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segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
E agora, PSD?
Que a chamada “crise global económica e financeira” tem as costas largas já todos sabemos. Que a mesma crise continua a minar de forma larvar os alicerces frágeis de economias mal preparadas e com problemas estruturais, basta ver o que acontece neste momento na Grécia.
Que a nossa economia continua num caminho descendente contínuo, todos os indicadores o indicam, principalmente o quase nulo potencial de crescimento de que infelizmente quase não se fala. Também a permanentemente anémica evolução do PIB, o endividamento externo, o défice das contas públicas e o desemprego galopante são evidentes.
O turbilhão da política é visível no agastamento sistemático dos confrontos no Parlamento, que já ultrapassaram notoriamente o nível do normal e democrático debate de ideias, para se transformarem numa coisa muito feia, que não vale a pena nomear.
A situação política mudou radicalmente depois das últimas eleições em que, recorde-se, o PS perdeu a maioria absoluta e o PSD se ficou pelos 29%.
Da inexistência de maioria absoluta não vem mal nenhum ao mundo. Implica, no entanto, para que o país seja governável, que se construa uma coligação governamental ou, em alternativa, um acordo de incidência parlamentar que garanta uma estabilidade governamental mínima. Fora disso fica a hipótese de ir procurando diariamente parceiros pontuais. Face ao estado actual da economia e à conflitualidade que todos nós podemos constatar diariamente, não parece que este último caminho tenha grande futuro.
Claro que, perante o panorama descrito, a tentação de esticar a corda pelo lado do PS para provocar eleições que lhe possam restituir a maioria absoluta a curto prazo, é muito grande. E nem será muito difícil convencer os portugueses de que são os partidos da oposição os responsáveis pela situação de ingovernabilidade, se estes não adoptarem uma postura de clara e óbvia defesa do interesse nacional.
E aqui chegamos ao PSD, que se apresenta completamente “nu” perante os portugueses. Face aos resultados eleitorais desde 2005, os dirigentes do PSD, actuais e futuros, que tirem o cavalinho da chuva como se costuma dizer. Em caso algum o PSD herdará o poder: se o quiser, terá que o conquistar.
No passado, tirando a excepção de Durão Barroso que governou perante a desistência excepcional de António Guterres, o PSD teve que lutar duro para conquistar o poder. Foi assim com Sá Carneiro e a AD em 1979: teve mesmo que assumir um confronto directo com o Presidente da República de então e que arrostar com a divisão partidária das “opções inadiáveis” (os que nesse tempo se consideravam os verdadeiros social-democratas do PSD) que lhe fizeram perder mais de 30 deputados. Foi assim na década de 80 quando Cavaco Silva cortou caminho às ideias de Bloco Central e se propôs introduzir as reformas profundas de que o País precisava.
Isto é, para ganhar eleições o PSD necessitou sempre de se apresentar com vontade de mudar radicalmente o estado das coisas e de mostrar ser capaz de o fazer.
Nos tempos que se aproximam não será diferente. Perante a actual situação, é obrigação do PSD ser mais uma vez capaz de corporizar os anseios de mudança. Está nas suas mãos e é sua responsabilidade fazê-lo. Não se trata apenas de escolher mais este ou aquele líder partidário a prazo, sob pena de o PSD se tornar politicamente irrelevante. Trata-se, como sempre se tratou, de escolher quem seja capaz de propor uma plataforma política que, do centro à direita, mobilize um eleitorado que, mergulhado numa profunda crise económica e social, se sente cada vez mais desprotegido face à enorme e pouco europeia realidade da soma de votos na esquerda comunista e radical. Não esquecendo que há algo que os cidadãos exigirão cada vez com mais força: credibilidade, credibilidade e credibilidade.
Publicado no Diário de Coimbra em 14 de Dezembro de 2009
domingo, 13 de dezembro de 2009
sábado, 12 de dezembro de 2009
Haja seriedade
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
Em Coimbra é que não!
