sábado, 3 de maio de 2008

CARMINA BURANA 2

Durante bastante tempo procurei uma boa interpretação das Garmina Burana. Finalmente encontrei a da Filarmónica de Berlim dirigida por Simon Rattle ao vivo, que recomendo.
IN TABERNA


sexta-feira, 2 de maio de 2008

ALIMENTE ESTA IDEIA


Neste fim de semana num hipermercado perto de si.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

CARMINA BURANA

CARMINA BURANA significa em latim, Canções da Baviera

O compositor Carl Orff compôs trabalhou os manuscritos medievais com poemas e canções profanas do século XIII encontradas num mosteiro beneditino na Baviera.
Perante esta obra só a ignorância justifica que se possa continuar chamar à Idade Média a idade das trevas.

Aqui fica a peça Fortuna Imperatrix Mundi interpretada pela Filarmónica de Berlim tendo à frente Simon Rattle.




BOAS NOTÍCIAS

Apesar de tudo vamos tendo algumas boas notícias.

Soube-se hoje que a actividade da Polícia Judiciária tem descido a olhos vistos. As descidas no nº de detenções e de inquéritos com propostas de acusação são da ordem dos 50 a 60% nas maiores directorias do país, com excepção de Coimbra.
Como não passa pela cabeça de ninguém que a descida do défice tenha sido obtida também com o abandono pelo Estado de um das suas funções essenciais que é a segurança dos cidadãos, esta só pode significar uma descida gigantesca da criminalidade violenta, como aliás todos constatamos diariamente. Só podemos estar todos de parabéns por mais este sucesso.

CHOQUE

Vivemos dias de "pedras parideiras".
Portugal passa por uma situação económica difícil, que não é possível iludir.
A inflação passa para 2,8% em vez dos 2,4 anteriores, bem acima do valor previsto no Orçamento de Estado que serviu para referencial para os vencimentos de 2008. Mais uma vez o poder de compra dos portugueses regista uma descida, o que sucede pelo terceiro ano sucessivo, situação que já não se verificava há trinta anos.
A Comissão Europeia prevê uma desaceleração do já magro crescimento do PIB para estes dois anos, alertando ainda para um perigo real de o défice voltar a subir já em 2009.
Verifica-se que o país não descola e antes pelo contrário se afunda, indo ser a breve prazo ultrapassado pela Estónia e pela Eslováquia.
O ambiente económico internacional não é favorável. A situação económica mundial passa por graves problemas com instituições financeiras supostamente sólidas a implodirem por crédito sem sustentação. Volta o espectro da fome em grande parte do mundo, consequência de más decisões no que toca a cereais e energias chamadas alternativas.
Alguém disse que não é possível enganar toda a gente todo o tempo. A ser verdade, devemos estar a assistir ao nascimento abrupto de reacções ao que se passa.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

RELATIVISMO


O Papa Bento XVI tem vindo a referir-se com muita ênfase sobre a questão do relativismo nas sociedades ocidentais, particularmente na Europa, denunciando as ameaças que contém para as novas gerações.

Mais recentemente voltou a focar esta grave questão na sua viagem aos Estados Unidos da América.

A sociedade ocidental cada vez mais “light” tende a confundir relativismo com tolerância, que é coisa muito diferente. Não há uma preocupação em conhecer em profundidade as diversas posições em causa na sociedade de forma a assim perceber os seus fundamentos e objectivos. Em consequência, não se estabelece uma clara distinção entre as diversas posições, caindo-se frequentemente na posição de tolerar tudo como tendo o mesmo valor e sendo igualmente aceitável.

Nada de mais errado e perigoso.

Torna-se pois necessário pugnar pelo conhecimento e pela cultura histórica, a fim de defender toda a nossa civilização de quem, e são muitos, a tenta minar por dentro. Não se pense que muitos dos ataques aos fundamentos culturais e religiosos da nossa civilização acontecem por acaso. Na realidade, fazem parte de uma agenda oculta de partidos e movimentos oriundos quase todos da extrema-esquerda de outros tempos que passo a passo vão destruindo os fundamentos da civilização ocidental, que as revoluções dos “amanhãs que cantam” não conseguiram derrubar pela força. Como afirmou Bento XVI em Washington, “0s conflitos pessoais, a confusão moral e a fragmentação do conhecimento colocam novos desafios para a formação académica e a educação, fundados na unidade da verdade e no serviço à pessoa e à comunidade”.

Dotar a juventude de uma educação sólida que forneça bases de cultura sustentada é a única via para fugir ao flagelo do nosso tempo que é o relativismo. Caso contrário será a nossa própria civilização que ficará fragilizada e à mercê de qualquer fundamentalista, já que os critérios de valoração estarão genericamente destruídos.

