sexta-feira, 4 de maio de 2018

Comportamento padrão?

DGArtes. Ministro da Cultura garante que desconhecia a situação - País - RTP Notícias

E o ministro ainda diz que é por "por perda de confiança política". Isto é tudo muito mau. De vómitos.

" O Ministério da Cultura anunciou esta sexta-feira ter determinado a cessação de funções da Diretora da Direção-Geral das Artes, Paula Varanda, "por perda de confiança política", depois de ter tido conhecimento de factos que tornam "incompatível a manutenção de Paula Varanda no cargo".
O Ministério tutelado por Luís Castro Mendes tomou esta decisão na sequência de uma investigação do Sexta às 9 que detetou que desde que foi nomeada alta dirigente do Estado, em regime de substituição, em maio de 2016, Paula Varanda nunca deixou de ser diretora artística de uma associação em Mértola que é financiada pela própria DGArtes."

Sócrates

E é assim:
Sócrates? connais pas

Coimbra em festa

Com a Queima das Fitas, Coimbra transfigura-se e torna-se magnífica.


quinta-feira, 3 de maio de 2018

Dádiva de sangue

SMS recebido hoje dos HUC:
"Vamos dar-lhe uma boa noticia.Hoje ajudou a salvar uma vida!Transfundimos a dadiva de sangue que efectuou para o SSMT CHUC em 18-04-2018.Muito Obrigado"

terça-feira, 1 de maio de 2018

Manuel Pinho, o esperto

Peo que se vai sabendo, o Dr. Manuel Pinho era administrador do Grupo Espírito Santo e em 2005 foi para ministro da Economia do Governo socialista presidido por José Sócrates. Claro que deixou de receber do GES e passou a receber ordenado como ministro. O problema é que o GES lhe pagava "por fora" através de offshores, mais quase 15.000 euros mensais desde 2002. E continuou a pagar-lhe até 2012, sem interromper enquanto era ministro. Esperteza dele e de Ricardo Salgado, a gozar com a saloiada que julgam que são todos os portugueses.

Sissel Kyrkjebø - Solveigs sang - 1993

RU


segunda-feira, 30 de abril de 2018

Reabilitação Urbana (1ª de duas partes)



O termo “reabilitação urbana” (RU) é muitas vezes utilizado sem que se tenha uma noção clara do que significa, o que ocasiona frequentemente incompreensões ou mesmo interpretações erradas do que se faz ou não. O Decreto-Lei nº 307 de 2009 (que substituiu o Dec. Lei 104/2004 e que entretanto foi alterado pela Lei 32 de 2012) que estabeleceu o “regime jurídico da reabilitação urbana” trouxe uma definição do que é a RU que simplificou conceitos e criou uma base comum de entendimento. Assim, reabilitação urbana passou a ser “a forma de intervenção sobre o tecido urbano existente, em que o património urbanístico e imobiliário é mantido, no todo ou em parte substancial, e modernizado através da realização de obras de remodelação ou beneficiação dos sistemas de infraestruturas urbanas, dos equipamentos e dos espaços urbanos ou verdes de utilização colectiva e de obras de construção, reconstrução, ampliação, alteração, conservação ou demolição de edifícios”.
A citação é algo longa, mas o conhecimento público do conceito parece-me de toda a conveniência dado que, por um lado ouve-se falar de RU quando autarquias recuperam apenas o espaço público enquanto os edifícios privados adjacentes se mantêm em acentuado estado de degradação e, por outro, há quem considere como RU a recuperação de edifícios, sem que a envolvente urbana seja também alvo de intervenção. A Reabilitação Urbana é assim uma actividade que concilia respeito pelo património com intervenções nos edifícios privados e espaços de utilização colectiva, através de uma revitalização urbana que assegure a melhoria das condições de habitabilidade e funcionalidade, promovendo ainda a sustentabilidade ambiental.
De acordo com o “regime jurídico de reabilitação urbana”, para uma completa definição da RU, devem ser definidas geograficamente as chamadas “Áreas de Reabilitação Urbana” (ARU’s), para as quais se definem as condições em que deverá ser executada, através das respectivas “Operações de Reabilitação Urbana” (ORU’s). Deve-se notar que o dever da reabilitação dos edifícios recai sobre os seus proprietários, enquanto o dever da promoção da RU incumbe ao Estado e às Autarquias Locais que devem promover as medidas necessárias à RU de áreas urbanas que dela necessitem.
Em função da complexidade das operações e da profundidade que se deseja venham a ter, há dois tipos de ORU’s, denominadas do tipo “Simples” ou “Sistemático” sendo que, para aquelas se define uma “estratégia” e para as últimas um “programa estratégico”, estando as entidades gestoras (normalmente as Câmaras Municipais) obrigadas a promove-las, depois de aprovadas. As principais diferenças entre os dois tipos de operação têm a ver com a maior pormenorização da ORU do tipo sistemático, associada a uma maior capacidade de intervenção e mesmo utilização de meios impositivos de certa forma raros na legislação portuguesa.
Assim, as ORU’s sistemáticas podem incluir unidades de intervenção ou de execução e a promoção da sua reabilitação urbana pode ser alvo de concessão, podendo mesmo ser celebrados contratos de reabilitação urbana com entidades públicas ou privadas com o mesmo fim. Trata-se de modelos de execução de RU que conferem às entidades gestoras uma variedade de soluções públicas ou em colaboração com outras entidades privadas ou mesmo com os proprietários.
Por outro lado, as entidades gestoras dispõem de instrumentos de execução de política urbanística que, no caso das operações sistemáticas, ultrapassam em muito os poderes normais das autarquias, conferindo-lhes uma capacidade de intervenção muito superior para a reabilitação urbana. São os casos das servidões, da expropriação, da venda forçada e da reestruturação da propriedade. Devo salientar que a aprovação de uma operação do tipo sistemático constitui, só por si, causa de utilidade pública para efeitos de expropriação ou da venda forçada dos imóveis existentes na área abrangida, possuindo as expropriações carácter urgente.
As Operações de Reabilitação Urbana têm um prazo máximo de 15 anos, devendo a câmara municipal, em cada 5 anos de vigência da operação, submeter à apreciação da assembleia municipal um relatório de avaliação da sua execução.
O objectivo desta crónica é proporcionar ao cidadão comum não especialista nestas matérias, mas que todos os dias é confrontado com comentários sobre o tema, a informação mínima que lhe permita perceber do que se trata quando se fala em Reabilitação Urbana, assunto da maior importância em cidades com centros históricos degradados, como é caso de Coimbra. E à Reabilitação Urbana em Coimbra dedicarei a 2ª parte desta crónica, a publicar na próxima semana.

