jpaulocraveiro@ gmail.com "Por decisão do autor, o presente blogue não segue o novo Acordo Ortográfico"
segunda-feira, 10 de dezembro de 2018
Portugal ao espelho
Os portugueses são permanentemente
inundados com discussões acaloradas sobre resultados e treinadores de futebol,
dramas folhetinescos da televisão e até mesmo discussões largamente ensaiadas
sobre orçamentos de Estado e supostos êxitos governativos, sempre num dia-a-dia
intenso que não nos deixa respirar no meio de tanta informação e espectáculo.
Contudo, a visão global do país, serena e
abrangente, essa mantém-se longe dos holofotes, talvez porque dá trabalho
conhecê-la e dá-la a conhecer, não constituindo matéria de entretenimento
suficientemente excitante para atrair audiências. E no entanto…de vez em quando
convém parar um pouco para saber qual a nossa real posição perante o mundo e a
Europa a que pertencemos e como tem sido a nossa evolução. Até para conhecermos
a verdade sobre a forma como temos sido governados ao longo dos anos, para além
das notícias gordas e da propaganda permanente a que somos sujeitos.
A PORDATA publicou a Edição 2018 do
“Retrato de Portugal na Europa”, dando-nos a conhecer a imagem real do Portugal
que somos, sem enganos nem falácias em que, muito apropriadamente, colocou como
sub-título “um convite à discussão informada sobre os factos”. Da grande
quantidade de indicadores há, pelo menos, duas conclusões muito gerais:
Portugal aproximou-se da Europa até aos anos imediatamente anteriores ao fim do
século XX após o que voltou a atrasar-se, estando hoje genericamente apenas à
frente da Grécia e dos antigos países comunistas, tendo já sido ultrapassado
por alguns deles como a Eslovénia e a República Checa. Respiguei alguns dos
indicadores, sem fazer comentários concretos, já que me parece serem óbvias as
implicações para o nosso desenvolvimento colectivo.
No que respeita à População, se somos um
país velho de muitos séculos, somos também um país de velhos que envelhece cada
vez mais. Somos o terceiro país da UE com maior nº de idosos por 100 jovens.
E
estamos a piorar porque o nosso índice sintético de fecundidade é igualmente o
3º pior (1,36) bem abaixo da média europeia de 1,6. A taxa de mortalidade
infantil de 3.2 por mil é um indicador de que nos podemos orgulhar já que a
média europeia é de 3,6 mas devemos preocupar-nos, porque melhorámos até ao
mínimo de 2,5 em 2010 e depois disso estamos a piorar consistentemente.
Em termos de Educação, apesar de todos os
esforços e da propaganda constante de “paixões pela educação” das últimas
dezenas de anos, é surpreendente a nossa situação, pela negativa. Temos 52% de
população residente sem ensino secundário ou superior, contra uma média de
22,5% na União Europeia, sendo o 2º pior a seguir a Malta.
No Emprego, um indicador coloca-nos na
pior situação de toda a Europa: de entre os empregadores são 54,5% os que não
têm ensino secundário ou superior contra 16,6% de média europeia. Acresce que
somos o país europeu com maior percentagem de trabalhadores por conta de outrem
sem o ensino secundário ou superior, com o valor de 43,3% contra uma média de
16,7%.
Em termos de Economia não nos devemos
admirar como nº médio de horas de trabalho por semana, mesmo depois da redução
do trabalho público para 35 horas: a nossa média é de 35,6 contra uma média
europeia de 30,1. A remuneração média portuguesa em PPS é de 25,7 contra uma
média de 36,2. Já o PIB per capital é, em Portugal, de 23 PPS contra 29,9 na
média europeia. E, claro, por último mas não menos relevante, como consequência
de tudo isto a nossa produtividade laboral por hora de trabalho é de 66,4
contra os 100 da Europa e, pior, este valor mantém-se constante desde 2.000 até
agora.
Outros indicadores sobre a nossa
qualidade de vida vão no mesmo sentido, isto é, somos dos países mais pobres da
União, sem conseguirmos subir no ranking, muito antes pelo contrário.
