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sexta-feira, 13 de novembro de 2020
quinta-feira, 12 de novembro de 2020
TEORIAS DA CONSPIRAÇÃO
Correm por aí teorias da conspiração inconcebíveis em que, inexplicavelmente, muita gente vai na conversa.
O virus do Covid ser uma treta usada pelos governos para dominar o mundo é uma delas.
A outra é a vitória de Trump nas eleições de 2020.
Para não falar da Terra achatada, claro.
terça-feira, 10 de novembro de 2020
Barracas
A Câmara Municipal de Coimbra decidiu colocar umas tendas na Praça da República para proteger as esplanadas ali existentes. Fez bem, fez mal? Governar é fazer escolhas. A Autarquia entendeu ser prioritário proteger as esplanadas utilizadas quase exclusivamente por estudantes universitários nos seus tempos livres. Claro que as tendas fazem falta em muitos outros locais onde cidadãos têm que estar na via pública sujeitos aos agentes meteorológicos como vento e chuva enquanto aguardam ser atendidos em organismos públicos.
De novo digo que governar é escolher. A Câmara escolheu proteger as esplanadas e está no seu direito. Como outras pessoas, incluindo partidos da oposição estão no direito de achar que a escolha feita é errada! Não devem é os elementos do Executivo com responsabilidades pretender que os cidadãos não podem discordar das escolhas feitas. Em democracia é necessário perceber que fazer escolhas traz responsabilidades associadas.
segunda-feira, 9 de novembro de 2020
Do estado do país
Na semana passada o Governo deu orientações aos hospitais do SNS para suspenderem durante o mês de Novembro a actividade assistencial não urgente que não implique risco de vida para os doentes. Lê-se e não se quer acreditar, mas é verdade. Se em Março e Abril todos fomos de alguma forma surpreendidos pela pandemia e assustados com as suas características e consequências, a medida semelhante que então foi tomada parecia fazer sentido.
Entretanto, passaram sete meses e, se todos nós cidadãos comuns fomos aprendendo alguma coisa sobre a pandemia, os responsáveis políticos certamente aprenderam muito mais, tal como médicos, cientistas e restante pessoal da saúde obviamente avançaram no conhecimento e capacidades de tratamento. Ou, para falar mais rigorosamente, deveriam ter aprendido.
Desde o início da pandemia, as consequências económicas, sociais e sanitárias têm sido devastadoras
No final de Outubro o Instituto Nacional de Estatística informou-nos que entre 2 de Março e 18 de Outubro se registaram “mais 7936 óbitos do que a média, em período homólogo, dos últimos cinco anos”. Tendo-se verificado nesse período 2918 mortos por Covid-19, ficam por explicar um excesso de cerca de 5.000 mortes. Por outro lado, o próprio Governo informa, na nota explicativa que consta da proposta de Orçamento de Estado para 2021 que prevê terminar o ano com menos um milhão e meio de consultas e menos 152 mil cirurgias relativamente ao ano 2019. Já o Tribunal de Contas, no seu «relatório sobre COVID 19 – Impacto na Actividade e no Acesso ao SNS, realizado entre Março e Julho» divulgado na semana passada, relativo à gestão da pandemia pelo Ministério da Saúde, veio alertar para que «um dos maiores desafios actuais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) é o de equilibrar a resposta à segunda fase de maior incidência da pandemia Covid-19 com a garantia de assistência aos doentes não-Covid sem o aumento acentuado dos tempos de espera».O Tribunal de Contas «considera que a recuperação da actividade não realizada terá de ocorrer num contexto de cuidados adicionais na prática clínica, com o risco de a capacidade instalada no SNS não ser suficiente para fazer face a este aumento de procura sem o aumento acentuado dos tempos de espera».
Face a tudo o que se vai sabendo, incluindo informação prestada pelas entidades oficiais mais variadas, resulta surpreendente que, perante a segunda vaga da pandemia em curso, esperada por todos, a resposta do ministério da Saúde seja decidir de novo pela descida drástica da oferta de serviços por parte do Serviço Nacional de Saúde.
É evidente não ter sido preparado um plano de resposta à segunda vaga que surge em época de frio, acumulando com as doenças típicas desta altura do ano que já tradicionalmente entopem as urgências dos hospitais. É mesmo inacreditável que não tenha sido preparado um plano de integração massiva da capacidade hospitalar particular e social que evitasse duas coisas: excesso de procura por doentes covid-19 e falta de capacidade para tratar todas as outras doenças. Se se pretendia demonstrar que o SNS não estava à altura para responder às necessidades dos portugueses não se poderia fazer melhor. As consequências estão à vista com os números acima apresentados (todos oficiais) a que acresce o facto de os portugueses acorrerem a fazer seguros de saúde privados que já são mais de 3 milhões, que acrescem às centenas de milhar de número de funcionários públicos com ADSE que não utilizam o SNS.
