segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Jarno Saarinen

O piloto de motos japonês Shoya Tomizawa com dezanove anos, morreu ontem num acidente no Grande Prémio de San Marino.

Já quase ninguém se lembra, mas em 20 de Maio de 1973 houve um terrível acidente numa corrida de motos, em que morreram dois pilotos: Jarno Saarinen e Renzo Pasolini. Nesse acidente ficaram feridos mais doze pilotos.

Saarinen foi um dos maiores pilotos de motos de sempre e quem inventou a maneira de virar com o corpo fora da mota e o joelho a raspar o pavimento. Antes dele nunca ninguém tinha feito tal coisa.

Aqui fica a lembrança e fotos.

Jarno Saarinen - Já Passaram 35 Anos -

O QUE É ISTO?

Do DR de 2 de Setembro:

...Primeira alteração ao Dec. Lei nº 26/2010, de 30 de Março, que procede à décima alteração ao Dec. Lei nº 555/99 e procede à primeira alteração ao Dec. Lei nº 107/2009:

O art.º13º do do Dec. Lei nº 555/99...passa a ter a seguinte redacção:
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10 - O disposto nos nºs 8 e 9 não se aplica às especialidades de electricidade e de gás que serão reguladas por legislação especial que assegure a segurança das instalações.
11 - (Anterior nº 10)

Comentário: A CERTIEL agradece, enquanto o resto do país assiste estupefacto.

TRÂNSITO LOCAL: EM COIMBRA NÃO, P.F.


O leitor lembrar-se-á de uma invasão de placas a dizer “trânsito local” que ocorreu nas nossas estradas aqui há uma vintena de anos. Grande parte delas via-se nas então novas estradas, os a partir de então chamados itinerários principais e complementares, que faziam parte do que muitos apelidavam de forma depreciativa de “política de betão”. Esses sinais indicadores, absolutamente ridículos e inúteis, surgiram porque os gabinetes projectistas da capital tinham à época muito trabalho, e prescindiam de ir aos locais verificar quais as povoações servidas pelas ligações secundárias. Inventaram assim uma designação genérica que servia a todos e a ninguém, e apenas demonstrava o que sucede quando o centralismo se sobrepõe a uma correcta análise das necessidades locais.
Vem isto a propósito da actual polémica acerca das alterações ao projecto do IC3 na zona urbana de Coimbra.
Esta estrada ligará Coimbra a Tomar, e faz parte da “Concessão do Pinhal Interior” recentemente aprovada pelo Tribunal de Contas. O estudo do traçado foi objecto de negociações entre a Estradas de Portugal (EP) e a autarquia de Coimbra há dois anos, tendo sido definido um corredor cujo EIA (estudo de impacte ambiental) foi também recentemente aprovado.
Dentro da actual filosofia de financiamento de construção de estradas, a Estradas de Portugal (EP) adjudicou a “Concessão do Pinhal Interior” a um consórcio privado que procede agora à elaboração do Projecto de Execução da nova estrada, para depois a construir e explorar a utilização durante o período da sub-concessão. Como é evidente, a empresa sub-concessionária elabora um projecto que, dentro dos condicionalismos do concurso, lhe permita diminuir os custos de instalação.
E foi aqui que se estabeleceu nova discussão, porque os elementos agora entregues à Câmara de Coimbra alteram o anteriormente acordado, embora mantendo basicamente o traçado dentro do corredor aprovado. Mas, ao subir significativamente as cotas de projecto, diminui a extensão de túneis prevista e introduz viadutos com grande extensão e muito altos, agredindo a paisagem de forma violenta e desnecessária. Por outro lado, as ligações previstas à rede viária urbana são também alteradas, com consequências muito negativas na organização viária da Cidade. Isto sucede quer na ligação do IC3 à cidade na margem direita do Mondego que estava prevista para a zona da Portela com acesso imediato à circular da Boavista e que agora se propõe directamente para a Av. Fernando Namora, quer na ligação à Circular Externa, que passa a ser excessivamente extensa.
Estas alterações lembram bem aquela antiga posição centralista de desprezo pelos interesses locais representada de forma anedótica pelas placas de “trânsito local”.
As forças políticas representadas na Câmara, maioria e oposição, manifestaram uma posição unânime na rejeição das alterações agora propostas.
Acredito que perante uma posição unida e coerente da cidade e dos seus representantes legítimos, quer a Estradas de Portugal quer o consórcio sub-concessionário entenderão a importância de conciliar os seus interesses com os de Coimbra encontrando as necessárias soluções técnicas para que esta nova estrada corresponda aos critérios de eficiência e sustentabilidade exigíveis. Não nos esqueçamos que o objectivo de construir estradas é servir as populações que no fim acabam sempre por as pagar com os seus impostos.

Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 6 de Setembro de 2010

domingo, 29 de agosto de 2010

HUMANIDADE E BOM SENSO

Vários países europeus estão a proceder à deportação de ciganos para a Roménia e para a Bulgária, de onde são oriundos. À frente está a França, que expulsa ciganos aos milhares, obtendo o seu"acordo" com 300€ por cada adulto e 100€ por cada criança.

A forma como os actuais líderes europeus olham para os cidadãos está bem à vista desde a entrada da Roménia e da Bulgária na União Europeia. De facto, a União Europeia decidiu pagar anualmente quatro mil milhões de euros à Roménia para impedir a saída dos seus ciganos para os outros países da UE. Isto é, para dar o seu acordo à entrada de países no seu seio, a UE definiu condições contra uma determinada etnia. A simples existência deste acordo diz muito sobre a actual União Europeia, que se farta de bradar que tem uma política social avançada, que é uma Europa dos cidadãos, etc. etc. Vê-se. A própria Convenção Europeia dos Direitos Humanos está a ser violada, dado que proíbe as expulsões colectivas de estrangeiros.

Aqui reside, quanto a mim, o maior problema. Os ciganos estão a ser objecto de tratamento colectivo, e não a ser tratados como indivíduos. Se uma determinada pessoa comete um crime, é lógico que deve sofrer uma condenação, que poderá incluir a deportação, se for caso disso. Coisa muito diferente é condenar comunidades inteiras com base da diferença étnica e impedir um direito de todos os cidadãos europeus que é o da livre circulação.

O argumento francês principal é o da segurança, como é hábito. Ouvi-o aliás ser repetido por um euro-deputado português que disse compreender perfeitamente a atitude francesa, porque a segurança é fundamental e dentro daquelas comunidades há pessoas que se portam mal. Claro que o facto de Sarkozy ser responsável pela segurança há 7 anos, primeiro como ministro e depois como presidente, e de sondagens recentes indicarem que 70% dos franceses se sentem inseguros justificará este novo surto de deportação: há que recuperar apoio eleitoral. Curiosamente, parece que muitos franceses ainda se lembram de "Liberdade, Igualdade e Fraternidade", e Sarkozy terá dado um tiro no próprio pé.

Apetece lembrar duas ou três coisas. A primeira é uma citação de Benjamin Franklin: "quem prescinde da liberdade em nome da segurança não merece nem uma nem a outra, e acaba normalmente sem as duas". A outra é que ainda não passaram cem anos desde que muita gente aceitou atitudes de perseguição com base na raça, porque muitas das pessoas que lhe pertenciam não se portariam bem e vestiam diferente ou eram feias. Deu numa das vergonhas que para sempre mancharão a humanidade, com milhões de judeus mortos e uma barbaridade indescritível. As seguranças a que muitas vezes damos importância escondem afinal verdades feias e desgraças de outros que muitas vezes não estão à nossa vista.

A questão tomou tal dimensão que o próprio Papa Bento XVI fez questão de tomar posição em língua francesa contra este repatriamento em massa, apelando ao acolhimento dos homens de todas as origens.

O que a União Europeia tem a fazer, depois de ter aceitado a entrada da Roménia e da Bulgária, é adoptar planos de integração ao nível da União, e não pagar a países para manterem alguns cidadãos no seu interior, com base em critérios de etnia.

Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 30 de Agosto de 2010

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Terra e Lua


A Terra e a Lua vistas de bem longe, numa imagem tirada pela sonda Messenger (foto da Nasa)

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Boom Festival

Diz o agente da GNR: "o pessoal é muito sensível, não pode ver uma farda".
(Do jornal i de hoje)

Segundo o mesmo jornal, foram as seguintes as substâncias apreendidas este ano pela GNR em Idanha-a-Nova:
-15 855 doses de heroína
-4 448 selos de LSD
- 3 240 doses de cocaína
- 686 doses de ecstasy em pó
- 670 cogumelos mágicos
- 358 pastilhas de ecstasy
- 171 doses de haxixe

E depois ainda há quem não acredite que Portugal é o paraíso europeu das drogas!

domingo, 22 de agosto de 2010

A SAÚDE TEM PREÇO?

O Doutor Manuel Antunes costuma dizer que a saúde não tem preço, mas custa dinheiro. E tem, claro está, imensa razão. Aliás, a saúde custa mesmo muito dinheiro, já que o Estado gasta por ano cerca de dez mil milhões de euros com o Serviço Nacional de Saúde. Como todo esse dinheiro sai dos nossos impostos, convém que seja bem gasto, e que seja gasto com justiça, isto é, que não deixe de fora os mais desprotegidos.

O Serviço Nacional de Saúde foi uma opção nacional pós 25 de Abril, que entrou na vida dos portugueses como um direito adquirido e inquestionável. Na verdade, permitiu um acesso à saúde digno, à altura dos países mais ricos e avançados do mundo. Os índices relativos à saúde pública foram completamente alterados para melhor, de que a mortalidade infantil é um bom exemplo: em poucos anos, passou de 70 por mil crianças nascidas para os actuais 3.

Sucede, no entanto, que hoje se verificam dois problemas graves: por um lado, o custo da saúde tem vindo a subir de uma forma quase incontrolável pelos mais diversos motivos, entre os quais se contam a sofisticação crescente dos meios auxiliares de diagnóstico e dos próprios tratamentos e o aumento da idade média da população. Por outro lado, cresce o sentimento de que a justiça está a fugir da prestação dos cuidados de saúde, sendo esta melhor para quem tem dinheiro do que para a população carenciada. Isto é, quando deveria ser "tendencialmente gratuita", o que se está a verificar é que tal será impossível de acontecer, pura e simplesmente porque o país não tem posses para o garantir.

Desde há quase dez anos que o SNS tem sido objecto de alterações na sua organização, agravando a tal injustiça social. Exemplos? A opção por parcerias público-privadas, pela chamada "empresarialização" dos hospitais públicos, e o encerramento de unidades do interior, sob a capa de garantia de qualidade da prestação de cuidados de saúde.

Na realidade, o Estado não tem dinheiro para manter o sistema como está, e muito menos para custear os aumentos de despesas previstos. Assim, corta nos custos, muitas vezes de forma sub-reptícia, e quase sempre com maior prejuízo para quem menos pode.

Não há coragem para dizer aos cidadãos que a actual situação não se pode manter. Para dizer que os serviços prestados têm custos, que deverão ser comparticipados de forma diferente por quem tem mais posses e por quem não tem, não no acto da prestação do serviço, mas num relacionamento fiscal entre o cidadão e o SNS. Que o financiamento do SNS deverá ser completamente alterado, talvez à imagem da Segurança Social ou estendendo a toda a população um sistema semelhante à ADSE. Que as parcerias público-privadas deverão acabar, para que se saiba quem paga o quê, devendo os sectores público e privado ser completamente separados. Que a prestação dos serviços de saúde que por qualquer motivo os hospitais públicos não possam garantir em tempo útil sejam convencionados com o sector privado de forma transparente. Que os profissionais de saúde deverão trabalhar o dia inteiro nos hospitais públicos, sendo devidamente pagos, acabando-se de vez com a promiscuidade entre os sectores público e privado.

