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terça-feira, 14 de abril de 2020
segunda-feira, 13 de abril de 2020
«PILARES DA CRIAÇÃO»
Fotografia da NASA através do Hubble, mostrando as formações de gás e areia da nebulosa Águia.
Como eles dizem, de perder a respiração.
Como eles dizem, de perder a respiração.
O TEMPO DA CIÊNCIA
Uma pandemia
trazida subitamente por um agente ainda desconhecido provoca, como temos visto,
uma fuga ao contágio para evitar uma utilização dos sistemas de saúde para além
do suportável o que arrasta consigo consequências sociais e económicas
desastrosas que demorarão tempo a ultrapassar e recuperar.
O peso desta
envolvente sanitária, social e económica é de tal ordem que, por vezes, nos faz
esquecer o mais importante de tudo: encontrar soluções médicas para conseguir
parar a pandemia e, fundamentalmente, para evitar que volte em vagas
sucessivas. E o esforço que se está a levar a cabo em todo o mundo para
conseguir esses objectivos é notável e, provavelmente, nunca antes foi visto a
esta escala.
Para além das discussões
científicas sobre o grau de imunidade que a actual pandemia, só por si, poderá
introduzir na população mundial, há que produzir uma vacina que seja eficaz e
se possa distribuir rapidamente pelo mundo inteiro. Já todos percebemos que o
vírus vai sofrendo mutações e que, por isso, o ideal será que a vacina preveja
essa situação e seja eficaz em futuras e previsíveis epidemias.
O esforço de
investigação científica, a contra relógio, é absolutamente notável e mostra
que, apesar de todos os seus problemas, a Humanidade é ainda e sempre, capaz do
melhor.
De acordo com a
revista científica Nature em todo o mundo haverá 115 vacinas candidatas para a
doença COVID-19, em fases diferentes de desenvolvimento, estando 5 já em fase
de ensaios clínicos. É sabido que as vacinas demoram normalmente anos a
desenvolver desde as fases iniciais até estarem prontas para utilização segura
e eficaz. A vacina contra o Ébola, por exemplo, demorou 5 anos a ser
desenvolvida e ainda não há vacina contra o AIDS ao fim destes anos todos de
investigação e enormes somas de dinheiro gastas. Recorde-se que o novo
coronavírus foi detectado em Dezembro, na China, onde começou a pandemia, há
escassos 4 meses. A actual tecnologia permitiu que, logo nos primeiros dias de
Janeiro fosse publicada nos Estados Unidos a sequência genética do coronavírus
SARS-CoV-2, passo essencial para o desenvolvimento da vacina. De acordo com a
revista Nature, numerosos laboratórios por todo o mundo estão a utilizar
diversos métodos já licenciados para produzir vacinas que pretendem,
fundamentalmente, levar os organismos humanos a desenvolver anticorpos que
neutralizem a capacidade do vírus de entrar nas células humanas.
Mas há também
quem esteja a tentar obter a vacina por métodos completamente inovadores, utilizando
técnicas de vanguarda inacessíveis até há pouco tempo. Na última edição do
jornal Expresso explicava-se o que se está a fazer num laboratório da
Universidade de Washington, desenvolvendo uma vacina diferente das habituais,
através do uso de ADN e ARN que leve o organismo a «produzir uma proteína viral
capaz de resposta imunitária» exigindo uma única injecção, ministrada também
por um método inovador.
Todo este
esforço pelo mundo inteiro significa investimentos extremamente avultados, quer
por parte de Estados, quer por empresas privadas, prevendo-se que a primeira
vacina possa estar pronta a ser utilizada nos primeiros meses de 2021.
Enquanto tantos
tentam passar mensagens negativas sobre a pandemia difundindo teses
catastrofistas de vingança da Terra sobre o Homem, de o vírus ser uma arma de
guerra biológica, ou uma espécie de castigo divino, etc. que não trazem nada de
construtivo, governantes e cientistas de todo o mundo dedicam grande parte do
seu esforço a encontrar soluções para o problema. Ao longo da História houve
muitas pandemias em que desapareceram milhões de mortos. Para falar das mais
recentes, há cem anos mais de 500 milhões de pessoas adoeceram com a «gripe
espanhola», tendo morrido cerca de 100 milhões, a gripe asiática de 1957/58 provocou
mais de um milhão de mortes e a SIDA desde que surgiu nos anos 80 já levou mais
de três dezenas de milhões de pessoas.
Talvez com estas
memórias presentes, o esforço a que diariamente assistimos é enorme e é isso
que verdadeiramente importa: perante uma ameaça global, a Humanidade, embora certamente
com erros, arregaça as mangas e luta com todas as forças para lhe fazer frente
e salvar o maior número de pessoas.
Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 13 de Abril de 2020
domingo, 12 de abril de 2020
sábado, 11 de abril de 2020
sexta-feira, 10 de abril de 2020
quarta-feira, 8 de abril de 2020
segunda-feira, 6 de abril de 2020
PEDIMOS DESCULPA POR ESTA INTERRUPÇÃO, A ECONOMIA SEGUE DENTRO DE MOMENTOS
A prorrogação do
«estado de emergência» por mais 15 dias (por ora) mostrou-se uma necessidade
evidente, dado que a evolução da pandemia COVID 19 aconselha à manutenção do
distanciamento social com as necessárias consequências a nível de famílias e de
empresas.
Para além dos
aspectos sanitários, os primeiros a ter em conta nesta luta contra uma epidemia
generalizada, e que exigem uma capacidade humana, material e de organização
excepcionais, o confinamento das pessoas às suas residências tem consequências
tremendas a nível da economia. Tem e vai ter durante muito tempo.
Na realidade, o
tele-trabalho consegue diminuir um pouco as consequências para muitas empresas,
mas há muitos sectores onde tal não é possível. Os transportes de pessoas estão
praticamente parados e o turismo e restauração também, tal como grande parte da
indústria e do comércio.
As medidas governamentais
são importantes, mas consistem essencialmente em dilatar prazos de pagamento e
em definir as condições de lay-off, em que as empresas deverão assegurar 30%
dos ordenados reduzidos até um máximo de €1.905 e a seg. social 70%. Contudo, o
Estado continua a exigir o pagamento de IRS às famílias. Neste momento, cerca
de meio milhão de trabalhadores estão já em lay-off e dezenas de milhares
perderam mesmo os seus empregos. Tudo isto torna muito difícil compreender, e
mesmo aceitar, que o Governo tenha publicado no passado dia 20 de Março o Dec.-Lei
n.º 10-B/2020 que aumenta os salários dos funcionários públicos. Esta
publicação aprofunda a diferença patente entre a situação dos funcionários
públicos que neste momento de crise nacional têm assegurada a manutenção de
emprego e ainda por cima têm aumentos de vencimentos.
A queda do
produto decorrente da paragem económica dependerá naturalmente do tempo que
durar a luta contra a pandemia e de quanto tempo demorará o regresso das
pessoas aos seus postos de trabalho. A análise das curvas epidemológicas da
COVID 19 permite prever, numa visão muito optimista, que lá para meados de Maio
a situação poderá reverter e começar a regressar-se a uma normalidade possível.
As últimas previsões do Banco de Portugal relativas à queda do PIB em 2020
variam entre os 3,7% e os 5,7% com o desemprego a atingir os 10%. Há, no
entanto, muitos analistas que contrariam estas previsões apontando para uma
queda do produto próxima dos 20%.
Estamos,
portanto, a caminhar para uma situação alarmante que exigirá muito dinheiro
para, em primeiro lugar diminuir a sua extensão, e em seguida para conseguir
uma recuperação. Não nos podemos esquecer da dívida portuguesa de 250.000
milhões de euros, ao fim de 5 anos de crescimento, que condiciona a capacidade
de resposta do país. Se a União Europeia flexibilizou as exigências em termos
de défice que, devido ao combate à epidemia e suas consequências, poderá agora
ultrapassar os 3%, ainda assim Portugal não tem condições financeiras para
sozinho, responder à crise que enfrentamos.
Assim se
compreende melhor a resposta inabitual de António Costa às declarações
insultuosas do ministro das Finanças holandês. A exigência, por parte dos
países do Sul da Europa dos chamados eurobonds ou mesmo dos coronabonds
específicos para a actual situação, choca de frente com as posições dos países
do Norte da Europa que os recusam liminarmente, até porque os seus governantes
estão limitados pelas vontades dos seus eleitorados. Por outro lado, o Sr. Klaus Regling, presidente do Mecanismo Europeu de Estabilidade
veio esclarecer que, mesmo que os eurobonds fossem aprovados politicamente, o
que nem é o caso, nunca seria possível montá-los em menos de três anos. Resta,
portanto, a utilização do Mecanismo Europeu de Estabilidade, retirando-lhe
parte do carácter de austeridade, de que ninguém quer ouvir falar.
A recuperação
económica vai ter que se verificar, mas não vai ter a chuva de dinheiro europeu
que seria proporcionada pelos eurobonds em que as condições dos empréstimos
seriam ditadas pelas condições financeiras dos países do norte cujas economias
representam 70% do produto europeu e não pelas nossas próprias condições. Nesta
situação, o Norte não é de facto solidário para com o Sul, mas não podemos
esquecer que, pelo seu lado, os países mediterrânicos representam mais de 70%
da dívida europeia. Estamos perante um cenário difícil mas, ao contrário de
muitos, estou convencido que a União Europeia vai sair mais forte desta crise,
assim os seus líderes se mostrem capazes. Porque, como alguém disse antes, «só
a crise traz verdadeiramente mudança».
Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 6 de Abril de 2020
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