Acabei de ler no Blogue Sorumbático o artigo que António Barreto escreveu este fim-de-semana no Público.
Ainda não estou em mim com o que acabei de ler, nomeadamente a transcrição (comprovada) de uma carta que Rosa Coutinho, à altura representante máximo de Portugal em Angola, enviou a Agostinho Neto em fins de 1974, que reproduzo com o devido respeito ao Sorumbático:
“ Após a última reunião secreta que tivemos com os camaradas do PCP, resolvemos aconselhar-vos a dar execução imediata à segunda fase do plano. Não dizia Fanon que o complexo de inferioridade só se vence matando o colonizador? Camarada Agostinho Neto, dá, por isso, instruções secretas aos militantes do MPLA para aterrorizarem por todos os meios os brancos, matando, pilhando e incendiando, a fim de provocar a sua debandada de Angola. Sede cruéis sobretudo com as crianças, as mulheres e os velhos para desanimar os mais corajosos. Tão arreigados estão à terra esses cães exploradores brancos que só o terror os fará fugir. A FNLA e a UNITA deixarão assim de contar com o apoio dos brancos, de seus capitais e da sua experiência militar. Desenraízem-nos de tal maneira que com a queda dos brancos se arruíne toda a estrutura capitalista e se possa instaurar a nova sociedade socialista ou pelo menos se dificulte a reconstrução daquela”.
NOTA: bold da minha responsabilidade.
Não me passa pela cabeça que os nossos órgãos de Soberania algum dia tenha tido conhecimento desta atitude, mas agora já não é possível ignorar.
Trata-se de uma atitude criminosa que, nem por terem passado mais de trinta anos pode passar sem consequências. É obviamente um crime contra a humanidade e assim deve ser tratado nas instâncias internacionais devidas. Já no que diz respeito aos portugueses em Angola, sim porque era deles que Rosa Coutinho falava a Agostinho Neto, aquilo que ele fez sendo representante oficial de Portugal só pode ter uma classificação: TRAIÇÃO.
Espero que em qualquer dos casos o Estado Português cumpra o seu dever.
1 comentário:
Nem sequer consigo arranjar palavras para comentar. Não li o Público, desconhecia o artigo, mas conheço suficientemente bem o "monstro" que está e sempre esteve por trás do "almirante vermelho".
Obviamente que pouco há a dizer que acrescente algo ao que já disseste, apenas que, obviamente, tenham passado os anos que passaram (nem que fosse a título póstumo) terá de ser julgado. Pena que em Portugal a pena máxima tenha a extensão que tem.Há casos em que me sobressalta a dúvida se não serão certos Americanos os que têm razão em não querer abolir a pena de morte. Ai se não fosse a questão do "erro judiciário" ...
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