segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

«FELIZ NATAL E BOM ANO NOVO»

 


Uma comissária europeia de que já esqueci o nome e deve ter pouco que fazer propôs recentemente algumas directrizes de linguagem que incluíam a substituição de “Natal” por “Festividades”. A dimensão das críticas levaram a que recuasse e retirasse essas propostas. Para já. O ataque às sociedades liberais em nome de “amanhãs que cantam” com fundamento na falaciosa, ainda que atraente para muita gente, teoria da “apropriação das mais valias” acabou em desastre um pouco por todo o mundo, com massacres, pobreza generalizada e desastres ambientais. Mas os seus antigos defensores, que também pretenderam eliminar o Natal, e os seus sucessores mais modernos continuam com esse ataque, agora mais insidioso, por praticado por dentro. A linguagem do “politicamente correcto” é uma das armas mais poderosas desse ataque.

Por agora, a força simbólica do Natal resistiu a esse ataque. Esse simbolismo desenvolveu-se com grande destaque e de várias maneiras ao longo dos séculos depois do nascimento de Jesus Cristo.

Um desses símbolos é a “Árvore de Natal”. Herdada provavelmente das religiões da antiguidade, incluindo dos romanos e egípcios, a colocação de árvores em templos e casas estaria ligada à prosperidade e fertilidade. No século VIII o bispo S. Bonifácio terá adoptado esse costume assim o transferindo para o cristianismo, mas só no sec. XIX se veio a espalhar por todo o mundo. Outro símbolo é o “Pai Natal” que surgiu na Alemanha inspirado em S. Nicolau, um arcebispo da Turquia conhecido pela sua grande generosidade. A utilização em publicidade no início do sec. XX levou o Pai Natal a todo o lado.

Mas o símbolo maior do Natal é o Presépio. Embora se tenham encontrado algumas pinturas murais representativas do nascimento de Jesus dos séculos III ou IV, o presépio como o conhecemos hoje foi uma criação de S. Francisco de Assis que, em 24 de Dezembro de 1223, criou o primeiro presépio da história do cristianismo teatralizado com figuras reais. Foi numa gruta na floresta de Grécio na Lácio, perto de Assis, que S. Francisco construiu o presépio, incluindo mesmo um boi e um burro, além de um casal seu amigo representando as figuras de Maria e José e um bebé, como Jesus, estabelecendo sem o imaginar então, o retrato da Natividade que duraria séculos, até hoje.


Ao celebrar um nascimento, como se costuma dizer, o Natal são sobretudo as crianças. Todos teremos memórias mais ou menos coincidentes dos natais da nossa primeira infância, que não andarão longe de largos encontros familiares e da alegria dos presentes, então bastante simples, no sapato deixado na noite da Consoada junto do presépio, ou na peúga junto da lareira. Lembro-me bem da partida que alguém me fazia colocando de noite o rei mago negro atrás dos outros dois, para eu de manhã o recolocar no meio. Fundamentalmente, o carinho de que todos nós éramos rodeados manteve-se para sempre na nossa memória pessoal como dos momentos de maior felicidade da infância. Lembranças de infância hoje dificilmente transmissíveis aos nossos filhos e, sobretudo, netos. Mas o Natal continua a ser delas, as crianças. Porque temos que tratar delas com o maior carinho possível, sabendo que um dia as suas memórias dos Natais de criança poderão fazer a diferença na forma de ver o mundo e os outros. Algo que a tal sra. Comissária europeia parece não perceber.