Provavelmente, esta situação é consequência de algo que os responsáveis políticos têm escondido dos portugueses e que é a falta aflitiva de dinheiro com que o país se defronta. A queda da produção económica é brutal, não vai recuperar nos próximos meses e a quebra de recolha de impostos segue em paralelo. As medidas políticas de apoio a sacrificados pela economia, sejam trabalhadores ou as próprias empresas são por definição transitórias, apenas adiam os problemas, na esperança de que a pandemia passe e se possa recuperar o caminho anterior. Por outro lado, embora Portugal seja o país da EU que menos gastou em apoios pela pandemia em função do PIB, os custos desses apoios são grandes para as nossas possibilidades.
A dívida pública gigantesca que foi crescendo todos estes anos é um obstáculo a que o Estado se possa financiar lá fora para fazer frente a estas necessidades inesperadas. E a famosa «bazuca» da União Europeia tarda em chegar. Às notícias trágicas sobre subida repentina de desemprego e atrasos nos apoios por parte da Segurança Social virão em breve juntar-se as consequências das moratórias bancárias.
sábado, 7 de novembro de 2020
segunda-feira, 2 de novembro de 2020
Coimbra marca
Das quase certas surtidas dos Vikings nórdicos nos séculos VIII e IX pela costa atlântica da Península Ibérica que hoje é portuguesa não reza a História. Haverá, eventualmente, sinais indirectos de que o nome Lordemão no Concelho de Coimbra poderá ser um deles, dada a semelhança com Lordemanos em Leão onde terá existido uma colónia viking, como sugerem alguns autores. Já da passagem dos Fenícios por estas paragens, muito tempo antes, há muitos vestígios de que um exemplo é o porto que está debaixo da A 14 em Santa Olaia ao pé de Montemor-o-Velho.
Povos dos mais antigos que, viajando pelo Atlântico, entraram pela ria que então existiria e subiram o rio que hoje chamamos Mondego e que ainda durante a Idade Média se chamava Munda. As águas eram navegáveis até onde surgia o primeiro de muitos montes, a montante do qual só embarcações mais pequenas podiam subir o rio. Foi precisamente aí que, desde tempos imemoriais, se fixaram habitantes que usando o porto fluvial ligado ao mar, tanto recebiam mercadorias trazidas pelos barcos, como expediam produtos vindos das serranias do interior.
Ao longo dos séculos e depois de conquistas e reconquistas por povos diferentes que iam e vinham, a estabilização final chegou no século XI com a reconquista cristã final por D. Fernando I o Magno, ainda antes da História de Portugal, que entregou o governo da cidade e região ao moçárabe D. Sesnando cujo túmulo está na Sé Velha.
Se a existência da cidade de Coimbra começou por ser consequência das características orográficas e hídricas da sua região, a própria cidade passou a ser, a certa altura, actor de influência na região, no país e mesmo no mundo. Na região, porque começando por ser a fronteira de onde partiram as conquistas a Sul, determinou o surgimento de numerosas estruturas defensivas à sua volta. No país, porque foi a primeira capital de Portugal, onde nasceram todos os reis da primeira dinastia, havendo apenas dúvidas sobre o local de nascimento de D. Afonso Henriques que, no entanto, aí tem o seu túmulo no Mosteiro de Sta. Cruz. Abrigando a que durante muito tempo foi a única Universidade do país, a influência de Coimbra foi fundamental na língua e na formação das elites do país, tornando a cidade numa marca global ao ser fonte de emissão de ex-alunos da sua Universidade para grande parte do mundo.
Como é natural, a modernidade trouxe a abertura do Ensino Superior, levando-o à maioria das outras cidades, o que provocou uma perda de influência da Universidade de Coimbra e, em consequência, da cidade onde está instalada. Nesse movimento inclui-se a própria Medicina, com a instalação de escolas superiores em diversas cidades, incluindo na própria região Centro.
A desindustrialização a que o país assistiu no fim dos anos setenta, acentuada ainda pela globalização, ditou o fim das indústrias tradicionais de Coimbra, desde a cerâmica à alimentação, incluindo o fabrico de cerveja. Foi possível manter e mesmo, felizmente crescer, indústrias cada vez mais sofisticadas de produção de medicamentos e de desenvolvimento de processos de fabrico de genéricos exportados para todo o mundo. Surgiram algumas, poucas, empresas ligadas à informática, mas de grande relevância e notoriedade, dado o mercado internacional exigente em que operam e que mostram como a ligação da investigação científica ligada ao ensino superior à actividade económica é possível e pode servir de âncora ao desenvolvimento económico.