jpaulocraveiro@ gmail.com "Por decisão do autor, o presente blogue não segue o novo Acordo Ortográfico"
sábado, 29 de março de 2008
ULTRA-LIBERALISMO
Uma das razões apresentadas pelos defensores da proposta de eliminação do divórcio litigioso é a defesa de uma sociedade cada vez mais liberal.
O casamento civil, de forma diferente do casamento religioso -nomeadamente católico- que se considera um sacramento, é um contrato entre duas partes que são os elementos do casal.
Qualquer contrato possui cláusulas de direitos e deveres, bem como de salvaguarda, com vista a obter um equilíbrio das partes que o celebram. Normalmente não é possível a um dos contraentes pura e simplesmente rasgar um contrato que assinou de livre vontade.
Numa casamento existe, por razões sociais que agora não vêem ao caso, uma parte mais frágil, que supostamente é defendida pelo contrato. Todos sabemos que normalmente é a mulher o elo mais fraco. O abandono da sua defesa no contrato de casamento significa portanto uma fragilização da mulher na sociedade de forma objectiva.
Esta nova Esquerda que temos defende uma sociedade cada vez mais liberal através de uma progressiva desregulamentação das relações sociais que é mais ou menos o regresso à selva e que se pode perfeitamente chamar ultra-liberalismo.
É uma situação muito curiosa dos nossos tempos.
Não falta muito para os próceres da Esquerda descobrirem as vantagens da desregulamentação total da economia, usando da mesma argumentação ideológica libertária que agora ouvimos na parte social.
Onde estarão então a Esquerda e a Direita?
quinta-feira, 27 de março de 2008
quarta-feira, 26 de março de 2008
SERÁ QUE AFINAL, MENEZES TEM RAZÃO?
Já está.
O Governo anunciou hoje uma descida de 1% no IVA normal.
Esta descida, escassos três meses depois da discussão do orçamento em que a descida de impostos foi apresentada pelo Governo como uma irresponsabilidade dá que pensar.
Numa altura em que se tem verificado uma grande agitação social no país e em que há nuvens escuras espessas no horizonte económico, esta descida minúscula parece algo precipitada e indiciadora de algum mau estar governativo.
Como esta descida, na sequência do meu post anterior de segunda-feira, desafio os leitores a, digamos um mês depois da entrada em vigor, encontrarem um produto que seja que custe menos 1% do que em 30 de Junho.
segunda-feira, 24 de março de 2008
DESCIDA DE IMPOSTOS
Como as eleições a isso "obrigam", os analistas têm praticamente como seguro que no próximo ano o IVA irá descer.
Recorda-se que Durão Barroso subiu o IVA "provisoriamente" de 17% para 19%.
O governo socialista levou o provisório à letra e subiu o IVA para 21%.
Não sei se essa descida que se prevê será assim tão boa notícia, quer para os portugueses em geral, quer mesmo para o governo.
De facto, o exemplo do IVA especial para os ginásios recentemente decidido, teve como consequência um aumento dos proveitos dos proprietários dos ginásios e não o benefício dos utentes, ao contrário do objectivo proclamado da medida.
Isto é, se o governo descer o IVA, muito provavelmente os consumidores não irão sentir grandes benefícios, sendo os fornecedores de serviços e bens que irão absorver a diferença, porque os consumidores já estão habituados aos actuais preços e porque esses fornecedores também irão tentar recuperar algum proveito que actualmente estão a suportar, dada a crise que se vive.
Seria muito mais eficaz diminuir as taxas de IRS, cujo efeito se faria sentir directamente nos bolsos dos contribuintes, sem ser distribuído ao longo da cadeia económica, mal se fazendo sentir nos últimos beneficiários.
SEGURANÇA (IN)SOCIAL
Há três semanas atrás, dediquei esta crónica à forma como a Segurança Social tratou uma IPSS, no caso o Banco Alimentar Contra a Fome de Coimbra. Em resumo, a Segurança Social mandou penhorar a magra conta bancária do Banco Alimentar, por existência de supostas dívidas que o Banco Alimentar demonstrou ser inexistentes.
