Hoje passam 45 anos sobre o 11 de Março, de que hoje ninguém fala, a não ser para divulgar as teses entretanto escritas pela esquerda comunista.
Mas a realidade do que se passou aparece aqui descrita pelo próprio Mário Soares, numa mensagem entregue por Willy Brandt ao presidente americano, apelando ao apoio americano ao PS, na sequência do 11 de Março:
«A situação em Portugal é séria e a democracia está em risco; os socialistas portugueses estão a chegar a um ponto de desespero e contam com a assistência dos Estados Unidos; o golpe de 11 de Março foi encenado para servir os interesses dos comunistas; o MFA está sob a influência dos comunistas».
Em Carlucci vs. Kissinger por Bernardino Gomes e Tiago Moreira de Sá, de acordo com documentos secretos americanos libertados.
jpaulocraveiro@ gmail.com "Por decisão do autor, o presente blogue não segue o novo Acordo Ortográfico"
quarta-feira, 11 de março de 2020
terça-feira, 10 de março de 2020
Onde sou lido
O blogger possui actualmente uma ferramenta de estatísticas com informação diversa e útil sobre a difusão das mensagens/posts.
Alguma dessa informação tem a ver com o público atingido e fornece indicações algo difíceis de compreender na sua totalidade. Por exemplo, na última semana, os países com mais visitas neste blogue foram, por ordem decrescente, os EUA, Portugal, Itália e França, mas surgindo igualmente a Alemanha, o Brasil e a Ucrânia. Vá-se lá saber porquê.
Aqui fica um print screen do dia de hoje.
Alguma dessa informação tem a ver com o público atingido e fornece indicações algo difíceis de compreender na sua totalidade. Por exemplo, na última semana, os países com mais visitas neste blogue foram, por ordem decrescente, os EUA, Portugal, Itália e França, mas surgindo igualmente a Alemanha, o Brasil e a Ucrânia. Vá-se lá saber porquê.
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segunda-feira, 9 de março de 2020
COIMBRA, CIDADE RÉGIA (parte 1 de 3)
Tudo começou
pelo princípio, que é por onde as boas histórias devem começar. Quem lhe deu
início foi, precisamente, D. Afonso Henriques. O nosso rei primeiro terá
nascido em Coimbra ou em Viseu, havendo bons defensores das duas teses. De
acordo com o seu biógrafo José Mattoso, os últimos elementos históricos
disponíveis levam a que se incline para Viseu, porém sem grandes certezas, pelo
que a hipótese coimbrã não se deve descartar. Mas de algo podemos estar certos.
Por esta ou aquela razão, a que não será alheia a antiga história das
rivalidades entre a velha nobreza de entre Douro e Minho e a galega
personificada pelos Trava ao lado de sua Mãe D. Teresa, o que é certo é que D.
Afonso Henriques, após S. Mamede, se virou para Sul. Coimbra, na fronteira do Condado
Portucalense com o território islâmico, era concelho reconhecido desde 1111
pelo seu Pai o Conde D. Henrique o qual aliás, ali passou boa parte da sua
vida, juntamente com D. Teresa. D. Afonso I para lá levou os seus companheiros
em 1131, constituindo uma Corte e transformando essa cidade na primeira capital
do novo reino, que seria o seu. Assim, Coimbra passou a ser a primeira capital
portuguesa e ficou umbilicalmente ligada à fundação do país e, em particular, a
toda a dinastia que historicamente ficou conhecida como sendo a primeira, ou de
Borgonha, denunciando a íntima ligação à Europa do reino nascente. As pedras da
Cidade são, ainda hoje, o testemunho palpável desses tempos e memória das
pessoas que estiveram directamente ligadas ao seu início. Diz-se que a Roma de
hoje é o resultado de pelo menos sete camadas de épocas históricas, ou Romas
diferentes, cada uma delas permitindo uma viagem própria no tempo, no mesmo
espaço geográfico. Coimbra abriga também várias eras de grande interesse
histórico que correspondem a diferentes povos, culturas e vivências, mesmo
muito antes de os Fenícios com muita probabilidade aqui terem chegado nos seus
barcos subindo o rio até aos dias de hoje, passando pelos Romanos, Visigodos,
Muçulmanos e sabe-se lá quem mais. O Rio Mondego ditou a sua localização;
permitindo a navegação desde a sua foz para montante até surgir o primeiro
sério obstáculo natural, precisamente o morro onde seria construída a Aeminium
romana, ou Ermínio visigoda, ou Conimbria do século X, a Coimbra dos nossos
dias.