A actual situação tem custos incomportáveis para o Estado, e dá vantagens injustificadas a um sector que de privado só tem o nome, porque vive pendurado nas ineficiências e desorganização do sector público. Haja coragem para enfrentar este problema, sem demagogias e complexos ideológicos, em nome precisamente dos mais carenciados. Os outros, sabemo-lo bem, têm boas alternativas.

Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 23 de Agosto de 2010

domingo, 15 de agosto de 2010

JÁ FEZ O SEU "STRESS TEST"?

Em 2009 a Reserva Federal Americana entrou nos livros das contas dos bancos americanos numa operação dirigida ao estilo militar e efectuou os chamados "stress tests". O objectivo era verificar até que ponto os bancos americanos estavam preparados para enfrentar novas situações de emergência, depois de todos os sarilhos de 2008 e assim transmitir alguma tranquilidade aos mercados. Claro que a transparência nunca foi o forte da actividade bancária, nem o poderá ser nunca, pela sua própria essência. Mas que é conveniente que as entidades reguladoras tenham uma ideia clara do que se passa no interior dos bancos, lá isso também é verdade, até porque se há actividade económica que necessita de confiança como de pão para a boca é a bancária.

A situação da banca europeia também não tem estado famosa nos últimos tempos, o que se reflecte negativamente na restante actividade económica. Basta ver os últimos dados que apontam para as previsões da economia europeia e nos dizem que a pequena retoma dos últimos meses já terá terminado. A actividade bancária de apoio à actividade económica tem estado algo parada, dado que as operações inter-bancárias ainda não retomaram a sua normalidade. Os bancos continuam a recorrer ao BCE para obterem fundos, o que diz muito sobre a falta de confiança dos bancos uns nos outros.

Quando os bancos não têm confiança uns nos outros, quem terá? Perante esta situação que já dura há demasiado tempo, o "Comité das Autoridades Europeias de Supervisão Bancária" e o Banco Central Europeu organizaram uma operação de "stress test" à banca europeia. Esta acção tornou-se mais complicada do que a operação americana porque foi feita não ao estilo militar mas um pouco caoticamente e, além disso, o sistema bancário europeu é muito mais complexo que o americano. Basta dizer que na Europa foram testados 91 bancos e em Wall Street apenas 19.

E o que são os tais "stress tests" cujo nome faz lembrar exames médicos? De facto são testes realizados para verificar a capacidade de resposta dos bancos a situações que não cabem na normalidade previsível. Monta-se um cenário adverso caracterizado por exemplo, por subidas anormais do petróleo, por uma grande queda na bolsa, por uma variação súbita de taxas de juro, por uma subida exagerada dos preços das casas, etc. Vai-se aos livros dos bancos e calcula-se a reacção do capital do banco comparando o cenário adverso com o cenário habitual ou de referência. Se o rácio de capital chamado "Tier 1" estiver acima de 6%, a situação do banco é segura; se estiver abaixo, é necessária uma recapitalização do banco, para que esteja preparado para enfrentar as dificuldades.

No caso dos bancos portugueses a boa notícia é que todos os bancos sujeitos aos "stress tests" responderam de forma positiva, isto é, apresentaram valores acima daquele mínimo. Na realidade, em toda a Europa apenas 7 bancos falharam estes testes, entre os quais o gigantesco Hypo Bank Estate, curiosamente alemão.

A má notícia é que as consequências que se esperavam, de reanimação do mercado inter-bancário face à retoma previsível de confiança, ainda não se verificaram. Provavelmente porque os bancos sabem muito bem qual a sua verdadeira situação e a sua capacidade de resposta a uma nova crise. Sabem também, melhor do que ninguém, que a montagem do tal cenário mais adverso foi algo medrosa e visou acima de tudo restaurar a tal confiança, aparecendo assim aos olhos de muita gente como uma operação algo artificial e pouco realista.