sábado, 28 de abril de 2018

SPEEDMASTER: EXEMPLO DE MÁQUINA COMO OBJECTO

 


A medição do tempo foi sempre uma das preocupações do homem desde os tempos mais imemoriais. De facto, as nossas vidas são reguladas em função dos ritmos que a Natureza nos impõe, dado que os dias se sucedem aos dias e os anos aos anos com a maior regularidade. Pelo meio, numerosos acontecimentos se sucedem, como as estações do ano e as fases da Lua. Não admira que o Homem se tentasse orientar naquilo que parece ser uma grande complicação, e tão superior a ele próprio.  Na verdade, desde a antiguidade que a humanidade engendrou sistemas para, de uma forma ainda muito primitiva, prever as estações do ano e os principais momentos do ano, como os solstícios e os equinócios. Tudo isto a partir de uma sistemática observação dos astros que permitia alguma orientação no tempo, facilitando a actividade humana, por exemplo facilitando o conhecimento do tempo para as plantações e do tempo para as colheitas. Por isso se foram definindo diversos calendários em função do pouco que se conhecia, um saber que se foi ampliando ao longo dos séculos. Como sabemos, a Terra gira em volta do Sol, sendo a duração dos dias calculada em função dessa translação da Terra, que demora 365,242199 dias a completar-se. O calendário actualmente seguido na maior parte dos países é o calendário gregoriano, introduzido pelo Papa Gregório XIII em 1582, e que vinha substituir o calendário anteriormente definido por Júlio César e Cleópatra que, por partir de uma duração do ano de 365,25 dias, levava já no século XVI um erro de 10 dias inteiros. Este erro foi resolvido através da adopção do sistema dos anos bissextos. Só há poucos séculos o Homem conseguiu desenvolver máquinas capazes de “medir” o tempo com algum rigor: os relógios. Consta que a primeira manufactura, a Blancpain, iniciou a sua produção na Suíça em 1735. Antes, havia produção de máquinas complicadas para medição do tempo, construídas de forma muito secreta para os navios. De facto, os nossos navegadores de quinhentos navegavam muito às cegas, pois embora conseguissem já calcular com alguma precisão a latitude da sua posição pela altura dos astros, a fundamental longitude era-lhes completamente impossível de calcular. Assim, os navegadores portugueses podiam andar até bastante próximos da costa africana ou da sul-americana, mas desconheciam completamente esse facto. Só o aparecimento dos primeiros relógios marítimos, conhecidos como cronómetros, veio a permitir calcular a longitude a bordo, através do conhecimento da hora no ponto de partida, imaginando-se o valor de tais aparelhos para quem os possuísse. Assim que o conhecimento das técnicas de fabrico relojoeiro se difundiu, começaram a surgir manufacturas, algumas das quais ainda hoje existem, como a já citada Blancpain. A Breguet, por exemplo, começou a laborar em Paris em 1775, conseguindo captar clientes como Luis XVI e Maria Antonieta. Esta última, aliás, ficou célebre na indústria relojoeira por ter feito uma encomenda que, pela sua complexidade, só pode ser concretizada cerca de quarenta anos após a sua trágica morte. Curiosamente, até Napoleão foi um orgulhoso possuidor de uma máquina desta marca, que o acompanhava nas suas campanhas militares. Consta que o primeiro relógio de pulso foi uma ideia do aviador Santos Dumont, que demonstrava desta forma ser detentor de um grande sentido prático. A marca que lho forneceu em 1904 foi a Cartier, que ainda hoje produz um belo modelo chamado Santos. O século XX viu desenvolver-se a indústria relojoeira, particularmente na Suiça, de uma forma que permitiu a qualquer cidadão, por mais humildes que as suas posses sejam, possuir no pulso uma máquina que não o deixe