Para trás de Coimbra começavam as montanhas difíceis de ultrapassar para
todos, até para o Rio que a partir daí adquiria um temperamento diferente, mais
selvagem e difícil de ser navegado. Este ensaio propõe-se proporcionar aos seus
leitores um roteiro leve que estabeleça a ligação entre as pedras que até nós
chegaram e as pessoas concretas com elas relacionadas, entre os séculos XII e
XIV, isto é, desde D. Afonso Henriques até à realização das Cortes de Coimbra
em 1385. Foi a época da COIMBRA, CIDADE RÉGIA.
A primeira pedra
de Santa Cruz foi lançada em 28 de Junho de 1131 por Telo e João Peculiar com o
apoio expresso e grande protecção de D. Afonso I, tendo o seu primeiro prior
sido Teotónio. Conta-se que o primeiro rei deu os “banhos régios” às portas de
Coimbra àqueles monges viajados e de excepcional cultura em troca de uma
célebre e magnífica sela de montar que Telo havia comprado anos antes em
Montpellier. A importância religiosa e cultural de Santa Cruz ficou desde o
início marcada pela amizade entre o seu prior S. Teotónio e S. Bernardo de
Claraval. Como prova dessa amizade e consideração, S. Bernardo enviou mesmo o
seu báculo a S. Teotónio, o qual está guardado no Museu Machado de Castro.
O
Mosteiro de Santa Cruz seria, durante séculos, escola de uma importância
extraordinária, não só para os frades, mas também para a sociedade civil e os
nobres que lá estudavam. Numa feliz e rara continuidade histórica, Santa Cruz é
repositório dos restos mortais de D. Afonso Henriques. Na mesma capela, em
Santa Cruz, descansam os restos mortais de D. Sancho I nascido em Coimbra em
Novembro de 1154.
(continua na próxima
semana)Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 9 de Março de 2020
domingo, 8 de março de 2020
Relação de Lisboa
Se bem me lembro, o Juiz Carlos Alexandre foi alvo de inquérito por ter manifestado dúvidas relativamente à distribuição de processos em tribunais superiores. Com o que agora se vai sabendo nessa matéria na Relação de Lisboa, ninguém lhe pede desculpa?
sábado, 7 de março de 2020
sexta-feira, 6 de março de 2020
AUSTERIDADE NA SAÚDE
Zangam-se as comadres, descobrem-se as verdades. O Governo mandou embora o responsável pela «linha 24». O homem resolveu mostrar as contas, que dão origem ao gráfico abaixo. Vergonha para os responsáveis governamentais, para os que no Parlamento sustentaram isto como o fim da austeridade, vergonha para quem cala para o povo sofrer. A começar pelo Presidente da República.
Nota: agora soube-se disto. Esperem pelo resto.
Nota: agora soube-se disto. Esperem pelo resto.
quarta-feira, 4 de março de 2020
terça-feira, 3 de março de 2020
Cem anos depois, relembrar Weimar, república e cultura
Do Tratado de Versalhes que a Alemanha foi obrigada a assinar
em Junho de 1919, fechando-se assim a chamada Primeira Guerra Mundial terminada
em 1918 muito se tem dito, designadamente sobre as consequências pesadas para a
Alemanha defendendo-se, com muitas razões, que a Grande Guerra que se lhe
seguiu vintes anos depois, não foi mais que a continuação daquela. É mesmo
possível detectar, aqui e ali, comentários que, de certa forma, parecem
desculpabilizar o que se lhe seguiu, Hitler e o Nacional-Socialismo, como uma
sequência histórica quase normal, por uma sua inevitabilidade.
