jpaulocraveiro@ gmail.com "Por decisão do autor, o presente blogue não segue o novo Acordo Ortográfico"
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008
AS "CRIANÇAS" E A EDUCAÇÃO
Assim se justificam as reformas que o ministério da Educação está a tentar levar a cabo.
Sem discutir aqui se estão certas ou erradas, critico frontalmente o conceito de base que lhe está subjacente.
O objectivo da educação não são as crianças (ou melhor dito, os alunos), mas a formação dos alunos.
Claro que as modernas "teorias da pedagogia" colocaram os alunos no centro do sistema, mas o que realmente está em causa é o resultado da formação global dos alunos, e não se vê maneira de dar a volta à questão, o que significa a continuação paulatina da descida da qualidade do ensino em termos internacionais.
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008
DESENGANOS
Pensava eu que a diminuição drástica do peso do Estado implicaria a privatização da RTP, mas afinal estava enganado
terça-feira, 26 de fevereiro de 2008
ÚNICO E INSUBSTITUÍVEL
No momento em que substituiu Fidel à frente do regime cubano, Raúl Castro considerou o irmão Fidel como único e insubstituível.
Se isso é verdade, apetece perguntar o que é que ele foi para lá fazer. Mas no fundo sabemos bem que o Castro Raúl é muito bem capaz de fazer o que o Castro Fidel fazia. Portanto não é único neste sentido. Mas é-o de facto porque na minha perspectiva cristã qualquer ser humano é único e insubstituível, o que qualquer bom marxista leninista não aceita, porque o que interessa é o interesse do colectivo (definido pelas vanguardas revolucionárias, claro está) a que se devem submeter os indivíduos.
Por outro lado, de líderes insubstituíveis estão os cemitérios cheios.
Não se espera qualquer coerência destes grandes revolucionários, mas não deixa de ser curioso como os regimes comunistas que resistem ainda nos dias de hoje adoptaram o nepotismo como sistema de escolha dos líderes que substituem os anteriores: Coreia do Norte e Cuba.
Diria ainda que o que mais impressiona nisto é a desculpabilização e mesmo compreensão manifestada por tudo isto pela nossa "inteligência" de esquerda.
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008
JARDINS E MUITO MAIS
Coimbra ganhou um novo espaço de usufruição pública com muito significado.
De facto, o novo jardim construído pela Câmara em Montes Claros, veio ocupar de uma forma inovadora, um espaço com muita História, embora eventualmente desconhecida de muitos nós.
Ao contrário do que tem acontecido nas últimas dezenas de anos, um espaço vazio no interior de uma zona citadina consolidada e não resultado de urbanização recente, foi ocupado com um jardim e não “rentabilizado” com outra utilização. Por acaso, para aquele local até estava prevista a construção de um equipamento, no caso o Arquivo Municipal. O edifício teria cinco pisos e constituiria mais uma “carga” para uma zona urbana já muito utilizada, como tem acontecido por toda a Cidade, com as consequências que todos conhecemos. Exactamente o contrário do que foi feito, por exemplo nos anos setenta, com a construção da Biblioteca Municipal que foi ocupar uma fatia significativa da zona verde do parque da Sereia, vendendo a Autarquia para urbanização o espaço que lhe estava destinado e que fora comprado com esse fim ainda antes do 25 de Abril, na Av. Calouste Gulbenkian.
O que muitos conimbricenses talvez não saibam é que aquele espaço vazio ao lado da Av António José de Almeida foi originado pela demolição do antigo “Bairro Operário” que ali existiu, ao lado do que nessa altura era o antigo Matadouro Municipal, onde hoje está a Igreja de Montes Claros.
