jpaulocraveiro@ gmail.com "Por decisão do autor, o presente blogue não segue o novo Acordo Ortográfico"
sexta-feira, 7 de dezembro de 2018
REGENERAÇÃO
Tendo em conta as pouca-vergonhas em que o regime se afunda de que as trapalhadas dos srs. Deputados da Assembleia da República são o exemplo acabado, só falta mesmo que surja para aí um partido regenerador para que a semelhança com o passado português fique completa.
quarta-feira, 5 de dezembro de 2018
1% para a Cultura? É mentira!
Confesso que fiquei baralhado quando ouvi o PM António Costa em Guadalajara a referir-se aos valores orçamentais destinados à Cultura. Falava de vários critérios possíveis para o tal 1%, fosse em percentagem do PIB ou do Orçamento de Estado.
Bem, vasculhando na NET, já que os jornais não se dão muito ao trabalho de deslindar essas questões a fundo, descobri o seguinte:
O OGE de 2015 ( o tal ultraliberal da Troika) destinava apenas 219 milhões de euros à Cultura, malandros!
Já no de 2016, o montante era de 179 milhões de euros, o que é difícil de perceber num governo apoiado por tantos amantes da cultura. Como ficava mal na fotografia, alguém mais espertalhão decidiu incluir o valor a transferir para a RTP de 244 milhões de euros na conta da Cultura, que assim apareceu com um valor total muito simpático de 423 milhões de euros.
Desde então apareceram ainda umas "transversalidades" incluidas na Cultura que correspondem a fatias de outros ministérios que eventualmente têm a ver com cultura, mas que já existiam, claro.
É assim que a verba real da Cultura para 2019, sem as "espertezas saloias" acima descritas , vale 0,32%do OGE e 0,12 do PIB.
Agradeço ao blogue Blasfémias ter feito e publicado as contas que aqui apresento. Por alguma razão tanta gente detesta a internet e os blogues. É muito mais difícil abafar a realidade na net do que nos jornais e televisões que constantemente perdem credibilidade e audiência.
E deixo aos leitores a classificação deste tipo de "governação".
Bem, vasculhando na NET, já que os jornais não se dão muito ao trabalho de deslindar essas questões a fundo, descobri o seguinte:
O OGE de 2015 ( o tal ultraliberal da Troika) destinava apenas 219 milhões de euros à Cultura, malandros!
Já no de 2016, o montante era de 179 milhões de euros, o que é difícil de perceber num governo apoiado por tantos amantes da cultura. Como ficava mal na fotografia, alguém mais espertalhão decidiu incluir o valor a transferir para a RTP de 244 milhões de euros na conta da Cultura, que assim apareceu com um valor total muito simpático de 423 milhões de euros.
Desde então apareceram ainda umas "transversalidades" incluidas na Cultura que correspondem a fatias de outros ministérios que eventualmente têm a ver com cultura, mas que já existiam, claro.
É assim que a verba real da Cultura para 2019, sem as "espertezas saloias" acima descritas , vale 0,32%do OGE e 0,12 do PIB.
Agradeço ao blogue Blasfémias ter feito e publicado as contas que aqui apresento. Por alguma razão tanta gente detesta a internet e os blogues. É muito mais difícil abafar a realidade na net do que nos jornais e televisões que constantemente perdem credibilidade e audiência.
E deixo aos leitores a classificação deste tipo de "governação".
terça-feira, 4 de dezembro de 2018
Capacete de Henrique VIII
O estranho capacete de Henrique VIII, que lhe foi oferecido pelo Imperador Maximiliano I do Sacro Império Romano.
Retirado daqui:
https://www.thevintagenews.com/2018/12/04/horned-helmet-of-henry-viii/?fbclid=IwAR1ZAMF-DkrYMSmUXeLptrWM1VzRHuAesb9SNur7I438BrO07yb-Z1G16WQ
Retirado daqui:
https://www.thevintagenews.com/2018/12/04/horned-helmet-of-henry-viii/?fbclid=IwAR1ZAMF-DkrYMSmUXeLptrWM1VzRHuAesb9SNur7I438BrO07yb-Z1G16WQ
segunda-feira, 3 de dezembro de 2018
Que país queremos ser?
Infelizmente nem seriam necessárias as tragédias que regularmente nos visitam para nos apercebermos até quanto somos ainda um país pobre e mal organizado, pese embora exista ao lado deste um outro país desenvolvido e sofisticado que gostamos de mostrar ao mundo. Nas últimas semanas temos assistido, com alguma perplexidade, a uma onda de greves simultâneas em sectores vitais. Estas greves permitem ver como é o tal país que muitos tentam ignorar ou até mesmo esconder, talvez pela sua falta de “glamour”, como tanto se gosta de dizer nos jornais e nas tv´s.