E, se as crianças sempre foram preciosas, hoje em Portugal são-no muito mais, não só por cada uma delas por si, mas também estatisticamente porque representam um futuro ameaçado. O inverno demográfico que atravessamos piora a cada ano que passa e a pandemia só veio piorar a situação. Estima-se que no ano que agora acaba, terão nascido menos de 80.000 crianças em Portugal numa média inferior a 800 bebés por mês, o número mais baixo de sempre. Desde há onze anos que nascem em Portugal menos de 100.000 crianças, sucessivamente a descer, tendo o nosso país um dos índices de fecundidade mais baixos da Europa, com o valor de 1,4 crianças por mulher fértil, sabendo-se que o equilíbrio se estabelece nos 2,1. Em simultâneo com um aumento do número de mortos, em particular devido ao COVID-19, esta descida do número de nascimentos significa que o saldo natural que já era negativo, está a agravar-se sendo a diferença entre nascimentos e mortes cada vez maior. Em época eleitoral, bom seria que os partidos dedicassem alguma atenção a este problema gravíssimo para o nosso futuro colectivo, mas até agora não vi que algum lhe dedicasse espaço.

Escrevo esta crónica um dia antes do Natal de 2021, mas vai ser lida na página do Diário de Coimbra no dia 27. Isto é, ainda posso em verdade desejar a todos os leitores um Feliz Natal, o que aproveito para fazer, ao mesmo tempo que exprimo votos de um bom ano de 2022, com saúde e vendo os desejos particulares tornarem-se realidade.

Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 27 de Dezembro de 2021

Imagens recolhidas na internet

segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

UMA MULHER REBELDE

 


Há poucos dias recebi de um estimado amigo um mail contendo um pequeno texto sobre a vida de uma mulher portuguesa que, devo confessar, me era totalmente desconhecida. E fiquei tão impressionado que fui procurar mais informações sobre o assunto o que me permitiu, não apenas confirmar tudo o que naquele mail era referido, mas ainda conhecer um pouco melhor a vida de D. Maria Adelaide de Bragança, que é dela que se trata.

De seu nome completo Maria Adelaide Manuela Amélia Micaela Rafaela de Bragança, nasceu em Saint-Jean-de-Luz, França, em 31 de Janeiro de 1912, e teve como padrinhos a rainha D. Amélia e o rei D. Manuel II que se encontrava já no exílio. sendo a última neta do rei D. Miguel, exilado na Áustria, tal como os seus descendentes, pela “Lei do Banimento” depois de perder a guerra civil com os liberais liderados pelo seu irmão D. Pedro.

Mas o interesse de Maria Adelaide de Bragança que poderia ser apenas mais uma princesa não advém das circunstâncias do seu nascimento aristocrático mas pela sua vida, designadamente pelas suas opções sociais e políticas e atitudes difíceis e corajosas que tomou em conformidade com aquelas.

Num tempo em que parece não poder haver heróis que não sejam saídos da Marvel é refrescante recordar uma verdadeira heroína, humana e real, ainda por cima portuguesa. Saindo dos parâmetros hoje habituais, já que não era uma vítima ou explorada nem nada do género, e sendo hoje em dia praticamente desconhecida, bem merece ser reconhecida como tal.

De facto, Adelaide de Bragança, pelas suas acções, foi condenada à morte por duas vezes pelo regime nazi durante a Segunda Guerra Mundial.

Ao trabalhar como enfermeira na Áustria, país onde vivia, deu assistência aos feridos da guerra mas, paralelamente, integrou uma rede de resistência contra a Gestapo, que ajudava pessoas perseguidas pelos nazis, incluindo judeus, espiões, pára-quedistas aliados e outras pessoas em perigo. As SS conseguiram apanhá-la, sendo condenada à morte. Nessa altura valeu-lhe ser quem era familiarmente, tendo o governo de Salazar intercedido diplomaticamente por ela, como cidadã portuguesa, junto do governo alemão, conseguindo a sua libertação e deportação.

Refugiou-se então na Suíça junto do seu irmão Duarte Nuno de Bragança. Mas não abandonou a sua actividade anti-nazi colaborando de novo com a resistência na Áustria sob o nome de código “Mafalda” e estabelecendo a ligação entre a Inglaterra e Claus von Stauffenberg, autor principal do atentado falhado contra Hitler em 20 de Julho de 1944, que ficou conhecido como a Operação Valquíria. Apanhada novamente pelos nazis na sequência do atentado, é novamente condenada à morte. Foi salva no último momento pelo exército soviético, no momento da conquista de Viena.

