O Papa Bento XVI tem vindo a referir-se com muita ênfase sobre a questão do relativismo nas sociedades ocidentais, particularmente na Europa, denunciando as ameaças que contém para as novas gerações.
Mais recentemente voltou a focar esta grave questão na sua viagem aos Estados Unidos da América.
A sociedade ocidental cada vez mais “light” tende a confundir relativismo com tolerância, que é coisa muito diferente. Não há uma preocupação em conhecer em profundidade as diversas posições em causa na sociedade de forma a assim perceber os seus fundamentos e objectivos. Em consequência, não se estabelece uma clara distinção entre as diversas posições, caindo-se frequentemente na posição de tolerar tudo como tendo o mesmo valor e sendo igualmente aceitável.
Nada de mais errado e perigoso.
Torna-se pois necessário pugnar pelo conhecimento e pela cultura histórica, a fim de defender toda a nossa civilização de quem, e são muitos, a tenta minar por dentro. Não se pense que muitos dos ataques aos fundamentos culturais e religiosos da nossa civilização acontecem por acaso. Na realidade, fazem parte de uma agenda oculta de partidos e movimentos oriundos quase todos da extrema-esquerda de outros tempos que passo a passo vão destruindo os fundamentos da civilização ocidental, que as revoluções dos “amanhãs que cantam” não conseguiram derrubar pela força. Como afirmou Bento XVI em Washington, “0s conflitos pessoais, a confusão moral e a fragmentação do conhecimento colocam novos desafios para a formação académica e a educação, fundados na unidade da verdade e no serviço à pessoa e à comunidade”.
Dotar a juventude de uma educação sólida que forneça bases de cultura sustentada é a única via para fugir ao flagelo do nosso tempo que é o relativismo. Caso contrário será a nossa própria civilização que ficará fragilizada e à mercê de qualquer fundamentalista, já que os critérios de valoração estarão genericamente destruídos.
Eis por que é tão importante para todos nós a luta que Bento XVI tem vindo a travar pelo reconhecimento das bases cristãs da civilização ocidental e pela Verdade.
Publicado no Diário de Coimbra em 28 de Abril de 2008