Do mais longínquo fundo dos tempos chegaram até nós sinais do que aconteceu no início de tudo. Chegar até nós, é uma forma de dizer. Na realidade, os cientistas procuraram arduamente até encontrar esses sinais ténues.
Perto do Pólo Sul, longe da poluição e onde o ar fino o permite, um telescópio chamado BICEP 2 detectou umas frágeis flutuações no fundo das micro-ondas cósmicas interpretadas como “ondas gravitacionais”. Há muitas dezenas de anos que os cientistas procuravam afanosamente provas do “Big Bang”. Mesmo estas só foram tornadas públicas depois de “limpezas” sucessivas de camadas de outros sinais produzidos posteriormente e que poderiam levar os cientistas a interpretar erradamente o que haviam detectado. Muitos outros testes haverá ainda a fazer até se ter a certeza absoluta de que se trata mesmo de sinais das “ondas gravitacionais”, já previstas teoricamente por Einstein.
Qual a importância da descoberta? Ela é evidente mesmo para um leigo como eu. Trata-se de ondas formadas tão perto do momento do surgimento do Universo, como sejam milionésimos de milionésimos de segundo. Isto é, basicamente, trata-se de algo que data do próprio momento da criação do Universo. Mostra que, logo após essa criação o Universo, do nada, sofreu uma enorme expansão, a que os cientistas já tinham dado o nome de “inflação cósmica”, mas que até agora não passava de uma teoria a necessitar de confirmação.
Aquilo que a nós nos parece infinitamente pequeno ou infinitamente grande tem, até agora, duas explicações físicas diferentes, sem qualquer contacto entre si, respectivamente a teoria quântica e a teoria da relatividade. A impossível conciliação destas duas teorias dificultava uma explicação coerente do Universo.
O simples facto de o Universo poder ser “visto” naquele momento em que era infinitamente pequeno, ou pelo menos os sinais desse momento, vai permitir a aplicação da teoria quântica àquilo que logo depois só se explica pela moderna teoria da gravidade, decorrente da teoria da relatividade.
Na prática, vai poder ser possível conciliar o inconciliável, isto é as duas teorias até agora existentes.
É toda uma nova janela que se abre à Humanidade para o conhecimento do Universo em que existimos. A possibilidade de o homem poder finalmente “observar” o início do Universo traz-lhe a capacidade para compreender muito melhor a realidade e isso é uma consequência extraordinária do trabalho e do génio humano.
O leitor achará talvez estranho dedicar uma crónica a uma matéria que foge tanto ao dia-a-dia e à qual a nossa comunicação social deu zero de atenção. Mas devo dizer que, neste caso, o problema está na comunicação social que se tornou incapaz de sair das matérias a que toda ela se dedica em simultâneo.
Se há descobertas científicas destinadas a mudar o mundo ou, pelo menos a percepção dele é esta; mais até do que o “Bosão de Deus” a que se deu, e bem, tanta atenção. Provavelmente todos darão por ela quando originar um prémio Nobel e sairão nessa altura os grandes títulos sobre “a maior descoberta do século”.
Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 31 de Março de 2014
jpaulocraveiro@ gmail.com "Por decisão do autor, o presente blogue não segue o novo Acordo Ortográfico"
segunda-feira, 31 de março de 2014
segunda-feira, 24 de março de 2014
Guardiões do Tempo
A posição da União Europeia sobre a crise da Crimeia não tem fugido à mediocridade política a que nos tem habituado desde há uns anos a esta parte, reflexo naturalmente não só de boa parte dos governantes dos países da União, mas também e, talvez sobretudo, da incapacidade dos líderes das instituições comunitárias, com a Comissão à cabeça. Durão Barroso, actual presidente da Comissão, veio afirmar que “a anexação da Crimeia é um comportamento que não tem lugar no século XXI”. Isto é, para o responsável máximo da Comissão Europeia, ainda o segundo decénio do século XXI não vai a meio e já ele decidiu qual vai ser o carácter do século. Imagino eu que o Dr. Durão Barroso queira, com aquela sua afirmação, significar que os tempos em que os conflitos entre os países se resolviam pela via militar já lá vão e que neste século que vivemos a paz será o estado normal, com a diplomacia a substituir definitivamente as armas.
Este tipo de afirmações faz parte de uma certa ideia perigosa de evolução do mundo que acompanharia igualmente uma “apressada” evolução das próprias pessoas que, no entanto, é permanentemente desmentida pela realidade. A evolução tecnológica apenas serve melhor ou facilita a vida às pessoas que, no seu interior, evoluem de uma forma muito mais lenta, ainda que a educação consiga encobrir ou mesmo limar muitas das emoções e sentimentos ancestrais que levam às mais diversas violências.
