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sábado, 2 de novembro de 2019
terça-feira, 29 de outubro de 2019
William Faulkner
Faulkner: “escrever por dinheiro não é propriamente prostituir o talento, mas apenas encurtar as frases.”
segunda-feira, 28 de outubro de 2019
DO ESTADO DA SAÚDE PÚBLICA EM PORTUGAL
As notícias quase diárias sobre problemas neste ou naquele
hospital, neste ou naquele serviço, só confirmam que o SNS está doente. E já
não só os portugueses que não possuem seguro de saúde nem são funcionários
públicos a saber disso. A prestigiada revista médica científica Lancet publicada
no Reino Unido noticiou há poucos dias que, em tradução livre, “como esse investimento em queda está impedindo a
modernização de hospitais e a substituição de equipamentos médicos obsoletos, a
assistência privada está em expansão. Os médicos e enfermeiros do sector
público, desencorajados por más condições de trabalho, estão a procurar emprego
no sector privado e no estrangeiro”.
O último caso é o da urgência pediátrica do Hospital Garcia
d’ Orta. A falta de médicos pediatras, dado que em vez dos 38 que deveria ter,
o serviço tem 28, associada à idade dos existentes que em elevado número já
estão legalmente dispensados de fazer urgências, leva à impossibilidade de
garantir escalas em permanência. Como resultado, aquelas urgências têm fechado
vários dias, mesmo num fim-de-semana inteiro, prevendo-se que o problema
continue, deixando Almada sem urgências para crianças e jovens, uma situação de
todo insustentável. O ministério da Saúde anunciou que autorizava o Garcia d’ Orta
a abrir vagas, mas sabe-se perfeitamente que esse anúncio é o mesmo que atirar
areia para os olhos das pessoas. De facto, já houve anteriormente abertura de
vagas, mas ficaram desertas, isto é, os médicos pediatras recusam-se a ir
trabalhar para aquele hospital, sabendo o que os espera em termos de urgências,
pelo valor de vencimento que lhes é proposto. E não se pense que o Garcia d' Horta só tem problemas naquela especialidade.
De acordo com o jornal Expresso,
há outras em que o problema é semelhante, como a Obstetrícia que só ultrapassam
o problema com os médicos especialistas a aceitar fazer escalas de 24 horas de
urgência, quatro dias por semana. Como é evidente, o serviço normal
ressente-se, e de que maneira. O ministério da Saúde lá vai dizendo,
contrariando todas as afirmações anteriores sobre os serviços privados de Saúde
que, caso necessário, irá recorrer a esses mesmos serviços.
O comentário da revista Lancet sobre a falta de investimento
em equipamentos é gravíssimo, mas infelizmente é verdadeiro, pese embora a
falta de informação sobre o assunto. Como estamos em Coimbra, podemos referir
aqui a situação do CHUC, que será paradigmática. Na semana anterior às recentes
eleições a Administração do Hospital veio informar, com satisfação, que no
corrente ano de 2019 o investimento será na ordem dos 9,5 milhões de euros, em
vez dos 4,1 de 2018 correspondendo a um aumento de mais de 100%. Ficou bem, mas
esqueceu-se de dizer que, no último ano da troika em 2015, e depois de 3 anos
de míngua dedicados a pagar as dívidas herdadas, o montante de investimentos
foi de 9,9 milhões. Isto é, terminada a austeridade e passados cinco anos contínuos
com a economia a crescer, o investimento ainda não conseguiu superar o do
último ano de austeridade.
A ideia que fica de tudo isto é que o ministério da Saúde
anda a correr a correr a tapar buracos por todo o lado, sendo evidente que a
manta é curta e não dá para cobrir o que é necessário. Lembra-se que,
actualmente, os cerca de 800.000 portugueses que trabalham para o Estado, mais
as suas famílias, já estão na prática fora do SNS por terem ADSE e que muitos
outros, que recorrem ao SNS, são canalizados para o sector privado através do
SIGIC, dada a falta de resposta do sector público. Aliás, se tal não houvesse,
o país estaria mergulhado num completo caos, no que à saúde diz respeito.
Salta à evidência que o SNS está a atingir um ponto de não
retorno, se é que já não o passou, a partir do qual só poderá sair de duas
maneiras: ou com um investimento massivo que cubra os cortes dos últimos 10/15
anos (incluindo pagar convenientemente aos profissionais da saúde, contratando
simultaneamente os quadros em falta por todo o país) ou sofre uma refundação
com uma completa reestruturação, deixando de ser aquilo que tem sido até hoje.
Se nada disto for feito, continuaremos a assistir à debandada do pessoal para o
privado, ao paraíso dos seguros de saúde e à falta de bons cuidados de saúde a
quem não tem dinheiro para tal.
Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 28 de Outubro 2019
sábado, 26 de outubro de 2019
quinta-feira, 24 de outubro de 2019
Juizes governantes
O novo Governo de António Costa vai ter dois juízes como secretários de Estado.
O juiz Antero Luís, que vai ser secretário de Estado adjunto e da Administração Interna, foi director-Geral do Serviço de Informações de Segurança (SIS) entre 2005 e 2011 e secretário-Geral do Sistema de Segurança Interna (SSI - o “super-polícia”) de 2011 a 2014.
O juiz Mário Belo Morgado, que vai ser Secretário de Estado Adjunto e da Justiça, foi inspector judicial, director-geral dos Serviços Judiciários e vice-presidente do Conselho Superior da Magistratura (não tendo sido eleito pelos pares para a presidência) e ainda director nacional da Polícia de Segurança Pública.
Coincidências?
Eu não acredito em bruxas, mas que as há, há....
