sexta-feira, 16 de outubro de 2020

Pacheco-Torgal: Engenharia Civil___O inconseguimento do curso da Universidade de Coimbra

Pacheco-Torgal: Engenharia Civil___O inconseguimento do curso da U...: https://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/09/acesso-ao-ensino-superiorengenharia.html Depois dos muitos promissores resultados da primeira ...

ELECTRICIDADE, HIDROGÉNIO E NÃO SÓ

 O Prof. Clemente Pedro Nunes ajuda aqui a perceber como é que a electricidade em Portugal é um custo de contexto que puxa a economia para baixo não a deixando atingir os níveis dos outros países europeus e afecta a saúde de milhões de portugueses que não podem aquecer convenientemente as casas . Isto enquanto algumas empresas têm lucros fabulosos dados pelo Estado, à nossa custa. E agora querem os mesmos fazer algo idêntico com o hidrogénio.

Do Diário de Coimbra de hoje.

 

quinta-feira, 15 de outubro de 2020

Stayaway Covid

 Até parece que o novo problema magno de Portugal passou a ser a obrigatoriedade da utilização da aplicação Stayaway Covid.

Sucede que, apesar de todos os apelos de Costa argumentando que era um meio fundamental para combater a epidemia, aquilo não serve para nada. 

Já há mais de 1,5 milhões de telefones com a aplicação. Mas como dos mais de 90.000 infectados apenas uma escassa centena deles têm essa informação carregada na aplicação, o resultado é praticamente nulo.

Perante o bruaaa que para aí vai provocado pela intenção de tornar a aplicação obrigatória por lei, já se fala em levar a questão ao Constitucional. Uma boa oportunidade para desviar as atenções dos portugueses do que é verdadeiramente importante, que é a notória incapacidade do SNS de lidar com a pandemia em simultâneo com as questões normais de saúde.

 

 

SOCRATICES

O arguido Lalanda  veio acusar o Super-Juiz por ter tido um professor primário que era seu tio-avô que, ainda por cima,  lhe terá oferecido uma gramática aos 10 anos.

 Um dia vai-se descobrir que descendemos todos do Afonso Henriques, pelo que só poderemos ser julgados na Finlândia!

 

ABANÕES

António Costa: “Senti que era preciso haver um abanão”

 

Eu sei bem quem é que precisa de ser abanado.  

TRÊS ANOS DEPOIS

 Passam hoje três anos sobre os terríveis incêndios nas Beiras que destruíram grande parte dos matos e florestas da região das Beiras a que alguns resolveram chamar Centro, retirando-lhe a sua personalidade histórica. De caminho, o incêndio levou 50 vidas, provocou ainda mais feridos e destruiu umas mil e quinhentas casas e centenas de empresas.

Depois de todas as juras de governantes aos mais diversos níveis, salta aos olhos de quem passa nas estradas da região o aspecto desolador destes montes e vales.

Ao menos, recordemos os que faleceram e manifestemos a nossa solidariedade para com os que ainda sofrem com o que ocorreu.


 

 


quarta-feira, 14 de outubro de 2020

O que faz falta

 O que falta no OGE. Verba para oferecer um exemplar deste livro a todos os governantes, a começar no Presidente da República e no Primeiro Ministro.



Recorde

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terça-feira, 13 de outubro de 2020

FRA - Revista da Associação dos Antigos Estudantes de Coimbra Set 2020

 

Veja a revista inteira aqui:

https://mail.google.com/mail/u/0?ui=2&ik=ad5510217c&attid=0.1&permmsgid=msg-f:1680346327606099225&th=1751ca150497fd19&view=att&disp=safe&realattid=f_kg6gmcn60

 

O meu artigo neste número:

Tempus fugit

Histórias de relógios

O relógio é um dos instrumentos mais banais do nosso dia-a-dia tendo hoje, com a tecnologia electrónica, uma precisão que está muito para além das nossas necessidades correntes, embora essencial para muitos dos equipamentos modernos como computadores, telemóveis, microscópios electrónicos, leitores de CD e muitos mais. Contudo, existe um mundo mais restrito de relojoaria, que utiliza ainda hoje uma capacidade mecânica de elevada complexidade e precisão que é uma demonstração de engenhosidade humana que ultrapassa o facilmente imaginável.

A capacidade de medição do tempo foi um dos conhecimentos científicos mais importantes e significativos da História da Humanidade que, desde tempos imemoriais, se voltou para o céu na tentativa de encontrar parâmetros que lhe permitisse organizar a sua vida, principalmente quando começou a praticar a agricultura. Se a passagem dos dias sempre pareceu algo de automático e de fácil previsibilidade, já as estações do ano tão importantes para determinar as sementeiras e colheitas eram muito mais difíceis de prever com alguma exactidão.

Sabemos hoje que a duração dos nossos dias é calculada em função da translação da Terra à volta do Sol, que demora 365,242199 dias a fazer-se.