Mais uma vez a História nos ensina muito sobre a Humanidade e os avanços e recuos civilizacionais, que deveriam ser do conhecimento dos líderes políticos, mas infelizmente parecem não o ser, provavelmente porque o seu tempo de formação humanística e cultural foi gasto noutras actividades.
Ao ouvir aquela afirmação de Durão Barroso, não pude deixar de me recordar do que se passou há menos de cem anos, após a I Grande Guerra começada, no fundo, por razões fúteis que nada levaria a pensar que pudessem levar àquela desgraça.
No rescaldo do Tratado de Versalhes, a Sociedade das Nações aprovou em 1924 o “Protocolo de Genebra” visando a abolição total e definitiva da guerra, pelo que os seus membros se comprometiam a reduzir os armamentos nacionais. Os países disponibilizavam-se mesmo a confiar a sua segurança a um órgão internacional que agiria no caso de ameaça de agressão. Tratava-se, de facto, de abolir o direito das nações a fazer a guerra, pelo que esta seria substituída por pressões económicas e financeiras.
Depois de alguns anos em que um apreciável número de países foi assinando o “Protocolo de Genebra”, chegou-se ao ano de 1929, em que a Sociedade das Nações fez entrar em vigor o “Pacto Kellog-Briand”, que bania a guerra, a que se seguiu, ainda no mesmo ano, o “Acto Geral”, para resolver os litígios internacionais pela via da conciliação.
Tudo boas e excelentes intenções, como a História nos ensina. As responsabilidades financeiras decorrentes da “culpa da guerra” previstas no Tratado de Versalhes tornavam-se cada vez mais motivo de acesas discussões e discórdias entre as nações. Hitler começava já o seu caminho na Alemanha, berrando pelo não pagamento de qualquer reparação. As forças armadas alemãs iam-se discretamente reconstruindo às escondidas, violando o Tratado de Versalhes, principalmente através das instalações militares desenvolvidas em segredo na União Soviética através de um acordo secreto com Estaline que assim conseguia importantes avanços tecnologias nessa área. Passados poucos anos, a Europa e o resto mundo desembocaram na tragédia que foi a II Grande Guerra ainda hoje tão pouco conhecida, designadamente nas suas causas e ambiente internacional em que surgiu.
Tudo isto é História e deveria servir para nos alertar sobre o que se passa hoje, não permitindo aos actuais líderes que venham a cometer erros do passado.
Infelizmente, o leitor terá certamente encontrado pontos de contacto da actual situação decorrente da anexação da Crimeia por Putin e resposta europeia e americana com sanções económicas, com o que se passava há quase cem anos. Nada de novo, porque as emoções primordiais que levam aos conflitos entre as nações continuam vivas, bem como a necessidade de muitos políticos as utilizarem para os seus fins.
Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 24 de março de 2014
Este tipo de afirmações faz parte de uma certa ideia perigosa de evolução do mundo que acompanharia igualmente uma “apressada” evolução das próprias pessoas que, no entanto, é permanentemente desmentida pela realidade. A evolução tecnológica apenas serve melhor ou facilita a vida às pessoas que, no seu interior, evoluem de uma forma muito mais lenta, ainda que a educação consiga encobrir ou mesmo limar muitas das emoções e sentimentos ancestrais que levam às mais diversas violências.
Mais uma vez a História nos ensina muito sobre a Humanidade e os avanços e recuos civilizacionais, que deveriam ser do conhecimento dos líderes políticos, mas infelizmente parecem não o ser, provavelmente porque o seu tempo de formação humanística e cultural foi gasto noutras actividades.
Ao ouvir aquela afirmação de Durão Barroso, não pude deixar de me recordar do que se passou há menos de cem anos, após a I Grande Guerra começada, no fundo, por razões fúteis que nada levaria a pensar que pudessem levar àquela desgraça.
No rescaldo do Tratado de Versalhes, a Sociedade das Nações aprovou em 1924 o “Protocolo de Genebra” visando a abolição total e definitiva da guerra, pelo que os seus membros se comprometiam a reduzir os armamentos nacionais. Os países disponibilizavam-se mesmo a confiar a sua segurança a um órgão internacional que agiria no caso de ameaça de agressão. Tratava-se, de facto, de abolir o direito das nações a fazer a guerra, pelo que esta seria substituída por pressões económicas e financeiras.
Depois de alguns anos em que um apreciável número de países foi assinando o “Protocolo de Genebra”, chegou-se ao ano de 1929, em que a Sociedade das Nações fez entrar em vigor o “Pacto Kellog-Briand”, que bania a guerra, a que se seguiu, ainda no mesmo ano, o “Acto Geral”, para resolver os litígios internacionais pela via da conciliação.