Esta é verdadeira imagem de Portugal
quando se vê ao espelho. É da responsabilidade de todos os responsáveis governantes
que temos tido, uns mais que outros, claro. Não é à toa que se leva um país à
bancarrota e que se governa para benefício de lobbies eleitorais e outros, não
havendo qualquer estratégia de futuro para o país, exercendo-se apenas uma gestão
dos problemas trazidos pelo dia-a-dia.
Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 10 de Dezembro de 2018
sábado, 8 de dezembro de 2018
Compra de votos
Eis como se processa a mais descarada compra de votos. os portugueses são todos iguais? Não.
Quadro da Iniciativa Liberal.
Salário mínimo nacional
O novo salário mínimo nacional é de€600. Mas não é nacional, porque o Governo definiu para os funcionários públicos um salário mínimo de €635.
Isto é, como já suspeitávamos, os funcionários públicos são favorecidos pelo Estado. Justo? Não me parece. Ainda por cima, têm horários diferenciados: os trabalhadores do sector privado trabalham 40 horas por semana; já os do estado trabalham 35 horas.
Portugal transforma-se numa bandalheira sem sentido nem norte.
Isto é, como já suspeitávamos, os funcionários públicos são favorecidos pelo Estado. Justo? Não me parece. Ainda por cima, têm horários diferenciados: os trabalhadores do sector privado trabalham 40 horas por semana; já os do estado trabalham 35 horas.
Portugal transforma-se numa bandalheira sem sentido nem norte.
sexta-feira, 7 de dezembro de 2018
REGENERAÇÃO
Tendo em conta as pouca-vergonhas em que o regime se afunda de que as trapalhadas dos srs. Deputados da Assembleia da República são o exemplo acabado, só falta mesmo que surja para aí um partido regenerador para que a semelhança com o passado português fique completa.
quarta-feira, 5 de dezembro de 2018
1% para a Cultura? É mentira!
Confesso que fiquei baralhado quando ouvi o PM António Costa em Guadalajara a referir-se aos valores orçamentais destinados à Cultura. Falava de vários critérios possíveis para o tal 1%, fosse em percentagem do PIB ou do Orçamento de Estado.
Bem, vasculhando na NET, já que os jornais não se dão muito ao trabalho de deslindar essas questões a fundo, descobri o seguinte:
O OGE de 2015 ( o tal ultraliberal da Troika) destinava apenas 219 milhões de euros à Cultura, malandros!
Já no de 2016, o montante era de 179 milhões de euros, o que é difícil de perceber num governo apoiado por tantos amantes da cultura. Como ficava mal na fotografia, alguém mais espertalhão decidiu incluir o valor a transferir para a RTP de 244 milhões de euros na conta da Cultura, que assim apareceu com um valor total muito simpático de 423 milhões de euros.
Desde então apareceram ainda umas "transversalidades" incluidas na Cultura que correspondem a fatias de outros ministérios que eventualmente têm a ver com cultura, mas que já existiam, claro.
É assim que a verba real da Cultura para 2019, sem as "espertezas saloias" acima descritas , vale 0,32%do OGE e 0,12 do PIB.
Agradeço ao blogue Blasfémias ter feito e publicado as contas que aqui apresento. Por alguma razão tanta gente detesta a internet e os blogues. É muito mais difícil abafar a realidade na net do que nos jornais e televisões que constantemente perdem credibilidade e audiência.
E deixo aos leitores a classificação deste tipo de "governação".
Bem, vasculhando na NET, já que os jornais não se dão muito ao trabalho de deslindar essas questões a fundo, descobri o seguinte:
O OGE de 2015 ( o tal ultraliberal da Troika) destinava apenas 219 milhões de euros à Cultura, malandros!
Já no de 2016, o montante era de 179 milhões de euros, o que é difícil de perceber num governo apoiado por tantos amantes da cultura. Como ficava mal na fotografia, alguém mais espertalhão decidiu incluir o valor a transferir para a RTP de 244 milhões de euros na conta da Cultura, que assim apareceu com um valor total muito simpático de 423 milhões de euros.