O juiz Antero Luís, que vai ser secretário de Estado adjunto e da Administração Interna, foi director-Geral do Serviço de Informações de Segurança (SIS) entre 2005 e 2011 e secretário-Geral do Sistema de Segurança Interna (SSI - o “super-polícia”) de 2011 a 2014.
O juiz Mário Belo Morgado, que vai ser Secretário de Estado Adjunto e da Justiça, foi inspector judicial, director-geral dos Serviços Judiciários e vice-presidente do Conselho Superior da Magistratura (não tendo sido eleito pelos pares para a presidência) e ainda director nacional da Polícia de Segurança Pública.
Coincidências?
Eu não acredito em bruxas, mas que as há, há....
quarta-feira, 23 de outubro de 2019
segunda-feira, 21 de outubro de 2019
CIDADANIA AOS PEÕES
Na sequência do acentuado movimento demográfico
de abandono das áreas rurais das últimas dezenas de anos, as cidades passaram a
ser o habitat natural da grande maioria das pessoas. Para que os seus
habitantes tenham uma vida confortável e mesmo saudável os espaços públicos
urbanos devem ser dimensionados tendo em conta esse facto devendo, para além
disso, ser motivo dos maiores cuidados de manutenção e conservação. Essa
obrigação deverá ser mesmo ser considerada como a preocupação número um de
qualquer autarquia.
Nas ruas das cidades convivem diversos tipos de
utentes entre os quais uma das maiores diferenças reside nos respectivos modos
de deslocação. E, se há zonas destinadas exclusivamente a pessoas que se deslocam
a pé ou bicicleta como os parques verdes outras há, caso das ruas, em que os
conflitos entre os diversos modos de deslocação são permanentes. Nem falo de
situações espúrias e absolutamente inaceitáveis, de utilização abusiva dos
passeios que são exclusivamente destinados a peões como o estacionamento de
viaturas automóveis ou aquela outra mais recente da circulação de trotinetas
eléctricas. Contudo, as situações de conflito mais graves verificam-se quando
os peões têm que atravessar as vias e é aí que as autoridades responsáveis pela
gestão da via pública têm particulares responsabilidades em adoptar medidas que
promovam uma efectiva melhoria da segurança rodoviária. Cabe lembrar aqui aos
automobilistas uma norma do Código da Estrada que, entre nós, parece muito
esquecida: os condutores que mudam de direcção devem ceder passagem aos peões
que estejam a atravessar a faixa de rodagem da rua em que vão entrar, sob pena
de contra-ordenação grave.
Concretizando com o que se passa na nossa cidade
,
verifica-se que o número de atropelamentos com mortos ou feridos graves foi de
nove durante o ano de 2018, abaixo da percentagem nacional em que os
atropelamentos constituíram 15,4% dos acidentes graves, de acordo com as estatísticas
oficiais. Um daqueles atropelamentos ocorreu na Rua Miguel Torga, onde também
são frequentes os choques de traseira junto às passadeiras existentes.
Saúda-se, portanto, a Câmara Municipal por ter colocado semáforos nas 4
passadeiras daquela rua.
Aquele tipo de acidentes deve-se, em muito, à
exagerada velocidade de circulação em muitas das nossas ruas, mas também à
deficiência de visibilidade e de sinalização das passadeiras. No que respeita à
velocidade, fazem falta mais locais com semáforos dotados de detectores de
velocidade, em particular em ruas onde há também um elevado número de peões a
circular. Estou a lembrar-me da Av. Armando Gonsalves de acesso aos HUC, mas
também da Av. Navarro, da Rua Bernardo Albuquerque, da Av. Fernando Namora,
etc. Mesmo a colocação de painéis informativos da velocidade, sem semáforos ou
sem câmara fotográfica tem um efeito altamente dissuasor do excesso de
velocidade como era possível verificar na descida da Circular Interna enquanto
o equipamento ali colocado funcionou devidamente.
Algumas passadeiras da Cidade, particularmente
aquelas localizadas nas proximidades de escolas, foram em tempos dotadas de
equipamentos sinalizadores da sua existência, com iluminação própria, além de
colocação de pavimentos especiais. Urge proceder à sua manutenção para que
voltem a ser a ser eficazes, para além de se dever aumentar o seu número para
protecção de jovens estudantes, mas não só.
A maioria dos passeios de Coimbra possui
pavimentos desadequados a uma confortável e segura circulação dos peões, para
além do mau estado de muitos deles. É frequente encontrarmos pessoas a caminhar
pela faixa de rodagem, entre os carros, por uma razão muito simples: os
pavimentos rodoviários estão em muito melhor estado que os dos passeios. É uma
situação caricata que deveria envergonhar os responsáveis autárquicos, para
além da insegurança que provoca. Na zona histórica e em locais em que os
passeios têm calçadas com desenhos justifica-se a sua manutenção, embora tenha
que haver cuidados e despesas suplementares para garantir o seu bom estado. Já
o mesmo não se pode dizer de toda a restante cidade em que o conforto deve ser
a regra dominante na escolha do tipo de pavimentos, devendo-se abandonar
calçadinhas sem qualidade, desconfortáveis e de difícil manutenção.
Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 21 de Outubro de 2019
Lítio: tem esturro
Então o governo entregou a exploração do lítio em Montalegre, negócio que vale para cima de 300 milhões de euros, a uma empresa constituida 3 dias antes, com um capital de 50.000 euros e sede na Junta de Freguesia da terra.
Cheira a esturro, sabe a esturro, é esturro, com certeza. Para não dizer outra coisa.
Cheira a esturro, sabe a esturro, é esturro, com certeza. Para não dizer outra coisa.
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