Eis por que é tão importante para todos nós a luta que Bento XVI tem vindo a travar pelo reconhecimento das bases cristãs da civilização ocidental e pela Verdade.

Publicado no Diário de Coimbra em 28 de Abril de 2008

domingo, 27 de abril de 2008

PASSEIO


Como estive fora uns dias, não acompanhei a actualidade, não tendo provavelmente perdido grande coisa.
Aqui fica uma foto de recordação de um desses lugares que ainda vale a pena visitar.

CIDADANIA


Ao propor o desafio de escrever sobre cidadania, o Director do Campeão das Províncias sabia bem as dificuldades em que colocava quem aceitasse o repto.

Aceitando escrever sobre cidadania, estou bem consciente de que, no meu caso pessoal, não poderei ir pela exploração dos conceitos filosóficos, que obviamente não domino, pretendendo tão-somente discorrer sobre as questões práticas que lhe estão ligadas.

Desde logo, o termo cidadania deriva da palavra cidade, no seu sentido comunitário, o que significa que ninguém pode ser cidadão sozinho. Tanto do ponto de vista político como do ponto de vista jurídico, o exercício da cidadania obriga a um relacionamento com os restantes elementos da sociedade, assumindo o respeito por um conjunto de deveres e direitos, em igualdade de circunstâncias.

Representando uma perspectiva minimalista do exercício dessa mesma cidadania, há quem considere que, para se ser bom cidadão, bastaria então cumprir todas as leis, por ter automaticamente acesso aos chamados direitos de cidadania, em virtude de se ser cidadão (logo, tendo uma atitude passiva). A cidadania seria, desta forma, o exercício rotineiro dos seus direitos e obrigações; por exemplo, indo votar sempre que há eleições, ou pagando os impostos devidos. Fazendo o mínimo, na convicção de que basta esse mínimo para ser cidadão pleno.

Nada de mais errado, a meu ver. Isto acontece porque muita gente confunde hoje em dia os deveres com os direitos.

A cidadania exercida sem uma atitude de aproximação aos outros cidadãos é inteiramente vã. Cria apenas uma sociedade fria e burocrática, que funciona bem oleada, de um ponto de vista estritamente mecânico. Pode até suceder que a generalidade dos indivíduos cumpra os seus deveres, mas não se cria uma comunidade coesa. A cidadania plena implica um esforço de compreensão pelas dificuldades dos outros cidadãos. Desde logo, porque à igualdade formal em deveres e direitos perante a lei se sobrepõem as desigualdades reais, enquanto indivíduos naturalmente diferentes. O exercício da cidadania exige a prática de deveres, implica a construção de plataformas de entendimento e pontes com os outros cidadãos, nos mais diversos níveis. Por isso é tão necessária a existência de associações que agreguem cidadãos com perspectivas semelhantes da organização social e da definição de objectivos de futuro e sua prossecução, como é o caso dos partidos políticos, por exemplo, cuja importância social tantos tentam denegrir.

Mas a cidadania não se esgota com a actividade política. Uma sociedade bem estruturada não prescinde de uma rede de ligações entre cidadãos que permita o exercício de solidariedade organizada, como por exemplo as numerosas Organizações Não-Governamentais ou as Instituições Particulares de Solidariedade Social, que, através do voluntariado de cidadãos, preenchem as lacunas no apoio aos desprotegidos da sociedade, a quem o Estado por qualquer razão não chega. Exige ainda a existência de estruturas de organizações apartidárias, que agregam cidadãos com interesses semelhantes patrocinando a livre discussão de temas importantes, esforçando-se por contribuir para melhorar um ou outro aspecto da organização social, como é o caso dos “Clubes de Serviço” (exemplo dos Lions e Rotários). Muitas outras formas de participação cívica existem, servindo praticamente todos os gostos, desde a publicação de artigos de opinião assinados à participação em Associações de Pais, entre tantas outras.

As novas tecnologias permitem novas intervenções cívicas mais ou menos personalizadas, possibilitando a qualquer cidadão a activa – e imediata – intervenção na sociedade, como é o caso dos “blogues”.

Fundamentalmente, o que é necessário é ter a consciência de que só somos verdadeiramente cidadãos em liberdade e exercendo os nossos direitos cívicos, quando temos consciência dos deveres para com os outros cidadãos, e os exercemos efectivamente.

