PM sobre PR:
“Vejo com satisfação que a senhora Merkel confortou o Presidente da República naquilo que tem sido a mensagem que o Governo tem transmitido ao senhor presidente da República…”
Isto vai fino, vai.
PS: Entretanto o PR respondeu dizendo que o programa deste governo não é muito diferente do governo anterior. Isto é, cá se fazem, cá se pagam. Isto continua fino, sim sr.
jpaulocraveiro@ gmail.com "Por decisão do autor, o presente blogue não segue o novo Acordo Ortográfico"
quinta-feira, 2 de junho de 2016
segunda-feira, 30 de maio de 2016
“Afundem o Bismarck”
Na semana passada
deu-se o momento final de uma das mais impressivas batalhas da II Guerra
Mundial. Em Portsmouth, cidade inglesa onde se localiza o museu nacional da
Royal Navy, ouviu-se o sino do navio HMS Hood a ser tocado pela primeira vez
desde há 75 anos.
O couraçado Hood era
o maior navio da Marinha Britânica e, em Maio de 1941, participava numa
gigantesca operação naval que visava impedir que o couraçado alemão Bismarck
passasse do Báltico para o Atlântico onde poderia impedir todos os abastecimentos
à Grã Bretanha. O Bismarck era um navio de guerra impressionante construído na década
de 30 nos estaleiros Blohm & Voss em Hamburgo, com uma artilharia
poderosíssima, grande velocidade e uma blindagem resistente a quase todo o fogo
inimigo, sendo o orgulho da marinha alemã e um perigo para a armada inglesa.
Nessa altura, a
Europa estava praticamente toda ocupada pelas tropas nazis, Dunquerque tinha
acontecido há um ano, os EUA permaneciam no seu isolamento, a União Soviética
ainda não tinha sido invadida e apenas a Grã-Bretanha resistia corajosamente à
vontade de Hitler estabelecer o seu Reich de mil anos. Depois do Bismarck, juntamente
com outro couraçado alemão, o Prinz Eugen, terem conseguido passar pelo
estreito da Dinamarca sem serem detectados, foram vistos já a navegar em pleno
Atlântico, tendo vários navios ingleses seguido no seu encalço para lhe darem
batalha. No dia 24 de Maio de 1941 o Hood afrontou o Bismarck de proa para lhe
oferecer alvo mais reduzido mas a primeira salva do Bismarck atingiu-o em cheio,
afundando-o de imediato e levando para o fundo os mais de 1.400 homens da sua
guarnição. Perante o desastre, os outros navios ingleses, com menor poder de
fogo, afastaram-se e o Bismarck continuou a sua rota no Atlântico, para cumprir
a sua missão de afundar todos os navios que se dirigissem para as ilhas
britânicas, seguindo a estratégia de Hitler de as isolar completamente,
enquanto o Prinz Eugen se dirigiu para a França ocupada.
As ordens do
governo britânico chefiado por Winston Churchill foram claras: “Afundem o
Bismarck”. Seguiu-se uma gigantesca operação de caça pelo mar do Norte, com uma
frota de navios britânicos a procurar o Bismarck que apenas terminou no dia 27
de Maio quando foi cercado e alvo da artilharia naval e torpedos, já que um
ataque aéreo na noite anterior lhe avariara o leme e o colocara em situação de
inferioridade. O Bismarck, depois de ter sido atingido com gravidade, acabou
por ser afundado pela sua própria guarnição.
O afundamento do
Hood e posterior caça ao Bismarck ficou como um marco na História da Royal Navy
e da capacidade de resistência e sacrifício britânicos perante um inimigo
poderoso que destruía de forma selvagem tudo aquilo que pudesse impedir os seus
objectivos de poder total e absoluto.
No ano passado, foi
finalmente resgatado o sino do HMS Hood dos seus restos que jazem no fundo do
Atlântico norte.
Foi assim possível
realizar a cerimónia no dia 24 de Maio da semana passada, em memória dos
marinheiros do Hood afundado naquele mesmo dia, 75 anos antes. Os familiares
dos marinheiros desaparecidos naquele dia trágico em luta crucial e decisiva pela
Liberdade da Humanidade puderam assim recordá-los e prestar-lhes homenagem, com
o toque do sino que eles mesmos ouviam a bordo nas suas fainas.