Desde então apareceram ainda umas "transversalidades" incluidas na Cultura que correspondem a fatias de outros ministérios que eventualmente têm a ver com cultura, mas que já existiam, claro.
É assim que a verba real da Cultura para 2019, sem as "espertezas saloias" acima descritas , vale 0,32%do OGE e 0,12 do PIB.
Agradeço ao blogue Blasfémias ter feito e publicado as contas que aqui apresento. Por alguma razão tanta gente detesta a internet e os blogues. É muito mais difícil abafar a realidade na net do que nos jornais e televisões que constantemente perdem credibilidade e audiência.
E deixo aos leitores a classificação deste tipo de "governação".
terça-feira, 4 de dezembro de 2018
Capacete de Henrique VIII
O estranho capacete de Henrique VIII, que lhe foi oferecido pelo Imperador Maximiliano I do Sacro Império Romano.
Retirado daqui:
https://www.thevintagenews.com/2018/12/04/horned-helmet-of-henry-viii/?fbclid=IwAR1ZAMF-DkrYMSmUXeLptrWM1VzRHuAesb9SNur7I438BrO07yb-Z1G16WQ
Retirado daqui:
https://www.thevintagenews.com/2018/12/04/horned-helmet-of-henry-viii/?fbclid=IwAR1ZAMF-DkrYMSmUXeLptrWM1VzRHuAesb9SNur7I438BrO07yb-Z1G16WQ
segunda-feira, 3 de dezembro de 2018
Que país queremos ser?
Infelizmente nem seriam necessárias as tragédias que regularmente nos visitam para nos apercebermos até quanto somos ainda um país pobre e mal organizado, pese embora exista ao lado deste um outro país desenvolvido e sofisticado que gostamos de mostrar ao mundo. Nas últimas semanas temos assistido, com alguma perplexidade, a uma onda de greves simultâneas em sectores vitais. Estas greves permitem ver como é o tal país que muitos tentam ignorar ou até mesmo esconder, talvez pela sua falta de “glamour”, como tanto se gosta de dizer nos jornais e nas tv´s.
Desde logo, no sector da saúde melhor
dizendo, no Serviço Nacional de Saúde. Greve dos Enfermeiros, portanto. Greve
cuja duração já atirou para as calendas milhares de cirurgias, dizendo-se que
por cada dia são mais 500 doentes que não vêm solução para os seus problemas de
saúde. Mas parece não haver problema e, com uma calma olímpica, o Governo deixa
andar. Os portugueses descobrem que a classe dos enfermeiros é, no Sistema
Nacional de Saúde, pobre e mal paga. Muito mal paga mesmo, assim se explicando
por que razão os enfermeiros ou têm vários empregos para sobreviver andando
ensonados, cansados e desesperados com o trabalho ou vão para fora para viver
com dignidade e até receber prémios pela sua capacidade de trabalho e
competência.
A greve dos estivadores do Porto de
Setúbal tem consequências graves na economia portuguesa, desde logo pelos
problemas que acarreta à saída dos automóveis fabricados pela AutoEuropa que
representa uns 15% das exportações portuguesas e se viu obrigada a procurar
alternativas ao porto de Setúbal, cujos trabalhadores estão parados desde 6 de
Novembro. E os portugueses descobrem mais um mundo subterrâneo de trabalho
miseravelmente pago, mas sobretudo com famílias portuguesas a viver em
condições humilhantes e verdadeiramente inaceitáveis nos dias de hoje. Uma
organização laboral que supúnhamos já terminada há muitos anos, subsiste
escondida à volta dos portos portugueses. Se há uns anos os sindicatos definiam
quantos trabalhadores seriam necessários para a estiva dos navios, aguardando
os precários junto aos portões que lhes dissessem quantos poderiam trabalhar
nesse dia, hoje em dia são as empresas a fazê-lo. E dezenas e dezenas de
famílias dependem de os seus familiares arranjarem ou não trabalho em cada dia,
fazendo-se uns contratos que terminam no fim desses mesmos dias, isto durante
anos e anos a fio. Para ganharem verdadeiras misérias. Mais do que comentar os
problemas que a greve traz à economia, importa denunciar e acabar com a
situação laboral a todos os títulos vergonhosa que um país da União Europeia,
em 2018, permite que seja a de cidadãos seus.
