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segunda-feira, 8 de janeiro de 2018
sexta-feira, 5 de janeiro de 2018
quarta-feira, 3 de janeiro de 2018
Lista de desejos para 2018
Nas passagens de ano é tradição fazer-se uma
memória crítica do sucedido no ano que acaba e uma estimativa do que se espera
venha a acontecer no ano que se inicia.
Desta vez fujo ao habitual e abro aqui apenas o livro
de desejos para o ano de 2018, necessariamente pessoal e que será apenas isso e
não um conjunto de previsões.
Tornou-se costume dizer que o século XX foi o das
duas guerras mundiais 14/18 e 39/45, tendo esta última sido ainda consequência
directa da primeira, prolongando-se ainda pela chamada “guerra fria” que só
terminou em 1991 com o fim do bloco comunista. Na realidade, cem anos e muitos
milhões de mortos depois, a actual situação política é ainda, em grande parte,
consequência das más decisões tomadas no fim da primeira guerra. Em particular,
a definição de fronteiras artificiais no Médio Oriente então feita é ainda hoje
causa de perigosos e permanentes focos de tensões e guerras, como se tem visto
na Síria, Israel, Turquia, Irão e Iraque. Seria bom que a comunidade
internacional se consciencializasse desta situação e encontrasse novos caminhos
mais respeitadores da História dos povos que lá vivem.
A União Europeia defronta desafios importantes,
dos quais o Brexit, que terá negociações decisivas até ao último trimestre de
2018, não será o menor. A intervenção do Banco Central Europeu através da
compra de dívida dos países membros acabará ou reduzir-se-á substancialmente,
porque a artificialidade que provoca no Euro não poderá manter-se para sempre,
sob risco de poder provocar sarilhos maiores do que os que pretende evitar. Só
podemos desejar que os países apoiados pelo “quantitative easing” sejam capazes
de se aguentar quando andarem à chuva sem o guarda chuva do BCE, a começar por
Portugal.
Quanto a Portugal espero que prossiga no caminho
do controlo das contas públicas de forma sustentada, sem comprometer o
investimento público necessário e o funcionamento regular dos serviços, para
além de baixar a dívida pública. Já não será pouco.
Na nossa cidade, em nome de uma cidadania
responsável, saibamos exigir o cumprimento de todas as promessas eleitorais.
Lembremos aos responsáveis políticos tudo aquilo que nos tem sido garantido, à
semelhança do “construam-me, porra!” da barragem do Alqueva, que tão bons
resultados teve. Do “wishes book” para Coimbra, em primeiro lugar surge a
construção do aeroporto internacional de Coimbra. Mas não só. A abertura da Via
Central deverá ser uma realidade, não apenas da Av. Fernão de Magalhães à Rua
Direita, mas desde a marginal do Mondego à Rua da Sofia; claro que o troço
entre a Rua Direita e a Sofia será mais difícil mas, se o Governo continuar a
não autorizar a Metro Mondego a fazer as obras necessárias nos prédios em
causa, a Câmara deverá avançar e tomar conta da situação, até porque possui os
meios legais para o fazer. Aliás, em cumprimento das promessas governamentais,
o metro avançará, seja com rodas de aço ou de borracha, que isso é aquilo que, hoje
em dia, já menos importa aos conimbricenses. Tal como a Estação Velha entrará
finalmente em obras, conforme foi garantido pelo ministro da tutela. Avançará a
execução dos Programas das ARU’s da Baixa e Rio, incluindo as acções previstas
para recuperação física, ambiental e do comércio da Baixa. Após tantos anos de
abandono, o Convento de Sta. Clara-a-Nova entrará finalmente em obras, para ter
uma utilização condicente com a sua dignidade, na sequência das promessas dos
responsáveis governamentais do Turismo. O malfadado complexo habitacional
ironicamente chamado “jardins do Mondego” terá finalmente solução, avançando a
Câmara com a defesa do interesse público que se tornou urgente ao fim destes
anos. Não esqueçamos o novo Palácio da Justiça, cujos projectos estão
certamente a ser ultimados. Por fim, mas não menos importante para a Cidade, a candidatura
de Coimbra a Capital Europeia da Cultura em 2027 será tornada uma realidade.
De fora do livro de desejos para a nossa Coimbra
deixei várias promessas, já que não se pode ter tudo. Mas fica aqui ainda um outro
desejo: se se espera que os responsáveis autárquicos estejam verdadeiramente
empenhados em cumprir as promessas porque para isso foram escolhidos pelo povo,
espera-se igualmente que a oposição autárquica não tenha uma actuação de
“bota-baixismo” em nome de fantasias orçamentais, antes que exerça o seu papel com
exigência permanente para que tudo se faça, contribuindo com as suas
capacidades para que tal seja conseguido.