Estes
acontecimentos mostram como a guerra é algo terrível a evitar com todas as
forças pelas consequências trágicas para tantos que nela combatem e para as
suas famílias. Mas são também a prova de que muitas vezes não é possível fugir
dela e de que o heroísmo também faz parte da condição humana e, muitas vezes, é
dele que depende o futuro digno de muitos. E os que assim caem devem ser
lembrados e homenageados, como agora aconteceu em Portsmouth de forma simbólica
tão cara aos marinheiros.
segunda-feira, 23 de maio de 2016
Leicester City Football Club, campeão.
As cidades são seres vivos que evoluem ao longo do tempo. Em certos
períodos da sua história surgem pujantes de vida, afirmando-se em áreas em que
não encontram competidor. Aos quais se podem seguir períodos de apagamento ou
mesmo definhamento mortal que as apaga de qualquer papel relevante. Eventualmente
podem renascer e voltar a afirmar-se de uma forma que nada tem a ver com o seu
antigo sucesso. Tudo isso porque são as pessoas e as suas relações, capacidade
de inovação e espírito empreendedor tantas vezes visionário, que definem
verdadeiramente as Cidades e o seu papel no tecido envolvente.
A cidade inglesa de Leicester apareceu nas notícias há três anos pela
descoberta dos restos mortais do Rei Ricardo III, que estavam desaparecidos há mais
de quinhentos anos depois de ter morrido na batalha de Bosworth Field. Após a
sua identificação sem quaisquer dúvidas, os restos mortais do rei foram levados
para a Catedral de Leicester em Março de 2015, onde finalmente descansam.
O
túmulo chama visitantes de toda a Grã-Bretanha pela notoriedade da personagem
histórica muito ampliada por Shakespeare na sua obra que leva o nome do rei e
que ainda hoje é motivo de acesas controvérsias.
Leicester é uma cidade de dimensão média com pouco mais de trezentos mil
habitantes. Nos anos 30 do século XX era tida como uma das cidades mais ricas
da Europa, devido às suas fábricas de vestuário e calçado, dizendo a
publicidade da altura que “Leicester vestia o mundo”. Entretanto, com a
deslocalização dessas indústrias para outras paragens, a força económica da
cidade praticamente desapareceu. Mas hoje esse passado é história e a
recuperação de Leicester é um facto. A revista Economist abordou o que entretanto
se passou e informa-nos que, na actualidade, para além de Londres, Leicester é
a cidade inglesa com a taxa mais rápida de crescimento, tendo o seu produto
crescido 22% entre 2009 e 2014, criando emprego e atraindo mais moradores,
fazendo crescer a população em 17% em dez anos. Há um afinar de objectivos e
estratégias entre as autoridades locais e as universidades da cidade.
As
universidades apoiam directamente a formação de “start-ups” quer tecnica, quer mesmo
financeiramente com injecção de capital inicial. As autoridades locais agem
rapidamente sempre que surge uma oportunidade de investimento na Cidade; criaram
um quarteirão cultural para desenvolver o centro urbano e entregam terrenos
para facilitar o desenvolvimento de pequenas e médias empresas. A novidade do
novo túmulo de Ricardo III é explorada ao máximo pela autarquia para atrair
turistas, através de excelentes operações de marketing.
Foi neste caldo que o relativamente pequeno clube de futebol de Leicester
conseguiu agigantar-se e vencer a Primeira Liga Inglesa onde pontuam clubes
milionários como o Manchester United, o Chelsea ou o Liverpool, só para citar
alguns. O sucesso das “raposas”, como é conhecido o clube de futebol de
Leicester, não apareceu do nada, antes foi fruto de trabalho profícuo do clube
com o treinador Claudio Ranieri que trouxe os seus 30 anos de experiência em
futebol e gestão profissional para um clube que não tinha historicamente os
meios e a organização necessários para se afirmar.
Claro que o facto de o clube
ter sido comprado há seis anos por um multimilionário tailandês ajuda, mas a
atração desse investidor não surgiu por acaso e a decisão de investir a longo
prazo em vez de optar por compras caras de jogadores famosos veio a mostrar-se
decisiva e vitoriosa.