A ideia do "stress test" é, contudo, bem curiosa e poderia ser seguida em muitos outros sectores. Claro que a iliteracia financeira crónica da maioria dos portugueses os impedirá de perceber o que está em causa para além da barragem "informativa" que lhes foi imposta sobre o tema. Mas até em termos pessoais todos teríamos vantagens em ensaiar os nossos próprios "stress tests" para conhecer a nossa capacidade de reacção a cenários desfavoráveis.

Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 16 de Agosto de 2010

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

LÁGRIMAS COM GOSTO

Ter o privilégio de escrever com regularidade e inteira liberdade no Diário de Coimbra tem-me proporcionado muitas vezes a satisfação de poder comentar factos e situações que mostram a relevância e qualidade da nossa Cidade em numerosas áreas.

Terminou há cerca de uma semana a segunda edição do Festival das Artes que se saldou por um sucesso notável, a vários níveis.

O Festival das Artes é uma organização da Fundação Inês de Castro que está intimamente ligada à Quinta das Lágrimas. No entanto, os seus 42 eventos não se limitaram à Quinta das Lágrimas, tendo alguns deles sido realizados noutros espaços como o Museu da Água, o Mosteiro de Santa Clara-a-Velha, o Teatro da Cerca de S. Bernardo ou o próprio rio Mondego. Os eventos abarcaram diversas formas de arte como a música, a dança, o cinema, a declamação e ainda outras áreas culturais como a culinária, o debate e visitas guiadas a locais emblemáticos da região como o Buçaco, o rio Mondego e as ruas da nossa Cidade. Os espectáculos realizados na "Colina de Camões" na Quinta das Lágrimas beneficiaram, é certo, do cenário absolutamente excepcional conseguido naquele espaço. A integração dos vários elementos como a zona do palco, o lago e as bancadas espalhadas pela colina, em conjunto com a proximidade da "Fonte dos Amores" e a colina da Universidade bem enquadrada pela mata da Quinta, proporcionam um ambiente de sonho perfeitamente adequado à realização deste tipo de espectáculos.

Segundo os responsáveis pelo Festival, os oito concertos de música que tiveram lugar ao ar livre na "Colina de Camões" tiveram uma média de 570 espectadores por cada, tendo um deles atingido o recorde de 1.250 pessoas a assistir. Por outro lado, foi anunciado que 70% dos espectadores são de Coimbra e 30% de visitantes. Estes números expressivos significam pelo menos três coisas: primeiro, que as gentes de Coimbra têm grande apetência por manifestações culturais; depois, que também em Coimbra é possível organizar com sucesso um festival cultural e artístico de elevada qualidade com apoios de mecenas e diversas entidades públicas e privadas; por fim, que é vantajoso misturar o tradicionalismo de Coimbra consubstanciado pelo fado e pelos agrupamentos ligados à Academia, com outras formas de arte e de cultura.

O sucesso deste Festival das Artes prova que apesar dos murmúrios maldizentes e das críticas permanentes de muitos dos ditos "coimbrinhas", Coimbra é das cidades portuguesas mais vivas e actuantes na área cultural. Na realidade, talvez o pudesse ser ainda mais se determinados "donos da cultura" deixassem de lado muita da arrogância intelectual que ostentam e tivessem a humildade de aceitar outras ideias e formas de trabalhar.

Em Portugal a área da promoção cultural está desde há muito ligada em demasia aos subsídios estatais, o que ao longo do tempo permitiu o estabelecimento de uma rede bem evidente de distribuição de vantagens mútuas, excepto para o público pagante de impostos que costuma deixar às moscas boa parte dos "eventos culturais" que nos ficam a todos bem caros.

O Festival das Artes é bem a prova de que é possível oferecer aos diversos públicos aquilo que eles quer ver e ouvir, indo ao encontro das suas diferentes apetências e necessidades culturais, sem ceder minimamente à exigência de qualidade.

Por tudo isto e como todas as realizações têm um nome por trás, como cidadão de Coimbra tenho todo o gosto em dizer: obrigado, Dr. Júdice e dê continuação ao Festival das Artes.

Publicado no Diário de Coimbra em 9 de Agosto de 2010