizer que “a minha ética é a lei da República”, mais uma vez quase sempre por
políticos no activo. Triste de quem confina a sua vivência à observância da lei.
Será que se pode em verdade dizer que se não infrinjo a lei, sou ético? Ou que
apresentar credencial de nunca ter sido condenado por corrupção significa o
mesmo? Claro que não. O sistema de valores vai muito para além das leis; aliás,
se as leis abarcassem todo o comportamento humano estaríamos na ditadura total
e não seríamos mais que autómatos.
Voltando ao velho Aristóteles, “Toda
a teoria da conduta tem de ser apenas um esquema e não um sistema exacto…e os
temas de conduta e comportamento não têm em si nada de fixo e invariável. E se
isto é verdade na teoria geral da ética, ainda é menos possível a precisão
exacta ao tratar de casos particulares de conduta…os próprios agentes têm de
considerar o que é conveniente nas circunstâncias de cada ocasião”. Isto é,
ao contrário do que alguns profissionais do julgamento popular pretendem, nada
disto é fácil.
Claro que a ignorância
generalizada e a falta de cultura associadas à miscelânea de códigos de valores
da nossa civilização leva a que se perca o fundamental e se eleja mesmo o
sucesso económico obtido seja de que forma for, como o critério essencial de
consideração social. Mas atrás do tempo, tempo vem, e a História está carregada
de fases confusas como a actual. E os que pensam que a História acabou estão
redondamente enganados, como é já possível detectar em sinais fáceis de
percepcionar por muita gente, menos pelos economistas que hoje dominam a nossa
vida e apenas tratam de números e olham para o futuro como a continuação das
séries do passado.
Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 21 de Maio de 2012
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