A Segurança Social, mesmo conhecendo bem a sua relação com o Banco Alimentar, não se deu ao incómodo de o avisar directamente do seu procedimento, nem sequer de tentar efectuar uma verificação complementar da justeza da situação que deu origem à penhora.
Quando teve conhecimento da situação, o Banco Alimentar reclamou da situação, tendo agora, dois meses depois, recebido a resposta da Segurança Social, que pelo seu teor, passo a transcrever:
“ Em resposta à reclamação apresentada…concluiu-se o seguinte:
Certidões de dívida(nº)e (nº) não são devidas.
Mais se informa que logo que ocorram as anulações no sistema informático em uso nestes serviços os PEF supra referidos serão extintos por anulação.
Nesta data foi solicitado o levantamento da penhora bancária.
Com os melhores cumprimentos”
Nem sombra de um pedido de desculpas pelo incómodo, ou eventuais prejuízos causados.
Como se verifica, a linguagem e a construção do texto mostram que o Estado continua a tratar os contribuintes que o pagam e lhe dão razão de existir como entidades inferiores que não merecem grandes cuidados de tratamento.
Isto mesmo tratando-se, mais uma vez o sublinho, de uma IPSS que vive com grandes dificuldades financeiras, cujo trabalho de apoio aos mais carenciados é genericamente reconhecido como válido pela sociedade e que até tem apoiado a própria Segurança Social ao longo dos anos.
Se a atitude da Segurança Social ao proceder à penhora da forma como o fez revela que tem muito de Insegurança Social devido às suas falhas graves, a forma como fecha o processo só se pode classificar como insocial, daí o título Segurança Insocial.
Publicado no Diário de Coimbra em 24 de Março de 2008
sexta-feira, 21 de março de 2008
CONDIÇÕES DE LIDERANÇA
Dado que não se pode enganar toda a gente o tempo todo , há três condições essenciais para um líder, por exemplo um político mas não só, ter sucesso a longo prazo:
- A primeira condição é CREDIBILIDADE, que só se constrói após algum tempo de trabalho competente e honesto na actividade que escolheu.
- A segunda condição é CREDIBILIDADE, que se manifesta através da capacidade de escolher equipas constituídas por personalidades melhores do que ele nas áreas que lhes destina.
- A terceira condição é CREDIBILIDADE, que se prova através da capacidade de resistir às dificuldades conjunturais, por saber que um futuro melhor só se constrói tendo objectivos claros a médio e a longo prazo, passando por cima dos seus próprios interesses imediatos.
quinta-feira, 20 de março de 2008
ACEGE EM COIMBRA
“O Hipercluster do mar”
25 de Março (terça-feira) no Salão da Sé Velha – 12.30h
No próximo dia 25 de Março (terça-feira) teremos um almoço-debate em que contaremos com a presença do Prof. Doutor Ernâni Lopes, que abordará questões importantes da evolução da economia portuguesa, enquadrando as actividades económicas ligadas ao mar, cruciais para a competitividade do país.
Como habitualmente, o encontro terá lugar no Salão da Sé Velha, com início às 13:00. Antes, realizar-se-á uma Eucaristia na Sé Velha com início às 12:30 horas em que poderão participar todos os associados e amigos.
Como também já se tornou tradição, o encontro terminará às 15:00 horas, pelo que todos lucraremos se cumprirmos o horário estabelecido.
Agradecemos que as inscrições nos sejam comunicadas até ao dia 20 de Março, para nos facilitar as tarefas logísticas, podendo os associados da ACEGE levar convidados que possam ter interesse em ouvir o Prof. Doutor Ernâni Lopes, figura maior da área das finanças, quer pela sua intervenção pública que incluiu actividade política directa, quer como professor e responsável por formação de gestores ao mais alto nível.
