O ano que agora
acaba pareceu uma montanha russa de emoções colectivas. A internet torna as
notícias instantâneas em todo o mundo e junta-lhes a emoção transmitida pelas
imagens, tantas vezes impressionantes e trágicas, servindo emoções que vão e
vêm pelo mundo inteiro à velocidade da luz.
Logo em 7 de Janeiro,
os enviados do auto-denominado califa Abu Bakr Al-Baghdadi que não é mais que
um novo líder bárbaro assassino à semelhança de tantos outros da História da
Humanidade, invadiram as instalações da revista satírica Charlie Hebdo em Paris
e provocaram uma carnificina com 12 pessoas mortas. O ano não terminaria sem
que mais enviados do mesmo assassino tivessem provocado, novamente em Paris, um
novo atentado que causou 130 mortos.
Fugindo da guerra
civil da Síria, mas também do Iraque e do Daesh, milhões de refugiados surgiram
às portas da Europa, um número impressionante de famílias inteiras pelas
estradas como não se via desde a II Grande Guerra.
No início do ano a
Grécia viu a entrada de leão da extrema-esquerda com o Syriza no governo, que
iria mudar tudo, impondo reestruturações de dívida e fim de austeridade, para
depois observar a saída de sendeiro dos mesmos, seguindo a mesma política de
austeridade de antes.
Em França,
assiste-se a uma mudança política, com a Frente Nacional de Le Pen a registar
sucessivos sucessos, provocando uma crescente radicalização que não é bom sinal
para a Europa.
No Brasil, a
presidente Dilma enfrenta uma hipótese de “impeachment” face a vagas sucessivas
de denúncias de corrupção a um nível nunca visto, enquanto o país enfrenta a
pior recessão das últimas dezenas de anos.
O preço do petróleo
continuou na sua descida. Perto fim do ano, o cartel dos produtores teve uma
reunião em que, em vez de diminuir a produção como se esperaria, decidiu
aumentá-la ainda mais. Péssima notícia para os países que fizeram a sua
economia depender do petróleo com a Venezuela à cabeça, mas também para a
Rússia e Angola. Por outro lado, ao fim de sete anos, a Reserva Federal
Americana aumentou a sua taxa de juro. Pouco, mas aumentou e agora deverão
seguir-se os outros bancos centrais, primeiro na Inglaterra e depois certamente
na União Europeia.
Perto do fim do
ano, algumas notícias, quase irreais perante a enxurrada de más notícias, quase
passaram despercebidas. Finalmente provou-se a existência de água em Marte, um
foguetão que colocou mais de 10 satélites em órbita regressou à Terra e aterrou
suavemente na posição vertical possibilitando reutilizações posteriores e, ainda
mais importante, deram-se passos gigantescos no caminho da energia ilimitada e
sem poluição através da fusão nuclear.
Em Portugal, as
prisões do ex-primeiro Ministro José Sócrates e do ex-banqueiro Ricardo Salgado
suscitaram as mais desencontradas reacções e acusações diversas aguardando-se,
agora que esperam o fim dos seus processos em liberdade, que em 2016 os
respectivos julgamentos venham mostrar o que realmente fizeram.
Depois de quatro
anos e meio de sofrimento para tantos, pela aplicação do memorando de
entendimento com a troika, tivemos eleições e os partidos do Governo PSD e CDS
foram os mais votados.
Mas não tiveram a maioria absoluta e o governo que
formaram não passou na Assembleia da República. Após isso o líder do PS
conseguiu um apoio parlamentar dos partidos à esquerda, o BE e o PCP, para formar
Governo, assim quebrando o chamado “arco da governação” que durava desde 1976.
Como aqueles partidos não partilham de nenhum dos princípios e valores
políticos que enformam a União Europeia na sua organização económica,
financeira e social, que o PS sempre tem defendido, o equilíbrio do apoio
parlamentar deverá ser frágil e mesmo instável. O que se passou no inexplicado
e incrível caso do Banif foi bem indicador desta situação potenciadora das
maiores instabilidades e radicalizações.
Um ano já lá vai e
outro vai começar, desejando aos leitores do Diário de Coimbra que 2016 seja
melhor que 2015.
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