Mas, em termos desportivos, Leicester não se vem afirmando apenas no
futebol. O seu clube de rugby é também dos melhores de Inglaterra.
Leicester surge hoje como um exemplo para muitas outras cidades e não
apenas inglesas. Depois de um período de afundamento económico, detectou quais as
suas capacidades e potenciais e reagiu conseguindo-as utilizar da melhor
maneira. Ao fim de trinta anos de esforço, Leicester é um exemplo de
recuperação e fulgor económico que se reflecte em diversas áreas como o
desporto e a cultura.
segunda-feira, 16 de maio de 2016
LIBERDADE DE IMPRENSA
A propósito da publicação do relatório mundial de 2016 sobre a liberdade de
imprensa no mundo, a campanha da organização RSF (Repórteres Sem Fronteiras)
veio chamar a atenção para a realidade de uma forma apelativa e irónica,
classificando 2015 como um “ano excepcional para a censura”.
De acordo com a RSF, “os líderes mundiais estão “paranoicos” em relação aos
meios de comunicação e estão a limitar cada vez mais a liberdade de imprensa”.
Esta é uma conclusão que, à primeira vista, até poderá ser uma surpresa nestes
tempos em que nos habituámos a ter disponível nos nossos computadores e
telemóveis uma quantidade de informação antes impensável. E, no entanto…
A campanha da RSF colocou na mira doze Chefes de Estado que, de copo na mão
parecem festejar as suas vitórias contra a liberdade de imprensa, participando
na chamada “Festa Errada”. Desde o Burundi à Eritreia, passando pela China,
Rússia, Turquia, Arábia Saudita, Coreia do Norte, Venezuela, Azerbaijão ou
Tailândia, entre outros, vários países possuem lideranças políticas que
despedem jornalistas, mandam-nos para a cadeia e para campos militares ou
sujeitam-nos a açoites públicos, quando não promovem o seu assassínio. As
conclusões do relatório são preocupantes e devem-nos fazer pensar sobre o que
se passa no mundo nos dias de hoje já que, sem liberdade de imprensa pura e
simplesmente não existe Liberdade.
Nos últimos lugares da classificação estão o Turquemenistão, a Coreia do
Norte e a Eritreia, mas a China está logo a seguir a estes, o que nos deverá
colocar em alerta, atendendo à sua expansão económica no Ocidente onde compra
empresas estratégicas, como é o caso de Portugal. Não será uma novidade que as
piores zonas do mundo no que se refere à Liberdade de Imprensa sejam o Norte de
África e o Médio Oriente onde os jornalistas têm a sua actividade dificultada
ao máximo. Também não nos admiraremos ao constatar que, no cimo da tabela,
estão a Finlândia, a Holanda e a Noruega, países há muito praticantes da
liberdade de imprensa e onde o jornalismo de investigação é particularmente
respeitado e defendido.
No entanto, algo se passa mesmo na Europa onde hoje damos como adquiridos
determinados direitos como o da liberdade de informação. No ano de 2015 o
Governo polaco passou a ter completo controlo sobre a nomeação e afastamento
dos directores da rádio e da televisão pública. Mas também em França há
problemas, neste caso pela excessiva concentração da propriedade dos media o
que ameaça directamente o trabalho independente dos jornalistas.
Portugal aparece neste relatório na 23ª posição o que, não sendo
particularmente brilhante, também não nos envergonhará por aí além.
Nós portugueses deveríamos mesmo ser muito sensíveis a este tema, porque o
nosso tempo de fruição de liberdade de imprensa é ainda muito curto. Passámos
demasiados anos (centenas, mesmo) com uma censura religiosa férrea e durante
todo o Estado Novo houve igualmente Censura, desta vez por parte do estado.
E
só não passámos a ter outra censura pouco depois do 25 de Abril porque muitos
se levantaram contra essa tentativa por parte de forças políticas a coberto de
militares radicais do MFA.
A vontade de “matar o mensageiro das más notícias” como se costuma dizer
lembrando hábitos muito antigos, persiste ainda hoje de uma forma muito
evidente, mesmo entre nós. Há por aí políticos que parece não terem mesmo outro
“leitmotiv” do que acusar a comunicação social de todos os males e outros que
ficam doentes quando verdades incómodas são transmitidas. Melhor seria que
respeitassem quem transmite as notícias e olhassem com alguma réstea de
humildade para as suas fraquezas e mesmo fracassos que, esses sim, dão tantas
vezes cabo da vida das pessoas.
segunda-feira, 9 de maio de 2016
NUCLEAR? NÃO, OBRIGADO.