Na certeza de que, na sequência de promessas de
tantos anos, em 2018 Coimbra dará finalmente os passos para se tornar na
verdadeira capital do Centro de Portugal, onde as pessoas na sua generalidade
gostem de viver sem verem os seus filhos partir para outras paragens, desejo a
todos um Bom Ano Novo.
terça-feira, 2 de janeiro de 2018
domingo, 24 de dezembro de 2017
Uma história de Natal
Ao fim da viagem, os magos chegaram finalmente a
Belém da Judeia. Tinha sido uma viagem longa a que tinham decidido fazer
aqueles que, vindos de locais díspares da Europa, da Ásia e de África, se
tinham encontrado enquanto seguiam a estrela que acreditavam ser o sinal divino
que os guiaria até ao rei dos judeus, o Messias, que tinha nascido em Belém.
Chamavam-lhes reis, talvez mais por respeito pela sua imponência e manifestação
exterior de riqueza; magos seriam, pelos seus grandes conhecimentos dos
movimentos dos astros, conhecimento esse muito importante para a organização da
vida humana e não por praticarem magia. Para a História ficaram os nomes de
três, Gaspar, Baltazar e Melchior, eventualmente os mais importantes, mas
seriam talvez mais, algumas dezenas, não há certezas sobre isso. Segundo a
tradição, Gaspar e Melchior seriam brancos e o outro, Baltazar, negro. A ordem em
que seguiam seria indiferente, mas de pelo menos um menino eu sei que no seu
Presépio colocava sempre Baltazar no meio, para não se sentir tratado de forma
diferente, caso em que seria o último.
Sabendo que tão distintos visitantes haviam
chegado ao seu reino, o rei Herodes deu-lhes as boas vindas, ficando assim a
saber do nascimento do “rei dos judeus” que os magos tinham vindo venerar,
pedindo-lhes que, no regresso, o visitassem de novo com novas do recém-nascido,
para que ele próprio o pudesse ir visitar. Herodes tinha sido nomeado rei dos
judeus pelos romanos uns 40 anos antes, depois de Pompeu ter conquistado
Jerusalém e ficou receoso de que o seu poder fosse ameaçado pela chegada ao
mundo de Jesus Cristo, o messias. O rei Herodes ficou famoso na História por
ter realizado importantes obras em Jerusalém, reconstruindo o Templo de Salomão
que até àquela altura já havia destruído por diversas vezes, em diversas
conquistas de Jerusalém pelos povos mais diversos, desde egípcios a jebusitas,
assírios, babilónios e romanos, passando por Alexandre o Grande, numa contínua
espiral de violência que continua nos dias de hoje.
Os reis magos encontraram o menino que procuravam
embrulhado em panos e deitado numa manjedoura num estábulo, já que os seus pais
vindos da Nazaré a Belém para proceder ao recenseamento ditado pelos romanos
não tinham encontrado lugar na estalagem. Imagem que ficaria marcada na
tradição cristã a que, doze séculos mais tarde, um ecologista radical amante da
simplicidade e dos animais chamado Francisco juntaria dois animais, uma vaca e
um jumento, fixando o presépio como ainda hoje o conhecemos.
Os reis magos prostraram-se
em adoração perante o menino e fizeram as suas oferendas: ouro, incenso e mirra, simbolizando o que na altura havia de mais valioso.
Ao regressarem já não passaram pelo palácio de Herodes que ficou assim sem
saber o paradeiro do menino que receava lhe viesse a retirar o poder. E reagiu
da forma mais violenta, mandando matar os primogénitos de todas as famílias em
Belém com menos de dois anos.
O Pai do menino, que sabia bem não ser o seu pai
biológico como hoje se diz tomou porém, fosse prevenido por um daqueles anjos
que naquele tempo andavam pela Terra a ajudar as pessoas ou por alguém
simplesmente condoído pela sorte que esperaria aquele menino, a decisão de
levar a família para bem longe de Herodes. E assim aqueles refugiados fugiram da
Judeia e se foram abrigar no Egipto, de onde apenas regressaram à sua terra,
Nazaré, após o desaparecimento do rei. Herodes é uma personagem histórica que
acabou por ter o papel fundamental de datar todos os acontecimentos
relacionados com o nascimento daquele Menino Jesus que, ao contrário do que ele
receava seria rei, mas não do reino que era o dele.
E não, não é por a
Natividade se renovar todos anos que nos impressiona. É porque, infelizmente,
os motivos que a tornam numa excepção amorosa e indicadora de caminhos a seguir
se mantêm hoje como há 2.000 ou mesmo mais anos. As diversas formas de
violência, incluindo a religiosa, mas também o racismo, a xenofobia, a
exploração infame e, acima de tudo, a não aceitação do Outro como ele é, exigem
um Natal que não seja uma festa comercial e de hipocrisia, mas sim o natal dos
simples e bondosos de há dois mil anos. E é desta forma que, no dia 25 de Dezembro
de 2017, desejo Feliz Natal a toda a família do Diário de Coimbra, desde quem o
faz a quem o lê.
quarta-feira, 20 de dezembro de 2017
"A democracia destapou os portugueses e pôs tudo bem à vista"
A ler, do Embaixador José Cutileiro
http://retrovisor.blogs.sapo.pt/o-bloco-notas-de-jose-cutileiro-232194
http://retrovisor.blogs.sapo.pt/o-bloco-notas-de-jose-cutileiro-232194
segunda-feira, 18 de dezembro de 2017
AUTOEUROPA
Na sequência dos esforços para trazer
investimento externo para Portugal do então Primeiro Ministro Cavaco Silva e do
seu Ministro da Indústria Mira Amaral, a fábrica Autoeuropa, então uma
joint-venture da VW e da FORD, entrou em funcionamento em Maio de 1995,
produzindo os modelos Sharan (VW) e Galaxy (Ford). Quatro anos depois, a
Autoeuropa já produzia meio milhão de veículos num só ano atingindo o milhão
poucos anos depois, em 2003.