Desde logo, no sector da saúde melhor
dizendo, no Serviço Nacional de Saúde. Greve dos Enfermeiros, portanto. Greve
cuja duração já atirou para as calendas milhares de cirurgias, dizendo-se que
por cada dia são mais 500 doentes que não vêm solução para os seus problemas de
saúde. Mas parece não haver problema e, com uma calma olímpica, o Governo deixa
andar. Os portugueses descobrem que a classe dos enfermeiros é, no Sistema
Nacional de Saúde, pobre e mal paga. Muito mal paga mesmo, assim se explicando
por que razão os enfermeiros ou têm vários empregos para sobreviver andando
ensonados, cansados e desesperados com o trabalho ou vão para fora para viver
com dignidade e até receber prémios pela sua capacidade de trabalho e
competência.
A greve dos estivadores do Porto de
Setúbal tem consequências graves na economia portuguesa, desde logo pelos
problemas que acarreta à saída dos automóveis fabricados pela AutoEuropa que
representa uns 15% das exportações portuguesas e se viu obrigada a procurar
alternativas ao porto de Setúbal, cujos trabalhadores estão parados desde 6 de
Novembro. E os portugueses descobrem mais um mundo subterrâneo de trabalho
miseravelmente pago, mas sobretudo com famílias portuguesas a viver em
condições humilhantes e verdadeiramente inaceitáveis nos dias de hoje. Uma
organização laboral que supúnhamos já terminada há muitos anos, subsiste
escondida à volta dos portos portugueses. Se há uns anos os sindicatos definiam
quantos trabalhadores seriam necessários para a estiva dos navios, aguardando
os precários junto aos portões que lhes dissessem quantos poderiam trabalhar
nesse dia, hoje em dia são as empresas a fazê-lo. E dezenas e dezenas de
famílias dependem de os seus familiares arranjarem ou não trabalho em cada dia,
fazendo-se uns contratos que terminam no fim desses mesmos dias, isto durante
anos e anos a fio. Para ganharem verdadeiras misérias. Mais do que comentar os
problemas que a greve traz à economia, importa denunciar e acabar com a
situação laboral a todos os títulos vergonhosa que um país da União Europeia,
em 2018, permite que seja a de cidadãos seus.
Por fim, a greve dos Juízes. Se as greves
acima referidas acabam por mostrar um país deprimido, mal organizado e que
ainda não encontrou verdadeiros caminhos de desenvolvimento que permitam um
mínimo de estabilidade económica aos seus cidadãos, a greve dos juízes deve-nos
colocar de sobreaviso acerca do perigo de uma condição essencial da cidadania:
a nossa segurança individual e colectiva. Se há sector crucial para o
funcionamento do regime democrático é a Justiça, pelo que uma greve dos seus
agentes mais directos é algo que deve suscitar a atenção preocupada dos
cidadãos.
A greve dos juízes tem motivado as
posições mais desencontradas, mesmo por parte dos juristas mais conceituados,
que eles próprios não mantêm no tempo, razão pela qual o cidadão comum sente a
maior perplexidade perante essa situação. É que se os Tribunais são em si próprios
órgãos de soberania, a independência dos juízes tem que ser garantida e depende
de muitos factores a que eles são alheios, mesmo para além da determinação dos
seus vencimentos. E quando os juízes fazem greve em função do seu Estatuto, que
define os seus direitos e deveres, os restantes cidadãos devem prestar a maior
atenção, não se vá dar o caso de a sua independência poder vir a ser posta em
causa.
As greves em curso constituem, cada uma à
sua maneira, uma interpelação muito clara a que todos nós devemos responder
frontalmente, porque dessa resposta colectiva e esclarecida depende a escolha de
qual país queremos ser.
Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 3 de Dezembro de 2018
domingo, 2 de dezembro de 2018
Varela Pecurto
Por acaso, encontrei esta fotografia maravilhosa de Varela Pecurto, grande fotógrafo de Coimbra, tirada por volta de 1952, portanto nos inícios da sua carreira e que foi premiada em diversos concursos como em Joanesburgo e Cuba.
O título é "Hábeis e Modestas" e apareceu no nº 2 de Março de 1953 da revista "Plano Focal" de que Varela Pecurto era colaborador e representante em Coimbra/Livraria.
