segunda-feira, 16 de julho de 2018

A virtualidade das obras públicas


Mais uma vez houve festa na tenda. Mais uma vez houve promessas de obras no IP3. E mais uma vez houve “esquecimentos” de obras necessárias.
Há poucos dias houve festa na tenda, desta vez montada em Oliveira do Mondego, Penacova. Governo em peso, com o primeiro-Ministro à cabeça, para lançar a que deverá ser a primeira empreitada, entre os nós de Penacova e da Lagoa Azul no valor de 12,5 milhões de euros, da “requalificação” do IP3 entre Coimbra e Viseu que, nos últimos anos, se tornou conhecida como “estrada da morte”. A esta empreitada deverão seguir-se outras duas, que ainda não têm projectos elaborados, mas que foi prometido estarem prontas até ao final de 2022 (daqui a 4 anos!) num investimento total estimado em 134 milhões de euros. Num malabarismo de números que é uma novidade numa descrição de beneficiação de uma estrada, ficou a saber-se que 85% da sua extensão será em via dupla (2+2), 12% em via composta (2+1) e 3% em via simples (1+1). Com alguma perplexidade, constata-se que as pontes existentes condicionam a existência de via dupla em toda a extensão, ao contrário do que seria de esperar que devesse acontecer, isto é, 100% em via dupla. Todos quantos têm que circular nesta estrada sabem bem da aflição que é essa experiência pelo susto permanente que provoca nos condutores, pelo que as obras são bem vindas. Mas, quando se esperaria que o Governo avançasse com a auto-estrada entre Coimbra e Viseu sai-nos esta prenda no sapato, alternativa fraca que mais uma vez mostra como os decisores de Lisboa tratam a nossa Região, por mais que alguns políticos locais tentem dourar a pílula aos cidadãos.
Auto-estrada entre Coimbra e Viseu, que deveria co-existir com um IP3 melhorado para o tráfego local é, portanto, para estes governantes, para esquecer. Tal como a conclusão da A13 a Norte, que lhe traria a razão de ser e inerente rentabilidade. 

A rotunda ao alto de Ceira continuará a servir de fecho à obra caríssima (desnecessariamente?) que foi a construção dos viadutos daquela estrada, qual monumento à incompetência de planeamento e inexistência de contenção de custos.
Tal como a conclusão do IC6, através da ligação da rotunda em que termina na Folhadosa à EN17 numa extensão inferior a 20 km, foi ostensivamente ignorada pela comitiva governamental abrigada na tenda provisória. E nem é preciso lembrar o estado caótico em que se encontra actualmente a EN 17 nas proximidades de Oliveira do Hospital, para perceber como aquelas gentes continuam afastadas de Coimbra, tão perto no mapa, mas tão longe por estrada.
O primeiro-Ministro, ufano da grande obra que ali estava a prometer, chegou mesmo a afirmar que a opção pela beneficiação do IP3 impedia o pagamento das reivindicações do tempo de serviço dos professores, já que não há dinheiro para tudo e é necessário fazer opções. E estava a falar de um investimento de pouco mais de 130 milhões de euros, distribuídos por quatro anos. Realmente, percebe-se agora como uma obra de requalificação de uma estrada, nos dias que correm, se torna numa grande obra nacional. É que os dinheiros da recuperação económica foram desviados do investimento para outras paragens ao ponto de, em 2016, o investimento público ter sido o mais baixo de sempre.
Os níveis de investimento público historicamente baixos dos últimos dois anos e que, sabe-se agora, continuam, dever-se-ão à necessidade de cumprir as metas orçamentais, para além das “reversões” efectuadas. Mas, juntamente com as cativações, ajudam a explicar a situação de carência extrema existente em serviços públicos essenciais.
Como muito bem afirmou o primeiro-Ministro na tenda em Penacova, governar é fazer escolhas. Se o nível de impostos recolhidos é aquele que se sabe em virtude da recuperação económica (fraquinha, fraquinha, mas ainda assim recuperação) e não há dinheiro para investimento público fundamental, é porque as opções políticas ditaram que fosse todo para outro lado. E o caos nos serviços públicos está a instalar-se, trazendo riscos evitáveis e perigosos, de que os incêndios do ano passado foram um sério aviso. É que os investimentos públicos têm grandes virtualidades quando necessários e bem pensados, mas não quando são virtuais, quer por ficarem a meio da execução, quer por não passarem das boas intenções do papel.