Publicado no Campeão das Provincias em 24 de Abril de 2008

segunda-feira, 21 de abril de 2008

ELEIÇÕES NO PSD

Agora que o PSD vai a eleições havendo diversas hipóteses de escolha seria interessante que, por uma vez, os diversos candidatos se pronunciassem sobre os temas principais da sociedade portuguesa, para que toda a gente saiba ao que vai quem ganhar.
A Democracia funciona assim e era bom que nos pudéssemos habituar a isso, para não haver surpresas depois da escolha.
O processo de escolha dos candidatos republicano e democrata dentro dos respectivos partidos nos EUA é, nesse sentido, impressionante. Só para a escolha do candidato democrático entre Hillary Clinton e Barak Obama , já houve 21 debates em directo na televisão. E não são debates a fingir em que os candidatos se podem esconder em meias palavras ou mentiras, porque são imediatamente desmascarados em frente de toda a gente.
Este processo de escolha exige dos candidatos tomadas de posição claras sobre todas as matérias importantes, que obviamente até vão evoluindo durante o processo. Significa isto que as estruturas de apoio dos diversos candidatos têm que fornecer informação completa sobre as diversas matérias, como sustentabilidade económica, consequências sociais, percepção política dos eleitores, etc.
Por outro lado, a comunicação social vai acompanhando as tomadas de posição concretas dos candidatos, cruzando-as com as importâncias relativas atribuídas pelos eleitores.
Um exemplo é o acompanhamento feito pela CNN, em que os temas estão claramente definidos como se pode ver pela reprodução da página da CNN, retirada daqui :


Campaign Issues
From concerns about the economy and the war in Iraq to the perennial topics of Social Security and the health care system, a range of issues is guiding this year's presidential race.
Abortion Housing
Economic stimulus Immigration
Education Iran
Energy Iraq
Environment Same-sex marriage
Free trade Social Security
Guns Stem cell research
Health care Taxes
Homeland security


Esta atitude pode ser surpreendente para muitas pessoas entre nós que não acompanham a campanha americana e se deixam levar pela conversa da treta dos nossos anti-americanos do costume, mas como se verifica é mesmo assim e está a anos luz do nosso primarismo na escolha dos candidatos.

INGRID BETANCOURT


Ainda mais que a política interna dos países, a cena política internacional encontra-se cheia de situações de incongruência e frequentemente da maior hipocrisia.

Ingrid Betancourt é uma senadora colombiana, de origem francesa, que foi raptada em Fevereiro de 2002 pelas auto intituladas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), que a mantêm em cativeiro na floresta desde essa altura.

Quando foi raptada, Ingrid Betancourt era candidata às eleições presidenciais da Colômbia. De acordo com testemunhos de outros reféns entretanto libertados, Ingrid Betancourt permanece presa com correntes metálicas ou atada a uma árvore durante a maior parte do tempo. É fácil de imaginar o estado de saúde de uma mulher retida na floresta nestas condições, contra a sua vontade e sem acesso aos medicamentos necessários.

O rapto não tem qualquer justificação, a não ser o valor de Ingrid para uma eventual troca por membros das FARC feitos prisioneiros pelas autoridades colombianas.

As FARC constituem um caso interessante na cena internacional. Foram constituídas em 1964 na sequência de um daqueles casos de injustiça frequentes na América Central, sendo um movimento de esquerda de inspiração marxista.

Esta força paramilitar terrorista utiliza essencialmente dois métodos para se financiar e continuar na senda da instituição do socialismo revolucionário na Colômbia: em primeiro lugar, através do negócio da coca, para produção de cocaína que, como se sabe, é plantada em larga escala nas florestas colombianas – negócio esse bastante rentável embora absolutamente desprezível e condenável; a outra fonte de recursos é precisamente o sequestro de pessoas, e sua posterior troca por prisioneiros ou dinheiro, dispondo as FARC permanentemente de várias centenas de pessoas nessas condições, o que é igualmente demonstrativo do carácter daquela gente.

Curiosamente, ou talvez não, as FARC são desculpadas e até muito bem toleradas em certos meios europeus. É conhecida a sua presença nos festivais do Avante até há poucos anos. Por outro lado, é frequente encontrar entre nós articulistas que culpam o governo colombiano pela situação de Ingrid Betancourt.

A França, dado que Ingrid Betancourt possui também nacionalidade francesa, tem feito todos os esforços para providenciar apoio médico à prisioneira, até agora sem resultados.

Espera-se que esta situação seja rapidamente ultrapassada, antes que a prisioneira, que não tem qualquer culpa pelo sucedido, seja mais um vítima mortal dos movimentos terroristas que pululam pelo mundo em nome de uma utopia que já provou ser a mais sanguinária da História.

Publicado no Diário de Coimbra em 21 de Abril de 2008