Nas passagens de ano é tradição fazer-se uma
memória crítica do sucedido no ano que acaba e uma estimativa do que se espera
venha a acontecer no ano que se inicia.
Desta vez fujo ao habitual e abro aqui apenas o livro
de desejos para o ano de 2018, necessariamente pessoal e que será apenas isso e
não um conjunto de previsões.
Tornou-se costume dizer que o século XX foi o das
duas guerras mundiais 14/18 e 39/45, tendo esta última sido ainda consequência
directa da primeira, prolongando-se ainda pela chamada “guerra fria” que só
terminou em 1991 com o fim do bloco comunista. Na realidade, cem anos e muitos
milhões de mortos depois, a actual situação política é ainda, em grande parte,
consequência das más decisões tomadas no fim da primeira guerra. Em particular,
a definição de fronteiras artificiais no Médio Oriente então feita é ainda hoje
causa de perigosos e permanentes focos de tensões e guerras, como se tem visto
na Síria, Israel, Turquia, Irão e Iraque. Seria bom que a comunidade
internacional se consciencializasse desta situação e encontrasse novos caminhos
mais respeitadores da História dos povos que lá vivem.
A União Europeia defronta desafios importantes,
dos quais o Brexit, que terá negociações decisivas até ao último trimestre de
2018, não será o menor. A intervenção do Banco Central Europeu através da
compra de dívida dos países membros acabará ou reduzir-se-á substancialmente,
porque a artificialidade que provoca no Euro não poderá manter-se para sempre,
sob risco de poder provocar sarilhos maiores do que os que pretende evitar. Só
podemos desejar que os países apoiados pelo “quantitative easing” sejam capazes
de se aguentar quando andarem à chuva sem o guarda chuva do BCE, a começar por
Portugal.
Quanto a Portugal espero que prossiga no caminho
do controlo das contas públicas de forma sustentada, sem comprometer o
investimento público necessário e o funcionamento regular dos serviços, para
além de baixar a dívida pública. Já não será pouco.
Na nossa cidade, em nome de uma cidadania
responsável, saibamos exigir o cumprimento de todas as promessas eleitorais.
Lembremos aos responsáveis políticos tudo aquilo que nos tem sido garantido, à
semelhança do “construam-me, porra!” da barragem do Alqueva, que tão bons
resultados teve. Do “wishes book” para Coimbra, em primeiro lugar surge a
construção do aeroporto internacional de Coimbra. Mas não só. A abertura da Via
Central deverá ser uma realidade, não apenas da Av. Fernão de Magalhães à Rua
Direita, mas desde a marginal do Mondego à Rua da Sofia; claro que o troço
entre a Rua Direita e a Sofia será mais difícil mas, se o Governo continuar a
não autorizar a Metro Mondego a fazer as obras necessárias nos prédios em
causa, a Câmara deverá avançar e tomar conta da situação, até porque possui os
meios legais para o fazer. Aliás, em cumprimento das promessas governamentais,
o metro avançará, seja com rodas de aço ou de borracha, que isso é aquilo que, hoje
em dia, já menos importa aos conimbricenses. Tal como a Estação Velha entrará
finalmente em obras, conforme foi garantido pelo ministro da tutela. Avançará a
execução dos Programas das ARU’s da Baixa e Rio, incluindo as acções previstas
para recuperação física, ambiental e do comércio da Baixa. Após tantos anos de
abandono, o Convento de Sta. Clara-a-Nova entrará finalmente em obras, para ter
uma utilização condicente com a sua dignidade, na sequência das promessas dos
responsáveis governamentais do Turismo. O malfadado complexo habitacional
ironicamente chamado “jardins do Mondego” terá finalmente solução, avançando a
Câmara com a defesa do interesse público que se tornou urgente ao fim destes
anos. Não esqueçamos o novo Palácio da Justiça, cujos projectos estão
certamente a ser ultimados. Por fim, mas não menos importante para a Cidade, a candidatura
de Coimbra a Capital Europeia da Cultura em 2027 será tornada uma realidade.
De fora do livro de desejos para a nossa Coimbra
deixei várias promessas, já que não se pode ter tudo. Mas fica aqui ainda um outro
desejo: se se espera que os responsáveis autárquicos estejam verdadeiramente
empenhados em cumprir as promessas porque para isso foram escolhidos pelo povo,
espera-se igualmente que a oposição autárquica não tenha uma actuação de
“bota-baixismo” em nome de fantasias orçamentais, antes que exerça o seu papel com
exigência permanente para que tudo se faça, contribuindo com as suas
capacidades para que tal seja conseguido.
Na certeza de que, na sequência de promessas de
tantos anos, em 2018 Coimbra dará finalmente os passos para se tornar na
verdadeira capital do Centro de Portugal, onde as pessoas na sua generalidade
gostem de viver sem verem os seus filhos partir para outras paragens, desejo a
todos um Bom Ano Novo.