quinta-feira, 12 de julho de 2018

Roberta Flack The First Time Ever I Saw Your Face '69

A Coimbra maldita


Passei pelo Terreiro da Erva hoje ao fim da manhã. Desde PESSOAS a dormir ao relento sobre cartões nos passeios encostadas ás paredes até junkies a espetarem os braços no meio da rua, vi de tudo. Não há mesmo ninguém capaz de valer a estes desgraçados? É preferível dar-lhes de comer ali ao lado e fingir que não se passa mais nada? Raio de sociedade esta.
Nota: podia ter fotografado mas não o fiz; aquelas pessoas têm cara, foram crianças com sonhos como os nossos filhos e merecem ser consideradas como tal. Definitivamente não merecem ser "anuladas" para que as estatísticas nacionais sejam bonitas e os responsáveis recebam palmadinhas nas costas.

quarta-feira, 11 de julho de 2018

CP sem comboios e sem manutenção

 Quando houver um acidente grave na Linha do Norte, quem é que vão acusar?

 Da revista Sábado:
"A CP – Comboios de Portugal está a colapsar. Com falta de carruagens para circular e de pessoal para fazer as manutenções e reparações de comboios, a empresa poderá ver-se obrigada a reconfigurar o serviço que disponibiliza aos clientes. Segundo noticia o Público esta quarta-feira, a partir de Agosto haverá menos oferta para os passageiros.
Para responder às dificuldades que enfrenta, a CP tem duas soluções: suprimir comboios e colocar autocarros a realizar os trajectos afectados ou disponibilizar carruagens inferiores que garantam o transporte dos passageiros."


http://www.sabado.pt/portugal/detalhe/cp-esta-a-ficar-sem-comboios-e-trabalhadores-para-manutencao

segunda-feira, 9 de julho de 2018

Rui de Alarcão, Magnífico Cidadão.


Não há muitas pessoas que consigam aliar uma grande notoriedade académica, social ou política a um exercício de cidadania simples e despojado, bem como um convívio agradável e descomplexado com os seus concidadãos.
É este o caso do Prof. Doutor Rui de Alarcão, pessoa acerca de quem nunca ouvi uma única palavra de falta de apreço, qualquer que seja o quadrante ideológico ou posição social ou económica de quem exprima a sua opinião. E não é, certamente, por acaso que tal sucede.
Na sua vida profissional de docente e investigador de Direito, atingiu por mérito próprio a categoria mais elevada em termos académicos, tendo-se doutorado na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra da qual se tornou Professor Catedrático em 1978, tendo ainda sido Presidente do respectivo Conselho Directivo. Mas a Carreira Académica, já de si brilhante, não era suficiente para o Doutor Rui de Alarcão, que se afirmou ainda, quer na Universidade de que era Professor, quer nas mais diversas áreas sociais, políticas e intelectuais de Coimbra e do País, com uma intervenção notável em todas elas.
O Doutor Rui de Alarcão foi Reitor da Universidade de Coimbra durante dezasseis anos sucessivos, entre 1982 e 1998, atravessando períodos conturbados da vida social e política do país, fazendo a ponte entre períodos muito diferentes da gestão das universidades. A serenidade e visão da sua actuação como Reitor nesses tempos difíceis levaram a que obtivesse o apoio das diversas comunidades da Universidade, factor decisivo para o sucesso das reformas que levou a cabo.
Rui de Alarcão emprestou o seu saber e a sua disponibilidade para obter consensos e soluções para as mais diversas questões de importância nacional. Foi assim que, entre muitas outras funções, foi Membro do Conselho de Estado, Membro da Comissão Constitucional, Membro do Conselho Nacional do Ensino Superior ou Membro do Conselho Nacional de Educação. Foi ainda Chanceler das Ordens Honoríficas. Ele próprio foi agraciado com as mais importantes Ordens portuguesas: Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo. Grã-Cruz da Ordem de Sant’Iago da Espada. Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique. Recebeu ainda altas distinções em países tão variados como a Alemanha, a Bélgica, a Itália ou o Brasil. A Cidade de Coimbra outorgou-lhe também a sua Medalha de Ouro, reconhecendo-lhe a sua excepcionalidade. Para o Doutor Rui de Alarcão, no entanto, a distinção a que dá mais relevo é a Medalha de Ouro da Associação Académica de Coimbra, pelo que significa de apreço dos estudantes da Universidade pelo seu reitorado.