ANIVERSÁRIO DE BACH
PONTO VERNAL
Boas notícias.
O equinócio da Primavera não foi afectado pelo aquecimento global, pela alteração do mapa judiciário nem, imagine-se, pela alteração das quotas do PSD.
Nada disto conseguiu alterar a posição do ponto vernal que, como todos os anos, marca a passagem do Sol para cima do equador celeste no nosso hemisfério norte. Mais uma vez a posição do ponto vernal no equador celeste apenas foi afectada pela velhinha e previsível precessão dos equinócios com o seu ciclo de 26.000 anos.
Alegremo-nos pois, porque chegou a Primavera
quarta-feira, 19 de março de 2008
A NÃO PERDER
Entre 14 de Março e 2 de Junho está a decorrer uma exposição sobre a antiga Babilónia no Museu do Louvre em Paris .
É a primeira vez que se pode ver uma tão grande colecção de peças originais da civilização que floresceu na Mesopotâmia desde o século XVIII antes de Cristo, nos tempos de Hamurabi que estabeleceu o primeiro código penal conhecido da História que leva o seu nome, até ao ano 539 antes de Cristo, quando os persas comandados por Ciro o Grande a destruíram por completo.
Trata-se de uma civilização crucial para a história da Humanidade. Desde o Código de Hamurabi, até à escrita cuneiforme, ao esplendor das construções de Nabucodonosor, passando pelos Jardins Suspensos e pela torre de Babel, a Babilónia foi durante os tempos fonte de mitos e geradora de obras de arte e cultura, mesmo muito depois de desaparecida.
A cidade da Babilónia localizava-se a cerca de 80 km a sul do que hoje é Bagdad. Até por isso deverá merecer a nossa atenção.
Esta exposição passará em seguida para o Museu Staatliche em Berlim a partir de 26 de Junho e depois de 13 de Novembro estará no British Museum em Londres.
Bem merece uma surtida a uma destas cidades para uma visita.
segunda-feira, 17 de março de 2008
14 DE MARÇO
Ao ler o título desta crónica, o leitor poderá perguntar-se sobre a razão do mesmo. De facto, a data de 14 de Março não é normalmente associada a qualquer acontecimento importante digno de ser recordado. Nas proximidades desta data costuma lembrar-se o 11 de Março de 1975.
Mas a data de 14 de Março de 1975 veio a definir toda a organização económica, social e política de Portugal pelas décadas seguintes de uma forma tão profunda que ainda hoje se lhe sentem claramente as consequências.
Três dias antes, uma confusa acção dos chamados spinolistas no que ficou conhecido como o “golpe do 11 de Março” deu o mote para um avanço extraordinário das forças revolucionárias, numa deriva pró-comunista que só terminaria em 25 de Novembro desse ano.
Foi nesse dia de 14 de Março que se iniciaram as nacionalizações, através da nacionalização da banca, seguida nas semanas seguintes, pela nacionalização de grande parte da economia portuguesa. Esta medida foi acompanhada, no mesmo dia, pela instituição do Conselho da Revolução, pela criação da Assembleia do Movimento das Forças Armadas e pela extinção do Conselho de Estado e da Junta de Salvação Nacional.
Com a nacionalização da banca e dos grandes grupos económicos, o Estado apropriou-se de cerca de 1300 empresas, desde bancos a fábricas de cerveja, restaurantes e até barbearias, o que significava mais de 20% do PIB nacional.
O volte-face desta situação demorou muitos anos e só veio a ser possível pela acção de muitos governantes, mas um facto crucial tornou possível essa evolução: as eleições para a Assembleia Constituinte realizadas em 25 de Abril de 1975 que colocaram em minoria o partido Comunista que então liderava o chamado PREC: “processo revolucionário em curso”.
Não deixa de ser curioso observar grandes defensores da tomada da economia pelo Estado em 1975, agirem hoje como paladinos da libertação de Estado das corporações que o tomaram por dentro, na sequência das suas acções de então.