Era este o slogan
dos activistas contra a energia nuclear nos anos 70 e 80. Era um tempo em que a
produção de energia eléctrica através das centrais nucleares avançava um pouco
por todo o mundo, quando a alternativa energética se ficava pelas centrais a
carvão e produtos derivados do petróleo. A produção de energia que hoje se
chama sustentável ficava-se pelas barragens. O aumento do custo dos derivados do
petróleo depois dos choques petrolíferos levava os países a procurar
alternativas e o nuclear aparecia como muito viável dado que, embora o custo
inicial de instalação fosse muito elevado, o custo unitário da energia produzida
era muito reduzido. Claro que persistia a questão dos resíduos produzidos
altamente radioactivos e de como os guardar, para além da própria segurança das
centrais, questões ambientais muito fortes, desde sempre levantadas pelos
ambientalistas de todo o mundo.
Para quem na altura
pensasse com racionalidade e acreditasse nas garantias prestadas por cientistas
do mais alto nível, pareceria que os ambientalistas estavam errados e que as
suas lutas não tinham razão de ser. Nada de mais errado, veio a descobrir-se da
pior maneira.
Em 28 de Março de
1979, houve várias falhas técnicas e erros humanos que provocaram uma perda de
líquido de arrefecimento e libertação de radiação na central de Three Mile
Island, nos EUA. Apesar da comoção que provocou, esse acidente foi sustido e as
consequências foram relativamente diminutas. A opinião pública ficou, no
entanto, alertada para a falta de segurança das centrais nucleares, por mais
esforços que se fizessem nesse sentido.
Em 26 de Abril de
1986, fez agora trinta anos, viria a suceder na central nuclear de Chernobyl,
na cidade de Pripyat, na antiga União Soviética (hoje Ucrânia) aquilo
que todo o mundo temia. Uma série de erros humanos associada a defeitos de
concepção provocou uma violenta explosão num dos reatores que arrancou o tecto
e fez espalhar material radioactivo pela região e por grande parte da URSS e da
Europa Ocidental. As autoridades soviéticas tentaram manter o sucedido em
segredo, o que só piorou as coisas. Enquanto bombeiros da região tentavam
controlar o violento incêndio que se seguiu, a vida continuou a correr
normalmente na cidade vizinha, debaixo de uma autêntica nuvem de material
radioactivo. Com o resto do país mantido na absoluta ignorância do sucedido, só
mais de 36 horas depois do acidente Pripyat foi evacuada tornando-se na cidade
fantasma que ainda hoje é. E só depois de sensores localizados na Suécia terem
detectado a subida anormal de índices radiactivos na atmosfera é que o resto do
mundo tomou conhecimento de que algo de muito grave tinha acontecido. No dia 1
de Maio, os responsáveis comunistas de Kiev tratavam de evacuar as suas
famílias, mas as celebrações do dia do trabalhador continuavam na rua com
milhares de pessoas, incluindo crianças em calções, desconhecendo que estavam a
ser expostas a radiações muitas vezes superiores ao normal.
Mais tarde
Gorbachev, o último líder soviético, viria a reconhecer a importância do
desastre de Chernobyl, bem como todo o processo de ocultação e de falta de
respeito pelas populações que se lhe seguiram como uma das principais causas da
extinção do mundo soviético.
Em 11 de Março de
2011, foi a vez de o Japão sofrer um acidente de gravidade semelhante a
Chernobyl. Um tsunami atingiu a costa nordeste do Japão, causando a inundação
de um enorme território e 19.000 mortos. No caminho foi atingida a central
nuclear de Fukushima que não resistiu ao choque das águas, tendo acontecido uma
fuga de águas radioactivas para a área circundante e para o mar. Mais de
160.000 pessoas foram evacuadas e cinco anos depois há ainda dezenas de
milhares de pessoas a viver em abrigos.
Em consequência
destes acidentes, a opção pelo nuclear tem vindo a ser abandonada por vários
países, como por exemplo a Alemanha que decidiu fechar as suas 8 centrais até
2022. A França pretende diminuir a percentagem do nuclear na energia que produz
dos actuais 75% para 50% em dez anos.