Depois da guerra casou com o jovem estudante de Medicina Nicolaas van Uden, tendo o casal vivido em Portugal depois de van Uden ter terminado o curso em Viena. Contudo esse curso não foi reconhecido no nosso país, pelo que o marido de Maria Adelaide foi trabalhar no que é hoje o Instituto Gulbenkian de Ciência então a começar. Já Maria Adelaide continuou a sua actividade em prol dos necessitados da zona onde viviam, a Caparica, onde cresceram os seus seis filhos.

Teve uma vida longa, já que faleceu em 24 de Fevereiro de 2012, pouco tempo depois de o Estado português ter reconhecido o seu mérito pessoal atribuindo-lhe precisamente o grau de grande-oficial da Ordem do Mérito por ocasião da celebração dos seus cem anos de vida.

A sua vida foi a prova de que se é verdadeiramente aristocrata através da vida e não pelo nascimento: em vez de se ficar calmamente no palácio a ser servida, serviu os outros da melhor forma de que foi capaz, arriscando a própria vida, não em jogos ou desportos perigosos como tantos fazem, mas afrontando corajosamente o mal absoluto.


Sobre a sua vida Raquel Ochoa escreveu “A Infanta Rebelde”, dela dizendo a autora ser “Um exemplo de vida pela estatura moral”. Já Maria Adelaide de Bragança dizia mais simplesmente que “foi uma reacção natural com algo com que não concordava. Era-lhe impossível viver num mundo assim.”

Quem, como é o caso do autor destas linhas, é republicano assumido, não pode deixar de considerar que a nobreza é algo que define o carácter de uma pessoa, independentemente do seu nascimento. Maria Adelaide de Bragança é a prova de que as duas circunstâncias não são incompatíveis. Tendo pela força do destino nascido na mais alta aristocracia, a sua vida foi de uma nobreza inexcedível pelo que fez dela por vontade própria.

Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 20 de Dezembro de 2021

Imagens retiradas da internet

terça-feira, 14 de dezembro de 2021

AS ELEIÇÕES MAIS IMPORTANTES

 


O Presidente da República dissolveu a Assembleia da República, pelo que vamos ter eleições legislativas no próximo dia 30 de Janeiro. Esta dissolução, anunciada previamente, caso tal sucedesse, segue-se à não aprovação da proposta governamental do Orçamento de Estado para 2022. A “frente popular” à portuguesa que ficará conhecida na História como “geringonça” terminou na discussão do OE/22, havendo acusações mútuas dos seus participantes sobre a inexistência de acordo para outro OE, como vinha acontecendo sucessivamente desde 2016. Para quem observa de fora, estas conversações falhadas tiveram uma grande semelhança com aquelas que o PS ainda ensaiou com o PSD na sequência das eleições de 2015, não sendo ambas mais do que uma demonstração de pura hipocrisia, já que os objectivos socialistas estavam noutro lado. Em 2015 e em 2021.

Os partidos, e a comunicação social em geral acompanha-os, passam agora por uma fase em que se discute muito as listas para deputados, como se os problemas do país se resumissem a isso. Poder-se-ia até pensar que os partidos estão mais uma vez a pensar nos seus umbigos. Nada de mais errado, o que na realidade está em curso é uma fuga à realidade da situação do país, a nível económico, mas também social. E os responsáveis políticos fazem os possíveis e os impossíveis por escamotear os verdadeiros problemas, numa altura em que é crucial para o nosso futuro colectivo que se tomem decisões firmes e, durante alguns anos eventualmente desagradáveis para muitos portugueses.

