sábado, 30 de novembro de 2013

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

VIVA O ALMADA, PIM!



Quem algum dia teve aulas no “Edifício das Matemáticas”, terá eventualmente uma vaga lembrança dos frescos que decoram as paredes laterais do átrio de entrada. Recordar-se-à, talvez, que são bonitos e diferentes e têm relação com as ciências exactas – as mais exactas de todas – que lá se ensinam e investigam, mas provavelmente pouco mais. Os conimbricenses em geral também saberão só isso ou, eventualmente, ainda um pouco menos.
E no entanto, aqueles frescos são obras de arte a conhecer. Não só pela beleza e significado artístico e cultural, mas porque são as únicas obras daquela dimensão existentes em Coimbra, da autoria de Almada Negreiros.
Passam este ano 120 anos sobre o nascimento da figura ímpar da Cultura portuguesa do século XX, que um dia escreveu ser Portugal “A Pátria onde Camões morreu de fome e onde todos enchem a barriga de Camões”. Almada foi um artista multifacetado, tendo colaborado logo em 1915 no primeiro número da revista “Orpheu” e o seu modernismo ainda hoje surpreende pela irreverência iconoclasta, tendo assumido desde cedo a bandeira do futurismo com Santa Rita Pintor.
Revoltando-se contra o cinzentismo da literatura portuguesa e a decadência passadista da cultura nacional em geral, Almada fez de Júlio Dantas o seu alvo e escreveu o famoso “Manifesto Anti-Dantas” que muitos contemporâneos nossos deveriam ler para fugirem do bolor mal cheiroso de algum academismo que ainda hoje para aí anda, por vezes a coberto se um pseudo modernismo de pacotilha e, na realidade, velho, muito velho. No entanto, Dantas foi para Almada apenas o símbolo daquilo que era preciso mudar com urgência, uma sociedade tradicionalista, um país que já então precisava da “Invenção do Dia Claro”: “Basta pum basta!!! Uma geração que consente deixar-se representar por um Dantas é uma geração que nunca o foi. É um coio d'indigentes, d'indignos e de cegos! É uma resma de charlatães e de vendidos, e só pode parir abaixo de zero!”
Almada caminhou sempre na vanguarda, desde o ballet (depois de assistir às representações dos Ballets Russes de Diaghilev) à pintura, passando pela literatura. São suas as decorações a fresco das Gares Marítimas de Alcântara e da Rocha do Conde de Óbidos, bem como o painel “Começar” da entrada da Fundação Calouste Gulbenkian. O seu auto-retrato de 1943 e o retrato de Fernando Pessoa para o restaurante Irmãos Unidos, antigo ponto de encontro do grupo do Orpheu são justamente famosos e icónicos da pintura portuguesa do século XX.
Neste mês de Novembro, integrado nas comemorações dos 120 anos do seu nascimento, decorreu em Lisboa, na Fundação Gulbenkian, o Colóquio Internacional Almada Negreiros. As comemorações incluíram ainda tertúlias, exposições e visitas guiadas. Tudo em Lisboa, claro, como é de uso.
O leitor, se quiser dar-se a esse trabalho, vá ver por si os frescos da entrada do Departamento de Matemática da FCTUC da Universidade de Coimbra, que não perderá o seu tempo Os frescos de Almada estão lá a cumprir a sua função, não num museu, mas no local para que foram criados. Um deles é dedicado à “Matemática portuguesa ao serviço da epopeia nacional” e o outro representa as principais figuras de “A Matemática desde os Caldeus e Egípcios até aos nossos dias” que, curiosamente, não esquece o “encontro com os árabes na península”.

Sobre a sua arte passou já o crivo do tempo, único que atesta a qualidade e importância artística de um autor. Nos dias de hoje, não há uma arte moderna, porque coexistem todas as correntes. É por isso surpreendente que ainda hoje as manifestações artísticas de Almada Negreiros surjam associadas à palavra “moderno” e que muitas das suas provocações ainda choquem tantos espíritos.


Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 25 de Novembro de 2013 

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Sofia


KENNEDY, ROBERT



As efemérides são uma boa ocasião para lembrar alguém ou alguma situação marcante, para daí extrair algo que nos pareça interessante ou mesmo exemplar para os dias de hoje. É quase sempre impossível, no reduzido espaço de uma crónica, dizer tudo aquilo que respeita a um assunto ou pessoa que nos marcou intensamente. Com John Kennedy, a quem dediquei a minha última crónica, tudo parece atingir uma grandiosidade excepcional, o que tem dado origem a numerosos livros e filmes sobre as circunstâncias da sua morte, mas também sobre a sua vida e até sobre quão diferente poderia ter sido o mundo se não tivesse ocorrido o 22 de Novembro de 1963 em Dallas. Basta pensar na guerra do Vietname, da qual Kennedy discordava. Mas quando se aborda um assunto destes, aparecem tantos fios para puxar, que é difícil escolher.
Falando de John Kennedy, não se pode deixar de falar da sua própria família. Por exemplo, dos quatro filhos de John e Jackie Kennedy, hoje apenas sobrevive Caroline Bouvier Kennedy. E é alguém que faz bem jus aos pais que teve. Com ideias próprias que defende com firmeza, é escritora e advogada, sendo desde o mês passado a Embaixadora dos EUA no Japão.
Mas de toda a família Kennedy, uma pessoa há que desde sempre me habituei a considerar como exemplar e a admirar como homem público. Trata-se de Robert Kennedy, um dos irmãos do antigo presidente. Robert foi o grande apoio de Jonh enquanto candidato a presidente e depois enquanto exerceu a presidência dos EUA, estando presente em todas as suas grandes decisões políticas. Diferentes um do outro até mais não, completavam-se no entanto de uma forma tão impressionante que deles disse o historiador Arthur Schlesinger: “John era um realista brilhantemente disfarçado de romântico, sendo Robert um romântico obstinadamente disfarçado de realista”.
Robert Kennedy foi nomeado pelo irmão como Ministro da Justiça (General Attorney) tendo sido um perseguidor determinado do crime organizado. De tal forma se dedicou a esta tarefa, que até morrer carregou a cruz da ideia de a sua acção ter de alguma forma contribuído para o assassinato do seu irmão John.
Robert dedicou-se à vida pública com toda a sua energia, levando para essas tarefas as suas características pessoais de entrega total. Robert Kennedy tinha uma enorme sensibilidade para as causas sociais, revoltando-se contra as injustiças, onde quer que elas surgissem, fosse na segregação racial, fosse nas questões dos índios ou apenas na pobreza. É preciso lembrar que Robert nasceu na família Kennedy que, sendo uma família riquíssima, nunca deixou de manifestar solidariedade para com os fracos. Basta dizer que o enorme hospital pediátrico de Boston todos os anos apresenta a factura dos prejuízos à família Kennedy, que os cobre sistematicamente, isto desde muito antes do aparecimento do conceito de responsabilidade social das empresas.
Após a morte do irmão, Robert deixou-se abater, criando a ideia de que abandonaria a vida pública. Mas por volta dos fins de 1967, pareceu que uma nova vida o tomou e decidiu em Março de 1968 candidatar-se à presidência dos EUA. E entrou na campanha da única maneira que sabia: sem medo e como se fizesse uma cruzada contra o que achava serem os males do seu país. Dizia que vivia um dia de cada vez, sabendo perfeitamente que desafiava a sorte ao agir daquela maneira.
Tal como o irmão Jonh, caiu às balas de um assassino, em 6 de Junho de 1968 logo após a vitória no Estado da Califórnia para a sua nomeação a candidato pelo Partido Democrata.
Não tendo sido presidente, a memória da sua vida e da sua actividade, designadamente a favor dos direitos dos negros em plena década de 60 e a luta contra o crime organizado mas, essencialmente, a alegria e a energia que colocava no que fazia e no que acreditava, fazem de Robert Kennedy um símbolo e um exemplo a seguir, bem diferente do cinismo e falta de alma da generalidade dos políticos de hoje.
Publicado originalmente no Diário de Coimbra em !8 Novembro 2013