Tudo isto é público e notório, como se costuma dizer e referenciá-lo numa crónica de jornal não acrescenta nada a essa realidade. O que me traz hoje a escrever sobre o Doutor Rui de Alarcão é algo diverso e tem a ver com a sua relação com os seus concidadãos, na vida comum.
Ouvir o Doutor Rui de Alarcão falar em público, seja discorrendo sobre assuntos ligados ao exercício de cidadania, ou simplesmente apresentando outros oradores é um prazer raro. A sua observação da realidade não se faz sem um exercício de uma ironia fina cheia de sensibilidade, nunca sobre pessoas, mas sim sobre as circunstâncias e as ideias, recolocando as perspectivas com cuidado e exigência, em absoluto respeito pelos valores fundamentais e ética. O seu discurso é claro e conciso, dispensando aquela retórica excessiva ou mesmo gongorismos que tantas vezes escondem aquilo que é fundamental. Quando remete para os clássicos fá-lo sem pretensiosismo, antes com grande subtileza, respeitando os diversos níveis de percepção dos auditórios, sem qualquer agressão intelectual ou a mais leve manifestação de arrogância.
Conversar com o Doutor Rui de Alarcão, sendo um evidente privilégio, é igualmente uma experiência rara, dada a sua capacidade de ouvir o interlocutor e de analisar qualquer assunto com grande simpatia partilhando os seus conhecimentos e opiniões com a maior simplicidade.
O Doutor Rui de Alarcão foi um Magnífico Reitor da Universidade de Coimbra mas é, acima de tudo, um Magnífico Cidadão a quem, para além da comunidade universitária, todos nós, os seus concidadãos, devemos mostrar gratidão pelo exemplo que tem sido toda a sua vida.

quinta-feira, 5 de julho de 2018

terça-feira, 3 de julho de 2018

Pier


Madonna

Pois é, percebe-se bem porque é que ela gosta de viver em Lisboa. Hoje, podemos ter melhor aspecto geral e vestir melhor do que há 50 ou 60 anos. Mas a nossa subserviência ao "de fora" e famoso continua bem visível. Raios partam isto.

Avé Maria - Caccini . OCC

Via CTT

Esta história da caixa de correio electrónico ViaCTT obrigatória (para alguns) cidadãos é uma monumental aldrabice. Só podia mesmo ter sido inventada num Governo de Sócrates. Pela minha parte, fui lá e escolhi a opção de reencaminhamento automático para a conta de e.mail que utilizo. Isto é, só serve para reencaminhamento. Desnecessário, porque a própria AT usa o meu mail para me mandar mensagens como, por exemplo, as que se referem ao e.factura. Será que o Simplex não podia simplificar e acabar com esta trapalhada? Claro que qualquer cidadão, sabendo do que a casa gasta, desconfia que por trás disto deve haver uma negociata qualquer.