A falta de trabalhadores em muitas áreas, associada a uma baixa taxa de desemprego é apenas uma das disfunções graves da nossa economia. Outra é o facto de 25% dos trabalhadores por conta de outrem ganharem apenas o ordenado mínimo sendo que, quanto aos jovens, essa percentagem anda pelos 40%. O ordenado mínimo cresce administrativamente por decisão governamental e vale hoje, cerca de 65% do ordenado médio dos trabalhadores portugueses. Chegou-se à loucura de o Governo aumentar o ordenado mínimo, que mesmo assim é uma vergonha ao pé dos nossos parceiros europeus, e depois vir prestar ajuda às empresas que têm dificuldade em pagá-lo. Ajuda essa que, claro, vem dos impostos pagos pelos outros portugueses e pelas outras empresas. A realidade é que o nível de desemprego só se mantém baixo pelos ordenados miseráveis pagos por milhares de empresas que não têm qualquer viabilidade económica num mercado competitivo.

Isto quando os vencimentos dos trabalhadores reflectem obrigatoriamente a produtividade da economia, residindo aqui outra das nossas graves disfunções económicas. Portugal ocupava, no ano 2000, o 17º lugar no ranking da produtividade do trabalho entre os países europeus. Vinte anos depois, em 2020, passámos para o 21º lugar.

Em simultâneo, a nossa dívida externa continuou a crescer estando sistematicamente muito acima dos 120% do produto, enquanto a carga fiscal está a um nível nunca antes alcançado. O Estado, só nos anos do Governo da Geringonça/Frente Popular, deu emprego a mais de 70.000 trabalhadores, com as correspondentes despesas correntes a crescer nas contas do Orçamento de Estado. O que é tanto mais incompreensível quanto há falta de professores nas escolas e de profissionais da saúde no SNS: os hospitais têm falta aflitiva de médicos e enfermeiros e o nº de portugueses sem médico de família cresceu durante estes anos até atingir um milhão.

A situação económica do país degradou-se nestes últimos anos de uma forma incompreensível, dados os sacrifícios que os portugueses suportaram com a chamada da troica pelos desmandos dos governos de Sócrates e a retoma iniciada em 2014/2015 que deveria ter tido continuidade crescente, e não teve. O falhanço da “geringonça” está à vista de todos e, neste momento, Portugal só não está numa situação semelhante a 2011 por conta das políticas europeias, designadamente do BCE, quanto a taxas de juro e compra da nossa dívida pública, assim se substituindo, na prática, aos mercados. Mas a realidade vai acabar por se impor, seja pela subida da inflação que já aí está, seja pela impossibilidade de manter indefinidamente a compra sistemática de dívida soberana pelo BCE.

É perante estes problemas estruturais que estão a degradar o Estado Social e nos estão a tornar cada vez mais pobres a caminho do último lugar na União Europeia, que devemos exigir aos partidos posições claras e opções concretas para mudar de caminho em vez de afirmações genéricas que nada significam e tudo permitem. Por tudo isto, e muito mais, se há eleições cruciais para o nosso futuro colectivo são as do próximo dia 30 de Janeiro. Cabe aos partidos não defraudarem as expectativas dos portugueses com fantasias nem discussões estéreis que só servem para enganar a realidade. Além de, claro, esclarecer devidamente qual será a política de alianças pós-eleitorais, o que vale tanto para o PS como para o PSD, já que daí virá boa parte da escolha dos eleitores.

Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 13 de Dezembro de 2021

Imagem retirada da internet

segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

STA. CRUZ E OS MÁRTIRES DE MARROCOS

 


Quando passo pela Baixa, tenho por hábito entrar no Mosteiro de Santa Cruz, demorando-me a apreciar um dos muitos pormenores em que aquele templo é riquíssimo, Tantos são, e de tanto interesse do ponto de vista cultural e histórico, para além dos aspectos artísticos, que me dá a impressão de que nunca terei tempo para os apreciar a todos como merecem. De facto, Sta. Cruz não precisaria de ser classificada como Património Mundial da Humanidade, que o é de forma inteiramente justificada, para que seja merecedora da nossa maior atenção e cuidados de quem tem a responsabilidade de cuidar do nosso Património Histórico. A importância histórica de Sta Cruz não tem a ver apenas com Coimbra, mas com Portugal por inteiro, por isso mesmo sendo Panteão Nacional, ao guardar os túmulos dos nossos dois primeiros reis.

