Se mais uma vez utilizo este título nesta minha crónica: “Coimbra no seu melhor”, é por ter boas razões para o fazer. Na realidade, a nossa Cidade tem uma característica bem portuguesa, que por razões históricas é mais pronunciada entre nós e que se revela numa intensa capacidade de dizer mal de tudo e de todos. Concedo até que essa atitude se deva a uma vontade subliminar de ouvir em resposta que não, que em Coimbra até há isto ou aquilo de bom. Mas, aqui entre nós, essa é uma atitude bem “coimbrinha” que deve ser combatida, porque desvirtua a realidade actual da nossa Cidade. E, para dificuldades, já nos chegam as provocadas pelo bicefalismo territorial do país, que esmaga a zona Centro em que nos integramos e de que Coimbra é claramente a cidade principal.
Por estas razões, o exercício activo da cidadania obriga-me a mostrar e divulgar aquilo que sinto ser o que Coimbra tem de melhor para oferecer. E não haverá textos que me dêem mais prazer escrever do que estes.
Venho hoje referir, de novo, a excelente Orquestra Clássica do Centro. Vou repetir-me em parte, porque já aqui elogiei o trabalho de todos os que dão corpo àquele projecto que deve ser acarinhado por todos.
A existência continuada em Coimbra de uma formação orquestral de música clássica de qualidade indiscutível foi um sonho de muitos ao longo de muitos anos. É hoje uma realidade incontestável, afirmando-se com uma qualidade reconhecida, apesar das dificuldades financeiras de sempre.
Tendo a honra de pertencer ao seu Conselho Cultural, partilho aquilo que o Eng. Gonçalo Quadros que preside a este Conselho escreveu: “A Cultura é alimento essencial para uma sociedade que se quer assente em conhecimento (…) a nossa região terá dificuldade em construir conhecimento, em desenvolver uma sociedade e uma economia nele baseada sem uma aposta continuada que permita desenvolver um contexto cultural rico e estimulante-que é também cultura.”
O protocolo recentemente assinado pela OCC com a EFAPEL é uma prova de também as empresas vêem na Orquestra Clássica do Centro um meio de se prestigiarem por se associarem a actividades culturais de qualidade.
Estes protocolos celebrados pela OCC com diversas entidades não são letra morta, pelo contrário têm dado origem às mais diversas iniciativas como, por exemplo a iniciativa que na próxima quarta feira, dia 5 de Junho, terá lugar no Café Santa Cruz, resultado da parceria da OCC com aquele Café emblemático da nossa Cidade que este celebra os noventa anos da sua existência. Aí teremos a oportunidade de poder falar sobe a “(Re)Construção da Cidade com Manuel Castelo Branco, Cândida Almeida, José Mário Martins e Marcelo Nuno Pereira e ouvir uma interpretação do Bolero de Ravel pelo Quarteto de cordas da OCC.
Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 3 de Junho de 2013
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