O “Bairro Operário de Santa Cruz” era constituído por pequenas moradias viradas para a Rua António José de Almeida e para a actual Rua João Porto, com pequenas hortas no espaço situado entre elas e terá sido o primeiro bairro deste tipo em Portugal. O “Bairro Operário” foi construído com as verbas provenientes da oferta da diocese ao Bispo D. Manuel Bastos Pina em Maio de 1895, no vigésimo aniversário da sua sagração episcopal, tendo o Bispo colocado como condição de aceitação do dinheiro a sua utilização com esta finalidade. Ao lado do bairro existia uma pequena capela, cujo retábulo do Altar-mor se encontra hoje na Igreja provisória de Nossa Senhora de Lurdes.
Trata-se, pois, de um local com muita História, sendo a utilização como jardim, incluindo um parque infantil, particularmente feliz. Mereceria talvez que fosse chamado “parque do bairro operário”, atendendo a que a rua que o ladeia se chama já, e muito justamente, rua D. Manuel Bastos Pina.
sábado, 23 de fevereiro de 2008
Sangue, Suor e Lágrimas
Os conjuntinhos de hoje bem podiam aprender umas coisas com esta gente.
ESTHER & OFARIM
CREDIBILIDADE POLITICA (2)
Confusos?
Não. É apenas mais uma valente machadada na credibilidade dos políticos que vamos tendo.
CREDIBILIDADE POLITICA (1)
Numa altura em que a credibilidade da classe política anda pelas ruas da amargura, não podia haver melhor escolha para liderar aquela comissão da qual se espera algo mais do que uma simples tradução.
APOIOS NOTÁVEIS
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008
KOSOVO
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008
A "COISA" MATOU O AUTOR
terça-feira, 19 de fevereiro de 2008
A D. ALZIRA VÊ TE VÊ?
segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008
A D. ALZIRA SAIU PELA JANELA
Mais um dia de inundações em Lisboa.
No seu noticiário da noite, portanto muitas horas depois das chuvas e dos efeitos, somos bombardeados durante mais de meia hora, por directos e reportagens de casos concretos.
Numa dessas reportagens, ficámos a saber que a D. Alzira saiu de casa pela janela do seu quarto, e que a sua filha que vive ao pé, lhe prestou assistência. Esta notícia é o símbolo da incompetência jornalística que varre este país.
Total incapacidade de observação de um fenómeno, a não ser pela descrição de milhares de pormenores pontuais, que não explicam nada.
Ninguém pergunta nada aos presidentes das câmaras, nem aos responsáveis pela protecção civil.
Ninguém tenta sequer explicar porque é que nos casos mostrados, não aparece nenhum Mercedes ou BMW topo de gama, quase só se vendo opeis corsa.
E ninguém se lembra de que o ordenamento deste território coincide com mais de trinta anos de governação ou presidência de esquerda, com muita "defesa dos interesses das classes mais desfavorecidas". Dá vontade de vomitar.
ACABOU A COMIDA BARATA
As recentes notícias sobre um aumento acentuado dos preços internacionais dos cereais, com consequências imediatas no preço do pão, são muito mais importantes do que se poderia pensar à primeira vista. Na realidade, o que está em causa não é uma crise conjuntural passageira decorrente de ocasionais roturas de stocks.
Nas últimas dezenas de anos habituámo-nos a ver os custos da alimentação descer em todo o mundo, tendo havido uma quebra de cerca de três quartos em termos reais no último quartel do século XX.
Esta situação parece ter terminado irremediavelmente. De acordo com a revista ECONOMIST, só desde 2005 até agora os preços da alimentação subiram 75%, estando o respectivo índice de preços no nível mais alto desde 1845, data em que se começaram a medir.
E não se pense que o aumento dos cereais se reflecte apenas no pão. Uma enorme variedade de produtos alimentares e não alimentares lhes está referenciada. Um exemplo imediato é a carne: para se obter um quilo de carne são precisos em medis oito quilos de cereal.