Trinta anos depois
de Chernobyl é caso para dizer que os ecologistas tinham carradas de razão
quando rejeitavam a energia nuclear.
FUTEBOL E POLÍTICA
O maior problema da "futebolização" da política é aquele que não se vê, para além dos impropérios e atitudes sectárias na defesa do seu clube.
No futebol, acaba o campeonato, uns festejam, outros choram e insultam árbitros, a corrupção e o sistema. Mas daqui a uns meses começa tudo de novo, como se não tivesse acontecido nada. É um reboot completo do sistema.
Mas na política não é assim. As consequências do que se faz na governação, bem ou mal, perduram durante muito tempo, particularmente estas ultimas, já as coisas boas estragam-se num momento e as más demoram muito tempo a reparar.
E cada vez se tem menos consciência disto.
No futebol, acaba o campeonato, uns festejam, outros choram e insultam árbitros, a corrupção e o sistema. Mas daqui a uns meses começa tudo de novo, como se não tivesse acontecido nada. É um reboot completo do sistema.
Mas na política não é assim. As consequências do que se faz na governação, bem ou mal, perduram durante muito tempo, particularmente estas ultimas, já as coisas boas estragam-se num momento e as más demoram muito tempo a reparar.
E cada vez se tem menos consciência disto.
quinta-feira, 5 de maio de 2016
Vítor Constâncio em 2000
"Sem moeda própria não voltaremos a ter problemas de balança de pagamentos iguais aos do passado. Não existe um problema monetário macroeconómico e não há que tomar medidas restritivas por causa da balança de pagamentos. Ninguém analisa a dimensão macro da balança externa do Mississipi ou de qualquer outra região de uma grande união monetária. Isto não significa que não exista uma restrição externa à economia. Simplesmente esta é o resultado da mera agregação da capacidade de endividamento dos vários agentes económicos. O limite depende essencialmente da capacidade de endividamento dos agentes internos (incluindo os bancos) perante o sistema financeiro da Zona Euro. Se e quando o endividamento for considerado excessivo, as despesas terão que ser contidas porque o sistema financeiro limitará o crédito. O equilíbrio restabelece-se espontaneamente, por um mecanismo de deflação das despesas, e não têm que se aplicar políticas de ajustamento."
Em:
https://www.bportugal.pt/pt-PT/OBancoeoEurosistema/IntervencoesPublicas/Paginas/intervpub20000223.aspx
Meus amigos, percebem agora de onde vêm os nossos problemas? Dos dirigentes e não do povo.
Em:
https://www.bportugal.pt/pt-PT/OBancoeoEurosistema/IntervencoesPublicas/Paginas/intervpub20000223.aspx
Meus amigos, percebem agora de onde vêm os nossos problemas? Dos dirigentes e não do povo.
Dívida pública (números)
De um comentário no blogue Quarta República:
No ano 2000, a dívida pública portuguesa somava 61 mil milhões de euros, o que correspondia a 48 por cento do PIB.
Era um valor bem abaixo do limite de 60 por cento estabelecido pelo tratado que criou a moeda única.
O problema é que em 2005 a dívida pública portuguesa atingiu os 96 mil milhões de euros, correspondentes a 62 por cento do PIB.
Tinha-se ultrapassado neste ano o limite dos 60 por cento estabelecido em tratado e isto obrigava Portugal a travar o endividamento.
Mas em vez de travar, Portugal fez exatamente o contrário: o endividamento disparou.
Como consequência, em 2011, quando a troika chegou a Portugal, a dívida publica já estava nos 185 mil milhões de euros, correspondentes a 108 por cento do PIB, quando o limite era 60 por cento.
Foi aqui que nasceu a crise da dívida em que estamos agora mergulhados.
Para agravar as coisas, o Eurostat descobriu que vários países, incluindo Portugal, estavam a esconder a dívida em empresas públicas, dívida que não era incluídas nas contas nacionais.
Ou seja, o país continuava a endividar-se mas escondíamos a dívida.
Bruxelas deu ordem para alargar o perímetro orçamental também às empresas públicas, o que fez ainda disparar mais os números da dívida.