Nada de mais errado. À derrota alemã, seguiu-se a queda da
monarquia e eleição da Assembleia Constituinte alemã, logo em Janeiro de 1919,
a que se seguiu a primeira experiência democrática alemã, a República de
Weimar, declarada ainda nesse ano. Esta cidade da Turíngia tinha um passado
cultural a que se podem associar nomes como Goethe, Schiller, Bach ou Liszt e
havia-se tornado um pólo cultural de grande intensidade, em grande parte pelo
classicismo que se deve àqueles e muitos outros artistas.
A partir de 1911 o arquitecto Walter Gropius reuniu uma plêiade
de técnicos e artistas das mais variadas áreas na Escola de Artes e Ofícios de
Weimar. Assim se desenvolveu um novo tipo de arquitectura que, à função
restrita dos edifícios, associava conceitos de simplicidade e de depuração de
formas, além da utilização de materiais que permitissem produção em larga
escala, como o betão e o vidro para fachadas. De entre os muitos professores
convidados podem citar-se Kandisky, Paul Llee ou Laszló Nagy, pelo que se
percebe o nível e a sofisticação da investigação e do ensino da Escola. Em
Abril de 1919 Walter Gropius publicou um manifesto que se considera como o
início da Bauhaus, termo que inverte a palavra que, em alemão, significa
«construção de casa» - «hausbau» e que só por si indica o que lá se praticava
como inovação. Em 1925 a Escola foi transferida para Dessau e, por fim, para
Berlim em 1930, tendo fechado definitivamente as portas em 1933, com a chegada
dos nacional-socialistas de Hitler ao poder. Muitos professores e antigos
alunos da Bauhaus espalharam-se pelo mundo inteiro, influenciando de forma
radical a arquitectura e o design como fusão da arte e da função até aos nossos
dias e vários edifícios nas cidades de Weimar e Dessau inspirados na Bauhaus
são hoje classificados património mundial pela Unesco.
Enquanto toda esta actividade de vanguarda sucedia na Alemanha,
no mesmo país nascia e crescia a verdadeira serpente do mal, o
nacional-socialismo. A inflação dos anos vinte, associada ao peso dos castigos
de guerra, a que se juntaram as trágicas consequências da «grande depressão» de
1929 criaram nas classes médias-baixas alemãs um sentimento de revolta
receptivo aos populismos mais desenfreados A tudo isto Hitler e os seus
apaniguados acrescentaram a invenção de um «culpado» genérico por tudo o que de
mau acontecia, os judeus. Se nas eleições de 1928 o partido nazi conseguia
apenas 2,6% dos votos, em Setembro de 1930 obteve já 18,3% dos votos
tornando-se o segundo maior partido no Reichstag, depois do partido social-democrata
SPD. Após um governo minoritário fraco e pressões de luta nas ruas, em novas
eleições realizadas em Julho de 1932 o partido nazi obteve 37,4%, tornando-se
no maior partido do parlamento. Em Janeiro de 1933 Hitler tomou posse como
chanceler da Alemanha e, logo em 27 de Fevereiro seguinte dá-se o incêndio no
Reichstag, oportunidade para Hitler suspender as liberdades civis e instaurar a
ditadura, ditando assim o fim da República de Weimar que durou, portanto,
escassos 11 anos
O que se passou a seguir é, infelizmente, bem conhecido de
todos nós. Podia não ter acontecido assim, se a falta de coragem, a inércia e o
oportunismo de muitos, da esquerda à direita, não tivessem deixado o campo
livre à barbárie de um dos piores grupos de assassinos que o mundo já conheceu.
Impressionante e perturbador é que, num país em que a Filosofia, o Direito, mas
também as Artes, atingiram os píncaros das mais elevadas realizações humanas,
tenham surgido as mais baixas pulsões que, a certa altura, tudo devoraram e
destruíram. Isto aconteceu há cem anos. Desde então, têm sido construídas as
mais variadas pontes entre povos com tratados, uniões, etc., com o objectivo de
evitar repetições da História. Mas todos os dias vemos como a Democracia é um
edifício frágil, atacado quer por dentro por oportunistas e corruptos vários,
quer de fora através dos populismos mais descarados.
Publicado originalmente no Diário de Coimbra, em 2 de Março de 2020
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