Tudo boas e excelentes intenções, como a História nos ensina. As responsabilidades financeiras decorrentes da “culpa da guerra” previstas no Tratado de Versalhes tornavam-se cada vez mais motivo de acesas discussões e discórdias entre as nações. Hitler começava já o seu caminho na Alemanha, berrando pelo não pagamento de qualquer reparação. As forças armadas alemãs iam-se discretamente reconstruindo às escondidas, violando o Tratado de Versalhes, principalmente através das instalações militares desenvolvidas em segredo na União Soviética através de um acordo secreto com Estaline que assim conseguia importantes avanços tecnologias nessa área. Passados poucos anos, a Europa e o resto mundo desembocaram na tragédia que foi a II Grande Guerra ainda hoje tão pouco conhecida, designadamente nas suas causas e ambiente internacional em que surgiu.
Tudo isto é História e deveria servir para nos alertar sobre o que se passa hoje, não permitindo aos actuais líderes que venham a cometer erros do passado.
Infelizmente, o leitor terá certamente encontrado pontos de contacto da actual situação decorrente da anexação da Crimeia por Putin e resposta europeia e americana com sanções económicas, com o que se passava há quase cem anos. Nada de novo, porque as emoções primordiais que levam aos conflitos entre as nações continuam vivas, bem como a necessidade de muitos políticos as utilizarem para os seus fins.
Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 24 de março de 2014
segunda-feira, 17 de março de 2014
Reabilitar ou construir
Até ao eclodir da crise internacional de 2008, à qual se seguiu a nossa própria crise de que ainda não saímos, a construção constituía um dos sectores mais importantes da economia portuguesa. Reflexo da descida abrupta das taxas de juro e da abertura ao crédito fácil que se seguiram à entrada na zona do euro, pode-se considerar que a construção explodiu em Portugal. É mesmo uma das causas do elevado endividamento externo privado, dado que os Bancos iam lá fora buscar o dinheiro que cá dentro emprestavam à construção.
As Autarquias também ajudaram à festa, satisfeitas com as receitas que tal actividade lhes proporcionava. Aproveitando um regime legal facilitador das operações de loteamento, as cidades cresceram em mancha de óleo, muitas vezes de forma desordenada e fazendo subir os custos sociais inerentes ao afastamento habitacional dos serviços necessários, como escolas, hospitais e até empregos.
Enquanto isso se passava e o país corria alegremente para o precipício, ignorando olimpicamente os avisos em contrário que os houve e muitos, os centros das cidades foram sendo abandonados à sua sorte. Mesmo os comerciantes dos centros que viviam nos prédios onde tinham as suas lojas no rés do chão, foram no canto da sereia e usaram os rendimentos dos bons tempos de vendas fáceis, para construírem as suas moradias nos arrabaldes das cidades. Assim contribuíram de forma poderosa para o vazio residencial em que os centros urbanos se foram tornando e ajudando a criar as condições para a falta de clientes de que hoje se queixam, com razão.
Mas a crise trouxe a oportunidade de olhar hoje de forma diferente para os centros das cidades e não me refiro apenas aos centros históricos. Muitos jovens olham para esses centros como uma boa alternativa de escolha de local para viver, evitando os custos das longas deslocações casa/emprego, uma vantagem importante quando tantas funções exigem hoje muito mais horas de trabalho do que as clássicas “nove às cinco”.
Sucede, no entanto, que grande parte do edificado antigo não oferece as condições de conforto ou mesmo de habitabilidade exigíveis como mínimas nos dias de hoje. É, assim, necessário fazer obras para adaptar esse edificado antigo às actuais necessidades. A legislação reguladora da construção também acompanhou, e bem, os bons tempos do ilusório progresso das últimas décadas, tendo ido buscar tudo o que de melhor e de mais sofisticado existe no mundo rico, no que diz respeito, por exemplo, às condições de isolamento acústico e térmico, acessibilidades a quem não possui as habitiais condições de mobilidade, etc. Poder-se-à, com razão, afirmar mesmo que fomos longe demais na regulamentação que foi sendo feita de forma parcial e não como um todo, esquecendo por vezes os elevadíssimos custos inerentes, mas não é disso que trato nestas linhas. O pior foi que se esqueceu o edificado existente, cujas obras de remodelação teriam que seguir os regulamentos da construção nova, complicando desajustadamente os projectos (que por vezes são mesmo inexequíveis face aos regulamentos) e aumentando extraordinariamente os custos dessas intervenções. Tudo isto contribui para que, em Portugal, a reabilitação do edificado represente apenas uns parcos 6,5% da actividade da construção, contra os 37% da restante Europa.
Foi assim com grande satisfação que se soube da intenção governamental de isentar durante sete anos a reabilitação dos edifícios localizados em Áreas de Reabilitação Urbana e, talvez ainda mais importante, dos edifícios construídos há mais de trinta anos, de cumprir a regulamentação técnica que entretanto foi surgindo. A condição é que as obras de reabilitação não introduzam desconformidades nem agravem as condições existentes. É certamente uma medida poderosa para impulsionar a reabilitação dos centros das nossas cidades, pelo que aqui se saúda, enquanto se ajuda ao necessário conhecimento geral.
Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 17 de Março de 2014
As Autarquias também ajudaram à festa, satisfeitas com as receitas que tal actividade lhes proporcionava. Aproveitando um regime legal facilitador das operações de loteamento, as cidades cresceram em mancha de óleo, muitas vezes de forma desordenada e fazendo subir os custos sociais inerentes ao afastamento habitacional dos serviços necessários, como escolas, hospitais e até empregos.
Enquanto isso se passava e o país corria alegremente para o precipício, ignorando olimpicamente os avisos em contrário que os houve e muitos, os centros das cidades foram sendo abandonados à sua sorte. Mesmo os comerciantes dos centros que viviam nos prédios onde tinham as suas lojas no rés do chão, foram no canto da sereia e usaram os rendimentos dos bons tempos de vendas fáceis, para construírem as suas moradias nos arrabaldes das cidades. Assim contribuíram de forma poderosa para o vazio residencial em que os centros urbanos se foram tornando e ajudando a criar as condições para a falta de clientes de que hoje se queixam, com razão.
Mas a crise trouxe a oportunidade de olhar hoje de forma diferente para os centros das cidades e não me refiro apenas aos centros históricos. Muitos jovens olham para esses centros como uma boa alternativa de escolha de local para viver, evitando os custos das longas deslocações casa/emprego, uma vantagem importante quando tantas funções exigem hoje muito mais horas de trabalho do que as clássicas “nove às cinco”.
Sucede, no entanto, que grande parte do edificado antigo não oferece as condições de conforto ou mesmo de habitabilidade exigíveis como mínimas nos dias de hoje. É, assim, necessário fazer obras para adaptar esse edificado antigo às actuais necessidades. A legislação reguladora da construção também acompanhou, e bem, os bons tempos do ilusório progresso das últimas décadas, tendo ido buscar tudo o que de melhor e de mais sofisticado existe no mundo rico, no que diz respeito, por exemplo, às condições de isolamento acústico e térmico, acessibilidades a quem não possui as habitiais condições de mobilidade, etc. Poder-se-à, com razão, afirmar mesmo que fomos longe demais na regulamentação que foi sendo feita de forma parcial e não como um todo, esquecendo por vezes os elevadíssimos custos inerentes, mas não é disso que trato nestas linhas. O pior foi que se esqueceu o edificado existente, cujas obras de remodelação teriam que seguir os regulamentos da construção nova, complicando desajustadamente os projectos (que por vezes são mesmo inexequíveis face aos regulamentos) e aumentando extraordinariamente os custos dessas intervenções. Tudo isto contribui para que, em Portugal, a reabilitação do edificado represente apenas uns parcos 6,5% da actividade da construção, contra os 37% da restante Europa.
Foi assim com grande satisfação que se soube da intenção governamental de isentar durante sete anos a reabilitação dos edifícios localizados em Áreas de Reabilitação Urbana e, talvez ainda mais importante, dos edifícios construídos há mais de trinta anos, de cumprir a regulamentação técnica que entretanto foi surgindo. A condição é que as obras de reabilitação não introduzam desconformidades nem agravem as condições existentes. É certamente uma medida poderosa para impulsionar a reabilitação dos centros das nossas cidades, pelo que aqui se saúda, enquanto se ajuda ao necessário conhecimento geral.
Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 17 de Março de 2014
segunda-feira, 10 de março de 2014
ODESSA
Nas margens do Mar Negro, a pouca distância da Crimeia
que de repente marcou lugar nas primeiras páginas dos jornais de todo o mundo,
situa-se Odessa, “a pérola do mar Negro”. Cidade mítica, que entrou certamente
nas nossas memórias pessoais por algum dos escritores que, ainda que nunca lá
tenham estado, dela fizeram cenário de algum dos seus livros, como Júlio Verne,
Balzac ou Arthur Conan Doyle, ao contrário de outros que por lá passaram como
Leo Tolstoy ou Chekhov ou Pushkin que aí escreveu parte do seu Eugen Oneguin.
Fundada pela Imperatriz russa Catarina a Grande há pouco
mais de duzentos anos, é bem a imagem concentrada das numerosas movimentações
de povos e mesmo exércitos ao longo dos séculos através do território que é
hoje a Ucrânia independente, umas vezes de ocidente para oriente, outras vezes
ano sentido inverso. O antigo forte Turco tornou-se na cidade mais europeia do
mar Negro. Através de promessa de impostos baixos e liberdade religiosa, foi
atraída a gente mais variada que constituiu uma miscelânea impressionante de
Russos, Turcos, Gregos, Arménios, Tártaros, Moldavos, Ucranianos, Búlgaros,
Polacos, Italianos e sabe-se lá quem mais. A nova cidade cresceu em dimensão e
beleza e ganhou uma grande pujança económica, o que originou mesmo o “Mito de
Odessa” que a dava como um lugar mágico onde se ficaria rico apenas por se lá
colocar o pé. O porto de Odessa deu saída à maior exportação de cereais do
mundo durante largas dezenas de anos. Durante todo o século XIX e início do século
XX Odessa atraiu artistas das mais diversas artes, chamados pelo seu
cosmopolitismo, beleza e liberdade.