ficar perdido, isto é, sem saber a que horas anda. Hoje em dia esse problema não existe, mas no início do século XX não era fácil saber se se chegava adiantado ou atrasado a um compromisso, ou mesmo ao emprego. As diversas marcas foram desenvolvendo mecanismos, os chamados “calibres”, cada vez com mais precisão e capazes de fornecer muitas outras informações, para além das horas e dos minutos. Surgiram assim as “complicações” e até as “grandes complicações” que nos podem dizer o dia do mês, o dia da semana, o mês, o ano, a estação do ano e a fase da Lua. Isto para além de poderem ser cronógrafos, isto é, medir períodos de tempo concretos e informarem sobre médias de velocidade. Que nos podem dizer, é uma forma de expressão, dado que tais máquinas atingem hoje facilmente um valor de várias dezenas ou mesmo centenas de milhares de euros. Uma das “complicações” mais complexas jamais produzidas é o modelo Blancpain 1735, que permite ter num mero relógio de pulso um turbilhão, repetidor de minutos, calendário perpétuo e cronógrafo. O turbilhão merece uma referência especial. Os antigos relógios de sala estavam sempre na mesma posição, o que lhes provocava faltas de precisão ao longo do tempo, devido à força da gravidade. A solução inventada pela Breguet foi colocar as peças principais numa “gaiola”, que rodava toda ela em conjunto e à parte, efectuando uma rotação por minuto, e evitando assim os malefícios da gravidade. Essa invenção foi posteriormente adaptada aos relógios de pulso, num prodígio de engenharia e miniaturização. Quase todos os relógios com turbilhão o ostentam orgulhosamente no mostrador, sendo o seu movimento mágico e mesmo hipnotizador aos nossos olhos. Recentemente, a Jaeger-LeCoultre, uma das melhores e das mais antigas manufacturas suíças, desenvolveu o giroturbilhão, que é um turbilhão esférico absolutamente espantoso de observar no seu funcionamento, que parece rodar suspenso no interior do relógio. Como a Natureza é muito mais complexa do que parece, o tal ano medido em relação ao Sol é diferente do ano sideral, isto é, medido em relação às estrelas. Como a Terra roda em torno do seu eixo como um pião, e esse eixo está inclinado em relação ao eixo Norte-Sul, variando aliás também essa inclinação ao longo de milhares de anos, existe a chamada “precessão dos equinócios” que faz rodar a eclítica sobre o equador celeste, baralhando ainda mais as contas. Acresce ainda que o dia definido acima em função da translação da Terra em volta do Sol é apenas um valor médio. Na realidade, como a Terra nessa translação segue uma elipse imperfeita, a duração real dos dias varia entre 23 horas e 44 minutos em 3 de Novembro e 24 horas e 14 minutos em 11 de Fevereiro, havendo quatro dias por ano com duração igual à duração média. A diferença entre estas duas durações chama-se “equação do tempo” e, pasme-se, existem relógios mecânicos capazes de resolver constantemente a equação do tempo no mostrador. Na década de setenta do século passado, começaram a surgir os relógios de pulso electrónicos, funcionando a pilha, quase todos com origem no Japão. Como são muito mais precisos e mais baratos que qualquer relógio mecânico, a sua divulgação mundial foi imediata. Em consequência, a indústria relojoeira suíça quase foi à falência. Foi salva pela visão de Nicolas Hayek que resolveu fabricar na Suíça relógios de quartzo muito baratos, os Swatch, mas com uma grande componente de marketing, que transformou uma máquina essencialmente utilitária num objecto de culto. O sucesso foi gigantesco, tendo essa imagem de objecto de culto sido transferida para os relógios mecânicos de alta qualidade. Assim se salvou uma indústria que parecia já não ter lugar nos dias de hoje. Existe um