Curiosamente, uma das principais causas do aumento acentuado dos cereais tem a ver com a produção de combustíveis alternativos aos combustíveis fósseis, isto é, petróleo. Para diminuir a dependência dos estados produtores de petróleo e ainda lutar contra a poluição, está-se a promover e mesmo a subsidiar a produção de bio-etanol para os veículos automóveis. É o caso do Brasil e dos Estados Unidos. Mas, como diz a revista citada, para se encher uma vez o depósito de um jipe, é necessário produzir milho que chegaria para alimentar uma pessoa durante um ano.
Para além do aumento dos custos da alimentação em todo o mundo, a produção de cereais para combustível em países desenvolvidos com agriculturas muito sofisticadas com elevada produtividade, está a condenar a agricultura dos países pobres que dependem muito mais dessa actividade para o sustento das suas populações.
Outro factor importante para a sustentabilidade destes aumentos de preço da alimentação a nível mundial tem a ver com a alteração de dietas alimentares nos países emergentes da Ásia, particularmente China e Índia. Só na China, o consumidor médio que comia 20 kg de carne em 1985 come agora para cima de 50 kg. Basta multiplicar este acréscimo pela população da China para se perceber a dimensão do problema.
Não se trata de boas notícias. Para além dos problemas económicos trazidos pelas crises internacionais do imobiliário, este é mais um factor a ter em conta na evolução da economia mundial nos próximos anos.
Publicado no "Diário de Coimbra" em 18 de Fevereiro de 2008
domingo, 17 de fevereiro de 2008
BEETHOVEN
Um concerto verdadeiramente histórico que reuniu David Oistrakh, Mstislav Rostropovich e Sviatoslav Richter em Moscovo em 1970.
BEETHOVEN
sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008
A NOSSA LIBERDADE
Durante anos a Grã Bretanha, nomeadamente a sua capital Londres, foi o símbolo da coexistência pacífica e respeitosa entre representantes de todo o mundo e múltiplas manifestações culturais. Nós portugueses, habituados durante muitos anos a viver num mundo fechado, espantávamo-nos pela maneira como nos passeios da cidade passavam sem qualquer conflito hindus vestidos a rigor e com turbante, muçulmanos vestidos à sua maneira, hippies floridos, homens de negócios com sobretudo e chapéu londrino e Yuppies vestidos igualmente à sua maneira própria. Era, no fundo, um sinal de civilização.
Tudo começou a mudar com Salman Rushdie nos anos 80, que foi objecto de uma fatwa decretada pelo Ayatolla Khomeini, então o supremo líder iraniano, ordenando a sua morte por qualquer muçulmano que o conseguisse fazer, por causa da publicação de um livro da sua autoria.
Hoje assiste-se ao desmoronar de todo este edifício, com o próprio arcebispo de Canterbury, líder da Igreja anglicana, a propor a integração de preceitos da sharia no direito inglês. Para dar uma ajuda, a administração do metro londrino acaba de proibir a colocação de cartazes alusivos a uma exposição sobre o pintor Lucas Cranach, o Velho na Royal Academy of Arts que reproduz um quadro daquele pintor alemão renascentista com uma “Vénus” nua.
O motivo apresentado foi “levar em linha de conta todas as categorias de passageiros e fazer o possível para não os chocar”.
Dado que ninguém acredita que os londrinos se tenham tornado de repente tão puritanos que se impressionem com uma “Vénus” nua do século XVI, é óbvio o motivo: não ofender os muçulmanos.
É toda a nossa tradição cultural e civilizacional, o que inclui a liberdade, que começa a estar em causa.
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008
BEETHOVEN
Tenho resistido a citar Beethoven, por puro pudor. Como Leonard Bernstein disse, afinal é preciso reconhecer que Beethoven é de facto o maior compositor que jamais existiu. Algumas das suas composições estão hoje tão divulgadas, que quase se tornam banais na nossa vida, o que é uma perfeita injustiça.
