quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Escutar os juízes

A Dra. Cândida Almeida directora do Departamento Central de Investigação e Acção Penal propõe que se escutem os juízes, para prevenir o "segredo das escutas". O que é que nós, cidadãos comuns deveremos pensar sobre isto? Certo, certo, é que não ajuda nada a credibilizar a justiça portuguesa.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

ÉTICA DOS NEGÓCIOS



Na semana passada, o Núcleo de Coimbra da Acege (Associação Cristã de Empresários e Gestores) levou a cabo mais uma iniciativa integrada no ciclo “Líderes Empresariais Cristãos e Portugal”, em que participaram largas dezenas de pessoas.

Tivemos desta vez a oportunidade de ouvir o Dr. António Lobo Xavier falar sobre “Ética nos Negócios”, o que proporcionou depois um interessante debate sobre o tema, reconhecidamente da maior actualidade. De facto, é comum dizer-se que a recente crise de que ainda sofremos as consequências é fruto de falta de ética de muitos responsáveis por grandes empresas, designadamente do sector financeiro internacional. O Dr. Lobo Xavier manifestou a opinião de que esta crise se deveu essencialmente à existência de imperfeições, defeitos e mesmo negligência dos responsáveis pela regulação daquelas actividades, acompanhadas por desvios e erros em matérias básicas da condução de negócios. O eclodir da crise, com as suas colossais consequências, veio depois a destapar acções pouco ou mesmo nada éticas levadas a cabo por alguns responsáveis, o que é um pouco diferente. Ensinou-nos ainda que, nas últimas dezenas de anos, a evolução do capitalismo tem trazido novidades importantes para a actividade das grandes empresas e para a condução dos seus destinos.

É assim que hoje em dia se encontra institucionalizada uma “ética corporativa” nas grandes empresas, que define valores sem os quais nenhuma dessas empresas tem condições para operar no mercado internacional. Essa “ética corporativa” define-se usualmente a três níveis, sendo o superior constituído pelos chamados “valores corporativos”, definidos pelos accionistas tendo em vista a obtenção do sucesso da actividade da empresa. Há depois um nível intermédio, conhecido por “princípios de actuação”, onde já se podem encontrar algumas preocupações éticas, mas ainda em função apenas dos objectivos da empresa. Há por fim o nível mais básico, que determina os procedimentos individuais de todos os colaboradores, qualquer que seja o seu nível de prestação, que constitui o “código de regras de conduta individuais” e apresenta já muitas preocupações éticas, alinhadas com o objectivo do sucesso económico da empresa.

Além de todas estas normas, a própria “boa governação” das empresas dita hoje em dia que a actividade dos seus gestores e administradores seja sujeita a regras, muitas vezes bem apertadas.

Todas as grandes empresas possuem códigos de comportamento ou mesmo de ética deste tipo. Mesmo aquelas que deram origem à crise de que todos falamos. Sendo assim, há uma conclusão evidente a tomar. Por mais regras corporativas que se inventem e adoptem (e são bem necessárias), há uma Ética sem a qual as organizações, designadamente as empresariais, não podem passar e essa é a ética pessoal das pessoas. Isto é, quando a ética pessoal falha, as organizações correm perigo, ainda que tenham os melhores e mais sofisticados códigos de comportamento corporativo. As leis não são suficientes, ao contrário do que dizem os que defendem o primado da chamada “ética republicana”. O cristianismo completa a lei com um conjunto de valores baseados na melhoria pessoal, no aperfeiçoamento, cujo cumprimento deve significar liderança e exemplo moral.

Participar neste encontro alertou-nos para diversas facetas desta temática tão importante para as empresas e sua condução nos dias de hoje. Por isso, e pela simpatia bem conimbricense com que nos brindou neste seu regresso à sua cidade, um bem-haja ao Dr. António Lobo Xavier.

Publicado no Diário de Coimbra em 22 de Fevereiro de 2010

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Cântico das Criaturas:


Altissimo, onnipotente, bon Signore,

tue so' le laude, la gloria e l' honore et onne benedictione.

Ad te solo , Altissimo, se confano

e nullu homo ène dignu te mentovare.

Laudato sie, mi' Signore, cum tucte le tue criature,

spetialmente messer lo frate sole,

lo qual' è iorno, et allumini noi per lui

Et ellu è bellu e radiante cum grande splendore:

de te, Altissimo, porta significatione.

