Era este o slogan
dos activistas contra a energia nuclear nos anos 70 e 80. Era um tempo em que a
produção de energia eléctrica através das centrais nucleares avançava um pouco
por todo o mundo, quando a alternativa energética se ficava pelas centrais a
carvão e produtos derivados do petróleo. A produção de energia que hoje se
chama sustentável ficava-se pelas barragens. O aumento do custo dos derivados do
petróleo depois dos choques petrolíferos levava os países a procurar
alternativas e o nuclear aparecia como muito viável dado que, embora o custo
inicial de instalação fosse muito elevado, o custo unitário da energia produzida
era muito reduzido. Claro que persistia a questão dos resíduos produzidos
altamente radioactivos e de como os guardar, para além da própria segurança das
centrais, questões ambientais muito fortes, desde sempre levantadas pelos
ambientalistas de todo o mundo.
Para quem na altura
pensasse com racionalidade e acreditasse nas garantias prestadas por cientistas
do mais alto nível, pareceria que os ambientalistas estavam errados e que as
suas lutas não tinham razão de ser. Nada de mais errado, veio a descobrir-se da
pior maneira.
Em 28 de Março de
1979, houve várias falhas técnicas e erros humanos que provocaram uma perda de
líquido de arrefecimento e libertação de radiação na central de Three Mile
Island, nos EUA. Apesar da comoção que provocou, esse acidente foi sustido e as
consequências foram relativamente diminutas. A opinião pública ficou, no
entanto, alertada para a falta de segurança das centrais nucleares, por mais
esforços que se fizessem nesse sentido.
Em 26 de Abril de
1986, fez agora trinta anos, viria a suceder na central nuclear de Chernobyl,
na cidade de Pripyat, na antiga União Soviética (hoje Ucrânia) aquilo
que todo o mundo temia. Uma série de erros humanos associada a defeitos de
concepção provocou uma violenta explosão num dos reatores que arrancou o tecto
e fez espalhar material radioactivo pela região e por grande parte da URSS e da
Europa Ocidental. As autoridades soviéticas tentaram manter o sucedido em
segredo, o que só piorou as coisas. Enquanto bombeiros da região tentavam
controlar o violento incêndio que se seguiu, a vida continuou a correr
normalmente na cidade vizinha, debaixo de uma autêntica nuvem de material
radioactivo. Com o resto do país mantido na absoluta ignorância do sucedido, só
mais de 36 horas depois do acidente Pripyat foi evacuada tornando-se na cidade
fantasma que ainda hoje é. E só depois de sensores localizados na Suécia terem
detectado a subida anormal de índices radiactivos na atmosfera é que o resto do
mundo tomou conhecimento de que algo de muito grave tinha acontecido. No dia 1
de Maio, os responsáveis comunistas de Kiev tratavam de evacuar as suas
famílias, mas as celebrações do dia do trabalhador continuavam na rua com
milhares de pessoas, incluindo crianças em calções, desconhecendo que estavam a
ser expostas a radiações muitas vezes superiores ao normal.
Mais tarde
Gorbachev, o último líder soviético, viria a reconhecer a importância do
desastre de Chernobyl, bem como todo o processo de ocultação e de falta de
respeito pelas populações que se lhe seguiram como uma das principais causas da
extinção do mundo soviético.
Em 11 de Março de
2011, foi a vez de o Japão sofrer um acidente de gravidade semelhante a
Chernobyl. Um tsunami atingiu a costa nordeste do Japão, causando a inundação
de um enorme território e 19.000 mortos. No caminho foi atingida a central
nuclear de Fukushima que não resistiu ao choque das águas, tendo acontecido uma
fuga de águas radioactivas para a área circundante e para o mar. Mais de
160.000 pessoas foram evacuadas e cinco anos depois há ainda dezenas de
milhares de pessoas a viver em abrigos.
Em consequência
destes acidentes, a opção pelo nuclear tem vindo a ser abandonada por vários
países, como por exemplo a Alemanha que decidiu fechar as suas 8 centrais até
2022. A França pretende diminuir a percentagem do nuclear na energia que produz
dos actuais 75% para 50% em dez anos.
Trinta anos depois
de Chernobyl é caso para dizer que os ecologistas tinham carradas de razão
quando rejeitavam a energia nuclear.