quarta-feira, 14 de outubro de 2020

Recorde

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terça-feira, 13 de outubro de 2020

FRA - Revista da Associação dos Antigos Estudantes de Coimbra Set 2020

 

Veja a revista inteira aqui:

https://mail.google.com/mail/u/0?ui=2&ik=ad5510217c&attid=0.1&permmsgid=msg-f:1680346327606099225&th=1751ca150497fd19&view=att&disp=safe&realattid=f_kg6gmcn60

 

O meu artigo neste número:

Tempus fugit

Histórias de relógios

O relógio é um dos instrumentos mais banais do nosso dia-a-dia tendo hoje, com a tecnologia electrónica, uma precisão que está muito para além das nossas necessidades correntes, embora essencial para muitos dos equipamentos modernos como computadores, telemóveis, microscópios electrónicos, leitores de CD e muitos mais. Contudo, existe um mundo mais restrito de relojoaria, que utiliza ainda hoje uma capacidade mecânica de elevada complexidade e precisão que é uma demonstração de engenhosidade humana que ultrapassa o facilmente imaginável.

A capacidade de medição do tempo foi um dos conhecimentos científicos mais importantes e significativos da História da Humanidade que, desde tempos imemoriais, se voltou para o céu na tentativa de encontrar parâmetros que lhe permitisse organizar a sua vida, principalmente quando começou a praticar a agricultura. Se a passagem dos dias sempre pareceu algo de automático e de fácil previsibilidade, já as estações do ano tão importantes para determinar as sementeiras e colheitas eram muito mais difíceis de prever com alguma exactidão.

Sabemos hoje que a duração dos nossos dias é calculada em função da translação da Terra à volta do Sol, que demora 365,242199 dias a fazer-se.

O calendário gregoriano introduzido pelo papa Gregório XIII em 1582 veio substituir o calendário definido por Júlio César e Cleópatra que, por partir de uma duração do ano de 365,25 dias levava já no século XVI um erro de 10 dias inteiros. A adopção dos anos bissextos veio corrigir este erro.

Mas a astronomia é muito mais complicada. Na realidade, a precessão dos equinócios devida ao facto de a Terra girar em torno do seu eixo como um pião leva a que o ano sideral medido em relação às estrelas dure ainda mais 20 minutos e 24 segundos. Só este pormenor deita por terra toda a “capacidade científica” da Maya e demais astrólogos.

Mais interessante ainda é o facto de o dia definido em cima ser o “dia médio”, porque os dias não têm todos a mesma duração. Como a Terra, na sua translação à volta do Sol, segue uma elipse imperfeita, a duração real dos dias varia entre 23 horas 44 minutos em 3 de Novembro e 24 horas e 14 minutos em 11 de Fevereiro, havendo quatro dias por ano com uma duração igual à duração média. A diferença entre estas duas durações chama-se “equação do tempo” e, pasme-se, existem relógios mecânicos de pulso capazes de resolver a equação do tempo no mostrador.

No mundo dos relógios mecânicos existe uma área chamada das «complicações mecânicas» e, no seu topo encontra-se o TURBILHÃO. Esta tecnologia foi inventada em 1801 pela casa BREGUET, num tempo em que os relógios ainda eram fixos, estando permanentemente na posição vertical, portanto sujeitos a que a gravidade terrestre afectasse o movimento do "escape", introduzindo variações indesejáveis com influência negativa na precisão da máquina. O TURBILHÃO consiste numa cápsula móvel que contém o "escape" e o "balanço" que assim rodam em conjunto, efectuando normalmente uma rotação completa em cada minuto, compensando assim as variações. Hoje em dia, os relógios andam nos nossos pulsos, mudando constantemente de posição, pelo que o turbilhão não seria necessário para compensar a gravidade, sendo uma curiosidade e, acima de tudo, um desafio para os construtores. O turbilhão aparece normalmente colocado às 12 horas ou às seis horas, havendo modelos, com o turbilhão no centro dos ponteiros, o que dá aos relógios um aspecto perturbador, pela quase magia do movimento perceptível aos nossos olhos. Há mesmo fabricantes que desenvolveram modelos com um turbilhão esférico, que roda sobre dois eixos, parecendo flutuar livremente no espaço de uma forma absolutamente extraordinária. A micro-engenharia mecânica necessária para fabricar estes dispositivos destinados a trabalhar dentro do reduzido espaço de um relógio de pulso é uma das façanhas mais impressionantes da capacidade inventiva do Homem. O efeito do turbilhão a rodar perante os nossos olhos tem, no entanto, um efeito quase mágico, pelo que as grandes marcas (muito poucas têm a capacidade técnica para produzir esta maravilha de miniaturização) apresentam modelos muito exclusivos, e dispendiosos, com esta função.