Hoje apeteceu-me colocar aqui o segundo andamento da 7ª sinfonia, sendo que esta está longe de ser das mais conhecidas, mas cuja audição aconselho, quer aos mais conservadores, quer àqueles que gostam de música mais contemporânea. Outra das minhas preferidas é a sexta, mas fica para um destes dias.
Esta interpretação é da Filarmónica de Berlin, dirigida por Karajan. A minha preferência iria para a interpretação da Filarmónica de Viena dirigida por Simon Rattle, mas não a encontrei no You Tube. Fiquemos com esta um pouco mais romântica, mas belíssima.
REABILITAR A BAIXA DE COIMBRA
A Baixa de Coimbra encerra diversas fragilidades de ordem física, social e económica que se interligam no espaço e no tempo e cuja percepção imediata se traduz na actual degradação de grande parte dos edifícios.
O diagnóstico está basicamente feito nas suas diversas vertentes. Os caminhos para sair desta situação são diversos e implicam escolhas e tipos de intervenção pública ou privada diferentes.
Um dos caminhos seria o de promover a recuperação do edificado tal como previamente existente, sem preocupação com a sua adequação às necessidades dos utentes dos dias de hoje. Corresponde a uma visão museológica da cidade, não cuidando da sua sustentabilidade económica e exigindo a aplicação de fundos públicos em quantidades massivas. Como é bom de ver, se esta actuação é possível perante um ou outro edifício mais representativo do ponto de vista patrimonial, a evolução económica do país é completamente incompatível com esta atitude perante grandes áreas da cidade.
Outro caminho é o preconizado pela legislação existente com vista à reabilitação de zonas urbanas históricas, que deu origem à formação das Sociedades de Reabilitação Urbana cujo objectivo é promover o procedimento de reabilitação urbana nessas áreas.
Nos termos definidos para as SRU, a reabilitação urbana deverá ser prioritariamente realizada pelos proprietários dos prédios localizados nas áreas definidas para a sua acção. As SRU começarão por preparar os documentos que regem as intervenções do ponto de vista urbanístico, devendo os projectos de reabilitação sujeitarem-se às normativas por eles definidas. Apenas nos casos em que os proprietários não podem ou não pretendem realizar a reabilitação dos seus prédios, as SRU avançarão com os seus poderes de intervenção que incluem os de expropriação.
No caso de Coimbra, a Coimbra Viva SRU tem já elaborado e aprovado o denominado Documento Estratégico de uma significativa zona da Baixa, estando a decorrer o procedimento que corresponde ao período em que os proprietários decidem se avançam ou não para a reabilitação dos seus prédios. Está igualmente a decorrer um concurso para escolher a entidade que elaborará o Documento Estratégico de outra zona importante da Baixa, que abrange o Terreiro da Erva.
Deve-se realçar que o Estado não intervém financeiramente neste processo, isto é, não existem subsídios para a reabilitação. Estão no entanto previstos alguns apoios relevantes, como sejam o IVA especial para a realização destas obras que é de 5% em vez de 21% normais, bem como a quase total dispensa de pagamento de taxas urbanísticas municipais e isenções de pagamento de IMI durante alguns anos.
A questão do financiamento das operações é muito relevante, dado que um apreciável número de proprietários entendem não fazer as obras pelos mais diversos motivos: ou porque são herdeiros que pelo seu elevado número não conseguem entender-se, ou porque não têm condições económicas, ou porque são muito idosos e entendem já não ter condições físicas e psicológicas para entrar neste processo, ou apenas porque não estão dispostos a fazer as obras.
A legislação em vigor permite que as SRU adoptem o princípio das parcerias público-privadas para a realização da reabilitação. As condições externas para o surgimento de parceiros privados para a reabilitação não são, no entanto, muito favoráveis neste momento, quer por uma certa retracção económica geral, quer pela crise financeira internacional ligada precisamente a alguns sectores do imobiliário. Sabendo-se que a reabilitação não é à partida uma actividade económica concorrencial face à construção nova em outras zonas urbanas, será necessário encontrar vantagens comparativas que compensem aquela desvantagem, designadamente para todos aqueles que preferirão residir numa zona histórica, o que exigirá esforços não só da SRU, mas também de outros sectores sejam públicos, sejam privados.