segunda-feira, 2 de julho de 2018

Brexit com data marcada


No dia 23 de Junho de 2016 os cidadãos do Reino Unido decidiram maioritariamente, em referendo, a saída do seu país da União Europeia. O referendo tinha sido considerado por muitos extemporâneo e desnecessário, considerando-se, genericamente, que o seu resultado seria claramente favorável à permanência na União, à semelhança do realizado em 1975 que ditou a permanência na então CEE – Comunidade Económica Europeia. Contudo, o primeiro-ministro conservador David Cameron prometeu, na campanha eleitoral em que foi eleito em 2013, sem qualquer necessidade real de o fazer, agendar um referendo sobre a permanência ou saída da EU até 2017. O resultado do referendo criou uma crise política no Reino Unido que varreu Cameron do poder, além de criar um enorme problema à própria União Europeia. A sucessora de Cameron à frente do governo britânico, Theresa May, acionou o Art. 50 do Tratado da União Europeia a 29 de Março de 2017, o que significa que o prazo de dois anos para a saída da União Europeia terminaria em 30 de Março de 2019, a não ser que o Conselho Europeu, com o acordo do Reino Unido, decidisse por unanimidade prorrogar esse prazo.
Contudo, as acaloradas discussões sobre o Brexit que se têm verificado no seio do Reino Unido, bem como a noção estabelecida na opinião pública de que as negociações se têm arrastado sem progressos significativos, levaram a questão ao Parlamento britânico onde, finalmente, se tomou uma decisão definitiva. Foi assim que a promulgação pela Rainha em 26 de Junho de 2018 da chamada “lei de saída do Reino Unido da União Europeia” tornou o Brexit irreversível. De acordo com o texto aprovado na semana passada, após intensos debates na Câmara dos Comuns e na Câmara dos Lordes, que revogou a lei de adesão do Reino Unido à Comunidade Europeia em 1973, ficou estabelecido que a saída do Reino Unido da União Europeia se verificará mesmo às 23 horas do dia 29 de Março de 2019. A lei aprovada prevê a transferência das normas europeias para o direito britânico, o que de alguma forma facilita as relações futuras entre o Reino Unido e a União Europeia e estabelece um procedimento mútuo mínimo, no caso de falharem as negociações de acordo para a saída, nos termos do Art. 50.
E, na realidade, as negociações têm sido tudo menos um caminho de sucesso, com todos os ingredientes para terem um mau fim, seja por um acordo desastroso para o Reino Unido, seja pela pura e simples inexistência de acordo. Tendo sido o próprio país que quer sair a estabelecer uma data fixa para que isso suceda, coloca de parte a hipótese de vir a pedir uma prorrogação do prazo o que, em termos negociais, significa o tudo ou nada, estando ainda por cima do outro lado da mesa um conjunto de países que têm que entre eles acordar por unanimidade os termos finais de qualquer acordo. A falta de acordo, em negociações que duram há quase dois anos, sugere mesmo que os britânicos nunca perceberam o funcionamento da União Europeia e a complexidade dos seus processos de decisão.
Percebe-se que o Reino Unido está claramente desunido relativamente ao Brexit, com a classe política a corporizar discussões difíceis de compreender. Na semana passada, um dos defensores governamentais do Brexit, precisamente o ministro dos estrangeiros Boris Johnson, desdenhou das questões económicas nas negociações do Brexit, de uma forma inaceitável seja para quem for. Isto num momento em que as preocupações com as possíveis consequências desastrosas do Brexit para a economia britânica começam a ser evidentes e sindicatos e patrões se exprimem publicamente contra a forma como o governo está a negociar. É penoso ver uma nação com um lastro histórico tão impressionante sentar-se à mesa das negociações dividida e fazendo espalhafato e voz grossa, mas sem apresentar o trabalho de casa feito, perante um negociador burocrático mas competente e consciente de que tem a faca e o queijo na mão.
O cenário montado é tão complexo que o próprio presidente da Comissão Europeia declarou no início do Conselho Europeu da semana passada que a União Europeia considera muito seriamente a hipótese de se chegar a Março do próximo ano sem acordo. Tal situação seria má para os britânicos, mas igualmente má para o futuro da União Europeia que passa por momentos penosos de grande dificuldade em obter consensos em matérias cruciais.

quinta-feira, 28 de junho de 2018

A realidade portuguesa. Porquê?

 "A economia portuguesa teve o quarto pior crescimento por habitante em idade de trabalhar entre 1998 e 2017. Pior só Itália, Chipre e Grécia. E este indicador até já corrige as diferenças de nível de preços entre países com base na chamada paridade dos poderes de compra."





http://expresso.sapo.pt/economia/2018-06-27-Portugal-teve-4.-pior-crescimento-do-PIB-por-habitante-da-UE-desde-1998#gs.RU7qD70

Corrupção, de novo (e sempre)

"PJ faz 70 buscas no país e entra em instalações do PSD e do PS"


Foi este o título geral das notícias sobre uma nova operação policial realizada ontem, um pouco por todo o país. Foram feitas buscas em sedes do PS e do PSD, bem como em sedes de Juntas de Freguesia e câmaras municipais, como a de Lisboa.