Existe uma confusão muito vulgarizada, mesmo entre quem aprecia bons relógios mecânicos. Trata-se de saber a diferença entre cronógrafo e cronómetro. Um cronómetro é actualmente um relógio mecânico que atinge um determinado patamar de precisão, que lhe permite obter um certificado específico passado pelo CSCO (Contrôle Officiel Suisse des Chronomètres) após a realização com sucesso de uma série bem definida de testes. A necessidade desta precisão nasceu na navegação marítima, para se calcular a longitude. Ainda me lembro de, a bordo dos navios da Armada de Guerra, haver sempre um cronómetro, cuja responsabilidade de manutenção cabia ao Oficial de Navegação. O procedimento de dar a corda ao cronómetro que estava guardado numa caixa de madeira e possuía dois eixos de rotação a fim de absorver as movimentações do navio, era perfeitamente definido e era mesmo um ritual, com o fim de garantir que a sua variação era controlada. Claro que isto se passava antes da era do GPS. Um cronómetro é, portanto, um relógio que tem uma precisão garantida acima de determinados padrões estabelecidos internacionalmente.

Já um cronógrafo é um relógio que permite medir e mostrar períodos de tempo, isto é, que possuem mecanismos que se põem a trabalhar e se param através de botões. Um exemplo de cronógrafo é o famoso Speedmaster da OMEGA que foi até hoje o único relógio usado na Lua, por ter sido adoptado pelo programa Apollo que levou o Homem ao nosso satélite natural pela primeira vez em Julho de 1969.

Há uma expressão vulgar que me habituei a considerar como representativa de ignorância por parte de quem a emprega: «Espaço de tempo».

Na física clássica, o espaço é definido por três eixos ou apenas dois se considerarmos um plano. Para além disto, havia o tempo que definia o momento do acontecimento, independentemente da localização geométrica, mas que se lhe podia associar para o definir completamente. Após a teoria da relatividade, a distância passou a ser definida em função do tempo e da velocidade da luz, isto é, o metro passou a ser definido como a distância percorrida pela luz em 0,000000003335640952 segundos medidos por um relógio de césio. Este valor corresponde à distância entre duas marcas numa barra de platina guardada em Paris, que é a definição que aprendemos na escola primária.

Curiosamente, vista desta forma, a expressão “espaço de tempo” já não parece tão ignorante, o que mostra que estamos sempre a aprender.

 

segunda-feira, 12 de outubro de 2020

Um país no “cul de sac”

 


Em engenharia de tráfego é habitual chamar “cul de sac” a um beco sem saída. Acontece quando uma estrada termina sem outras ligações à rede viária, tendo que se encontrar uma solução adequada para que os veículos que aí chegam consigam voltar para trás.

É essa a situação em que o nosso país parece estar. Quando, na sequência das eleições de 2015 nem o PS nem o PSD coligado com o CDS conseguiram maioria absoluta, o PCP ofereceu a célebre mão ao PS pela voz do seu Sec. Geral Jerónimo de Sousa- «o PS só não forma governo se não quiser». Foi o abrir do caminho para o que se veio a chamar «Geringonça» na base de acordos escritos entre o PS, o PCP e o BE. Acordo perfeitamente legítimo, porque assente entre partidos representados na Assembleia da República. Mas com evidente significado político, e as inerentes consequências na governação do país, que evidencia uma desconfiança quando não aversão às empresas que constituem a economia real geradora dos resultados de que saem os impostos que pagam o funcionamento do Estado. Foi assim que nunca se conseguiram atingir níveis de crescimento económico que nos fizessem subir na classificação de riqueza dos países europeus mas que, muito antes pelo contrário, conduziram à descida de um lugar por ano nesse ranking. Como aliás seria de prever, dado que não há memória de algum país que algum dia tenha enriquecido aplicando as fórmulas políticas dos dois partidos associados ao PS na geringonça que, assim, serviu apenas para a sua manutenção no poder.

