Passam nesta terça-feira setenta anos sobre o início da maior tragédia da História da Humanidade. No dia 1 de Setembro de 1939 os exércitos de Hitler invadiram a Polónia provocando a declaração de guerra por parte da França e da Inglaterra. Assim começou a guerra que ficou conhecida como a Segunda Guerra Mundial, que só viria a terminar em 2 de Setembro de 1945 no outro lado do mundo, com a assinatura da capitulação do Japão.
Pelo caminho ficaram uns 72 milhões de mortos, dos quais 46 eram civis.
Há quem diga que a “guerra fria” que sucedeu à 2ª Guerra Mundial até 1989 não foi mais do que uma continuação daquela. É uma tese defensável, embora não me pareça que faça muito sentido. A História da Humanidade é um fluir contínuo, embora tenha momentos-chave que marcam claramente determinadas épocas. O fim da barbárie nazi-fascista é claramente uma dessas datas, pelo que a 2ª Guerra Mundial teve realmente um início e um fim relacionados com a derrota das potências do Eixo.
O conhecimento do que se passou durante a 2ª Grande Guerra é importante porque mostra aquilo que a humanidade tem de pior, mas também do que tem de melhor.
Particularmente as perseguições sistemáticas levadas a cabo contra os judeus são significativas nesse aspecto. A história de Ann Frank é o melhor exemplo disso mesmo: perseguição, amor, traição, heroísmo pessoal. De tal forma que um juiz americano perante um caso particularmente horrível, quando perguntado sobre se a humanidade ainda lhe merecia respeito, respondeu que sim, porque tinha lido o “Diário de Ann Frank”.
Mas saber o que levou à 2ª Grande Guerra é talvez tão ou mais importante do que saber o que foi. Porque é conhecendo as causas das desgraças que se pode evitar a sua repetição.
A soberba e arrogância dos vencedores da 1ª Grande Guerra que se traduziram nas humilhações desnecessárias impostas à Alemanha no Tratado de Versalhes criaram um ressentimento no povo alemão que foi o fermento do exacerbado nacionalismo.
As filosofias iluministas e racionalistas do fim do século XIX e início do século XX estabeleceram as bases para o surgimento de ideologias desumanizadas, que ignoravam a tradicional caridade cristã e propalavam sistematicamente a construção de um “homem novo”.
Foi a própria tolerância das democracias que permitiu o rebentar dos “ovos de serpente” que rapidamente cresceram e proporcionaram os espectáculos degradantes das grandes manifestações nazis a vermelho e negro.
Não devemos esquecer que foram resultados de eleições que colocaram no poder dirigentes que logo trataram de usar esse poder para construir regimes autocráticos.
Nada que hoje em dia não se veja um pouco por todo o mundo embora, felizmente para todos nós, sem o peso e a capacidade de organização da Alemanha dos anos 30 do século passado.
O horror da 2ª Grande Guerra foi de tal ordem, que assistimos desde o seu fim ao maior período de paz na Europa de que há memória. Para isso muito contribuiu a formação da antiga CEE, hoje União Europeia, que só por isso nos deve merecer o maior respeito e carinho por esse papel que também tem tido.
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