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quinta-feira, 21 de janeiro de 2010
quarta-feira, 20 de janeiro de 2010
Almoço-debate da ACEGE
segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
Horror e heroísmo pessoal
Com cem anos de vida, morreu há poucos dias Miep Gies, a última pessoa que testemunhou directamente a vida de Anne Frank.
Anne Frank tornou-se um dos maiores símbolos do horror que foi a perseguição aos judeus levada a cabo por Hitler e os seus sequazes nazis, através dos seus diários publicados pela primeira vez em 1947. Todos nós sabemos com algum detalhe o que foi a Segunda Guerra Mundial, como começou, como decorreu e terminou, bem como o regime de terror levado a todos os países conquistados através da máquina de guerra alemã. Guerras são guerras, sempre as houve ao longo da História, e suspeito que muitas mais haverá enquanto existir humanidade.
Mas, enquanto decorria a 2.ª Grande Guerra, o regime nazi levava a cabo uma outra guerra subterrânea, de uma desumanidade absoluta, contra gente indefesa, que teve como consequência a eliminação de milhões de vidas humanas, uma a uma. Durante todos os dias que durou aquela guerra, a mortífera organização nazi, em particular as SS, prendia milhares de judeus por toda a Europa ocupada e transferia-os de comboio até uma das diversas instalações construídas no Leste, onde, de forma mecânica e sistemática, procediam a o seu assassínio em massa. Os documentos das SS da época mostram mesmo que os seus maiores problemas consistiam em organizar eficientemente e de forma escondida milhares de mortes por dia durante vários anos, e como se livrarem de tão grande número de cadáveres.
Da História da Segunda Guerra Mundial da autoria de Martin Gilbert - que faz a sua descrição dia a dia desde o primeiro ao último dia -, tiro a descrição de um dia ao acaso, 15 de Agosto de 1941: “A 15 de Agosto, na localidade vizinha de Rokiskis, teve início uma orgia de massacres que durou dois dias inteiros e na qual foram fuzilados 3200 judeus, juntamente com cinco comunistas lituanos, um polaco e um resistente”. Outro exemplo ao acaso: a 6 de Agosto de 1942, mais de mil judeus holandeses foram deportados da Holanda para Auschwitz, seguidos por outros 987 a 7 de Agosto e mais 559, três dias mais tarde; destes, mais de metade foram gaseados logo que chegaram ao campo. Os outros foram enviados para os barracões de Birkenau, tornando-se mão-de-obra escrava”.
Mas a humanidade é sempre capaz do melhor, mesmo em tempos de horror e barbárie. É por isso que o testemunho de Anne Frank é importante: na escuridão mais profunda aparece sempre uma luz de esperança.
Anne Frank e a sua família sobreviveram escondidos durante mais de dois anos, devido ao apoio de amigos que lhes levaram diariamente alimentos e livros. Miep Gies foi precisamente uma dessas pessoas, tendo encontrado e guardado as folhas escritas por Anne Frank durante o período em esteve escondida, e publicando-as após o fim da guerra.
Durante a 2.ª Grande Guerra, para além de Anne Frank, houve muitos outros exemplos de heroísmo vindo de pessoas simples como o Padre Kolbe, Edith Stein ou Etty Hillessum (de quem recomendo vivamente a leitura do Diário e das Cartas). São estas pessoas a demonstração viva de que a humanidade ainda vale a pena.
Publicado no Diário de Coimbra em 18 de Janeiro de 2009
domingo, 17 de janeiro de 2010
Cartaz da Paz
quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
Até que enfim
HAITI
quarta-feira, 13 de janeiro de 2010
"O saneamento de Marcelo"
segunda-feira, 11 de janeiro de 2010
Cidades de ontem e de hoje
O ritmo frenético da construção civil que caracterizou as nossas últimas décadas deverá reduzir-se substancialmente. Os próprios instrumentos de ordenamento territorial deverão reflectir esta nova situação, pelo que os municípios deverão encarar os seus PDM’s de uma forma totalmente diferente, não fazendo sentido que se continue a prever um aumento da edificabilidade que multiplique por três ou por quatro o actual nº de habitações que já é mais do que suficiente para as necessidades.
Por outro lado, começa a colocar-se com muita acuidade a questão da reabilitação do edificado existente. Esta reabilitação abrange não só os Centros Históricos das cidades que os possuem como Coimbra, mas muitos edifícios construídos nas décadas de 50, 60 e mesmo 70 do século passado, quase sempre localizados no interior das cidades, bem servidos por infra-estruturas e apoios urbanos, como escolas, serviços de saúde, jardins, comércio de proximidade, transportes públicos, etc.
É comum, entre quem se dedica a estes assuntos, referir que em Portugal a relação entre construção nova e reabilitação é de 76%/24%, quando nos países da União Europeia essa relação média é de 47%/53%. Estes números reflectem bem o que tem sido a construção da habitação em Portugal e a profundidade das reformas que é necessário fazer neste sector. Não vale a pena estar aqui a apresentar as causas que levaram a esta situação que são sobejamente conhecidas, entre as quais avulta o financiamento das Autarquias, o congelamento das rendas, a legislação urbanística e, em particular, a utilização da figura do loteamento, bem como a evolução das taxas de juro após o Euro e o regime de crédito para a construção por parte das entidades bancárias.
O que é facto é que existem milhares de fogos devolutos no interior das cidades, a necessitarem de reabilitação ou simples renovação. Estas habitações são em regra mais espaçosas do que os apartamentos novos e o seu preço após reabilitação, é claramente inferior às habitações novas. Em termos sociais, a reabilitação é também muito vantajosa dado que evita a ampliação exagerada de infra-estruturas com os custos actuais e futuros que isso acarreta. Os habitantes das zonas centrais das cidades perdem muito menos tempo em deslocações casa-trabalho o que é igualmente uma grande vantagem, para além de se potenciar a utilização de transportes públicos, tema importante face às actuais alterações climáticas. A reabilitação/recuperação dos prédios potencia igualmente o desenvolvimento do mercado do arrendamento, condição crucial para a qualidade de vida dos novos casais que necessitam de habitação e não podem ficar “amarrados” à mesma hipoteca bancária durante dezenas de anos.
Perante a situação descrita, sendo hoje Portugal um país que atravessa uma grave crise financeira e de crescimento e que vai durar certamente alguns anos, a reabilitação do edificado existente corresponde, muito para além de um embelezamento das nossas cidades, a uma necessidade económica imperiosa. O valor gerado na reabilitação das cidades é muito superior ao do investimento idêntico em construção nova na expansão das cidades. É tempo de o Estado assumir a sua quota-parte na responsabilidade da degradação do património imobiliário, comparticipando na sua reabilitação, o que terá ainda o efeito lateral de contribuir para a recuperação económica de uma forma socialmente muito mais justa e sustentada do que através de grandes obras.
Publicado no Diário de Coimbra em 11 de Janeiro de 2010