O século XX tratou Odessa muito mal. A ocupação Nazi durante
quase toda a segunda grande guerra através do exercito romeno levou a uma
perseguição sanguinária da comunidade judaica, provocando o desaparecimento de
mais de um terço da sua população. O regime soviético utilizou a mitologia de
Odessa para promover um turismo interno folclórico de massas que desvirtuou e
retirou a alma à cosmopolita Odessa. A herança do fim da era soviética foi o
domínio de dirigentes clepocratas corruptos que deixaram degradar o rico
património arquitectónico e monumental a um ponto inimaginável. A mítica Odessa
idílica do romantismo dos fins do século XIX desapareceu às mãos das ideologias
e guerras do século XX, restando o porto e seu terminal como único e sem igual,
pelo que está classificado como património mundial pela Unesco.
Os ventos da História sopraram violentamente em todas as
direcções e em todos os sentidos em Odessa, símbolo do que se passou em toda a Ucrânia
encravada entre a Europa e a Ásia, “melting pot” étnico e cultural resultado de
invasões, deportações em massa e também deslocações pacíficas de povos. É por
isso que não faz sentido que alguma das partes que em algum tempo teve um papel
preponderante venha usar isso como argumento para hoje reinvindicar uma
influência própria que não lhe assiste. Deve ser o povo de todo o país, em
liberdade, e sem pressões externas económicas ou militares, a escolher o seu
futuro, ainda que tal custe a vizinhos poderosos que acalentam velhos sonhos de
poder imperial.
Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 10 Março 2013
Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 10 Março 2013
segunda-feira, 3 de março de 2014
MULHERES PODEROSAS
O papel das mulheres na sociedade foi variando muito ao
longo dos tempos e diferentes civilizações. Se na Antiguidade houve
civilizações que atribuíam à mulher um papel activo e relevante, na nossa
sociedade ocidental, de matriz essencialmente cristã, a Mulher teve o seu
destino marcado pela maternidade e modelo familiar pré-definido em consequência
disso. A afirmação pessoal das mulheres ficou durante séculos dependente desse
modelo rígido e só surgiu em pleno a partir do momento em que a possibilidade
do planeamento familiar passou a ser uma realidade, já a meio do século XX.
Mas a afirmação profissional generalizada demorou ainda
muitos anos a ser uma realidade e é ainda, entre nós, muito limitada e de
difícil concretização, para além das áreas tradicionais ligadas ao ensino ou à
saúde. Será bom que as leis das quotas, através das quais a sociedade faz uma
discriminação positiva às minorias, seja desnecessária no que respeita às
mulheres dentro de pouco tempo, até pelos efeitos perversos que provoca, muitas
vezes contrários à afirmação própria das mulheres.
O mundo está a mudar a uma velocidade espantosa em muitas
áreas e também nesta, podendo prever-se grandes alterações sociais para as
próximas décadas. As mulheres começaram a chegar a lugares de topo na gestão de
grandes empresas e também de organismos que até há pouco estavam historicamente
reservados a homens. O caso de Christine Lagarde, actual directora geral do FMI
é o mais conspícuo a nível mundial.
Mas as mulheres dirigentes no mundo económico e
financeiro de topo não surgem apenas em cargos ligados à administração pública.
Também muitas grandes empresas têm hoje mulheres nos seus lugares de maior
responsabilidade, o que começa já a não ser excepção e sim normal.
Por qualquer motivo, a indústria automóvel apareceu desde
sempre associada aos homens, talvez pela ligação ao desporto automóvel, um
domínio masculino clássico, com muito raras excepções, de que destaco Michelle
Mouton nos rallies.
Assim, aparece ainda como facto de realce que a segunda
maior construtora automóvel do mundo, a General Motors, tenha hoje uma mulher à
frente da sua administração. Engenheira Electrotécnica de formação, Mary Barra
dirige um conglomerado presente em seis continentes que emprega 212.000 pessoas
e que recupera de uma situação de pré-falência em 2009, tendo já devolvido o
apoio financeiro estatal que recebeu na altura e regressado aos resultados
positivos a nível mundial. Mas outras grandes empresas têm hoje mulheres à
frente dos seus destinos. É o caso da IBM, dirigida por Ginni Rometty, bem como
da Pepsi Cola com Indra Nooyi, da Hewlett Packard com Meg Whitman, da Lockeed
Martin com Marilyn Hewson ou da Yahoo com Marissa Mayer.