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

KENNEDY, JOHN

Faz este mês cinquenta anos que um presidente americano entrou de forma trágica na mitologia do século XX. Foi a 22 de Novembro de 1963 que John Fitzgerald Kennedy foi brutalmente assassinado a tiro numa avenida de Dallas. Nasceu numa das famílias mais ricas e influentes do Massachusetts e combateu na Marinha americana na II Guerra Mundial, tendo sido condecorado pela sua prestação.
Depois de uma breve carreira na Câmara de Representantes e no Senado, John Kennedy concorreu à Casa Branca em 1960 pelo Partido Democrático e venceu as eleições por uma margem reduzida contra o republicano Richard Nixon. Estava-se ainda no início da influência da televisão, mas já nessa altura se disse que, se o debate crucial entre os dois candidatos tivesse passado apenas na rádio, Nixon poderia ter ganho, porque não se veria o seu rosto cheio de suor e, acima de tudo, não se veria um Kennedy jovem, bem-parecido e com uma segurança sorridente que atraia imediatamente a simpatia. No entanto, Kennedy era possuidor de de uma formação teórica sólida e uma rara capacidade oratória que lhe possibilitava construir frases que ainda hoje são utilizadas por imensos políticos que citam em vez de inovar. Data dessa altura a sua célebre frase: “não perguntem o que o país pode fazer por vocês, mas sim o que vocês podem fazer pelos EUA”.
Enquanto presidente, teve fracassos e sucessos. Entre aqueles, o maior será certamente o fiasco da invasão da Baía dos Porcos em Cuba. Mas os sucessos ultrapassam certamente os fracassos. Era o tempo do apogeu da Guerra Fria, que acompanhava os grandes sucessos políticos da União Soviética e do pico do seu poderio militar. Apesar de Kennedy e Nikita Krustchov terem chegado a acordo sobre o Tratado para a Proibição da Armas Nucleares em 1961, a União Soviética decidiu instalar bases de mísseis em Cuba, colocando os EUA à mercê directa das suas armas. Kennedy foi de uma firmeza total, tendo Krustchov acabado por ceder, retirando os mísseis e levando-os de volta para a URSS.
Kennedy foi um defensor dos direitos humanos, apoiando decisivamente o combate ao racismo, chaga vergonhosa da sociedade americana de então. Se não esteve presente na manifestação em que Martin Luther King soltou o seu famoso “I have a dream”, recebeu na Casa Branca os seus principais responsáveis logo após a sua realização, prestando-lhes assim a sua homenagem ao mais alto nível.
É inesquecível a deslocação de Kennedy a Berlim, aquando da construção do infame Muro pelo regime comunista da RDA e a sua célebre frase “Eu sou um berlinense”, que acompanhou com uma gigantesca ponte aérea de apoio aos cidadãos aprisionados na parte sitiada da cidade.
Muitos de nós já o esqueceram ou os mais novos até não o saberão, mas no fim dos anos 60 do século passado, houve homens que foram á Lua. Também isso se deve a Kennedy, tendo sido o mote de mais uma das suas frases famosas que ficaram para a História: “escolhemos ir à Lua nesta década, e fazer mais coisas, não por serem fáceis, mas por serem difíceis”.
Mas tudo acabou para John Kennedy naquele cortejo de má memória em 22 de Novembro de 1963, na capital do Texas. E com ele morreu também grande parte do mundo como era, porque é impossível que tudo o resto fique como era quando um grande Homem com os seus defeitos e virtudes desaparece daquela forma trágica, sem que até hoje haja uma explicação credível para o que aconteceu.




segunda-feira, 4 de novembro de 2013

ALLÔ ALLÔ



A espionagem rivaliza com outra atividade bem conhecida sobre a classificação de atividade mais velha do mundo, sendo que ambas concorrem ainda em muitos outros aspetos que ajudam na baixa consideração que o comum dos cidadãos tem por qualquer uma delas.
Em tempos de conflitos mais aguçados, como é o caso das guerras, percebe-se facilmente o papel precioso da chamada “informação”, sendo que nessas alturas a espionagem quase ganha foros de cidadania. Basta lembrarmo-nos da importância que o MI5 e o MI6 britânicos tiveram no desfecho da segunda guerra mundial e do trabalho tantas vezes heroico de homens e mulheres que frequentemente deram a própria vida na obtenção de segredos inimigos e na ajuda aos combatentes nas frentes de combate.
Também durante a chamada “guerra fria” a actividade da espionagem dos blocos ocidental e soviético foi extremamente intensa, constituindo frequentemente a ponta visível do iceberg que era a guerra surda que então se travava. Nos seus romances, John Le Carré descreveu como ninguém esse mundo subterrâneo e perigoso, onde não há amigos nem aliados. Mundo esse que não desapareceu após a queda do muro de Berlim, antes pelo contrário, apenas mudando os objetivos da atividade que, de uma forma evidente, passaram a ser muito mais económicos do que militares ou simplesmente políticos. Chegou-se a um ponto em que hoje se desconfia, com boas razões, que interesses económicos inconfessáveis terão levado comunidades de espionagem a montar um cenário artificial que enganou líderes políticos levando-os a decidir pela invasão do Iraque, com as consequências que todos bem conhecemos.
O desenvolvimento das comunicações e, em particular da internet, levou as capacidades da espionagem a um novo patamar anteriormente inimaginável. Deixou de ser necessário plantar os informadores no terreno, recorrendo-se à velha técnica das escutas, mas agora de uma forma completamente sistemática.
A legislação de proteção contra o terrorismo permitiu que nos EUA se desenvolvesse uma agência especializada na intercepção de mensagens, seja por telefone, por fax, por telemóvel ou por mensagem electrónica (e.mail), a NSA – Agência de Segurança Nacional.
Sabe-se agora que ninguém, mas mesmo absolutamente ninguém, em qualquer parte do mundo, está a salvo da NSA e das suas escutas. Data de 2006 um memorando em que a NSA solicitava à Casa Branca, ao Departamento de Estado e ao Pentágono que os seus oficiais lhe entregassem as listas de números de telefones de individualidades estrangeiras que possuíssem, com o objetivo de controlar as suas comunicações telefónicas e dos números contactados.
É assim que o telefone da própria chanceler alemã Angela Merkel foi sistematicamente objeto de escutas por parte da NSA, pelo menos nos últimos dez anos. Para além de Ângela Merkel, é provável que todos os líderes europeus sejam objeto desta atividade por parte dos americanos, para além de milhões de cidadãos anónimos por todo o mundo, como eu próprio e o leitor. Na última semana soube-se por exemplo que, só num mês, a NSA espiou mais de 60 milhões de chamadas telefónicas em território espanhol.
O número de líderes políticos que já protestaram contra as actividades da NSA continua a aumentar, abrangendo países como o Brasil, a Alemanha, a Espanha, a Itália e a França
A NSA tem mesmo utilizado os serviços de grandes empresas tecnológicas como a Yahoo, a Google e ainda dezenas de outras na análise de escutas, coordenação de agentes secretos e mesmo no controlo de aviões de guerra não pilotados, os drones.
A tecnologia não para no seu desenvolvimento e o mundo é cada vez mais uma aldeia global. Dever-se-ia exigir, de todos os governos, uma ação firme na rejeição de toda esta ação que mistura interesses privados com espionagem e mesmo guerra. Em causa está mesmo a continuação dos regimes democráticos, tal como hoje os conhecemos.




Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 4 de Novembro de 2013

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

PRIMAVERAS (no outono)

Na noite da passada sexta-feira, a Biblioteca Joanina encheu-se para um concerto inédito, integrado nos VII Encontros Internacionais da Guitarra Portuguesa, organizados pela Orquestra Clássica do Centro. Para além de peças de compositores clássicos como Schubert e Mozart, foi possível ouvir composições de alguém que Coimbra bem conhece e ama: as Primaveras e outras peças de Francisco Martins.
A interpretação esteve a cargo de Natália Pikoul ao piano e de Richard Thomes ao violino. O leitor estará esta hora a perguntar-se sobre o que farão as obras de Francisco Martins neste programa, conhecendo-as como conhece, tocadas no instrumento mais característico da canção de Coimbra: a guitarra de Coimbra. E o ineditismo deste concerto esteve precisamente aí: no facto de composições habitualmente interpretadas à guitarra de Coimbra acompanhada por guitarra clássica serem tocadas por um duo composto por pianista e violinista.
A possibilidade de isto ter acontecido tem uma história longa e interessante. Há cerca de um ano, aquando dos VI Encontros de Guitarra Portuguesa, a Orquestra Clássica do Centro decidiu publicar em livro as partituras de algumas das composições de Francisco Martins. A razão dessa publicação percebe-se pelo facto de essas obras constarem de discos publicados e poderem portanto ser ouvidas e apreciadas pelos ouvintes interessados, mas não estarem à disposição de intérpretes, por não estarem escritas; situação esta que acontece alias com grande parte do reportório da guitarra portuguesa, que é passado de intérprete para intérprete, limitando a sua interpretação. Com a publicação das partituras, qualquer guitarrista em qualquer parte do mundo pode tocar as músicas, desde que as saiba ler, podendo ainda ser transcritas para outros instrumentos.
Quem fez esse trabalho difícil e exigente foi precisamente a compositora Natalia Pikoul, a partir das gravações existentes interpretadas pelo próprio Francisco Martins. Natália Pikoul é, tal como a sua irmã Marina uma excelente pianista, mas também compositora saída das melhores escolas de música de Moscovo, tendo passado ainda por Paris antes de se radicar em Portugal. As irmãs Pikoul são a prova de que a suposta supremacia histórica dos homens na área da composição musical não é mais do que o resultado do esmagamento da capacidade das mulheres também nessa área, que eliminou um património riquíssimo da história cultural da humanidade.
Estes VII Encontros deram a Coimbra a possibilidade de apreciar peças musicais de uma enorme beleza, trazidas por intérpretes do gabarito de Doc Rossi, Bruno Costa, Carlos Alberto Moniz, Artur Caldeira, Natália Pikoul, Richard Thomas, Virgílio Caseiro, ou os excelentes músicos do Fado ao Centro e ainda toda a Orquestra Clássica do Centro dirigida por David Lloyd.
Momentos houve de verdadeiro êxtase pela beleza das músicas e virtuosismo dos intérpretes, recordando-se aqui a performance superlativa de Artur Caldeira. Mas na memória perdurarão as Primaveras de Francisco Martins, monumento cultural da nossa Cidade, tocadas de uma forma nova e lindíssima na Biblioteca Joanina, em momento afectivo que uniu muitos dos presentes a quem, embora ausente fisicamente, lá estava também através da sua música.


Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 28 de Outubro de 2013