segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

2008: ANO DE GRANDES EFEMÉRIDES

O ano que agora começa é pródigo em efemérides que nos deverão merecer a maior atenção, porque os acontecimentos a que se referem influíram decisivamente na formação da identidade portuguesa. Não conhecendo minimamente o nosso passado não é possível entendermos as razões de muito do que hoje somos.

No próximo dia 1 de Fevereiro passam cem anos sobre o regicídio, em que foram assassinados o Rei D. Carlos I e o Príncipe herdeiro Luís Filipe no Terreiro do Paço. Este terrível acontecimento teve implicações enormes na sociedade portuguesa, tendo levado à instauração da República escassos dois anos depois. Ainda hoje é perceptível uma clara diferença de opiniões sobre aquele assassinato que, não raras vezes, é desculpado perante um suposto abrir caminho à democracia em Portugal. Na opinião de muitos historiadores, os anos que se seguiram a estes acontecimentos não trouxeram mais democracia a Portugal, antes pelo contrário. Trouxeram sim a República, o que é uma coisa muito diferente como todos sabemos. Muitos outros países europeus mantiveram as Monarquias e não são menos democráticos e desenvolvidos que a nossa República.

No dia 7 de Março faz duzentos anos que a família real portuguesa, acompanhada de milhares de fidalgos chegou ao Rio de Janeiro após ter escapado à sua prisão pelo general francês Junot como era desejo de Napoleão, durante a primeira invasão francesa. Também estes acontecimentos vieram a ter uma importância decisiva não só para Portugal, mas também para o Brasil pela influência que teve no seu processo de independência. Ainda em relação às invasões francesas, no dia 21 de Agosto faz duzentos anos a batalha do Vimeiro que ditou a viragem dos acontecimentos a favor de Portugal.

Em 6 de Fevereiro faz quatrocentos anos que nasceu o Padre António Vieira, figura cimeira das nossas letras e exemplo maior do respeito pelos valores civilizacionais dos índios do Brasil, que defendeu contra todos os poderes.

Enfim, no decorrer de 2008 celebram-se quinhentos anos sobre a conclusão do retábulo-mor da Sé Velha de Coimbra. Perguntará o leitor a que propósito é que refiro aqui este facto, que à primeira vista nem sequer é um acontecimento. Nada de mais errado. O magnífico retábulo-mor da Sé Velha do período gótico flamejante, cuja visita se recomenda vivamente, foi construído pelos artistas flamengos Olivier de Gand e Jean d’Ypres. É a demonstração de que, ao contrário do que muito boa gente julga, no século XVI a cultura portuguesa estava intimamente ligada à cultura do norte da Europa, assim se mostrando que não é por pertencermos actualmente à União Europeia que somo mais europeus do que antes.

Publicado no DC em 7 Janeiro 2008



domingo, 6 de janeiro de 2008

INTOLERÂNCIA

Conheço alguém que costuma dizer que admite tudo, excepto fanáticos. E eu concordo.
Esta história da lei anti-tabaco do oito ou oitenta só podia acabar assim. Os grandes legisladores que temos "esqueceram-se" da regulamentação e aí temos os fumadores perseguidos como criminosos. Estamos num ponto em que os presos são proibidos de fumar, nas o Estado dá-lhes seringas para se drogarem.
Quando os Estados se metem a promover revoluções culturais normalmente os resultados são ao contrário do que se pretende.
Também os alemães têm uma lei anti-tabaco desde o dia 1 e parece que não estão a achar piada nenhuma. É que na Alemanha já houve antes uma lei contra o tabaco da autoria de Adolf Hitler, que também gostava muito de pessoas altas, magras, loiras de preferência e que praticassem muito desporto.
Aqui fica uma fotografia de dois fumadores famosos, cheios de defeitos e de vícios como o de fumar, mas de quem é muito fácil gostar:


sábado, 5 de janeiro de 2008

CRONÓMETRO OU CRONÓGRAFO?

Existe uma confusão muito vulgarizada, mesmo entre quem aprecia relógios mecânicos bonitos. Trata-se de saber a diferença entre cronógrafo e cronómetro.
Um cronómetro é actualmente um relógio mecânico que atinge um determinado patamar de precisão, que lhe permite obter um certificado específico passado pelo CSCO (Contrôle Officiel Suisse des Chronomètres) após a realização com sucesso de uma série bem definida de testes. A necessidade desta precisão nasceu na navegação marítima, para se calcular a longitude. Ainda me lembro de, a bordo dos navios da Armada, haver sempre um cronómetro, cuja responsabilidade de manutenção cabia ao Oficial de Navegação. O procedimento de dar a corda ao cronómetro que estava guardado numa caixa de madeira e possuía dois eixos de rotação a fim de absorver as movimentações do navio, era perfeitamente definido e era mesmo um ritual, com o fim de garantir que a sua variação era controlada. Claro que isto se passava antes da era do GPS.
Um exemplo de cronómetro da OMEGA que apresenta a designação no mostrador:




Já um cronógrafo é um relógio que permite medir e mostrar períodos de tempo, isto é, que possuem mecanismos que se põem a trabalhar e se param através de botões.
Um exemplo de cronógrafo é o famoso Speedmaster da OMEGA que foi até hoje o único relógio usado na Lua, por ter sido adoptado pelo programa Apollo:

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

OOPS!