Laudato si', mi' Signore, per sora luna e le stelle:

in celu l' ài formate clarite e pretiose e belle.

Laudato si', mi' Signore, per frate vento

e per aere nubilo e sereno et onne tempo,

per lo quale a le tue creature dài sostentamento.

Laudato si', mi' Signore, per sor' acqua,

la quale è molto utile et humile et pretiosa et casta.

Laudato si', mi' Signore, per frate focu,

per lo quale ennallumini la nocte:

et ello è bello et iocondo e robustoso e forte.

Laudato si', mi' Signore, per sora nostra madre terra,

la quale ne sustenta et governa,

e produce diversi frutti con coloriti fiori et herba.

Laudato si', mi' Signore, per quelli ke perdonano per lo tuo amore

e sostengono infirmitate e tribulatione.

Beati quelli ke'l sosterranno in pace

ca da te, Altissimo, sirano incoronati.

Laudato si', mi' Signore, per sora nostra morte corporale

da la quale nullu homo vivente po' scappare:

guai a quelli ke morrano ne le peccata mortali;

beati quelli ke trovarà ne le tue sanctissime voluntati,

ca la morte secunda no 'l farà male.

Laudate et benedicete mi' Signore et rengratiate

e serviateli cum grande humilitate.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Leio e não acredito

A actual e simpática ministra da Educação dá uma entrevista ao Expresso.
O título estraga tudo: "Fui boa aluna, mas nunca marrona".
Alguém diga à senhora que agora é ministra e não escritora de livros infanto-juvenis.
Os estudantes são todos diferentes. Se alguns aprendem tudo sem estudar muito, outros precisam de o fazer. Muitos chegam muito longe e são merecedores de mais consideração do que os outros, porque tiveram que trabalhar muito mais para lá chegar.
Um ministro da Educação tem que saber esta verdade básica e respeitar todos os jovens.
Esta senhora não o faz. Lamento pelos jovens.

O EVANGELHO DE HOJE

Evangelho segundo S. Lucas 5,27-32.

Depois disto, Jesus saiu e viu um cobrador de impostos, chamado Levi, sentado no posto de cobrança. Disse-lhe: «Segue-me.» E ele, deixando tudo, levantou-se e seguiu-o. Levi ofereceu-lhe, em sua casa, um grande banquete; e encontravam-se com eles, à mesa, grande número de cobradores de impostos e de outras pessoas. Os fariseus e os doutores da Lei murmuravam, dizendo aos discípulos: «Porque comeis e bebeis com os cobradores de impostos e com os pecadores?» Jesus tomou a palavra e disse-lhes: «Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas os que estão doentes. Não foram os justos que Eu vim chamar ao arrependimento, mas os pecadores.»


quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Carnaval a sério

Carnaval a sério é ouvir hoje que numerosas autarquias ficaram a arder com a chuva que estragou os cortejos de carnaval. Isto é que é mesmo um carnaval e, pelos vistos, ninguém leva a mal. Triste país em que o dinheiro falta para o essencial e há responsáveis que gastam o dinheiro dos impostos em cortejos exteriores no inverno, em tempos de "aquecimento global" que traz chuva, frio e neve como há muitos anos não se via.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

CHAVISMO



Esse auto-proclamado farol do socialismo (no caso, adjectivado de bolivariano) que se chama Hugo Chávez continua na sua senda de mostrar ao mundo “novos” caminhos de governação e de comunicação dessa governação.

A fim de garantir que o povo venezuelano conheça permanentemente aquilo que ele pensa e que está a fazer ou a preparar, criou uma nova estação de rádio para transmitir os seus discursos. Quando apresentou essa estação, informou o povo de que às primeiras notas deve prestar atenção, porque Chávez vai falar à nação, nem que tal aconteça às três da manhã!

Esta novidade é apenas a continuação do condicionamento informativo que, de forma obsessiva, Hugo Chávez tem construído para calar as vozes da oposição e obrigar os meios de comunicação social a transmitirem integralmente o que ele diz: assim, vai construindo uma verdade única que, na realidade, mantém grande parte do povo venezuelano na absoluta ignorância do que realmente se passa no seu país.