De tal modo que no mês passado a dívida pública portuguesa atingiu os 233 mil milhões de euros, um valor que deverá rondar os 130 por cento do PIB, o que é mais do dobro dos 60 por cento a que Portugal se comprometeu por tratado.
No ano 2000, a dívida pública portuguesa somava 61 mil milhões de euros, o que correspondia a 48 por cento do PIB.
Era um valor bem abaixo do limite de 60 por cento estabelecido pelo tratado que criou a moeda única.
O problema é que em 2005 a dívida pública portuguesa atingiu os 96 mil milhões de euros, correspondentes a 62 por cento do PIB.
Tinha-se ultrapassado neste ano o limite dos 60 por cento estabelecido em tratado e isto obrigava Portugal a travar o endividamento.
Mas em vez de travar, Portugal fez exatamente o contrário: o endividamento disparou.
Como consequência, em 2011, quando a troika chegou a Portugal, a dívida publica já estava nos 185 mil milhões de euros, correspondentes a 108 por cento do PIB, quando o limite era 60 por cento.
Foi aqui que nasceu a crise da dívida em que estamos agora mergulhados.
Para agravar as coisas, o Eurostat descobriu que vários países, incluindo Portugal, estavam a esconder a dívida em empresas públicas, dívida que não era incluídas nas contas nacionais.
Ou seja, o país continuava a endividar-se mas escondíamos a dívida.
Bruxelas deu ordem para alargar o perímetro orçamental também às empresas públicas, o que fez ainda disparar mais os números da dívida.
De tal modo que no mês passado a dívida pública portuguesa atingiu os 233 mil milhões de euros, um valor que deverá rondar os 130 por cento do PIB, o que é mais do dobro dos 60 por cento a que Portugal se comprometeu por tratado.
terça-feira, 3 de maio de 2016
COIMBRA
Por diversas maneiras, umas mais ruidosas, outras mais silenciosas, foi-me feito sentir algum desconforto ou mesmo desagrado pelos textos que publiquei nestas duas últimas semanas sobre Coimbra.
Mas na realidade, se observarem bem, vereis que os aspectos abordados são os que considero estratégicos para Coimbra. Aqueles que permitirão dizer, daqui a vinte ou trinta anos (quem cá estiver) se a actuação dos responsáveis políticos escolhidos pelo povo foi boa ou se, pelo contrário, foi desfavorável à Cidade e seu concelho.
Claro que também observo se um determinado passeio está por arranjar, se um jardim ou outro está desconsoladamente abandonado, etc. etc. A questão é que estes problemas, cuja resolução é importante para o dia-a-dia dos cidadãos, não são o que definem o nosso futuro colectivo.
A estratégia para a Cidade exige pensar lá mais para a frente, perceber o que se passa aqui e no mundo em resumo, ver os problemas e saber como resolvê-los. Nada mais que isto. E já não é pouco.
Abraço amigo a todos.
Mas na realidade, se observarem bem, vereis que os aspectos abordados são os que considero estratégicos para Coimbra. Aqueles que permitirão dizer, daqui a vinte ou trinta anos (quem cá estiver) se a actuação dos responsáveis políticos escolhidos pelo povo foi boa ou se, pelo contrário, foi desfavorável à Cidade e seu concelho.
Claro que também observo se um determinado passeio está por arranjar, se um jardim ou outro está desconsoladamente abandonado, etc. etc. A questão é que estes problemas, cuja resolução é importante para o dia-a-dia dos cidadãos, não são o que definem o nosso futuro colectivo.
A estratégia para a Cidade exige pensar lá mais para a frente, perceber o que se passa aqui e no mundo em resumo, ver os problemas e saber como resolvê-los. Nada mais que isto. E já não é pouco.
Abraço amigo a todos.
segunda-feira, 2 de maio de 2016
Coimbra (parte 2)
A classificação da
Universidade e da Rua da Sofia como património da Humanidade pela Unesco não foi
mais do que o reconhecimento do extraordinário valor patrimonial de Coimbra que,
aliás, não se fica por ali. Basta recordar toda a Alta, a Igreja de Sta. Cruz
com os túmulos dos nossos primeiros reis e a Sé Velha, para além do Mosteiro de
Sta Clara-a-Velha, jóia patrimonial hoje patente em todo o seu esplendor. Tal
como Sta. Clara-a-Nova que abriga o túmulo da Rainha Santa numa Igreja, toda ela
espantosa.
