segunda-feira, 20 de setembro de 2021

STRESS COLECTIVO COMO NORMA

 


Em 13 de Agosto de 1961 a República Democrática Alemã (RDA), pertencente ao Pacto de Varsóvia, iniciou a construção de um muro à volta de Berlim Ocidental separando milhares de famílias berlinenses e fechando a cidade aos contactos exteriores. A justificação oficial comunista era de que assim se evitaria a fuga de berlinenses ao jugo capitalista, quando a realidade era exactamente o oposto. Depois do fim da II Guerra Mundial e durante os anos 50, Berlim tinha servido de porta de saída de milhares de pessoas da RDA para a RFA, em particular profissionais jovens e muitos cientistas altamente qualificados, numa autêntica «fuga de cérebros». A construção do muro significou uma grave crise política que originou uma gigantesca ponte aérea ocidental de apoio alimentar e sanitário aos moradores de Berlim Ocidental. Ficou célebre a ida do presidente americano John Kennedy a Berlim, garantindo que «somos todos berlinenses».

No final de Outubro de 1962, um oficial superior russo da marinha soviética, de que ainda hoje poucos sabem o nome, mas que se chamava Vasili Alexandrovich Arkhipov, salvou o mundo de uma catástrofe nuclear. Em plena crise dos mísseis de Cuba que colocou as vontades de John Kennedy e Nikita Kruschov frente a frente como representantes de dois mundos político-ideológicos em confronto, um submarino soviético naquela zona, com armas nucleares, ficou sem comunicações. O comandante do submarino e o oficial do partido comunista a bordo convenceram-se de que à superfície tinha começado a guerra e dispuseram-se a disparar uma arma nuclear. Apenas o sangue frio e a coragem pessoal de Arkhipov que se opôs a tal impediram o início da tragédia, literalmente salvando o mundo no último minuto.


No início da década de 80 os EUA instalaram mísseis Pershing II na RFA com capacidade de atingir a Europa de Leste até Moscovo, assim respondendo à colocação soviética dos mísseis SS-20 que colocavam toda a Europa ocidental debaixo de fogo. Esta crise europeia de mísseis ameaçava assim toda a Europa, escassos 40 anos depois da hecatombe da II Guerra Mundial, mas com uma ameaça infinitamente maior: a nuclear. Grande parte da juventude alemã ocidental, já que a de leste não podia abrir a boca, revoltou-se contra esta ameaça insuportável e chegou a defender uma rendição ao comunismo soviético, com cartazes defendendo que «antes vermelhos que mortos».

Estes foram talvez os momentos de maior perigo da chamada «guerra fria» que se seguiu à II Guerra Mundial, até ao fim do império soviético no início dos anos 90. Mas, na realidade, para quem viveu aqueles anos já com alguma consciência, havia uma permanente sensação nítida de que a qualquer momento podia haver uma circunstância estranha, um acto tresloucado, qualquer coisa que pudesse fazer explodir um conflito nuclear que colocaria praticamente toda a humanidade em risco. Relembro o filme «Dr. Strangelove» de Stanley Kubrick que abordava brilhantemente esta situação. E essa consciência produzia um medo estranho e constante associado a uma impotência stressante que frequentemente podia levar, e terá mesmo levado em muitos casos, jovens a enveredar por caminhos improváveis e de fim trágico.

Nos últimos dias foi tornado público um estudo feito em vários países, segundo o qual «oito em cada dez jovens portugueses acreditam que o futuro é assustador por causa das alterações climáticas». Nada que me admire pessoalmente, que ainda há poucos dias ouvi uma jovem altamente qualificada comentar que não quer comer mais carne, porque está a dar cabo do mundo. Segundo aquele estudo, os jovens portugueses, entre os 16 e os 25 anos, são os mais preocupados entre os jovens de dez países acreditando dois terços deles, que a humanidade está condenada e que os governos, em particular o nosso, não estão a proteger o planeta, nem as gerações futuras, sentindo-se traídos pelas gerações mais velhas.