Há poucos dias estive a observar com atenção o conjunto escultórico dos «Mártires de Marrocos» e fotografei-o, partilhando a fotografia em redes sociais, o que hoje é facilitado por todos termos a possibilidade de ser fotógrafos, bastando ter um telefone à mão. E foram as reacções à fotografia que me levaram a escrever esta crónica. Por um lado foi possível perceber que há muitas pessoas que desconhecem os factos relacionados com os «Mártires de Marrocos» e, por outro lado, há quem se queixe de deficiente divulgação dos mesmos.

Na realidade, foi no dia 16 de Janeiro de 1220, era um Sábado, que se verificou o martírio dos cinco frades franciscanos italianos Frei Bernardo de Carbio, Frei Otto, Frei Pedro de Santo Geminiano, Frei Adjuto e Frei Acursio. Para termos um enquadramento histórico, era a época das Cruzadas que se tinham iniciado em 1096 e também da reconquista cristã da Península Ibérica, que viria a terminar, no que a Portugal diz respeito em 1249, com a conquista definitiva da cidade de Faro, no reinado de D. Afonso III.

Após a aprovação da sua Ordem em 1210, S. Francisco de Assis enviou em Maio de 1219, a partir de Assis, um grupo de seis frades menores para exercerem o apostolado junto dos sarracenos, em Marrocos. Durante o caminho Frei Vital, o líder do grupo, adoeceu não tendo podido seguir viagem. Os cinco elementos restantes prosseguiram viagem até Coimbra, onde se alojaram no Mosteiro de Sta Cruz, tendo sido recebidos pela rainha D. Urraca, esposa de D. Afonso II. Aí terão influenciado tanto o monge agostinho Fernando de Bulhões, que veio a aderir à nova Ordem com o nome de António, sendo mais tarde conhecido como Santo António de Lisboa, de Pádua e do mundo. O grupo seguiu depois para Sevilha, ainda sob domínio muçulmano, tendo aí começado as suas pregações que tiveram como resultado a sua detenção pelo Emir que os enviou para Marrocos. 

Em Marraquexe, passou-se algo curioso: foram acolhidos pelo Infante Dom Pedro, irmão do rei D. Afonso II e das princesas Teresa, Mafalda e Sancha, que se encontrava ao serviço militar na Corte do Sultão algo que, só por si, mereceria um estudo aprofundado, dado o seu significado. Contudo, a obstinação evangelizadora dos frades era tão grande que, a certa altura, o próprio califa almóada Miramolim os executou com a sua cimitarra, degolando-os um a um. O Infante Dom Pedro, com risco da própria vida, conseguiu resgatar parte dos restos mortais dos frades e enviá-los para a capital do Reino de Portugal – Coimbra, onde terão chegado em Dezembro de 1220. O destino era a Catedral de Coimbra, hoje a Sé Velha, mas diz a tradição que a burra que carregava os dois caixões com os restos mortais, ao passar pelo Mosteiro de Sta Cruz, recusou seguir em frente, entrando pela Igreja ao serem abertas as portas, no que é conhecido pelo «Milagre da Burra».


Ainda hoje o Mosteiro de Sta. Cruz guarda dois relicários de prata com restos mortais dos «Mártires de Marrocos. Durante o ano de 2020, em celebração dos oitocentos anos do martírio, os relicários estiveram expostos em Sta. Cruz e foram feitas publicações sobre o tema. Mas, provavelmente devido ao seu carácter essencialmente religioso, a divulgação e a atenção que o episódio merece, do ponto de vista histórico, mas também cultural e artístico, pelas numerosas obras de arte que foram sendo executadas ao longo dos séculos, não terão sido as merecidas. Da forma mais resumida que me foi possível, atendendo ao espaço desta página do jornal, aqui fica a História dos «Mártires de Marrocos», apenas um dos muitos motivos de interesse da nossa Sta. Cruz, pela qual tantas vezes passamos sem imaginar os tesouros que alberga.

Originalmente publicado no Diário de Coimbra em 6 de Dezembro de 2021