O afluxo turístico
crescente que procura Coimbra encontra uma oferta hoteleira variada e de
qualidade, ao contrário de há poucas décadas.
A oferta cultural
de Coimbra conta hoje, para além dos tradicionais organismos académicos, com
diversas companhias de teatro profissionais dotadas de instalações devidamente
equipadas. Coimbra afirma-se hoje também por ter uma orquestra profissional de
música erudita residente que não poderá deixar de vir a ser aproveitada pelo
novo equipamento do Convento de S. Francisco o qual, pela sua dimensão e
qualidade, deverá levar Coimbra a competir culturalmente num campeonato
completamente diferente do que conhecíamos antes. Não poderemos esquecer que é
pela Cultura que actualmente qualquer Cidade se afirma a nível internacional. A
cultura é a manifestação pura da liberdade e o maior diferenciador entre uma
cidade perdida no passado e uma cidade viva e promotora da qualidade de vida
das suas gentes.
Os conimbricenses
criticam, muitas vezes com razão, aspectos menos felizes da Cidade e devem
certamente continuar a fazê-lo porque a exigência é sempre uma atitude cívica
correta e mesmo necessária. Mas desafio os leitores a, de vez em quando, saírem
das suas voltas habituais e a fazerem turismo dentro da sua Cidade, a pé de
preferência, e tentarem vê-la como os visitantes o fazem. Percorram os
trajectos dos turistas, visitem a Universidade e a sua Biblioteca Joanina, vão
ao Machado de Castro e criptopórtico, desçam à Baixa, uma vez pelo Quebra-Costas,
outra vez pela Couraça de Lisboa, vão até à Praça Velha e passem pela casa
medieval, olhem à volta e deliciem-se com aquilo por onde se passa tantas vezes
sem ver com olhos de ver, como se costuma dizer. Da esquina do antigo governo
civil encham os olhos com uma das vistas mais belas que conheço. Vão aos
espectáculos de teatro e de música, visitem as exposições, que as há sempre em
vários locais. Verificarão como Coimbra é hoje uma cidade diferente, virada
para o futuro, e que espera de todos nós uma atitude consentânea com essa
realidade, a começar pelos que, de uma forma ou outra, têm a responsabilidade
de propor respostas políticas.
Os anos setenta e oitenta
do século passado levaram grande parte do tecido económico de Coimbra. Não
adianta chorar pelas indústrias que desapareceram interessa, sim, perceber porque
isso aconteceu e de que maneira estamos a ultrapassar essa situação que não foi
exclusiva de Coimbra, antes pelo contrário, basta ver as enormes áreas
industriais abandonadas em Lisboa e no Porto. A adaptação a uma economia que
está a transformar-se rapidamente em todo o mundo exige uma capacidade de
resposta que passa muito pela flexibilidade e pela formação plural.
Características essas proporcionadas pela existência de um ensino superior
moderno e não elitista, virado para a investigação de topo, mas também para a
ligação ao mundo da economia e da cultura, exigência da tecnologia dos nossos
dias que rapidamente está a mudar as nossas vidas.
A saúde é um dos
nossos bens mais preciosos e a garantia de que todos podem ter acesso às
melhores condições para dela dispor é certamente um avanço civilizacional,
mesmo dos mais importantes. E é uma área em que a afirmação de Coimbra a nível
nacional, mas hoje também a nível mundial é uma verdade insofismável. A
qualidade da formação superior em medicina, enfermagem e farmácia, bem como a
investigação em todas as áreas ligadas à saúde, tem levado a uma afirmação que
vai muito para além da oferta de excelentes serviços de saúde. A economia
ligada à saúde é hoje em dia um “cluster” que em Coimbra tem uma importância
extraordinária e condições para continuar a desenvolver-se e a aumentar o seu
valor.
Estimado leitor,
embora possa parecer uma declaração de amor a Coimbra, esta crónica que acabou
por exceder o tamanho habitual e se dividiu em duas, é muito mais do que isso,
é a minha demonstração de que Coimbra é muito melhor do que muitos dizem.
Subscrever:
Mensagens (Atom)