O título é "Hábeis e Modestas" e apareceu no nº 2 de Março de 1953 da revista "Plano Focal" de que Varela Pecurto era colaborador e representante em Coimbra/Livraria.
quarta-feira, 28 de novembro de 2018
segunda-feira, 26 de novembro de 2018
A queda da máscara orçamental
Seja porque o braço de ferro com o Governo italiano obriga a alguma coerência com o tratamento dado aos outros países, seja porque muito simplesmente o que é demais é demais, o facto é que a Comissão Europeia resolveu puxar as orelhas a sério ao Governo português por causa da proposta de Orçamento (OGE) para 2019. Embora, como é seu hábito, o Primeiro-ministro desvalorize a questão, o próprio Presidente da República se lhe referiu, o que se sobrepõe à tentativa de igualmente tentar classificar as questões levantadas como “reparos específicos” irrelevantes.
Não são pormenores e as questões
levantadas são sérias, embora inconvenientes para o Governo que tenta, neste
seu quarto OGE, repetir o que fez nos três anteriores, com a conivência dos
partidos que o apoiam na Assembleia da República, o PCP e o BE. Só que o
ambiente económico externo que permitiu nestes últimos três anos ir surfando um
crescimento económico que, ainda que débil, ia dando para arrecadar mais impostos
permitindo distribuir rendimentos pelas suas clientelas escolhidas em função
dos objectivos eleitorais, sofreu uma mudança.
Tornou-se evidente que o objectivo da
redução do défice em 2019 só poderá ser conseguido com acções extraordinárias
que demonstram a inexistência de ajustamento estrutural. Para 2019,o OGE prevê
mesmo a recolha de dividendos da CGD e do Banco de Portugal, para além da
redução da despesa com juros, como bem salientou o Conselho de Finanças
Públicas. Como diz o povo, tudo coisas comparáveis a contar com o ovo no rabo
da galinha.
A Comissão Europeia criticou, em
particular, que o Governo utilize as verbas dos dividendos da CGD e do Banco de
Portugal para a redução do défice, em vez de com elas reduzir a gigantesca
dívida pública, que anda outra vez pelos seus máximos, à volta dos 250 mil
milhões de euros. Já por cá não deveremos perguntar-nos se os lucros da CGD
deverão ser utilizados para equilibrar as contas do Estado, em vez de servirem
para diminuir a dependência da própria CGD?
E quando é que o tal fim da austeridade
servirá para baixar a carga de impostos que é uma autêntica canga que
portugueses e empresas carregam, impedindo um crescimento que se veja? É que a
carga fiscal anda pelos 34,7% e, ao contrário do que diz o governo, não anda
pela média europeia já que o que interessa é o esforço fiscal que é superior ao
dos alemães em 35%. Por isso somos pobres, aliás cada vez mais pobres. No fim
do século XX Portugal tinha atingido 84% do rendimento per capita médio europeu.
Neste momento esse valor é de 78% e a nossa economia tem o quinto valor de
crescimento mais baixo da zona Euro. Em 2019 voltamos de novo a crescer abaixo
da média europeia e os crescimentos dos países com quem podemos comparar andam
pelo dobro e pelo triplo do nosso. Bem podem os políticos que nos governam
limpar as mãos à parede com tais sucessos.
O ministro das Finanças respondeu aos
comissários europeus com o habitual: “o Orçamento mantém um controlo apertado
da despesa”. Traduzindo, quer dizer que na execução vai usar as mesmas
artimanhas, mas para pior, dos últimos três anos para descer o valor do défice,
isto é, garrote nas despesas através das cativações, investimentos nos mínimos
de dezenas de anos e falta de assinatura das finanças para autorizar despesas,
ainda que previstas. Os partidos que apoiam o governo ficam assim sem pé para
argumentarem que não sabiam que o Governo não tinha a mínima intenção de
cumprir o previsto no OGE. Se nos anos anteriores se queixaram de que não
sabiam como seria a execução, agora já sabem previamente o que aí vem e a sua
aprovação do OGE transforma-se em pura hipocrisia política.
E os portugueses olham espantados para as
discussões bizantinas sobre o IVA das touradas, enquanto se prepara ainda mais
uma cavadela na qualidade do Serviço Nacional de Saúde, da Segurança pública, do
sistema Judicial, da Educação e das infra-estruturas.
Os sucessos no combate ao défice público seriam
bons se conseguidos através de políticas sustentadas de controlo da despesa e
não por cortes obscenos no funcionamento do próprio Estado e por uma carga
fiscal verdadeiramente impeditiva do crescimento económico, enquanto o valor da
dívida continua a crescer. Assim, estamos condenados ao marasmo económico e
empobrecimento relativo.Notas:
1 - Texto publicado originalmente no Diário de Coimbra em 26 de Novembro de 2018
2- Fotos retiradas da Internet; caso tenham direitos de autor, agradeço informação de tal, para as retirar.
Subscrever:
Mensagens (Atom)