Outra solução será a constituição de fundos de investimento imobiliário, em que a subscrição de unidades de participação poderá ser feita em dinheiro ou através da entrega de prédios a reabilitar. Na conjuntura actual, talvez seja esta a via mais favorável para obter o necessário financiamento das operações de reabilitação. Uma vantagem será a possibilidade de os próprios proprietários participarem na reabilitação, sem terem de despender dinheiro, entrando com o valor dos seus prédios. Também as empresas e outras entidades interessadas na reabilitação poderão participar, bem como investidores a nível pessoal ou empresarial que pretendam rentabilidades competitivas com as oferecidas normalmente pelos depósitos bancários.
A Coimbra Viva SRU, em colaboração estreita com a Câmara Municipal de Coimbra e com o Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana analisa as vantagens e desvantagens de cada uma das soluções. Não se poderá perder de vista que a reabilitação urbana da Baixa só será um sucesso se, além de manter moradores actuais, tiver a capacidade de atrair novos residentes, se conseguir reanimar economicamente o comércio local e se conseguir atrair novas actividades económicas e lúdicas, isto é, se conseguir recuperar a centralidade perdida.
Publicado em o "Campeão das Províncias" em 14 de Fevereiro de 2008
terça-feira, 12 de fevereiro de 2008
ABORTO
Segundo o Diário de Notícias de hoje, (ver link em baixo), uma rapariga de 19 anos, aluna de uma escola profissional de Viseu, tentou abortar nas instalações da própria escola, estando grávida de 5 meses. Como é natural correu mal e acabou por ser levada para o hospital local, onde se confirmou que a criança já estava morta.
Nestas circunstâncias, a brilhante actual lei do aborto obriga a levar esta rapariga a tribunal.
Nessa altura vamos observar de novo as habituais manifestantes à porta do tribunal a clamar pela injustiça da situação e “a defender o direito a mandar na sua barriga”?
segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008
URGÊNCIAS
No entanto, perante a divulgação pública daquela gravação de uma chamada telefónica entre o INEM e os bombeiros de uma terra qualquer abandonada do interior, dado que de certeza que não foram os bombeiros a fazer e publicar a gravação passada obsessivamente pelas televisões (incluindo a RTP), concluí imediatamente que alguém estava a "esturrar" o ministro. E não teria sido a oposição, que não tem meios tão sofisticados.
Só me resta concluir que, no mínimo, a nova ministra mostrou prudência com este acto de afastar o responsável do INEM, não vá o diabo tecê-las.
PADRE ANTÓNIO VIEIRA
Comemoram se este ano quatrocentos anos sobre o nascimento do Padre António Vieira, que nasceu em Lisboa em 6 de Fevereiro de 1608.
Dele disse Fernando Pessoa ser o imperador da língua portuguesa com tudo o que tal classificação implicará de não facilidade de leitura e interpretação. Apesar disso, ou quem sabe por isso mesmo, é hoje soberanamente quase esquecido a nível de ensino básico e secundário. Ainda me lembro de o estudar no segundo ciclo do Liceu, equivalente ao 9º ano da escolaridade de hoje, altura em a Selecta Literária lhe dedicava um grande espaço. Ao contrário do que se passa no Brasil, onde o Padre António Vieira é objecto de imensa veneração e de estudo a todos os níveis.
Foi uma figura maior da nossa História, a nível religioso, cultural e até politico.
São justamente famosos os seus sermões, onde usava abundantemente de alegorias, como é o caso do conhecido “Sermão de S. António aos peixes”.