A descida do défice das contas públicas até quase zero foi conseguida com malabarismos contabilísticos de cativações forçadas que desvirtuaram sucessivamente os diversos OGE aprovados na Assembleia da República e ainda pela não efectivação dos investimentos públicos previstos. Tudo isto com a participação activa dos partidos apoiantes do Governo no Parlamento que, sabendo do que acima ficou escrito, foram aprovando todos os Orçamentos do Estado com as consequências que se conhecem. Como exemplo podem apontar-se os problemas gravíssimos no Serviço Nacional de Saúde onde, além do mais, a falta de pessoal decorrente da adopção das 35 horas não foi compensada com novas contratações.


A situação foi caminhando sob os avisos de muitos que alertavam para a falta de capacidade do país perante uma qualquer crise inesperada, dado o elevado nível de endividamento que foi sempre crescendo. E essa situação chegou, sob a forma de uma pandemia. Como, por azar, a crise veio pelo lado da saúde, o SNS viu-se obrigado a dedicar-se quase em exclusivo ao novo vírus, deixando milhares de portugueses sem consultas, sem exame, sem cirurgias e sem alternativa de poderem ir ao sector privado da saúde. Dadas as característica da crise todos os países sofreram os efeitos nefastos nas suas economias mas lá está, uns têm umas couraças fortes perante os ataques e outros têm apenas uns escudos de papel. E Portugal está na situação de depender por inteiro de dinheiros vindos da União Europeia, desta vez sob a forma de subvenções ditas a fundo perdido. Vemo-nos, de novo, na situação humilhante de dependermos totalmente dos nossos parceiros internacionais, chegando ao ponto de apelar por uma «bazuca» de dinheiro, sem qualquer pejo.

O historial dos últimos cinco anos, associado à pandemia, trouxe-nos a esta situação que todos sentem ser um beco sem saída e que é, na verdade, a verdadeira razão para a dramatização do Governo ameaçando com uma crise enquanto diz que não a podemos ter. Acresce a situação própria da proximidade das eleições presidenciais. Há muitas semanas que o Presidente deixou de poder dissolver a Assembleia e durante mais seis meses depois da sua reeleição também não o poderá fazer.

Assim se percebe o drama artificial criado que vai desembocar numa nova aprovação do OGE com a colaboração, mais uma vez, do PCP e do BE, é certo. Por pura sobrevivência o governo socialista coloca-se de novo nas mãos das exigências dos dois partidos, entre as quais a não previsão no Orçamento dos 900 milhões de euros para o Novo Banco para cumprimento do contrato assinado pelo Governo socialista com o apoio dos seus companheiros de estrada. Sem capacidade nem vontade de fazer as reformas cada vez mais necessárias, vamo-nos entretendo com propostas de recriação de 600 freguesias.


O beco sem saída em que o Governo meteu o país pelas suas escolhas políticas vai acabar por ser resolvido porque, felizmente, a Democracia tem essa grande vantagem sem que haja necessidade de se recorrer a cortes de regime. Mas, até lá, a complexidade da situação vai trazer grandes custos a assumir mais uma vez pelas carteiras dos portugueses, disso não tenhamos dúvidas.