Foi desta forma que, nos finais do passado mês de Janeiro, a estação de televisão RCTV que operava por cabo foi finalmente fechada. E foi encerrada por motivos legais, que hoje em dia estas coisas não se fazem do pé para a mão: primeiro arranjam-se uns regulamentos, e depois obriga-se a cumprir. No caso concreto, a estação RCTV não cumpriu a obrigação de transmitir todos os discursos presidenciais em directo, na íntegra. Refira-se que esta estação de televisão já só tinha licença para transmitir por cabo, porque há três anos deixou de poder transmitir em sinal aberto por ser declaradamente oposicionista a Chávez. Lembro-me bem de nessa altura vários comentadores e políticos portugueses terem desculpado essa atitude do admirado Chávez argumentando com o tal incumprimento de regras legalmente estabelecidas.

Levando muito a sério o seu papel de continuador do socialismo, Chávez declarou-se finalmente marxista no início do ano. E desde logo proclamou que algumas minudências (certamente muito burguesas, acrescentarei eu) deixaram de fazer sentido na Venezuela, porque apenas enfraquecem o Estado, como logo esclareceu a Presidente do Supremo Tribunal. Entre essas minudências, conta-se a separação dos poderes legislativo, executivo e judicial.

Em conformidade com tudo isto, Chávez ensina agora ao povo que o lucro privado é a estrada de todos os demónios. E o seu partido, o Partido Socialista Unido, prepara-se para acabar com o poder local eleito, substituindo-o por “comunas”.

Claro que, como pano de fundo de tudo isto, avança o desmantelamento de toda a economia venezuelana, com o empobrecimento geral da população. Estamos a falar de um país que está praticamente sobre um lago de petróleo e que, mesmo assim, não consegue manter níveis mínimos de prosperidade.

Chegou-se mesmo, nos últimos dias, a ter que racionar a energia eléctrica de forma radical, ameaçando com penas pesadas quem não cumpra os regulamentos do racionamento. Isto num país que é dos maiores exportadores de energia do mundo.

As consequências dos disparates da governação de Chávez vão ao ponto de se ter visto obrigado a desvalorizar a moeda (bolívar) em cinquenta por cento, embora tenha chamado essa medida de “ajustamento da taxa de câmbio” tentando evitar a ida maciça aos armazéns. Claro que foi mesmo isso que sucedeu de forma instantânea em todas as lojas de aparelhos domésticos importados. Inventou ainda uma coisa esperta, que é uma dupla paridade do bolívar, através da qual determinados produtos de primeira necessidade são importados a uma cotação de 2,6 bolívares dor dólar e os outros produtos a 4,3 bolívares por dólar.

Tudo isto num esforço desesperado de aumentar o valor das exportações, isto é, do petróleo vendido ao exterior que, infelizmente para ele, está hoje em dia a uma cotação muitíssimo abaixo dos valores alcançados na fúria especulativa do início da actual crise internacional.

É por causa deste desgraçado quadro geral que Chávez mantém mão pesada na comunicação social, sabendo bem que no dia em que o povo venezuelano conhecer a situação concreta do país, terá o seu destino traçado - e não será certamente do seu agrado pessoal.

Publicado no Diário de Coimbra em 15 de Fevereiro de 2010

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Evangelho do dia

Evangelho segundo S. Lucas 6,17.20-26.

Descendo com eles, deteve-se num sítio plano, juntamente com numerosos discípulos e uma grande multidão de toda a Judeia, de Jerusalém e do litoral de Tiro e de Sídon, Erguendo os olhos para os discípulos, pôs-se a dizer: «Felizes vós, os pobres, porque vosso é o Reino de Deus. Felizes vós, os que agora tendes fome, porque sereis saciados. Felizes vós, os que agora chorais, porque haveis de rir. Felizes sereis, quando os homens vos odiarem, quando vos expulsarem, vos insultarem e rejeitarem o vosso nome como infame, por causa do Filho do Homem. Alegrai-vos e exultai nesse dia, pois a vossa recompensa será grande no Céu. Era precisamente assim que os pais deles tratavam os profetas». «Mas ai de vós, os ricos, porque recebestes a vossa consolação! Ai de vós, os que estais agora fartos, porque haveis de ter fome! Ai de vós, os que agora rides, porque gemereis e chorareis! Ai de vós, quando todos disserem bem de vós! Era precisamente assim que os pais deles tratavam os falsos profetas».

sábado, 13 de fevereiro de 2010