Estes são, evidentemente, casos americanos. De facto, o
número de mulheres americanas com responsabilidades de topo em grandes empresas
é superior ao número equivalente de todo o resto do mundo, sendo a Europa a
segunda região com mais mulheres em lugares de topo, mas com a Ásia a
aproximar-se rapidamente.
Não discuto se o facto de serem mulheres introduz alguma
diferença relativamente à actuação dos homens em lugares semelhantes e,
sinceramente, nem é isso que aqui está em causa. Importa, sim, saudar o facto
de o mundo passar a ser mais equilibrado e respeitador de todas as pessoas como
tal e não em função de género ou outras razões. E isso já é suficientemente
positivo.
Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 3 de Março de 2014
domingo, 2 de março de 2014
segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014
Obras públicas
Este é um assunto que me é muito caro e ao qual já dediquei algumas linhas nestas crónicas, tentando divulgar alguns aspectos fundamentais.
De uma forma que direi quase sistemática, as obras públicas são fonte de notícias pelas mais diversas razões, normalmente bem desagradáveis para os cidadãos.
Uma obra pública é, por definição, uma obra levada a cabo por uma entidade pública, que será utilizada pela comunidade e que é construída com dinheiros públicos, isto é, provenientes dos impostos dos cidadãos. Só por isso, deveria distinguir-se das obras levadas a cabo por particulares, sejam pessoas singulares ou empresas, que aí aplicam os seus recursos próprios. Isto é, quem é responsável pelas obras públicas tem, ou deveria ter, uma grande preocupação com a utilização das verbas necessárias, que não são suas e sim de todos, o que exige um muito maior cuidado na sua utilização.
De facto, verificam-se diferenças entre umas e outras. No entanto, o que distingue, entre nós, obras públicas de obras particulares, é que estas raramente custam mais do que previsto e terminam nos prazos acordados, enquanto aquelas muito raramente atingem esses objectivos.
Tudo tem início na decisão de fazer a obra pública e na definição do programa. Os critérios de decisão dependem frequentemente de factores não mensuráveis, de carácter político ou mesmo pessoal, que se sobrepõem à efectiva necessidade daquele investimento e da capacidade financeira para o fazer, para não falar da sua sustentabilidade económica ao longo do período de vida útil.
A seguir vêm os projectos e residirá aí a maior falha das obras públicas. Os donos de obra (decisores políticos, neste caso) têm normalmente uma falta de experiência aflitiva relativamente a estes assuntos. Gostam de chamar arquitectos de renome, esperando que parte do seu prestígio lhes passe para eles por osmose. Ficam, na maior parte dos casos, sem capacidade crítica sobre os projectos, colocando-se nas mãos dos projectistas. Depois, querem fazer ou lançar as obras nos seus mandatos, apressando a fase de estudo e projecto, que é o momento em que se devem tomar as grandes opções e onde é preciso tempo para definir a obra de forma completa. Nesta fase, é frequente atropelar-se tudo, fugindo a uma boa coordenação dos diversos elementos de projecto (arquitectura e especialidades), caindo-se mesmo no erro fatal de não mandar fazer a revisão dos projectos a uma entidade independente antes do lançamento do concurso para a obra. Tudo isto é crucial para retirar espaço a erros de projecto e imprevistos durante a obra.
No momento da adjudicação, o mais fácil é entregar a obra à proposta de preço mais baixo. Mas, como diz o povo, o que é barato sai caro e as propostas muito baixas escondem normalmente truques que levarão a que no fim da obra o preço suba muito, anulando a suposta vantagem inicial.
Depois temos a execução das obras. Dando de barato que se cumpriram as boas práticas até esse momento, o que é raríssimo suceder nas obras públicas, o empreiteiro tem todos os elementos para cumprir o contrato. Haverá sempre lugar a decisões pontuais a que o dono de obra deverá responder em tempo útil, pelo que se deverá rodear de uma equipa de acompanhamento e fiscalização, com capacidade de resposta e competências delegadas.
Nunca o dono de obra se deverá prestar a alterações durante o decorrer dos trabalhos: se o projectista as propuser, deverá responder-lhe com uma pergunta que é se trouxe o livro de cheques, porque será ele a pagá-las.
Infelizmente, todo o processo relativo a obras públicas é frequentemente um conjunto deplorável de erros evitáveis, cujas consequências surgem apenas no fim. Todos os conimbricenses sabem bem do que falo, pelo que é desnecessário referir casos concretos.
Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 24 de Fevereiro de 2014
De uma forma que direi quase sistemática, as obras públicas são fonte de notícias pelas mais diversas razões, normalmente bem desagradáveis para os cidadãos.