 

Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 12 de Outubro de 2020

Love Theme (From "Barry Lyndon")

domingo, 11 de outubro de 2020

Presidente da República (Marcelo R. Sousa) deu posse a Membros do Conselho das Ordens Nacionais

 A saber (em Junho de 2016):

O Presidente da República e Grão-Mestre das Ordens Honoríficas Portuguesas conferiu posse, em cerimonia realizada no Palácio de Belém, aos vogais dos três Conselhos das Ordens, nomeadamente Conselho das Antigas Ordens Militares, Conselho das Ordens Nacionais e Conselho das Ordens de Mérito Civil.

Tomaram posse como vogais do Conselho das Antigas Ordens Militares, sob proposta do seu Chanceler Dr. Jaime José de Matos da Gama, o Coronel Fernando Gil Almeida Lobato de Faria, o Coronel Raúl Miguel Socorro Folques, a Dra. Maria de Belém Roseira Martins Coelho Henriques de Pina, o Embaixador Fernando Andresen Guimarães, o General Luís Evangelista Esteves de Araújo, o Almirante Francisco António Torres Vidal de Abreu, a Professora Doutora Maria Raquel Viegas Soeiro de Brito e o Padre José Tolentino Calaça de Mendonça.

Para vogais do Conselho das Ordens Nacionais, sob proposta da sua Chanceler Dra. Maria Manuela Dias Ferreira Leite, tomaram posse a Dra. Isabel Maria de Lucena Vasconcelos Cruz de Almeida Mota, o Dr. José Albino da Silva Peneda, o Professor Doutor Manuel António Garcia Braga da Cruz, o Dr. António José de Castro Bagão Félix, a Professora Doutora Elvira Maria Correia Fortunato e o Dr. Carlos Morais Beato.

Tomaram ainda posse como vogais do Conselho das Ordens de Mérito Civil, sob proposta da sua Chanceler Professora Doutora Maria Helena Vaz de Carvalho Nazaré, o Embaixador Francisco Seixas da Costa, a Irmã Ana Maria de Sousa Vieira, o Professor Doutor José Carlos Diogo Marques dos Santos, a Professora Doutora Maria da Graça Martins da Silva Carvalho, a Engenheira Olga Maria Carrasqueira Laureano, a Dra. Maria da Conceição Rodrigues Leal e a Dra. Isabel Mendes Furtado.

Os Conselhos das Ordens são presididos pelo respetivo Chanceler e os seus vogais são nomeados de entre as Grã-Cruzes, Grande-Oficiais e Comendadores das respetivas Ordens. Os vogais da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito podem ser escolhidos de entre os condecorados com qualquer grau. Compete aos Conselhos das Ordens dar parecer sobre as propostas e solicitações de agraciamento com as respetivas Ordens e propor, nos termos da presente lei, a concessão de condecorações com as suas Ordens.

 

Nota minha: Enfim. Se os que propõem distinções são estes, não é de admirar quem são os distinguidos (as excepções servem para confirmar regras, como é bem sabido).

terça-feira, 6 de outubro de 2020

Regras do Estado

 O primeiro-Ministro diz que acertou com o presidente da República que os mandatos dos dirigentes da Justiça são únicos, não havendo lugar a reconduções. Eu sei que sou engenheiro e não jurista, mas estava convencido que o estabelecimento de regras (dizem-se leis)  acertadas entre orgãos de soberania deviam ser publicadas no Diário da República, onde até aparecem as resoluções do Conselho de Ministros. Ou será que foram publicadas e ninguém reparou? Foi assim, senhor Presidente Marcelo Rebelo de Sousa?

Península Ibérica

 A diferença entre o Norte e o Sul de Portugal!



segunda-feira, 5 de outubro de 2020

Uma crónica que é capicua: 777

 


Um amigo meu que é médico dos corpos e desconfio que, por vezes, ainda que ele próprio o não saiba até de almas, diz que «os números acertam sempre e as crónicas acertam às vezes» e quanto a mim, apesar de não acreditar em bruxas sei, de ciência certa, que as há.