Pelas notícias sobre o assunto, escassas dado o segredo de Justiça, trata-se de negócios entre eleitos locais e amigos, que remetem para possibilidade de corrupção e financiamento ilegal de partidos. Uma vergonha, cada vez mais frequente.

A percepção generalizada no país é de que a corrupção ligada aos partidos, aos mais diversos níveis, atingiu níveis inusitados, entre nós, pelo que o comentários mais comuns a esta operação serão do tipo: olha outros apanhados; e os outros?

Do lado do PS não houve qualquer comentário político. Já o lado do PSD, o sec. geral desvinculou-se de qualquer responsabilidade, afirmando que a operação não envolve ninguém da actual direcção do partido. Pior, não podia ser. O PSD é politicamente responsável pelas acções dos seus eleitos, seja a que nível for. Tal como o PS não se pode desresponsabilizar politicamente da acção de José Sócrates, seu antigo Sec. geral e ex-Primeiro Ministro. 

São os partidos que escolhem os seus candidatos a governar a coisa pública, até porque os cidadãos, de acordo com as leis eleitorais portuguesas votam em partidos e não em personalidades, exceptuando o Presidente da República. Os partidos são, assim, notoriamente responsáveis, em termos políticos, pelas acções das personalidades que propõem aos eleitores, nas suas listas. Não podem vir a público lavar as mãos como Pilatos. Só lhes fica mal e ainda desprestigiam mais a República e a Democracia.


 

 

segunda-feira, 25 de junho de 2018

Pietro Mascagni, Intermezzo . Cavalleria Rusticana OCC

Confiança


Quando se compra um carro novo, são tidos em conta diversos factores, uns perfeitamente racionais e outros nem tanto. A racionalidade dita a adequação do custo do carro às disponibilidades financeiras do comprador, bem como conseguir a melhor qualidade de construção, que inclui factores de segurança activa e passiva para determinado patamar de preço. Outros factores estarão ligados ao aspecto ou beleza do carro, não esquecendo ainda o suposto estatuto ligado a marcas específicas designadas “premium”, que se supõe transferir-se também ao proprietário do ponto de vista social. Em pano de fundo, há a confiança do consumidor relativamente aos fabricantes, quanto maior quanto mais distinta for a marca, distinção essa conseguida ao fim de muitos anos de fabrico de automóveis considerados de qualidade superior.
Entre essas marcas, estão os três mais que conhecidos fabricantes alemães que ocupam, desde há muitos anos, lugar entre as marcas de maior prestígio em todo o mundo. São, por isso, no mínimo perturbantes as notícias que ultimamente têm surgido relativamente a procedimentos eticamente discutíveis e comercialmente condenáveis. Tudo começou com o chamado “dieselgate” que consistiu na manipulação dos testes de emissões de carros a gasóleo, enganando electronicamente os sistemas de controlo e permitindo um consumo maior no dia-a-dia, acompanhando uma melhoria das prestações dos motores.
Nos EUA, onde o sistema capitalista funciona a sério, para o melhor e para o pior, o grupo VW teve que chegar a acordo com as autoridades num caso que abrangeu quase 600.000 veículos, pagando uma multa superior a 2,5 mil milhões de euros e ainda mais 1,4 mil milhões de euros pela importação e venda nos Estados Unidos de veículos manipulados e por fraude aduaneira. Dois responsáveis máximos do grupo nos EUA foram para a prisão, em consequência deste processo.
Na semana passada, o diretor-executivo da Audi, Rupert Stadler, foi também detido na Alemanha, por as autoridades recearem eliminação de provas relativas ainda ao “dieselgate”, estimando-se o número de veículos manipulados em mais de dez milhões desde 2007 a 2015. Há poucos dias, também a Mercedes anunciou a chamada de mais de 770.000 veículos às oficinas na Europa, desconhecendo-se quantos portugueses serão afectados. A questão com os carros a gasóleo prende-se com a emissão de gases com enxofre, óxidos de azoto e partículas, que são nocivos para a saúde, ao contrário das emissões dos carros a gasolina que provocam formação de CO2, que é um gás de efeito de estufa e contribui para o aquecimento global.
Os fabricantes de automóveis a diesel estão preocupados com a situação e os três fabricantes alemães Mercedes, BMW e VW associaram-se à também alemã BOSCH, que fornece a electrónica para todos eles, para provar que os gases de escape dos motores de combustão interna, incluindo os diesel, não têm efeitos nefastos na saúde humana. Para o efeito, patrocinaram um organismo alemão, o “Grupo Europeu para Investigação em Ambiente e Saúde no Sector dos Transportes” (EUGT) que encomendou um estudo a um laboratório nos EUA, o “Lovelace Respiratory Research Institute”. Para tentar provar a inocuidade dos gases de escape dos motores diesel, este instituto colocou dez macacos a respirar os gases emitidos por esses motores, o que já de si é suficientemente grave. No entanto, o EUGT não se ficou por aqui e realizou as mesmas experiências na Alemanha, mas agora com 19 homens e 6 mulheres saudáveis, tentando provar que a inalação do dióxido de azoto não tem efeitos cancerígenos, ao contrário do estabelecido pela Organização Mundial de Saúde em 2012.
Como é evidente, ao tomarem conhecimento do sucedido, as autoridades alemãs reagiram fortemente, mas há algo que nos deve preocupar, a nós como consumidores. A confiança nos fabricantes de automóveis, no caso os alemães, símbolos da qualidade e eficiência, sai completamente abalada. Se são capazes destes procedimentos inclassificáveis, só podemos imaginar de que mais serão capazes para defender as suas quotas de mercado.