Isto é, parece que o mundo se habituou a viver em stress e não consegue funcionar sem imaginar uma qualquer espada pendurada sobre a cabeça. Trata-se de uma nova situação de stress generalizado que se pode tornar crónico, com possíveis consequências graves a nível psicológico, principalmente nos jovens, mais influenciáveis, por estarem «em processo de desenvolvimento psicológico, físico e social».

Aos jovens preocupados de hoje, e evidentemente com razão para tal, não passa contudo pela cabeça como os jovens das décadas passadas de 60/80 sentiam aflitivamente que o seu mundo podia desaparecer de um dia para o outro num holocausto nuclear, provocando situações extremas desde um niilismo militante a terrorismo político, passando pelo pacifismo do movimento hippie. 

Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 20 de Setembro de 2021

Imagens recolhidas na internet

segunda-feira, 13 de setembro de 2021

Netos e eleições

 


Uma das maiores felicidades que o andar dos anos nos pode trazer é o surgimento dos netos. Vê-los nascer e crescer transmite-nos sensações substancialmente diferentes daquelas que nos invadiram quando o mesmo sucedeu com os pais deles e nossos filhos. Os filhos são nossos descendentes directos, tudo o que lhes diz respeito tem a ver connosco. Por outro lado, o seu nascimento e crescimento ocorrem normalmente durante a nossa vida profissional completamente activa, pelo que tudo parece acontecer com naturalidade até ao momento em que eles vão à sua própria vida, como eu costumo dizer, quando voam por si. E, a partir daí, a vida dos filhos decorre ela própria paralelamente à nossa, partilhando um mundo comum, até ao momento em que a lei da vida necessariamente nos levará, como levou já os nossos pais.

Já os netos… bem, trata-se de algo completamente diferente. Em primeiro lugar, a responsabilidade do seu nascimento, tal como do crescimento e formação, já não serão da nossa responsabilidade. Podemos e devemos acompanhar, mais de perto ou mais de longe, se possível mais de perto, mas sem nunca tentar substituir o papel dos pais. Pessoalmente, tenho hoje quatro netos, duas meninas e dois meninos. A sensação de os acompanhar e de perceber como são as suas personalidades em desenvolvimento é algo que só nos pode encher de felicidade. Os pais deles nunca entenderão como olhamos para os netos e revemos tantos pormenores físicos e comportamentais deles próprios quando eram crianças e de como esses pormenores se desenvolveram até se tornarem as suas características próprias enquanto adultos. Os netos podem não ser nossos filhos, mas têm muito de nós.

Há uns anos ouvi um professor universitário de Física afirmar que não precisamos de inventar uma máquina do tempo, porque temos os nossos filhos e os filhos deles que constituem a verdadeira máquina que nos transporta para o futuro.


E aqui chegamos à palavra mágica: futuro. Com toda a probabilidade, a maior parte da vida dos netos decorrerá num tempo em que nós próprios já cá não estaremos para ver. E, no entanto, o futuro é construído hoje, tal como o próprio presente que vivemos hoje foi o futuro dos nossos pais e mesmo da nossa geração.

Em Democracia, temos a hipótese de escolher aqueles que terão a responsabilidade de construir o nosso futuro colectivo aos diversos níveis, como por exemplo ao nível local como acontecerá nas eleições das autarquias locais que ocorrerão daqui a duas escassas semanas. Ou não. Na realidade, aquilo de que mais ouvimos falar os diversos candidatos é apenas de questões que deveriam ser de automática resolução técnica e não da construção de um futuro a dez, quinze ou vinte anos, isto é, para os nossos netos. A partidarite, com o caciquismo e a falta de qualidade do pessoal político inerentes tomou conta de todos os partidos, sem excepção, o que se sente de uma forma muito intensa ao nível das autarquias locais

A capacidade de definir estratégias, de perceber o que nos trouxe até aqui e de definir caminhos de mudança é o que distingue os verdadeiros construtores de futuro de vulgares gestores do dia-a-dia. Não se pense que falo aqui de construção de «homens novos» ou algo que se pareça, que isso não existe e não passa de conversa para disfarçar ditaduras encapotadas. O que é necessário é construir uma sociedade que crie condições que permitam a todos e cada um realizar-se plenamente em igualdade de oportunidades, sem excepção, e em que cada um respeite o outro como igual.