Padre jesuíta formado em Salvador da Baía, António Vieira distinguiu-se pela sua acção apostólica junto dos índios, adoptando a perspectiva característica dos missionários da Companhia de Jesus baseada num grande respeito pela cultura dos povos locais. Em consequência, defendeu intransigentemente os índios dos colonos, o que lhe valeu aliás grandes inimizades.
Numa atitude rara e de grande avanço no seu tempo, opôs-se frontalmente à escravatura cuja abolição defendeu e foi ainda defensor dos judeus, opondo-se à distinção entre cristãos-novos e cristãos-velhos.
Claro que todas estas posições lhe valeram ataques da Inquisição a que ripostou, tendo mesmo obtido do Papa Clemente X a suspensão do Tribunal do Santo Ofício em Portugal durante algum tempo.
Durante a sua vida e particularmente no tempo de D. João IV, levou a cabo numerosas missões diplomáticas, tendo a sua acção sido crucial para o reconhecimento internacional da independência de Portugal recuperada em 1640. Em Roma, conheceu o maior sucesso tanto junto do Papa e da cúria romana, como da Rainha Cristina da Suécia que havia abdicado do trono e abraçado o catolicismo.
Depois de toda uma vida recheada, voltou ao Brasil e à defesa dos índios, tendo falecido na Baía em 18 de Julho de 1697.
O Padre António Vieira, pela obra que nos legou e pela acção de toda uma vida de afirmação de valores que deveriam ser de todos os tempos e ainda hoje muitas vezes esquecidos, bem merece toda a atenção e comemoração como exemplo maior da nossa História.
Publicado no DC em 11 de Fevereiro 2008
domingo, 10 de fevereiro de 2008
AINDA AS URGÊNCIAS
Permanece, no entanto, um problema grave para além do sentimento de orfandade das populações do interior e da falta de coordenação entre INEM e bombeiros.
Nas urgências dos Hospitais da Universidade de Coimbra, que não são as de Faro e foram ampliadas para o Euro 2004 estavam, numa destas noites às 4 da manhã, 44 doentes em macas (a lotação prevista é de 17). Quando a uma situação destas se adiciona a circunstância (possível e pelos vistos frequente) de o chefe da equipa da urgência ter de apoiar ainda o seu serviço uns andares acima, a situação não andará longe do famoso caos.
Acresce que as unidades de saúde cujas urgências encerraram deixaram igualmente de internar esses doentes que vão para os hospitais centrais como os HUC que, com a sua lotação própria, dispensavam bem esta sobrecarga. Mais uma vez saliento que o SNS não cai fragosamente devido ao profissionalismo de médicos e enfermeiros que, como é habitual entre os portugueses, entendem colmatar com o seu empenho pessoal as falhas organizativas do sistema.
sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008
SCHUBERT - continuação( 4)
SCHUBERT - continuação( 3)
FIM DE SEMANA FRANZ SCHUBERT
O compositor austríaco Franz Schubert nascido em 31 de Janeiro de 1797 é bem o exemplo de um artista incompreendido no seu tempo e que só alguns anos depois da sua morte foi (re)descoberto.
Apesar de ter morrido aos 31 anos deixou centenas de obras escritas de vários géneros musicais.
Levou uma vida descuidada, tendo ficado célebres as “shubertiadas” com manifestações artísticas misturadas com farras e copos. Muitas das suas obras devem ter-se perdido, tendo em conta que várias foram encontradas por acaso, ou por amigos que as recolhiam quando ele as abandonava, depois de as ter escrito num repente num papel qualquer. Foi o que sucedeu com a célebre “serenata” que foi escrita na parte de trás de uma ementa de restaurante durante uma dessas refeições festivas.