Trata-se do maior investimento estrangeiro de
sempre, em Portugal. A fábrica, instalada em Palmela, ocupou uma área de cerca
de dois milhões de metros quadrados e o valor do investimento foi de 1.970
milhões de euros, incluindo o custo do desenvolvimento dos modelos monovolume
com que começou a laborar. A fábrica é uma das mais modernas da Europa, com
padrões ambientais e de segurança que respeitam as normas mais exigentes, tendo
quatro zonas principais: prensagem, construção de carroçarias, pintura e linha
de montagem. Junto da fábrica nasceu um parque industrial onde se instalaram
alguns dos seus fornecedores. A sua importância na economia nacional é enorme:
neste momento tem mais de 3.000 pessoas empregadas, assegura 10% das
exportações e representa, por si só, 1% do PIB nacional. Isto directamente, porque
a montante deu origem a muitas empresas que lhe fornecem materiais e
equipamentos; algumas dessas empresas começaram a produzir para a Autoeuropa,
especializaram-se, e hoje são elas próprias exportadoras.
Depois da Autoeuropa, Portugal nunca mais conseguiu
atrair algum investimento estrangeiro que se pudesse comparar a este. Hoje
temos consciência de que se aproveitou uma janela de oportunidade provavelmente
irrepetível. O momento da formação da “joint venture” entre a VW e a Ford para
a construção da Autoeuropa ocorreu em 1991, tendo a decisão sido tomada pouco
tempo antes.
O fim das ditaduras comunistas que se seguiu à
queda do muro de Berlim em Novembro de 1989 e a implosão da União Soviética em
Dezembro de 1991 veio alterar todo o quadro político europeu. A Alemanha
Oriental e a República Federal da Alemanha assinaram o “Tratado de
Reunificação” em 31 de Agosto de 1990 e a reunificação tornou-se oficial em 3
de Outubro desse ano. Os países que pertenciam ao Pacto de Varsóvia ficaram
livres para escolherem o seu destino e viraram-se para a União Europeia. O
centro da Europa deslocou-se irreversivelmente para Leste, a Alemanha, agora
reunificada, tornou-se maior, mais importante do ponto de vista económico e
reatou as históricas relações com os países vizinhos “do outro lado”. Em
consequência, Portugal ficou mais periférico, com menos capacidade para
competir economicamente com os parceiros da União, viu ruírem os seus sonhos de
crescimento económico através da industrialização e vira-se hoje para o turismo
como atividade económica relevante dentro das exportações, restando-nos a
Autoeuropa, em termos de indústria transformadora pesada.
Infelizmente, a Autoeuropa anda desde há meses
nas notícias por más razões. O que era uma boa notícia está a transformar-se
rapidamente numa bomba ao retardador que pode mesmo vir a acabar, a prazo, com
a Autoeuropa. Tendo a fábrica portuguesa conseguido ser a escolha da VW para o
fabrico de um novo modelo, o T-Roc, foi feito um investimento de quase 700
milhões de euros para instalação de uma nova multiplataforma multimodal. Mas a
paz sindical existente na Autoeuropa desde o seu início, com acordos alcançados
ao longo dos anos entre a Administração e a Comissão de Trabalhadores foi
quebrada. Assistiu-se mesmo a uma greve em Agosto deste ano e é patente uma
guerra sindical teleguiada pela Intersindical de recusa de novas condições
laborais perfeitamente legais que, segundo a Administração, são necessárias
para garantir a produção prevista do novo modelo. Nos últimos meses, vários
acordos conseguidos entre Administração e Comissão de Trabalhadores foram
rejeitados em plenários de trabalhadores, com orientação evidente dos
sindicatos/Intersindical que, até há pouco, nunca haviam conseguido destruir a
paz sindical de trinta anos da empresa.
A situação é grave e perigosa para os próprios
colaboradores da Autoeuropa e para o país. Sabe-se que o grande investimento
feito há pouco tempo na fábrica condiciona as alternativas da VW alemã, mas há
outras fábricas do grupo a quererem produzir o novo modelo e com capacidade de
o fazer a médio prazo. A deslocalização da produção dos modelos da Autoeuropa
para outro país seria uma tragédia económica que se repercutiria em cascata por
outros sectores da economia. Para além do sinal negativo que daria a possíveis
investidores internacionais. É por isso que a situação na Autoeuropa tem de ser
acompanhada com o máximo cuidado pelas autoridades nacionais. Até porque já
conhecemos o exemplo da saída da Opel do Carregado em 2006, alguns dos protagonistas
são os mesmos e já demonstraram não se preocupar minimamente com o
desenvolvimento económico do país.
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