Uma obra pública é, por definição, uma obra levada a cabo por uma entidade pública, que será utilizada pela comunidade e que é construída com dinheiros públicos, isto é, provenientes dos impostos dos cidadãos. Só por isso, deveria distinguir-se das obras levadas a cabo por particulares, sejam pessoas singulares ou empresas, que aí aplicam os seus recursos próprios. Isto é, quem é responsável pelas obras públicas tem, ou deveria ter, uma grande preocupação com a utilização das verbas necessárias, que não são suas e sim de todos, o que exige um muito maior cuidado na sua utilização.
De facto, verificam-se diferenças entre umas e outras. No entanto, o que distingue, entre nós, obras públicas de obras particulares, é que estas raramente custam mais do que previsto e terminam nos prazos acordados, enquanto aquelas muito raramente atingem esses objectivos.
Tudo tem início na decisão de fazer a obra pública e na definição do programa. Os critérios de decisão dependem frequentemente de factores não mensuráveis, de carácter político ou mesmo pessoal, que se sobrepõem à efectiva necessidade daquele investimento e da capacidade financeira para o fazer, para não falar da sua sustentabilidade económica ao longo do período de vida útil.
A seguir vêm os projectos e residirá aí a maior falha das obras públicas. Os donos de obra (decisores políticos, neste caso) têm normalmente uma falta de experiência aflitiva relativamente a estes assuntos. Gostam de chamar arquitectos de renome, esperando que parte do seu prestígio lhes passe para eles por osmose. Ficam, na maior parte dos casos, sem capacidade crítica sobre os projectos, colocando-se nas mãos dos projectistas. Depois, querem fazer ou lançar as obras nos seus mandatos, apressando a fase de estudo e projecto, que é o momento em que se devem tomar as grandes opções e onde é preciso tempo para definir a obra de forma completa. Nesta fase, é frequente atropelar-se tudo, fugindo a uma boa coordenação dos diversos elementos de projecto (arquitectura e especialidades), caindo-se mesmo no erro fatal de não mandar fazer a revisão dos projectos a uma entidade independente antes do lançamento do concurso para a obra. Tudo isto é crucial para retirar espaço a erros de projecto e imprevistos durante a obra.
No momento da adjudicação, o mais fácil é entregar a obra à proposta de preço mais baixo. Mas, como diz o povo, o que é barato sai caro e as propostas muito baixas escondem normalmente truques que levarão a que no fim da obra o preço suba muito, anulando a suposta vantagem inicial.
Depois temos a execução das obras. Dando de barato que se cumpriram as boas práticas até esse momento, o que é raríssimo suceder nas obras públicas, o empreiteiro tem todos os elementos para cumprir o contrato. Haverá sempre lugar a decisões pontuais a que o dono de obra deverá responder em tempo útil, pelo que se deverá rodear de uma equipa de acompanhamento e fiscalização, com capacidade de resposta e competências delegadas.
Nunca o dono de obra se deverá prestar a alterações durante o decorrer dos trabalhos: se o projectista as propuser, deverá responder-lhe com uma pergunta que é se trouxe o livro de cheques, porque será ele a pagá-las.
Infelizmente, todo o processo relativo a obras públicas é frequentemente um conjunto deplorável de erros evitáveis, cujas consequências surgem apenas no fim. Todos os conimbricenses sabem bem do que falo, pelo que é desnecessário referir casos concretos.
Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 24 de Fevereiro de 2014
segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014
Baratas tontas
Um cidadão que se interesse pelo que acontece para tentar ter uma percepção minimamente verdadeira da realidade do país através da informação que lhe chega pelos meios de comunicação social tem muita dificuldade em consegui-lo. Não é por falta de meios. Hoje em dia, não é preciso ir procurar a informação, já que ela nos chega em catadupas pela televisão, pelos jornais e revistas e, cada vez mais, pela internet. O problema está em discernir o que é verdade e verdadeiramente importante, no meio do manancial que nos chega, por dois motivos essenciais: desde logo, pela necessidade de distinguir o importante da chamada espuma dos dias; depois, porque a informação nos chega cada vez mais filtrada pelos interesses dos mais diversos actores, sejam políticos, económicos ou apenas sociais.
Em consequência, os média saltam de assunto em assunto, tratando cada um deles com uma sofreguidão impressionante e tantas vezes confrangedora, atropelando de caminho a dignidade de pessoas, instituições e até, muitas vezes, a verdade que deveria ser o seu objectivo principal.
Para não ir muito atrás no tempo, relembro aqui alguns assuntos que dominaram por completo os media durante dias sucessivos, quase parecendo que todo o nosso futuro dependia daquilo, apenas até o novo substituir o anterior. Foi assim que se discutiram os “swaps”, dando a ideia de que toda a gente percebia mesmo aquilo. A adopção de crianças por casais homossexuais parecia a certa altura o assunto crucial da sociedade portuguesa. O Tribunal Constitucional também tem o seu lugar garantido com estrela da companhia quando é chamado a tomar alguma decisão.