Quando olhamos para a evolução das nossas cidades nas últimas duas ou três décadas, após a fase da construção das infra-estruturas básicas, o que vemos com mais frequência é uma falta de definição de caminhos estratégicos claros. O urbanismo e a habitação são, talvez, os maiores exemplos disso mesmo. Hoje em dia ouvimos os candidatos falar, quase sem excepção, da necessidade de resolver os «problemas da habitação», sempre através de construção nova. E nenhum deles aponta as causas desse «problema» que dura há décadas. Enquanto há centenas de milhar de habitações devolutas em Portugal, muitas mesmo sem nunca terem sido habitadas, o que falam é de mais construção, ocupando ainda mais território. As cidades competem hoje entre si, mesmo muito para além das fronteiras entre países, até porque essas fronteiras, na Europa, são já simbólicas a nível de circulação de bens e de pessoas. Sem uma visão estratégia é impossível participar nessa tremenda competição de qualidade e afirmação.

Costuma dizer-se que os fracos reis fazem fracas fortes gentes. Razão, adicionada à necessidade de construção de um futuro melhor para os nossos netos, para sermos cada vez mais exigentes com os políticos, rejeitando claramente os incapazes, mentirosos e caciques que só pensam no futuro imediato, sejam eles de que partido forem.

Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 13 de Setembro de 2021

Imagens de pinturas da autoria das netas Leonor e Sofia

 

Verdi: La traviata / Act 1 - "Libiamo ne'lieti calici" (Brindisi)

domingo, 12 de setembro de 2021

"Os meus respeitos"

 Conta-se que, quando os Jesuitas regressaram a Portugal, depois da morte do Marquês de Pombal, o Superior foi ao túmulo do Marquês. Quando lhe perguntaram se tinha ido cristãmente rezar pela alma do defunto, o Jesuita terá respondido: e ver se estava bem enterrado. 

Qualquer semelhança com a realidade actual será pura coincidência, em particular na morte de Jorge Sampaio.

segunda-feira, 6 de setembro de 2021

Ministros, brincalhões e às vezes

 

Os congressos dos partidos que ocupam o poder, em particular quando o fazem sozinhos, são sempre momentos interessantes de seguir pelo que lá é dito, pelo que fica por dizer, pela encenação e também pelas reacções posteriores que suscitam. O recente Congresso do Partido Socialista não foi excepção.

Costa fez promessas como se estivesse a vender produtos numa feira. Há quem garanta que Costa mede sempre tudo o que afirma, nunca dizendo nem menos nem mais do que pretende em cada momento. Mas, naquela circunstância, será que teve mesmo consciência do que estava a fazer ou andará já naquele distanciamento da realidade que o exercício do poder durante muito tempo por vezes produz? Para se ter uma noção do desfasamento das promessas com a realidade, digamos assim, basta atender às promessas de diminuição do IRS para as classes médias e aumento do abono de família. Em menos de uma semana, o próprio ministro das Finanças veio «explicar» aquelas medidas fazendo, na prática, um desmentido das promessas do primeiro-ministro.

O que não se disse no congresso é que Portugal está a caminhar alegremente para último país da Europa em termos de riqueza, isto é para sermos os mais pobres da União. Nem foi dito que a dívida pública cresceu 40.000 milhões desde o início da pandemia, para ser hoje de 133% do PIB. Enquanto as promessas desfilavam tal como os previsíveis compromissos com o PCP e o BE para garantir a aprovação do próximo Orçamento Geral de Estado, ficava prudentemente omitido o facto de 2.000 milhões já estarem comprometidos à partida, o que só se soube dois dias depois. O que não podia faltar era a eterna lembrança da austeridade e do desemprego nos tempos de Passos Coelho, esse malandro que os praticou por gosto, calando mais uma vez que tudo isso se deveu às políticas de Sócrates e seus governos, de que o próprio António Costa e muitos ministros de hoje faziam parte. Até houve tempo para afirmar que os «mercados» gostam deste governo, ocultando que as reduzidas taxas de juro se devem apenas às políticas actuais do BCE que já detém metade da dívida pública portuguesa e que o volume enorme desta é uma espada de Dâmocles sobre a nossa cabeça.