Para começar, nada como Artur Rubinstein interpretando IMPROMPTU:
quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008
UMA QUESTÃO DE MACAS
Também no caso dos doentes que têm de ir de maca às consultas externas dos hospitais se passa algo semelhante. Nestes casos, os doentes pura e simplesmente utilizam as macas das ambulâncias que os transportaram ao hospital durante todo o tempo da espera e da consulta. e ainda se acha que isto é normal. De repente descobre-se todo um país em que a saúde tem estas bases de trabalho para o serviço médico que, esse sim, é normalmente de superior qualidade porque só depende da competência dos profissionais de saúde.
segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008
CORRUPÇÃO
Com a cadência de um metrónomo, o tema da corrupção tanto enche as páginas dos jornais como sai delas rapidamente, substituído por questões magnas como a idade dos jogadores de futebol.
É um tema que dá sempre grandes parangonas e protagonismo a quem desata a fazer grandes denúncias, infelizmente quase sempre genéricas.
Não é certamente por acaso que se vê personalidades que publicamente tentam lutar contra este fenómeno serem convidadas para exílios dourados no estrangeiro.
O que é um facto é que todos temos a noção de que ela existe e tem uma grande importância no contexto da nossa economia.
De acordo com a “transparency international” Portugal é o terceiro país mais corrupto da união europeia a 15. Pior mesmo só a Grécia e a Itália. A nível mundial estamos na média, o que não é nada satisfatório.
Não há muito tempo um estudo do Banco Mundial concluiu que, se a corrupção fosse completamente eliminada no nosso país, o rendimento “per capita” triplicaria, colocando-nos ao nível da Finlândia. É fácil concluir que ao lado do Estado que nos cobra impostos, existe uma outra entidade que, de uma forma oculta, nos impõe genericamente um outro imposto que não serve para pagar educação, saúde nem outras funções do Estado e sim para engordar contas situadas sabe-se lá onde. E ainda por cima é uma canga sobre a economia que a puxa para baixo, baixando de forma gravosa o nível de vida médio dos portugueses.
Ouvimos constantemente personalidades ao mais alto nível afirmarem que a sua Ética é a lei da República. Isto é, pode-se fazer tudo, desde que não seja expressamente proibido.
Claro que os valores éticos têm que ser assumidos individualmente e que, quando não existem, não se pode esperar que sejam seguidos.
Nos dias de hoje em que a organização social e económica valoriza o sucesso a qualquer preço, para além da perseguição aos casos concretos que deve ser permanente, há duas saídas para evitar o crescimento da corrupção. Uma delas é regulamentar tudo para evitar aberturas por onde se possa corromper e ser corrompido. Como é evidente, isto é impossível, sob pena de se asfixiar toda uma sociedade. A outra passa pela Educação, o que notoriamente não está a ser feito. O actual caminho laicista para a Educação tende a eliminar uma das principais fontes de ética pessoal, que é a Moral. A política educativa existente torna-se assim um dos principais factores de sustentação da corrupção em Portugal e há que tomar consciência disso.
Publicado no DC em 4 Fevereiro 2008
domingo, 3 de fevereiro de 2008
FAMÍLIA
A revista “Pública” de hoje traz um artigo muito interessante de Daniel Sampaio.
Nele se analisa a interacção entre os filhos e os pais, começando pelo primeiro filho, cuja chegada corresponde ao verdadeiro início da família, pelas alterações que introduz nas relações entre os membros do casal e também com as famílias de proveniência.
Daniel Sampaio mostra que de certa forma é o filho que faz a mãe e o pai, necessitando dos dois lados da parentalidade para o seu crescimento harmonioso.
Curiosamente, esta análise parte da existência de um casal, isto é, de um homem e de uma mulher, como base para a constituição da família. Nos dias de hoje é refrescante.
WHERE HAVE ALL THE FLOWERS GONE?
sábado, 2 de fevereiro de 2008
LIBERDADE E BEM ESTAR ECONÓMICO
IMPRENSA VS POLITICA
A esse propósito, talvez fosse boa ideia oferecer um exemplar do filme "TODOS OS HOMENS DO PRESIDENTE" de Alan J. Pakula de 1976 com Robert Redford e Dustin Hoffman a todos os políticos quando ganham eleições.