Adeus, cerca do Buçaco
Adeus, real portaria
Adeus, caveira mirrada
Serás minha companhia
Adeus, sagrados rochedos
Onde vertem tantas fontes,
Adeus, valeiros e montes,
Adeus, altos arvoredos,
Adeus, musgos dos penedos
Que servem de santo ornato
Adeus, tremendo aparato,
Pintura do Santuário,
Adeus, alto do Calvário,
Adeus cerca do Buçaco.
Adeus, torres, adeus, sinos
Sois música dos finados;
Adeus, castiçais dourados,
Adeus, sacrários divinos,
Adeus, painéis cristalinos
Adeus, santa livraria,
Adeus, Filho de Maria,
Cravado de pés e braços
Adeus, memória dos paços,
Adeus, real portaria.
Adeus, santo monumento
Da santa religião,
Adeus quadro da Ascensão,
Adeus mata, adeus, convento;
Adeus, Cruz Alta, que ao vento
Ergues a fronte sagrada,
Adeus, tribuna dourada,
Adeus altar dos missais,
Adeus, santos imortais,
Adeus, caveira mirrada.
Adeus, cálix consagrado
Com sangue de Jesus Cristo
Adeus, Herodes Ministro,
Adeus, ó Judas malvado,
Adeus, alto do senado,
Próprio lugar de agonia,
Adeus, reis da gerarquia
Que ao mundo dais graça e luz,
Adeus madeiro da Cruz,
Serás minha companhia.
Bibliografia: Manuel Alves, O Poeta da Bairrada, 1991 Anadia, António Silva Neves, edição de autor;
Versos dum Cavador, 1993, Anadia, revisão de José Ferraz Diogo , Câmara Municipal, Anadia
Gentilmente enviado pelo João Vila
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