Cantiga antiga da Beira Alta por José Afonso

sábado, 23 de junho de 2018

Tsipras de gravata.


Tsipras a mostrar o caminho aos camaradas de cá.

Aeroporto de Coimbra

A Câmara adjudicou a uma empresa do Colega Eng. Manuel Queiró um estudo de viabilidade da adaptação do Aeródromo de Coimbra a Aeroporto Internacional. Até aí, tudo bem, que não se deve partir para uma obra destas sem um bom estudo de viabilidade (espera-se que sem letrinhas pequeninas nos considerandos).
Mas agora fica-se a saber que encomendou um trabalho à ACIV para saber o custo das obras e entregar a Manuel Queiró pra poder prosseguir com o seu estudo.
Espera aí, então o estudo de Manuel Queiró não deveria abranger as duas vertentes, estimativa de custos e de previsão de receitas (mercado)? A seguir vai pedir também que a Câmara faça e lhe entregue todos os outros elementos? E ele só tira a conclusão? Conclusões tiramos nós e não são agradáveis.

Entrevista a Vasco Pulido Valente

https://www.rtp.pt/play/p4258/grande-entrevista

quinta-feira, 21 de junho de 2018

VERÃO

Solistício de Verão

Hoje, 21 de Junho às 11h07m é o Solistício de Verão. O ponto em que o sol atinge a altura máxima sobre o Equador celeste, ao percorrer a eclíptica no dia mais longo do ano, no hemisfério Norte.

quarta-feira, 20 de junho de 2018

Led Zeppelin - Immigrant Song (Live Performance Video)

AMÉRICA, PAÍS DE IMIGRANTES

  O que se passa na América de Donald Trump é insuportável. Bem pode ele justificar-se com o facto de a Lei desumana que permite aquilo a que se está assistir já existir antes: nunca ninguém teve a coragem de a aplicar.

Os EUA são um país de imigrantes: foram eles que fizeram a América. Antes deles, naquela terra imensa só havia os índios, que são os únicos verdadeiros americanos. E, basicamente, foram exterminados, numa vergonha da humanidade.

Curiosamente, hoje é o "dia dos refugiados".


Penso que chegou o momento em que os que votaram Trump devem colocar a mão na consciência e decidir se é isto que querem mesmo para o seu país. Muitos deles também são imigrantes ou filhos deles.