Por fim, a greve dos Juízes. Se as greves
acima referidas acabam por mostrar um país deprimido, mal organizado e que
ainda não encontrou verdadeiros caminhos de desenvolvimento que permitam um
mínimo de estabilidade económica aos seus cidadãos, a greve dos juízes deve-nos
colocar de sobreaviso acerca do perigo de uma condição essencial da cidadania:
a nossa segurança individual e colectiva. Se há sector crucial para o
funcionamento do regime democrático é a Justiça, pelo que uma greve dos seus
agentes mais directos é algo que deve suscitar a atenção preocupada dos
cidadãos.
A greve dos juízes tem motivado as
posições mais desencontradas, mesmo por parte dos juristas mais conceituados,
que eles próprios não mantêm no tempo, razão pela qual o cidadão comum sente a
maior perplexidade perante essa situação. É que se os Tribunais são em si próprios
órgãos de soberania, a independência dos juízes tem que ser garantida e depende
de muitos factores a que eles são alheios, mesmo para além da determinação dos
seus vencimentos. E quando os juízes fazem greve em função do seu Estatuto, que
define os seus direitos e deveres, os restantes cidadãos devem prestar a maior
atenção, não se vá dar o caso de a sua independência poder vir a ser posta em
causa.
As greves em curso constituem, cada uma à
sua maneira, uma interpelação muito clara a que todos nós devemos responder
frontalmente, porque dessa resposta colectiva e esclarecida depende a escolha de
qual país queremos ser.
Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 3 de Dezembro de 2018
domingo, 2 de dezembro de 2018
Varela Pecurto
Por acaso, encontrei esta fotografia maravilhosa de Varela Pecurto, grande fotógrafo de Coimbra, tirada por volta de 1952, portanto nos inícios da sua carreira e que foi premiada em diversos concursos como em Joanesburgo e Cuba.
O título é "Hábeis e Modestas" e apareceu no nº 2 de Março de 1953 da revista "Plano Focal" de que Varela Pecurto era colaborador e representante em Coimbra/Livraria.
O título é "Hábeis e Modestas" e apareceu no nº 2 de Março de 1953 da revista "Plano Focal" de que Varela Pecurto era colaborador e representante em Coimbra/Livraria.
quarta-feira, 28 de novembro de 2018
segunda-feira, 26 de novembro de 2018
A queda da máscara orçamental
Seja porque o braço de ferro com o Governo italiano obriga a alguma coerência com o tratamento dado aos outros países, seja porque muito simplesmente o que é demais é demais, o facto é que a Comissão Europeia resolveu puxar as orelhas a sério ao Governo português por causa da proposta de Orçamento (OGE) para 2019. Embora, como é seu hábito, o Primeiro-ministro desvalorize a questão, o próprio Presidente da República se lhe referiu, o que se sobrepõe à tentativa de igualmente tentar classificar as questões levantadas como “reparos específicos” irrelevantes.
Não são pormenores e as questões
levantadas são sérias, embora inconvenientes para o Governo que tenta, neste
seu quarto OGE, repetir o que fez nos três anteriores, com a conivência dos
partidos que o apoiam na Assembleia da República, o PCP e o BE. Só que o
ambiente económico externo que permitiu nestes últimos três anos ir surfando um
crescimento económico que, ainda que débil, ia dando para arrecadar mais impostos
permitindo distribuir rendimentos pelas suas clientelas escolhidas em função
dos objectivos eleitorais, sofreu uma mudança.
