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domingo, 10 de junho de 2018
Europa e EUA
Esta foto da cimeira G7 espelha o relacionamento actual entre a Europa e os EUA, com o resto do mundo (aqui o Japão) a assistir incrédulo.
sábado, 9 de junho de 2018
Linhares Furtado: de Coimbra para o mundo
Em Julho de 1969 realizou-se em Coimbra, nos velhos HUC, o primeiro transplante de rim, com dador vivo. Em 1980 foi feito o primeiro transplante com rim de cadáver em Coimbra.
A partir de 1992 iniciou-se em Coimbra um programa continuado de transplantes de fígado, tendo o primeiro transplante de fígado pediátrico sido feito em 1994, o que aconteceu em Portugal pela primeira vez. Em 1995 fez –se em Coimbra, pela primeira vez em todo o mundo, um transplante sequencial com fígado de doente com paramiloidose. Em 1996 iniciaram-se os transplantes de fígado com recurso a bipartições e em 1997 realizou-se nos HUC de Coimbra outra operação inédita em todo o mundo: triplo transplante hepático a partir de um único enxerto de cadáver. Outros exemplos de sucessos em operações de transplantes de fígado originais se fizeram em Coimbra depois disso, como transplante de um lobo de fígado de mãe para filho.
Um amigo meu, professor da Fac. de Medicina de Coimbra costuma dizer que, hoje em dia, todas as cirurgias estão mais ou menos conhecidas e são possíveis para bons cirurgiões. Mas há uma que sobreleva de todas as outras pela sua complexidade e dificuldade técnica, que é a do fígado. E que só um verdadeiro génio da cirurgia pode dominar completamente as técnicas de operações nesse órgão.
Pois bem. Há algo que liga todas aquelas cirurgias a que me referi acima. Todas foram feitas em Coimbra, nos HUC mas, essencialmente, devem-se ao mesmo Homem: Alexandre Linhares Furtado que faz agora dez anos se reformou dos HUC. Não há rigorosamente mais ninguém em Coimbra que tenha atingido o estatuto de um dos melhores do mundo na sua área, para além do Prof. Linhares Furtado.
Ao contrário do que se poderia pensar, o Prof. Furtado não nasceu num meio ligado à Medicina ou à Ciência, nem teve a sua vida académica facilitada pelo nascimento, pelo que a ascensão ao cume da medicina mundial se deveu única e exclusivamente à sua inteligência, capacidade de trabalho e vontade indómita de atingir a excelência.
Desde a Fajã de Baixo no concelho de Ponta Delgada em S. Miguel, Açores, o Prof. Furtado ultrapassou todas as dificuldades, invejas, conservadorismos estéreis mas poderosos e conseguiu colocar a medicina portuguesa num patamar de qualidade nunca antes visto e reconhecido no mundo inteiro. Ao contrário do que infelizmente por vezes se observa por cá, quando o Prof. Furtado se desloca a um fórum de medicina em qualquer parte do mundo, é referenciado como um dos melhores médicos e assim tratado.
Não se pense que os êxitos profissionais e científicos lhe alteraram a maneira simples de ser. E também não lhe diminuíram o espírito curioso e o tempo para ser um Homem culto e mesmo artista de relevo, como o provam os quadros da sua autoria, actividade que o ajudará a manter o equilíbrio interior, mesmo ou principalmente quando a cirurgia lhe exige uma utilização extrema e esgotante de todas as capacidades intelectuais e físicas.
Linhares Furtado é ainda um melómano atento e conhecedor. Não só conhece a música dita clássica a fundo, como não lhe escapam os pormenores das diferentes interpretações e as ligações das diferentes composições com a vida de quem as compôs e respectivas circunstâncias sociais, políticas e económicas.
Costuma classificar-se Coimbra com capital da saúde e tal não andará longe da verdade em vários aspectos. Mas como em todas actividades humanas, o importante são as pessoas. E são as pessoas de excepção como o Prof. Linhares Furtado que, pela sua diferença, marcam definitivamente uma actividade e mesmo a cidade em que trabalham, colocando-lhes o selo da excelência reconhecida não só em Portugal, mas em todo o mundo.
Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 20 de Maio de 2013
803 anos da Magna Carta
No mês de Junho
de 1215, o Rei João de Inglaterra, que se tornaria conhecido como João sem
Terra, assinou um documento que, no seu art.º 39º e, numa tradução livre,
estabelecia:
“"Nenhum
homem livre será preso, aprisionado ou privado de uma propriedade, ou tornado
fora-da-lei, ou exilado, ou de maneira alguma destruído, nem agiremos contra
ele ou mandaremos alguém contra ele, a não ser por julgamento legal dos seus
pares, ou pela lei da terra."
Em plena Idade
Média, o Rei reconhecia um limite aos seus poderes e uma garantia à liberdade
dos súbditos.
Claro que João
sem Terra não assinou o que ficou conhecido como Magna Carta com grande gosto,
nem sequer com intenção de a vir a cumprir na sua totalidade. As suas
sucessivas derrotas militares e o afrontamento ao papa Inocêncio III ao não
aceitar a nomeação do Arcebispo de Cantuária, tinham-no levado a uma situação
de fragilidade perante os nobres do reino que colocava em perigo a sua situação
como rei. Depois de se humilhar ao aceitar o nomeado pelo Papa, colocando-o
assim do seu lado, o Rei João aceitou igualmente os termos da Magna Carta, que
limitava seriamente os seus poderes. Havia mesmo um artigo que estabelecia um
conselho de 25 nobres com o direito de ficarem com todas as posses do rei, caso
ele não cumprisse alguma das regras do tratado. Passado um escasso mês sobre a
assinatura, João escreveu ao Papa a pedir a anulação da Magna Carta, o que
conseguiu, dadas as suas novas boas relações com Roma.
O documento, mesmo
com alterações e mesmo anulações de algumas partes, como a referente ao
conselho dos 25 nobres, sobreviveu ao longo dos anos como inspiração para
futuras constituições. Os pais fundadores da Constituição Americana vieram no
final do século XVIII a tomar a Magna Carta como documento seminal para a
definição das liberdades individuais e limite da acção do Estado perante o
indivíduo e para a definição do princípio fundamental da “não taxação, sem
representação”.
Recordo que,
entre nós, a primeira Constituição data de 1822, tendo tido vida curta, já que
foi substituída em 1826 pela Carta Constitucional que vigorou com diversas
alterações até à implantação da República em 1910.
A originalidade e
importância da Magna Carta, oitocentos anos depois da sua assinatura, mantém-se
no respeito do Estado perante os cidadãos e no direito destes a julgamento
justo em vez da arbitrariedade do poder.
Nestes dias em
que tudo é posto de novo em causa por discussões sobre direitos individuais
fundamentais como a liberdade de imprensa e de opinião perante poderes
religiosos, militares, políticos e económicos, ir buscar os fundamentos da
nossa liberdade e civilização ao fundo dos tempos é, não só uma comemoração mas
também uma necessidade. Oitocentos anos de Magna Carta não são uma pertença
apenas da História de Inglaterra, mas de toda uma sociedade liberal que tem
sobrevivido aos ataques dos mais diversos radicalismos que, sistematicamente,
têm tentado substituir os direitos dos indivíduos pelos interesses do Estado.
Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 26 de Janeiro de 2014
sexta-feira, 8 de junho de 2018
quinta-feira, 7 de junho de 2018
quarta-feira, 6 de junho de 2018
Está toda a gente maluca?
E o maluco pergunta:
"Sporting. Administrador da SAD demite-se, Scolari é hipótese forte e Bruno de Carvalho pergunta se está toda a gente maluca”
Foto de "Obervador":https://observador.pt/2018/06/06/sporting-administrador-da-sad-demite-se-treinador-apresentado-em-breve-e-bruno-de-carvalho-em-conferencia/
terça-feira, 5 de junho de 2018
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