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
Um mundo multipolar
Realizou-se na semana passada, em Lisboa, a cerimónia que assinalou a entrada em vigor do Tratado de Lisboa. Apesar de neste semestre ser a Suécia que preside à União Europeia, faz sentido que tenha tido lugar em Lisboa, dado que o tratado tem o nome da nossa capital por a sua negociação ter sido concluída há dois anos pela presidência portuguesa.
O mundo está sempre em evolução, e quem não acompanha fica para trás. Isto é válido para pessoas e empresas, mas também para os países. Depois da implosão do chamado “socialismo real” com a queda do muro de Berlim e o desaparecimento do Pacto de Varsóvia, o mundo passou de bipolar a unipolar, tendo nessa altura os EUA passado a ser a única potência ao nível mundial.
Sendo inegavelmente uma grande potência económica, a Europa tem tido grandes dificuldades em afirmar-se ao nível político. Militarmente, a questão nem se põe, preferindo os europeus abrigarem-se no guarda-chuva da NATO.
Entretanto, a emergência de novas economias rapidamente crescentes ao nível global – China, Índia e Brasil – tem vindo a colocar em causa o lugar da economia europeia no mundo.
Uma alteração muito mais importante do que se supõe normalmente foi a emergência de Barack Obama como presidente dos EUA. Não propriamente pela mudança política, embora esta seja significativa, mas pela personalidade do presidente. Trata-se do primeiro presidente americano cujas origens estão viradas para o Pacífico, em vez do Atlântico. A recente viagem de Obama ao Oriente mostrou claramente que as suas prioridades estão naquela zona do globo, e não na Europa.
A União Europeia carecia claramente de instrumentos de decisão interna e de representação externa que lhe dessem capacidade de reacção em tempo útil e uma voz única perante as outras potências. O Tratado de Lisboa foi uma resposta a essas necessidades, dentro das limitações inerentes a uma União de países que não é uma federação, em que esses países continuam a gozar de extensa autonomia em grande número de áreas, mesmo na economia.
Um dos aspectos mais importantes do Tratado de Lisboa é a criação de representantes externos: o presidente do Conselho Europeu e um Alto Representante para a Política Externa. A partir de agora, o presidente americano, o presidente russo ou os seus congéneres chinês, indiano, brasileiro ou indiano teriam um interlocutor europeu único, para atender o telefone sempre que necessário. Digo teriam, porque a UE conseguiu o mais difícil: designou para aqueles lugares duas personalidades que, independentemente de serem certamente muito estimáveis pessoalmente, não acrescentam nada à UE por serem politicamente totalmente irrelevantes.
De facto, só por piada se imagina Obama a ligar para Van Rompuy ou Clinton para Catherine Ashton para resolver rapidamente uma qualquer emergência internacional.
Os equilíbrios internos da UE continuam a ser demasiado instáveis para permitirem soluções credíveis e eficazes para os problemas graves de um mundo que, efectivamente, é cada vez mais multipolar.
Publicado no Diário de Coimbra em 7 de Dezembro de 2009
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
Cair a pique
- O projecto-lei do BE para acabar com a distinção entre corrupção por acto lícito e ilícito acaba de ser aprovada no Parlamento. Só o PS votou contra.
- CDS-PP que ouvir operadores judiciários antes de se legislar sobre corrupção
- O PS vai viabilizar a criação de uma comissão eventual de acompanhamento político do fenómeno da corrupção proposta pelo PSD.
Tudo isto enquanto se vai conhecendo o estado económico do País, não augura nada de bom para os próximos tempos. Aparentemente o desnorte é total: Sr. Presidente, quanto mais ainda vai aguentar?
Incongruências
segunda-feira, 30 de novembro de 2009
É urgente discutir a Regionalização
Pode dizer-se que, nas últimas décadas, o modelo de desenvolvimento do país tem sido este: Olhar para Portugal a partir do Terreiro do Paço.
De facto, apesar de a Regionalização estar prevista na Constituição desde 1976, nenhum passo concreto foi dado nesse sentido, para além do Referendo de Novembro de 1998, de triste memória. Nessa altura, o Governo de António Guterres levou a sua pulsão de tacticismo negocial a um tal ponto que conseguiu colocar uma grande parte dos regionalistas de sempre a votar contra a regionalização então proposta.