Já a encenação do Congresso revestiu-se de aspectos bem mais interessantes. A novela ensaiada da sucessão de António Costa no PS serviu para colocar os putativos candidatos, homens e mulheres, numa mesa à parte, como que para os colocar numa montra. E o interessante é que esses militantes se sujeitaram a isso, supostamente com agrado, com a notória excepção de Pedro Santos, que mostrou não achar graça à situação, tendo entrado mudo e saído calado do Congresso já que, como inteligente que é, sabe que é no terreno que conquista o partido e não integrado numa encenação de mau gosto. Que se saiba, apenas reagiu ao comentário de A. Costa de que a sua chegada ao Congresso com atraso se teria devido a «um furo ou adormecido». O ministro respondeu que «o secretário-geral é um brincalhão». Sendo o sec. Geral e o primeiro-ministro uma e a mesma pessoa, estamos conversados sobre o ambiente no topo do Estado.

Restam as reacções externas ao que se passou no Congresso do partido do Governo. A mais notória foi da autoria do presidente da CIP António Saraiva, usualmente tão calmo e cordato, que comparou o que se disse no Congresso à orquestra que continuava a tocar enquanto o Titanic se afundava. Conhecendo a fundo o que se passa verdadeiramente na nossa economia sufocada pelos gastos do Estado e pela dívida pública, sabe que a realidade vai desfazer todas as fantasias políticas, como aconteceu já no passado, por exemplo em 2011. Curiosamente, a comunicação social pretendeu, como mo fez o Director do Público, acalmar as ondas dizendo que nem tudo é uma maravilha nem é um desastre, salientando o meio-termo como a análise mais correcta. Só que a questão é que os sensatos a bordo do Titanic não resolveram nada: num afundamento é a tremenda realidade que se mostra, não há lugar a posições de meio termo. “Remember” Sócrates, acrescento eu.

Já Rui Rio o actual presidente do maior partido da oposição, que supostamente representa permanentemente a alternativa, decidiu falar da falta de ética por no Congresso se ter feito propaganda antes de eleições. Mas não é isso mesmo que os partidos todos fazem? Só que uns estão no poder e outros têm que fazer pela vida. O que interessa verdadeiramente em política é a substância. Vir dizer ainda que as eleições autárquicas de 2025 é que são importantes para o PSD porque mais de 60% dos eleitos socialistas têm que sair nessa altura faz algum sentido? Sim, pelos vistos até faz. O de quem se sente incapaz de convencer os eleitores e apenas espera que quem ocupa o poder se vá embora, no governo, nas câmaras e nas juntas de freguesia, numa posição política para mim completamente incompreensível.

Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 6 de Setembro de 2021

Fotos recolhidas na internet

segunda-feira, 30 de agosto de 2021

Coimbra e mobilidade segura

 


Há poucos dias a PSP divulgou ter realizado uma acção de controlo de corridas ilegais de automóveis nas ruas da nossa Cidade. Só podemos bater palmas e agradecer por essa acção. Mas não chega. O problema das corridas de carros transformados existe, mas restringe-se a determinados locais bem conhecidos só sendo surpreendente que não haja mais acções policiais nos dias em que toda a gente sabe que se realizam. Mas o problema do excesso de velocidade nas nossas ruas é muito mais vasto, perigoso e resulta de vários factores que concorrem todos para que seja uma realidade diária um pouco por toda a cidade.