O calendário gregoriano introduzido pelo papa Gregório XIII em 1582 veio substituir o calendário definido por Júlio César e Cleópatra que, por partir de uma duração do ano de 365,25 dias levava já no século XVI um erro de 10 dias inteiros. A adopção dos anos bissextos veio corrigir este erro.

Mas a astronomia é muito mais complicada. Na realidade, a precessão dos equinócios devida ao facto de a Terra girar em torno do seu eixo como um pião leva a que o ano sideral medido em relação às estrelas dure ainda mais 20 minutos e 24 segundos. Só este pormenor deita por terra toda a “capacidade científica” da Maya e demais astrólogos.

Mais interessante ainda é o facto de o dia definido em cima ser o “dia médio”, porque os dias não têm todos a mesma duração. Como a Terra, na sua translação à volta do Sol, segue uma elipse imperfeita, a duração real dos dias varia entre 23 horas 44 minutos em 3 de Novembro e 24 horas e 14 minutos em 11 de Fevereiro, havendo quatro dias por ano com uma duração igual à duração média. A diferença entre estas duas durações chama-se “equação do tempo” e, pasme-se, existem relógios mecânicos de pulso capazes de resolver a equação do tempo no mostrador.

No mundo dos relógios mecânicos existe uma área chamada das «complicações mecânicas» e, no seu topo encontra-se o TURBILHÃO. Esta tecnologia foi inventada em 1801 pela casa BREGUET, num tempo em que os relógios ainda eram fixos, estando permanentemente na posição vertical, portanto sujeitos a que a gravidade terrestre afectasse o movimento do "escape", introduzindo variações indesejáveis com influência negativa na precisão da máquina. O TURBILHÃO consiste numa cápsula móvel que contém o "escape" e o "balanço" que assim rodam em conjunto, efectuando normalmente uma rotação completa em cada minuto, compensando assim as variações. Hoje em dia, os relógios andam nos nossos pulsos, mudando constantemente de posição, pelo que o turbilhão não seria necessário para compensar a gravidade, sendo uma curiosidade e, acima de tudo, um desafio para os construtores. O turbilhão aparece normalmente colocado às 12 horas ou às seis horas, havendo modelos, com o turbilhão no centro dos ponteiros, o que dá aos relógios um aspecto perturbador, pela quase magia do movimento perceptível aos nossos olhos. Há mesmo fabricantes que desenvolveram modelos com um turbilhão esférico, que roda sobre dois eixos, parecendo flutuar livremente no espaço de uma forma absolutamente extraordinária. A micro-engenharia mecânica necessária para fabricar estes dispositivos destinados a trabalhar dentro do reduzido espaço de um relógio de pulso é uma das façanhas mais impressionantes da capacidade inventiva do Homem. O efeito do turbilhão a rodar perante os nossos olhos tem, no entanto, um efeito quase mágico, pelo que as grandes marcas (muito poucas têm a capacidade técnica para produzir esta maravilha de miniaturização) apresentam modelos muito exclusivos, e dispendiosos, com esta função.

Existe uma confusão muito vulgarizada, mesmo entre quem aprecia bons relógios mecânicos. Trata-se de saber a diferença entre cronógrafo e cronómetro. Um cronómetro é actualmente um relógio mecânico que atinge um determinado patamar de precisão, que lhe permite obter um certificado específico passado pelo CSCO (Contrôle Officiel Suisse des Chronomètres) após a realização com sucesso de uma série bem definida de testes. A necessidade desta precisão nasceu na navegação marítima, para se calcular a longitude. Ainda me lembro de, a bordo dos navios da Armada de Guerra, haver sempre um cronómetro, cuja responsabilidade de manutenção cabia ao Oficial de Navegação. O procedimento de dar a corda ao cronómetro que estava guardado numa caixa de madeira e possuía dois eixos de rotação a fim de absorver as movimentações do navio, era perfeitamente definido e era mesmo um ritual, com o fim de garantir que a sua variação era controlada. Claro que isto se passava antes da era do GPS. Um cronómetro é, portanto, um relógio que tem uma precisão garantida acima de determinados padrões estabelecidos internacionalmente.

Já um cronógrafo é um relógio que permite medir e mostrar períodos de tempo, isto é, que possuem mecanismos que se põem a trabalhar e se param através de botões. Um exemplo de cronógrafo é o famoso Speedmaster da OMEGA que foi até hoje o único relógio usado na Lua, por ter sido adoptado pelo programa Apollo que levou o Homem ao nosso satélite natural pela primeira vez em Julho de 1969.

Há uma expressão vulgar que me habituei a considerar como representativa de ignorância por parte de quem a emprega: «Espaço de tempo».

Na física clássica, o espaço é definido por três eixos ou apenas dois se considerarmos um plano. Para além disto, havia o tempo que definia o momento do acontecimento, independentemente da localização geométrica, mas que se lhe podia associar para o definir completamente. Após a teoria da relatividade, a distância passou a ser definida em função do tempo e da velocidade da luz, isto é, o metro passou a ser definido como a distância percorrida pela luz em 0,000000003335640952 segundos medidos por um relógio de césio. Este valor corresponde à distância entre duas marcas numa barra de platina guardada em Paris, que é a definição que aprendemos na escola primária.