relógio mecânico que tem uma história muito especial, que merece ser contada, embora de forma sucinta. O modelo Speedmaster da Omega é ainda hoje o único relógio usado pelo homem na Lua e isso deve-se a vários factores muito curiosos. O modelo foi desenvolvido pelo fabricante na década de 50 e colocado no mercado em 1957. Quando os responsáveis da NASA desenvolveram o programa Apolo na década de 60 para levar o Homem à Lua, compraram cronógrafos de diversas marcas de qualidade numa loja de Houston e submeteram-nos a testes previamente definidos. O único que respondeu a todos os requisitos foi precisamente o Omega Speedmaster, pelo que a NASA mandou comprar numa loja perfeitamente vulgar os relógios que entendia necessários para os seus astronautas. Tudo isto sem conhecimento do fabricante. A Omega só soube do que se passava quando alguém da empresa reparou, numa fotografia dos astronautas no espaço, que o relógio que ia nos pulsos era fabricado por eles. Como desde as missões Apolo não houve mais nenhum homem a ir à Lua, o Speedmaster continua a ser o único relógio a ter sido usado no nosso satélite natural, sendo esse facto motivo de orgulho da marca e bom motivo de publicidade. Com este relógio passaram-se ainda duas outras histórias interessantes que justificam bem que ainda hoje seja o modelo mais procurado da marca. A missão Apolo XIII, como é bem conhecido, teve uma história dramática. A meio do caminho uma explosão avariou os sistemas a bordo da nave e obrigou a um regresso, com passagem por detrás da Lua para aproveitar o efeito da gravidade e impulsioná-la para o regresso a casa. Boa parte dos procedimentos baseou-se da precisão dos Speedmaster a bordo. O sucesso da manobra elevou aos píncaros a confiança naquele relógio. Por outro lado, na década de 70 um fabricante americano, a Bulova, forçou a NASA a cumprir uma lei americana que obrigaria a agência a escolher preferencialmente produtos americanos, desde que equivalentes em qualidade. A NASA fez um novo concurso, tendo os principais fabricantes de cronógrafos enviado os seus produtos para os testes incluindo, claro está, a Bulova. Mesmo a Omega enviou dessa vez não só o Speedmaster mas também um novo modelo de quartzo. Incrivelmente, o único modelo que passou em todos os novos testes foi de novo o velhinho Speedmaster. Claro que o fabricante ainda hoje o produz, continuando a ser mais barato que relógios equivalentes da concorrência. Os relógios suíços de qualidade são hoje objectos de culto pelo mundo inteiro e a sua indústria uma componente crucial da economia daquele país. O coleccionismo destas máquinas transformou mesmo o negócio. Hoje em dia, ninguém compra um relógio mecânico apenas para saber as horas. Essa função é cumprida de forma muito mais eficiente pelos relógios de quartzo. Os relógios mecânicos de qualidade são comprados pela sua beleza, pela máquina que se sabe bater lá dentro e pelo prestígio que transmitem aos seus possuidores. A indústria relojoeira suíça é um caso exemplar nos dias de hoje e caso de estudo nas escolas de negócios. Conseguiu usar as armas de quem a estava a matar para recuperar e virar do avesso todo um negócio. Todos os anos são apresentados novos modelos cada vez mais complicados e precisos, que revelam uma capacidade de inovação e tecnologia de miniaturização e precisão impossíveis de alcançar por qualquer outra indústria. É ainda a prova de que o marketing bem desenvolvido e orientado é crucial para criar todo um novo mercado e participar na manutenção da indústria bandeira de um país que, note-se, tem que importar todos os materiais que fazem parte de um relógio, impondo-se por uma enorme capacidade de criação de valor.
E sim, o da foto é o meu.

Piazzolla. Libertango