Tornou-se evidente que o objectivo da
redução do défice em 2019 só poderá ser conseguido com acções extraordinárias
que demonstram a inexistência de ajustamento estrutural. Para 2019,o OGE prevê
mesmo a recolha de dividendos da CGD e do Banco de Portugal, para além da
redução da despesa com juros, como bem salientou o Conselho de Finanças
Públicas. Como diz o povo, tudo coisas comparáveis a contar com o ovo no rabo
da galinha.
A Comissão Europeia criticou, em
particular, que o Governo utilize as verbas dos dividendos da CGD e do Banco de
Portugal para a redução do défice, em vez de com elas reduzir a gigantesca
dívida pública, que anda outra vez pelos seus máximos, à volta dos 250 mil
milhões de euros. Já por cá não deveremos perguntar-nos se os lucros da CGD
deverão ser utilizados para equilibrar as contas do Estado, em vez de servirem
para diminuir a dependência da própria CGD?
E quando é que o tal fim da austeridade
servirá para baixar a carga de impostos que é uma autêntica canga que
portugueses e empresas carregam, impedindo um crescimento que se veja? É que a
carga fiscal anda pelos 34,7% e, ao contrário do que diz o governo, não anda
pela média europeia já que o que interessa é o esforço fiscal que é superior ao
dos alemães em 35%. Por isso somos pobres, aliás cada vez mais pobres. No fim
do século XX Portugal tinha atingido 84% do rendimento per capita médio europeu.
Neste momento esse valor é de 78% e a nossa economia tem o quinto valor de
crescimento mais baixo da zona Euro. Em 2019 voltamos de novo a crescer abaixo
da média europeia e os crescimentos dos países com quem podemos comparar andam
pelo dobro e pelo triplo do nosso. Bem podem os políticos que nos governam
limpar as mãos à parede com tais sucessos.
O ministro das Finanças respondeu aos
comissários europeus com o habitual: “o Orçamento mantém um controlo apertado
da despesa”. Traduzindo, quer dizer que na execução vai usar as mesmas
artimanhas, mas para pior, dos últimos três anos para descer o valor do défice,
isto é, garrote nas despesas através das cativações, investimentos nos mínimos
de dezenas de anos e falta de assinatura das finanças para autorizar despesas,
ainda que previstas. Os partidos que apoiam o governo ficam assim sem pé para
argumentarem que não sabiam que o Governo não tinha a mínima intenção de
cumprir o previsto no OGE. Se nos anos anteriores se queixaram de que não
sabiam como seria a execução, agora já sabem previamente o que aí vem e a sua
aprovação do OGE transforma-se em pura hipocrisia política.
E os portugueses olham espantados para as
discussões bizantinas sobre o IVA das touradas, enquanto se prepara ainda mais
uma cavadela na qualidade do Serviço Nacional de Saúde, da Segurança pública, do
sistema Judicial, da Educação e das infra-estruturas.
Os sucessos no combate ao défice público seriam
bons se conseguidos através de políticas sustentadas de controlo da despesa e
não por cortes obscenos no funcionamento do próprio Estado e por uma carga
fiscal verdadeiramente impeditiva do crescimento económico, enquanto o valor da
dívida continua a crescer. Assim, estamos condenados ao marasmo económico e
empobrecimento relativo.Notas:
1 - Texto publicado originalmente no Diário de Coimbra em 26 de Novembro de 2018
2- Fotos retiradas da Internet; caso tenham direitos de autor, agradeço informação de tal, para as retirar.
quinta-feira, 22 de novembro de 2018
terça-feira, 20 de novembro de 2018
Arte, beleza e modernidade
Poderíamos classificar este retrato como ultra-moderno, não fora o caso de ter sido pintado há mais de 500 anos por Botticelli. Se calhar, é mesmo ultra-moderno. Para sempre.
Retrato de Simonetta Vespuci (Botticelli, c. 1476)
Retrato de Simonetta Vespuci (Botticelli, c. 1476)
PSD - sem setas
Visitei o site oficial do PSD e verifiquei que em lado nenhum surge o seu símbolo oficial: as três setas. Não é, nem pode ser uma questão de marketing. Trata-se de uma questão política que nada tem a ver com as opiniões de um simples sec. Geral, seja ele quem for.