A falta de policiamento permanente e eficaz é uma evidência diária. Por alguma razão, seja por falta de dinheiro ou de pessoal efectivo para andar nas ruas, seja por uma qualquer política policial estratégica, para além de alguma viatura da polícia a passar de vez em quando ou haver operações stop em determinados locais, quase sempre os mesmos, não há policiamento nas ruas. Nem é uma questão apenas de trânsito, é também a segurança geral nas ruas que está em causa e não vale a pena atirarem-nos areia para os olhos com estatísticas fantásticas de segurança: como eu já vi apenas por andar na rua, a distribuição de droga entre a baixa e a Praça da República, por exemplo, é praticada às escâncaras sem qualquer tipo de problema.

O crescimento urbano de Coimbra durante o século XX verificou-se como em quase todo o país privilegiando a utilização do automóvel, à qual todos os outros modos de transporte são subordinados. Com a agravante de não ter havido planeamento urbanístico, pelo que não existe hierarquia viária consistente.

Assistimos hoje em dia em todo o mundo a uma mudança muito rápida do paradigma da mobilidade urbana, com recuperação de modos tradicionais mas alterados com a evolução tecnológica, como as bicicletas ou as trotinetas, além de se passar também a percorrer distâncias maiores a pé. Todas estas mudanças exigem das autoridades públicas uma nova maneira de encarar a mobilidade urbana, criando condições de convivência segura entre os diversos modos de transporte, sem esquecer as políticas de estacionamento e de transporte público que deverão ser interligadas e eficientes do ponto de vista ambiental, mas também económico.


A velocidade prevista no Código da Estrada para a circulação no interior das localidades, que é de 50Km/h não é cumprida pela maior parte dos condutores apesar de, em muitas situações, aquele valor já ser em si excessivo. Por isso, as autoridades municipais deveriam ter um cuidado muito particular em proteger os utentes, em particular os peões, em determinadas situações concretas. Por exemplo, nas proximidades de zonas escolares, a velocidade máxima deveria ser restringida a 30Km/h. Tal como as passadeiras de peões semaforizadas deveriam ser todas dotadas de sistemas de radar detector de excesso de velocidade à aproximação de veículos com a dupla função de proteger os peões e restringir a velocidade de circulação. A título de exemplo recordo que, em Paris, a presidente da câmara municipal Anne Hidalgo anunciou que todos os transportes municipais vão circular a um máximo de 30Km/ a partir de 30 de Agosto.

O nosso Código da Estrada prevê, desde as alterações de 2013, a possibilidade de serem criadas Zonas de Coexistência, onde o peão é considerado como elemento privilegiado em relação ao tráfego motorizado e onde é imposta a velocidade máxima de 20 Km/h. Estas zonas têm muitas vantagens relativamente ao corte puro e simples da circulação automóvel. Mas a resistência à mudança de mentalidades e de capacidade de resposta às novas exigências de cidadania por parte das nossas autarquias é tão grande que não se conhece ainda qualquer criação de Zona de Coexistência deste tipo. Coimbra não foge à regra. Já que estamos em campanha eleitoral autárquica, que tal as candidaturas abordarem este tema? Estas zonas são já vulgares em países como a Alemanha, o Reino Unido, Suécia, Dinamarca, França, Japão, Israel e Suíça, pelo que nem será preciso inventar nada.


Curiosamente, a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária publicou em 2020 um Manual de Apoio às Zonas Residenciais e de Coexistência que fornece apoio técnico às autarquias que pretendam adoptar esta solução para áreas específicas das cidades, pelo que nem a falta de normalização e regulamentação pode ser apontada como desculpa para a sua não concretização. Acresce, como pormenor interessante para Coimbra, que da equipa técnico-científica do referido Manual fazem parte dois distintos colegas engenheiros professores de Eng. Civil da nossa Universidade, o Prof. Doutor Álvaro Seco e a Prof. Ana Bastos Silva, pelo que o apoio científico para a melhoria da nossa cidade nestes aspectos está, como se costuma dizer, à mão de semear. É só uma questão de vontade política.

Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 30 de Agosto de 2021

Imagens recolhidas na internet