Curiosamente, vista desta forma, a expressão “espaço de tempo” já não parece tão ignorante, o que mostra que estamos sempre a aprender.

 

segunda-feira, 12 de outubro de 2020

Um país no “cul de sac”

 


Em engenharia de tráfego é habitual chamar “cul de sac” a um beco sem saída. Acontece quando uma estrada termina sem outras ligações à rede viária, tendo que se encontrar uma solução adequada para que os veículos que aí chegam consigam voltar para trás.

É essa a situação em que o nosso país parece estar. Quando, na sequência das eleições de 2015 nem o PS nem o PSD coligado com o CDS conseguiram maioria absoluta, o PCP ofereceu a célebre mão ao PS pela voz do seu Sec. Geral Jerónimo de Sousa- «o PS só não forma governo se não quiser». Foi o abrir do caminho para o que se veio a chamar «Geringonça» na base de acordos escritos entre o PS, o PCP e o BE. Acordo perfeitamente legítimo, porque assente entre partidos representados na Assembleia da República. Mas com evidente significado político, e as inerentes consequências na governação do país, que evidencia uma desconfiança quando não aversão às empresas que constituem a economia real geradora dos resultados de que saem os impostos que pagam o funcionamento do Estado. Foi assim que nunca se conseguiram atingir níveis de crescimento económico que nos fizessem subir na classificação de riqueza dos países europeus mas que, muito antes pelo contrário, conduziram à descida de um lugar por ano nesse ranking. Como aliás seria de prever, dado que não há memória de algum país que algum dia tenha enriquecido aplicando as fórmulas políticas dos dois partidos associados ao PS na geringonça que, assim, serviu apenas para a sua manutenção no poder.

A descida do défice das contas públicas até quase zero foi conseguida com malabarismos contabilísticos de cativações forçadas que desvirtuaram sucessivamente os diversos OGE aprovados na Assembleia da República e ainda pela não efectivação dos investimentos públicos previstos. Tudo isto com a participação activa dos partidos apoiantes do Governo no Parlamento que, sabendo do que acima ficou escrito, foram aprovando todos os Orçamentos do Estado com as consequências que se conhecem. Como exemplo podem apontar-se os problemas gravíssimos no Serviço Nacional de Saúde onde, além do mais, a falta de pessoal decorrente da adopção das 35 horas não foi compensada com novas contratações.


A situação foi caminhando sob os avisos de muitos que alertavam para a falta de capacidade do país perante uma qualquer crise inesperada, dado o elevado nível de endividamento que foi sempre crescendo. E essa situação chegou, sob a forma de uma pandemia. Como, por azar, a crise veio pelo lado da saúde, o SNS viu-se obrigado a dedicar-se quase em exclusivo ao novo vírus, deixando milhares de portugueses sem consultas, sem exame, sem cirurgias e sem alternativa de poderem ir ao sector privado da saúde. Dadas as característica da crise todos os países sofreram os efeitos nefastos nas suas economias mas lá está, uns têm umas couraças fortes perante os ataques e outros têm apenas uns escudos de papel. E Portugal está na situação de depender por inteiro de dinheiros vindos da União Europeia, desta vez sob a forma de subvenções ditas a fundo perdido. Vemo-nos, de novo, na situação humilhante de dependermos totalmente dos nossos parceiros internacionais, chegando ao ponto de apelar por uma «bazuca» de dinheiro, sem qualquer pejo.

O historial dos últimos cinco anos, associado à pandemia, trouxe-nos a esta situação que todos sentem ser um beco sem saída e que é, na verdade, a verdadeira razão para a dramatização do Governo ameaçando com uma crise enquanto diz que não a podemos ter. Acresce a situação própria da proximidade das eleições presidenciais. Há muitas semanas que o Presidente deixou de poder dissolver a Assembleia e durante mais seis meses depois da sua reeleição também não o poderá fazer.

Assim se percebe o drama artificial criado que vai desembocar numa nova aprovação do OGE com a colaboração, mais uma vez, do PCP e do BE, é certo. Por pura sobrevivência o governo socialista coloca-se de novo nas mãos das exigências dos dois partidos, entre as quais a não previsão no Orçamento dos 900 milhões de euros para o Novo Banco para cumprimento do contrato assinado pelo Governo socialista com o apoio dos seus companheiros de estrada. Sem capacidade nem vontade de fazer as reformas cada vez mais necessárias, vamo-nos entretendo com propostas de recriação de 600 freguesias.


O beco sem saída em que o Governo meteu o país pelas suas escolhas políticas vai acabar por ser resolvido porque, felizmente, a Democracia tem essa grande vantagem sem que haja necessidade de se recorrer a cortes de regime. Mas, até lá, a complexidade da situação vai trazer grandes custos a assumir mais uma vez pelas carteiras dos portugueses, disso não tenhamos dúvidas.

 

Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 12 de Outubro de 2020