A questão é que um partido que tem vergonha do seu símbolo imediatamente reconhecido por toda a gente, perde igualmente a alma. Será que, nas próximas eleições, o PSD não coloca o seu símbolo nos boletins de voto? Aqui chegados, alguém está errado no meio disto: ou a liderança, ou o partido.
Recordo o significado de cada uma das setas, que têm valor político e programático diferenciador dos outros partidos: a liberdade, a igualdade e a solidariedade.
A questão é que um partido que tem vergonha do seu símbolo imediatamente reconhecido por toda a gente, perde igualmente a alma. Será que, nas próximas eleições, o PSD não coloca o seu símbolo nos boletins de voto? Aqui chegados, alguém está errado no meio disto: ou a liderança, ou o partido.
Recordo o significado de cada uma das setas, que têm valor político e programático diferenciador dos outros partidos: a liberdade, a igualdade e a solidariedade.
BORBA - a tragédia
A responsabilidade primeira dos governantes, seja a que nível for, deve ser a segurança das pessoas. Não se percebe como foi possível abrir aquelas crateras ao lado de uma estrada durante dezenas de anos, sem respeitar faixas de protecção e sem acção legal de ninguém, autarquias e direcções de economia.
O abatimento da estrada entre pedreiras, cuja elevada probabilidade de acontecer foi apresentada aos autarcas em devido tempo, é um acidente que, por estas circunstâncias, é um crime.
Depois de feitos os avisos, a estrada continuou aberta ao trânsito, havendo imagens de veículos pesados a passar por lá e, imagine-se, os ciclistas da Volta a Portugal!
Os portugueses assistem diariamente às mais diversas manifestações de indignação pelas coisas mais caricatas. Este caso, pelas mais diversas razões, deverá suscitar reacções sérias, a começar pela Justiça, não esquecendo o Sr. Presidente da República. Repito, está em causa a segurança das pessoas.
O abatimento da estrada entre pedreiras, cuja elevada probabilidade de acontecer foi apresentada aos autarcas em devido tempo, é um acidente que, por estas circunstâncias, é um crime.
Depois de feitos os avisos, a estrada continuou aberta ao trânsito, havendo imagens de veículos pesados a passar por lá e, imagine-se, os ciclistas da Volta a Portugal!
Os portugueses assistem diariamente às mais diversas manifestações de indignação pelas coisas mais caricatas. Este caso, pelas mais diversas razões, deverá suscitar reacções sérias, a começar pela Justiça, não esquecendo o Sr. Presidente da República. Repito, está em causa a segurança das pessoas.
segunda-feira, 19 de novembro de 2018
O DOMÍNIO DAS “FAKE NEWS”
Foi preciso que uma montagem perfeitamente ridícula sobre uma fotografia da líder do Bloco de Esquerda provocasse escândalo nalguns sectores políticos para que as “fake-news” pareçam subitamente ter ganho um estatuto de relevância política. E não caros leitores, esta não é uma “fake new”, embora possa parecer. Após uma conversa que terá tido com a deputada Catarina Martins, o presidente da Assembleia da República pediu à ERC (Entidade Reguladora da Comunicação Social) que proceda a uma análise do problema das “fake news”. O objectivo será que a ERC forneça à Assembleia um documento com a sua visão estratégica sobre o assunto que possa vir a servir de base para produção legislativa sobre a matéria.
“Fake news” corresponde a uma nova
designação de algo muito antigo já que, traduzido para português, quer apenas
dizer “notícias falsas” que, na essência, podem até não ser notícias de todo,
só sendo notícia por isso mesmo. Neste tempo de predomínio cada vez maior dos
meios de comunicação electrónicos sobre os tradicionais, em papel ou mesmo
telefonia sem fios ou televisão, o termo “fake news” é mais um neologismo
importado do inglês, língua oficiosa da internet, que leva as pessoas a ligá-lo
quase automaticamente à net ou mesmo às redes sociais que correm sobre ela. De
facto, a rapidez de divulgação das mensagens proporcionada pela internet,
facilita que cheguem quase instantaneamente a públicos muito vastos, que elas sejam
verdadeiras, ou não.