Perante a anulação do Paris-Dakar 2008, o meu anterior post leva-me a esclarecer o seguinte:
1) O post foi colocado dois dias antes da anulação e espelha a minha opinião sobre o espectáculo, livre de influências estranhas.
2) Continuo a pensar que nada justifica o terrorismo.
3) Dito isto, o estado actual do mundo deveria levar-nos todos a repensar muitas das atitudes que antes julgávamos inocentes.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

LISBOA-DAKAR


Os meus amigos amantes de desportos motorizados que me desculpem.
Mas não acham que esta coisa do Lisboa-Dakar é um insulto às populações dos países atravessados pela corrida? Precisamente aqueles países de onde tantos milhares fogem de qualquer maneira e feitio, para tentarem entrar no nosso querido "castelo"?
O espectáculo das máquinas artilhadas, com apoio de helicópteros e toda a parafernália de equipamentos sofisticados a passar pelo meio dos magrebinos e negros que olham para tudo aquilo como se uma invasão de extraterrestres se tratasse seria apenas patético, se não fosse uma demonstração egoísta de arrogância, falta de decoro e de consideração pelos semelhantes.

segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

BOM ANO NOVO

O termo TEMPO pode ter na língua portuguesa significados muito diferentes pelo que não pode ser usado sozinho, necessitando sempre de companhia que o explique.
O tempo pode referir-se a um fenómeno climático. Hoje em dia é mesmo um dos problemas mais discutidos, devido ao chamado aquecimento global. A História da Terra já assistiu a períodos de gelo global, a épocas de grandes calores e a curtas eras de temperaturas relativamente amenas como a actual, que permitiu à Humanidade desenvolver-se e criar a sua própria civilização.
Outra concepção de tempo refere-se à duração de acontecimentos que se mede por períodos de tempo.
Pode dizer-se que a capacidade de “medir” o tempo, isto é, medir períodos de tempo é a base da civilização humana, desde o início da astronomia até à física quântica de hoje.
Ao longo da História, foram sendo adoptadas várias bases para nos orientarmos no tempo, tendo surgindo vários calendários para divisão do ano, que corresponde a uma translação da Terra à volta do Sol. O calendário gregoriano em vigor desde o século XVI, com o ano de 365 dias e os meses de 30 e 31 dias acrescidos do sistema dos anos bissextos, deu-nos uma base estável para nos entendermos todos sem uma grande acumulação de erros.
Durante muito tempo acreditou-se que o tempo era infinito isto é, que tinha existido desde sempre, permitindo que a realidade pudesse ser representada de forma simples através de três dimensões físicas e o tempo, que seria a quarta dimensão.
Depois, Einstein revolucionou tudo com a sua “Relatividade Geral”. Hoje acredita-se que houve um momento inicial para tudo, ao qual se chamou “Big Bang”, estando o universo em expansão e devendo em consequência prever-se igualmente um fim para tudo.
Aquela noção do tempo absoluto em que acreditaram tanto Aristóteles como Newton, foi igualmente colocada na prateleira.
A nova noção de espaço e tempo trazida por Einstein implica que o espaço-tempo não é rectilíneo e sim curvo, tendo nós uma ideia tão errada da realidade como aquela que Galileu desmontou e que era verdade “absoluta” desde Aristóteles.
De qualquer modo, a convenção do calendário gregoriano ainda nos serve perfeitamente para o dia a dia. Aquele calendário, na sua continuidade, diz-nos que hoje é o último dia do ano de 2007, sendo amanhã o primeiro dia do ano de 2008.
A base anual serve para fechar contas e fazer relatórios de actividades a todos os níveis, desde o individual ao das empresas e até do Estado. Serve também para abrir novas contas e iniciar projectos, o que é muito mais importante.
A todos os leitores e ao Diário de Coimbra “que tão amavelmente me acolhe nas suas páginas”, um bom ano de 2008.

Publicado no DC em 31 Dezembro 2007

domingo, 30 de dezembro de 2007

E DEPOIS DO INVERNO

E depois do Inverno será Primavera, com toda a explosão de força da Natureza, aqui bem simbolizada por Stravinsky na sua Sagração. Coreografia de Bejart.



INVERNO

Enquanto aguardamos pelo equinócio da Primavera ( o famoso ponto vernal), nada como apreciarmos o que o Inverno tem de bom.
Esta interpretação de Nigel Kennedy reconciliou-me com o Vivaldi das QUATRO ESTAÇÕES que já não podia ouvir por causa da charopada das versões para elevador.

FINALMENTE

Segundo as últimas notícias, Cadilhe vai mesmo avançar para o BCP.
Saúdo a atitude mais corajosa que vejo em Portugal desde há muito tempo.
Enorme desafio aos poderes instalados.

GOVERNADOR CIVIL

Para que serve, hoje em dia, um governador-civil?
A Lusa dá-nos a resposta:

Coimbra, 30 Dez (Lusa) - Três condutores com excesso de álcool foram detidos hoje de madrugada em Coimbra, no âmbito de uma operação realizada pela PSP na zona urbana.

Na operação foram fiscalizados 300 condutores, tendo sido detectadas sete infracções muito graves de excesso de velocidade, revela a PSP de Coimbra em comunicado divulgado hoje.

Foram também assinaladas 12 infracções graves de excesso de velocidade.

A operação "Natal em Segurança 2007" decorreu entre as 00:30 e as 04:30, envolveu um total de 57 elementos policiais e foi acompanhada pelo governador civil de Coimbra.

Foram utilizadas 14 viaturas policiais, de onde se destacam um posto móvel, uma viatura equipada com um radar estático e outra com um radar dinâmico, adianta a nota da Polícia de Segurança Pública.

O uso de telemóvel durante a condução, a falta de inspecção periódica e pneus em situação irregular, foram outras infracções encontradas.

MCS

Lusa/fim