
Morreu Paul Newman, que foi muito mais que um grande actor.
jpaulocraveiro@ gmail.com "Por decisão do autor, o presente blogue não segue o novo Acordo Ortográfico"
A economia italiana aparece normalmente associada a factores negativos endémicos, fazendo parte daquilo a que os anglo-saxónicos, depreciativa e insultuosamente chamam países PIGS: Portugal, Itália, Grécia e Espanha (Spain).
No entanto são sobejamente conhecidos os sectores da alta costura (moda) e indústrias pesadas (como a automóvel) em que a Itália ainda consegue dar cartas.
Curiosamente, os últimos anos viram a Itália tornar-se no produtor mais importante do mundo de algo que exige em simultâneo inovação, tecnologia, design e capacidade de distribuição ao mais alto nível: o fabrico de óculos.
Duas empresas italianas localizadas na região de Milão produzem actualmente a esmagadora maioria das armações, lentes de prescrição médica e óculos de sol: a Luxxottica e a Safilo.
A Luxxottica tem vindo a comprar as maiores empresas do ramo em todo o mundo, como por exemplo a bem conhecida Ray-Ban que de americana passou a italiana. Produz ainda sob licença várias marcas de luxo, como por exemplo, Prada, Bulgari, entre tantas outras.
Para se perceber a importância do potencial de crescimento desta indústria a nível mundial, basta sublinhar que cerca de 90% dos chineses sofrem de miopia. Se bem que a China produza muitos óculos de baixo custo, a qualidade dos óculos italianos tem vindo a impor-se naquele mercado absolutamente gigantesco. Por outro lado, todos conhecemos os conselhos médicos que nos levam a usar cada vez mais óculos de sol, para proteger os olhos de radiações prejudiciais. Também o crescimento do número de horas à frente do computador está a levar a que muito mais pessoas necessitem de óculos.
Embora a Safilo seja mais antiga, a Luxxottica, que foi fundada apenas em 1961, já ultrapassou o valor de 3 biliões de euros de vendas anuais.
Eis um exemplo de como um mercado muito específico pode ser atacado a nível global, por um número extremamente reduzido de empresas.
Ao contrário do que muitas vezes se diz, a economia italiana consegue muitas vezes produzir o melhor que há no mundo. Já não falamos apenas da Ferrari ou da Prada, de artigos exclusivos, mas de produtos acessíveis, e muitas vezes necessários, a muitas pessoas.
Por outro lado, não consta que a autêntica hecatombe do mundo financeiro leve as pessoas a deixar de usar óculos.
É um excelente exemplo para todos nós, de como a economia real, com uma base industrial forte, pode sobreviver e apresentar mesmo rentabilidades superiores aos negócios puramente financeiros.
Publicado no Diário de Coimbra em 22 de Setembro de 2008
Contrariamente ao que à primeira vista possa parecer, os nomes do título não são de um casal de actores famosos de Hollywood envolvidos em alguma acção humanitária.
São antes os nomes das duas agências americanas fundadas para apoiar a concessão de crédito para compra de habitação nos Estados Unidos.
O Fannie Mae existe desde que o presidente Franklin Roosevelt o fundou em 1938, tendo sido privatizado em 1968 no tempo de Richard Nixon, que precisava de dinheiro para a guerra do Vietnam.
O Freddie Mac nasceu em 1970 e foi igualmente privatizado, em 1989.
Após a sua privatização, decorrente da venda das acções no mercado, ambos mantiveram no entanto um estatuto semi-público que obrigava – e obriga – o Estado a avalizar as suas operações.
Em conjunto, representam mais de metade do crédito imobiliário dos EUA, cerca de 12 biliões de dólares.
Estas agências actuam através da compra dos créditos concedidos pelos bancos a quem compra casa por empréstimo bancário, vendendo posteriormente essas carteiras de créditos a investidores sob a forma de títulos de dívida.
Quando funciona bem, todos ganham: os construtores vendem as suas obras, os compradores de casa têm financiamento, os bancos ganham a sua taxa, as agências cobram o seu juro e os investidores negoceiam as suas carteiras no mercado.
Só que há um ano surgiu a crise do crédito hipotecário de alto risco nos EUA.
Com problemas de liquidez e de desemprego, muitos compradores de casas deixaram de pagar as prestações aos bancos, que se viram com elas nas mãos, para descobrirem que os valores anteriores das casas estavam altamente inflacionados e as garantias reais afinal não existiam.
Foi todo um edifício que ruiu como um castelo de cartas e que está a ter efeitos em todo o mundo. As consequências ainda não são claras, havendo grandes bancos a ser salvos com verbas públicas, como o Northern Rock em Inglaterra e o Bear Stearns nos EUA, podendo o Lehman Brothers ir pelo mesmo caminho.
A vez do Fannie Mae e do Freddie Mac chegou agora. A Reserva Federal americana resolveu comprá-los, para o que gastará uns 200 mil milhões de euros.
Há quem se regozije com a situação, decretando a falência do capitalismo e definindo mesmo a actuação do estado americano como sendo socialista.
De facto, é uma situação estranha, mas significa que no fundo o sistema se defende, embora à custa dos cidadãos americanos que vão pagar cada um mais de 80 dólares dos seus impostos para esta solução.
É mais uma prova de que o mundo está perigoso, particularmente no que se refere ao sistema financeiro. É preciso que os Estados exerçam efectivamente e a tempo a sua competência reguladora, para não terem que intervir financeiramente mais tarde, como sempre à custa dos impostos pagos pelos contribuintes.
Publicado no Diário de Coimbra em 15 de Setembro de 2008
Eis porque gosto deste Papa:
Il est en effet fondamental, d’une part, d’insister sur la distinction entre le politique et le religieux, afin de garantir aussi bien la liberté religieuse des citoyens que la responsabilité de l’État envers eux, et d’autre part, de prendre une conscience plus claire de la fonction irremplaçable de la religion pour la formation des consciences et de la contribution qu’elle peut apporter, avec d’autres instances, à la création d’un consensus éthique fondamental dans la société. (Bento XVI, Discurso no Eliseu)
Sabe o que diz e coloca as questões como devem ser colocadas