Para além da rapidez da difusão, houve
outra circunstância que alterou o significado original de “fake news”. Na
realidade, o termo refere-se hoje, não apenas a notícias falsas; vai para além
disso, já que designa a manipulação de dados ou notícias, a descontextualização
de notícias ou mesmo as velhas e simples mentiras usadas por políticos em
campanhas eleitorais, ou fora delas. Servem hoje, com frequência, para montar
campanhas difamatórias ou até para criar climas artificiais entre os diversos
eleitorados.
E desengane-se quem pensa que só
indivíduos ou candidaturas eleitorais se servem das possibilidades das “fake
news” e que estas têm sempre origem da net. Com habilidade, inteligência e
capacidade de manipulação da comunicação social clássica que, afastada que está
hoje do verdadeiro jornalismo, logo a repassa para a internet, os governos e os
partidos das mais variadas colorações políticas usam e abusam das “fake news”. Entrou-se
numa era que a informação, a publicidade e o espectáculo se interpenetram de
tal forma que se torna quase impossível detectar as respectivas fronteiras.
Como habitualmente, a primeira tentação
perante as más notícias, é matar o mensageiro. É assim que a net e as redes
sociais são imediatamente consideradas responsáveis por tudo o que de estranho
ou de mau acontece. Nos EUA, o improvável Donald Trump é eleito presidente? O
mais fácil é considerar que tal foi conseguido pela manipulação do eleitorado
através da montagem de “fake-news” disseminadas pela net, esquecendo que, em
primeiro lugar Hillary Clinton também não foi propriamente um anjinho nessa
matéria e depois Barak Obama também usou e abusou das “fake.news” para ser
escolhido como candidato presidencial do Partido Democrático antes da sua
primeira eleição como Presidente. Tal como aconteceu agora no Brasil com a
eleição de Bolsonaro; alguém acredita verdadeiramente que mais de 50 milhões de
brasileiros foram directamente influenciados pelas campanhas sujas do WhatsApp?
Como no Brexit em 2016, os eleitores do Reino Unido foram apenas influenciados
pela maré de “fake news” dos defensores da saída da União Europeia?
Perante este cenário, lamento dizer que é
muito provável que do relatório da ERC e da Assembleia da República não venha a
sair nada de muito relevante. A era da digitalização está aí e espera-se, para
bem de todos nós, que se mantenha e que, fundamentalmente, a Internet continue
a ser sinónimo de liberdade. O que temos todos a fazer é mantermo-nos de olhos
bem abertos e dotarmo-nos da capacidade de distinguir entre aquilo que podemos
ter como certo e aquilo que nos deve manter na dúvida.
Publicado originalmente no Diário de Coimbra de 19 de Novembro 2018
domingo, 18 de novembro de 2018
sexta-feira, 16 de novembro de 2018
pin PAN pum
Então o sr. deputado do PAN foi sentar-se ao lado da esquerda toda na Assembleia da República e julgava que ia pacificamente colher alguns votos dos partidos das camaradas e dos camarados. Doce engano que não durou muito. O PCP e compagnons de route já lhe estão a tratar da saúde.
quinta-feira, 15 de novembro de 2018
quarta-feira, 14 de novembro de 2018
Armistício I Grande Guerra - cem anos
Coloquei aqui dois momentos musicais das celebrações do Armistício do Domingo passado, em Paris e em Londres. Para além da beleza musical, dá para perceber a diferença entre as duas celebrações. Em Londres há calor humano, há os políticos sem hipocrisias, mas há sobretudo povo, lembrando o povo que há cem anos sofreu na pele a desgraça da guerra. Em Paris foi tudo ao contrário.
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