O desenvolvimento absolutamente anacrónico do país tem levado ao seu confinamento ao litoral, parecendo-se cada vez mais com uma estreita faixa compreendida entre o Oceano Atlântico e a EN1, numa imagem bem expressiva apresentada há tempos por um advogado viseense.
Os apoios financeiros da União Europeia estão hoje canalizados essencialmente para as obras rodo-ferroviárias com centro em Lisboa e à construção de auto-estradas, a maior parte delas apenas redundantes. Isto para além do novo aeroporto internacional de Lisboa, claro, a construir na margem esquerda do Tejo, o mais afastado possível do centro geográfico do país, mas certamente bem localizado em função dos interesses próprios lisboetas.
Não devemos esquecer que, hoje em dia, a Região de Lisboa e Vale do Tejo já ultrapassou o limite que permite financiamentos europeus. A continuar assim, prevê-se que dentro de poucos anos metade da população portuguesa viva nesta região, situação bem terceiro-mundista. A inexistência de Regiões leva a que seja o Governo nacional a definir as prioridades de investimentos apoiados por fundos comunitários, o que tem como consequência que o resto do país, verdadeiramente abaixo daquele limite, veja o grosso dos dinheiros europeus a serem canalizados para a capital.
Costumo dizer que, vista do resto do país, Lisboa parece um imenso buraco negro que tudo absorve: impostos, fundos europeus, investimentos, empresas, pessoas.
Claro que a consequência é a progressiva desertificação do interior, que, por sua vez, vai justificando o encerramento de serviços públicos por falta de utentes. Estamos num ciclo vicioso que só uma medida de excepção pode cortar, e essa medida é a regionalização, que pode efectivamente contrariar o modelo de desenvolvimento com origem no Terreiro do Paço.
Está mesmo por provar que as auto-estradas do interior do país, apresentadas como um veículo de promoção do desenvolvimento das regiões que atravessam, sirvam efectivamente esses fins. Provavelmente, investimentos públicos e apoios locais decididos a nível regional serviriam muito melhor essas populações do que auto-estradas com pouco ou nulo tráfego.
É preciso desmontar a ideia hoje muito difundida, ao contrário do que acontecia há vinte anos, de que “as CCDR’s deverão ser apenas, ao seu nível, responsáveis pela execução das políticas nacionais” isto é, decididas pelo centralismo lisboeta.
O Partido Socialista tem dito que nesta legislatura aguarda pela posição do Partido Social Democrata sobre este assunto. Isto é, numa altura em que mais uma vez o PSD se prepara para escolher uma nova liderança, a posição das candidaturas partidárias sobre a regionalização será muito importante.
Chegámos a uma altura da nossa vida colectiva em que as nossas escolhas pessoais terão de ser feitas perante opções concretas dos candidatos.
Por mim, quer em função do modelo de desenvolvimento nacional, quer atendendo aos interesses das diversas regiões e, em particular da Região Centro, as escolhas a fazer passarão obrigatoriamente por propostas concretas para o país, tendo à cabeça a questão da regionalização.
Publicado no Diário de Coimbra em 30 de Novembro de 2009
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
Meditação
Evangelho do Dia
(Lc 21, 29-33) Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos a seguinte parábola: «Olhai a figueira e as outras árvores: Quando vedes que já têm rebentos, sabeis que o Verão está próximo. Assim também, quando virdes acontecer estas coisas, sabei que está próximo o reino de Deus. Em verdade vos digo: Não passará esta geração sem que tudo aconteça. Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão».
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
Citação
"Foi a cegueira da direita conservadora (...) que entregou o poder de uma nação soberana, que albergava toda a agressão reprimida de um gigante ferido, nas mãos do perigoso líder de um bando de arruaceiros políticos"
Saliente-se que nas eleições de 1933 que levaram o "Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães" -era assim que se chamava a coisa - Hitler obteve apenas 33,1% e mesmo assm foi o que se viu.