Os estaleiros de Viana do Castelo, após anos e anos de quase inactividade laboral apareceram de repente como assunto dramático para a economia e política nacionais quando o governo, mal ou bem, pouco interessa para aqui, tentou encontrar uma solução para o seu futuro.
Mas isso só até os média se atirarem à magna questão das praxes universitárias, não tocando minimamente no problema, esse sim importante para o país, da qualidade de ensino, ou da falta dela, em grande número de ditas universidades. A venda de mais de oitenta quadros de Miró, por uma das empresas liquidatárias do BPN, pareceu transformar todos os portugueses em especialistas de arte, podendo até levar a crer que os museus que temos têm grande dificuldade em gerir as permanentes multidões que diariamente os vão visitar.
Provavelmente o leitor já nem se lembrará, mas aqui há umas semanas morreu o grande Eusébio. O coitado do grande jogador benfiquista nunca deve ter imaginado o entusiasmo com que os media pugnaram por depositar os seus restos no panteão nacional, tratando aliás esse cemitério como se de um templo religioso se tratasse.
O mais recente drama pungente do país é a saída do resgate, com ou sem programa cautelar, como se isso fosse uma questão ideológica e não uma decisão ponderada a tomar em consequência da situação económica e financeira no momento adequado, tendo apenas em conta os interesses do país.
Os portugueses são tratados como patetas pela maioria da comunicação social, com a televisão e os seus telejornais de uma hora e as suas estrelas apresentadoras e comentaristas à cabeça, eles sim que se comportam como baratas tontas. Será, talvez, sintoma de uma profunda alteração que se está a verificar na comunicação da informação aos cidadãos através da internet e que leva os meios tradicionais a tentar agarrar e tratar a informação como puro espectáculo, para se manterem á tona de água. Seja como for, tudo isto é muito desagradável para quem observa, ridículo para os seus actores do momento e acaba por retirar à comunicação social a credibilidade que lhe é essencial para sobreviver.
Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 17 de Fevereiro de 2014
Em consequência, os média saltam de assunto em assunto, tratando cada um deles com uma sofreguidão impressionante e tantas vezes confrangedora, atropelando de caminho a dignidade de pessoas, instituições e até, muitas vezes, a verdade que deveria ser o seu objectivo principal.
Para não ir muito atrás no tempo, relembro aqui alguns assuntos que dominaram por completo os media durante dias sucessivos, quase parecendo que todo o nosso futuro dependia daquilo, apenas até o novo substituir o anterior. Foi assim que se discutiram os “swaps”, dando a ideia de que toda a gente percebia mesmo aquilo. A adopção de crianças por casais homossexuais parecia a certa altura o assunto crucial da sociedade portuguesa. O Tribunal Constitucional também tem o seu lugar garantido com estrela da companhia quando é chamado a tomar alguma decisão.
Os estaleiros de Viana do Castelo, após anos e anos de quase inactividade laboral apareceram de repente como assunto dramático para a economia e política nacionais quando o governo, mal ou bem, pouco interessa para aqui, tentou encontrar uma solução para o seu futuro.
Mas isso só até os média se atirarem à magna questão das praxes universitárias, não tocando minimamente no problema, esse sim importante para o país, da qualidade de ensino, ou da falta dela, em grande número de ditas universidades. A venda de mais de oitenta quadros de Miró, por uma das empresas liquidatárias do BPN, pareceu transformar todos os portugueses em especialistas de arte, podendo até levar a crer que os museus que temos têm grande dificuldade em gerir as permanentes multidões que diariamente os vão visitar.
Provavelmente o leitor já nem se lembrará, mas aqui há umas semanas morreu o grande Eusébio. O coitado do grande jogador benfiquista nunca deve ter imaginado o entusiasmo com que os media pugnaram por depositar os seus restos no panteão nacional, tratando aliás esse cemitério como se de um templo religioso se tratasse.
O mais recente drama pungente do país é a saída do resgate, com ou sem programa cautelar, como se isso fosse uma questão ideológica e não uma decisão ponderada a tomar em consequência da situação económica e financeira no momento adequado, tendo apenas em conta os interesses do país.
Os portugueses são tratados como patetas pela maioria da comunicação social, com a televisão e os seus telejornais de uma hora e as suas estrelas apresentadoras e comentaristas à cabeça, eles sim que se comportam como baratas tontas. Será, talvez, sintoma de uma profunda alteração que se está a verificar na comunicação da informação aos cidadãos através da internet e que leva os meios tradicionais a tentar agarrar e tratar a informação como puro espectáculo, para se manterem á tona de água. Seja como for, tudo isto é muito desagradável para quem observa, ridículo para os seus actores do momento e acaba por retirar à comunicação social a credibilidade que lhe é essencial para sobreviver.
Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 17 de Fevereiro de 2014
terça-feira, 11 de fevereiro de 2014
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