Este «Visto de Dentro» é a 777ª crónica desta série iniciada em Outubro de 2005 e, se algumas vezes terá acertado e outras menos, confio que será certamente desta vez que acerta em pleno, já que os numerologistas ocidentais e orientais coincidem em atribuir ao número 777 qualidades verdadeiramente excepcionais. No número 777 aparecem três algarismos seguidos. O número 7 só por si é considerado o número da perfeição, ligado ao conhecimento e à espiritualidade, estando presente em mitos e religiões ao longo da História por se encontrar ligado à Natureza através de numerosos ciclos como os dias da semana e as fases lunares entre muitos outros e até às notas musicais. O número 777 será, assim, um número especial, indicativo de sucesso ou realização de um sonho pessoal

Mas, para além da procura de significados de índole mais ou menos esotérica, a manipulação de números permitiu, desde tempos imemoriais, a representação de relações presentes na Natureza, mas também na capacidade de construção mental do Homem. O jogo de xadrez, debaixo do aparente caos de movimentos de 32 peças em 64 casas, esconde a construção de estratégias e utilização de tácticas com a mais fria lógica matemática, existe há mais de mil anos, pensando-se que teve origem na Índia. Classicamente representa uma batalha entre dois exércitos, mas mais modernamente não anda muito longe da representação da luta pelo poder entre partidos e até da conquista do mercado por empresas diferentes.


A capacidade de calcular distâncias entre pontos ultrapassando impossibilidades físicas foi trazida pela trigonometria e pela fórmula do triângulo rectângulo descoberta por Pitágoras uns quinhentos anos antes de Cristo: o quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos catetos, algo que todos aprendemos logo no início do Liceu.

Ao dividir-se o perímetro de qualquer círculo pelo seu diâmetro, seja qual for a dimensão do círculo, encontra-se sempre o mesmo valor, conhecido por Pi. As primeiras aproximações do valor de Pi obtiveram-se nas antigas civilizações, tendo os egípcios chegado ao valor de 3,16. O matemático grego Arquimedes calculou o valor de 3,142 e não foi por isso que gritou Eureka, expressão que reservou para outra descoberta também relacionada com números. Hoje em dia sabe-se que o valor de Pi é um número irracional com o valor 3,14159….., portanto uma sequência infinita de dígitos, mas a sua importância do conhecimento de algo matemático tão elementar na nossa vida continua a mesma ou mesmo ainda maior do que nos tempos dos antigos egípcios e babilónicos.

A medição das distâncias percorridas sobre os oceanos foi, durante séculos, um quebra-cabeças para os navegadores dado que, a partir de certa altura souberam como calcular a latitude e muito mais tarde a longitude, mas não sabiam a distância percorrida por um grau à superfície da Terra. Até que um matemático inglês, depois de ter tomado consciência da dificuldade de encontrar umas pequenas ilhas no meio do mar, se deu ao trabalho de o calcular. A partir da Torre de Londres andou a estender um fio muitas vezes até York para calcular esta distância, medindo depois o ângulo do Sol nos dois locais à mesma hora do mesmo dia. O seu cálculo de 110,72 km por grau foi bastante aproximado. O que ele não podia saber então é que a Terra tem menos 43 Km no Equador do que num meridiano, mas a sua obra foi de grande importância para as navegações marítimas.

Além do mais, o número 777 é também uma capicua, o que quer dizer que é idêntico ao ser lido da esquerda para a direita ou da direita para a esquerda. O termo terá surgido no século XIX em Barcelona, derivando etimologicamente dos termos catalães para cabeça e cauda. As capicuas podem também ser chamadas palíndromos, termo que designa igualmente palavras ou frases com a mesma característica de poderem ser lidas nos dois sentidos. A palavra «Ana» é um exemplo de um palíndromo. Um dos palíndromos mais antigos está em latim: "SATOR AREPO TENET OPERA ROTAS" (O lavrador diligente conhece a rota do arado").


E é este último palíndromo que tem o condão de me trazer à terra, recuperando assim a rota do meu arado, isto é, a obrigação (ou devoção) de terminar mais esta crónica que, a certa altura, me levou por caminhos insuspeitados, certamente como consequência do seu número estranho. Prova da afirmação inicial de que os números acertam sempre, as crónicas só às vezes.
 
 
Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 5 de Outubro de 2020

Renaissance - Can You Understand