Na realidade, para além das décadas de atraso ao nosso desenvolvimento induzidas pelas nacionalizações de 75, uma das grandes consequências, ainda hoje sentidas fortemente, foi o aumento desmesurado do peso do Estado centralizado em todos os sectores, mesmo onde deveria ter apenas um papel regulador. A transformação de grande parte dos portugueses em funcionários públicos teve ainda como consequência a diminuição drástica da capacidade empreendedora da sociedade, um dos maiores obstáculos ao crescimento da competitividade nacional e que só hoje parece querer começar a dar a volta.
Publicado no Diário de Coimbra em 17 de Março de 2008
domingo, 16 de março de 2008
O MOLDAVA
O compositor checo SMETANA é um dos heróis de Praga, a capital da República Checa, onde faleceu completamente surdo em 1884.
O poema sinfónico "MOLDAVA" descreve o percurso do Rio Moldava que banha Praga, desde o seu nascimento como riacho saltitante pelas pedras nas florestas da Boémia até vir a tornar-se largo e plácido antes de afluir no Elba na cidade de Mělník.
sábado, 15 de março de 2008
METRO DE PROXIMIDADE
Têm-se colocado entraves à extensão do Metro Ligeiro de Superfície à zona da Solum, com receio da passagem nas proximidades de várias escolas.
Esta alteração do traçado traz muitas vantagens às populações citadinas, nomeadamente os diversos utentes da Solum, incluindo os moradores, alunos das escolas, comerciantes, empregados das lojas e mesmo compradores.
Colocam-se, como sempre acontece nestes casos, algumas questões de integração urbana ligadas com o traçado, que têm a ver com raios de curvatura apertados, níveis de ruído em zonas habitacionais, etc. Isto para além da questão do custo da extensão que é sempre relevante, embora numa óptica de optimização de custos-benefícios.
Trata-se de questões técnicas que devem ter um tratamento adequado a esse nível.
No que respeita às questões de convivência com outros meios de transporte e mesmo com peões trata-se igualmente de um problema artificial, que hoje em dia se encontra totalmente resolvido em muitas cidades que adoptaram este meio de transporte.
Como exemplo, observe-se as fotografias que tirei há pouco tempo em Bordéus.
É possível verificar dois aspectos interessantes: em primeiro lugar, a convivência pacífica entre o metro, os veículos automóveis e os peões; em segundo lugar o pormenor de qualidade urbana adoptado em Bordéus, de não existência de catenárias no centro histórico, sendo a alimentação eléctrica assegurada por uma calha localizada no meio dos carris.
sexta-feira, 14 de março de 2008
UMA NO CRAVO, OUTRA NA FERRADURA
Soube-se hoje que o PS tomou uma iniciativa legislativa visando a proibição da colocação de piercings na língua, prevendo ainda a definição de "um quadro de qualidade" para a instalação e funcionamento dos estabelecimentos de colocação de piercings e tatuagens.
Num dia destes ainda vamos ver o legislador a definir e controlar a qualidade das previsões astrológicas...
Esta fúria legislativa que demonstra uma vontade de tudo controlar é interessante e levanta muitas dúvidas. Por exemplo, os senhores deputados só ouviram falar de piercings na língua? Não sabem da colocação de piercings noutros locais mais escondidos do corpo, ou acham que aí não há problema por não serem mostrados em sítios públicos? Ou isso ou então foram atacados por um estranho pudor.
Por outro lado, porque é que um simples piercing é mais inconveniente do que um aborto?
PARABENS AO GOVERNO
Só posso concordar e dar os parabéns ao Governo pela medida relativa aos cães de raças perigosas.
Espero, contudo, que a fiscalização da medida seja feita com rigor e que nestes primeiros tempos sejam procurados e apanhados os cães que forçosamente vão ser abandonados pelos donos que não os podem legalizar.
quarta-feira, 12 de março de 2008
2500
No meu entender, tudo começou quando Durão Barroso resolveu trocar o cargo para que tinha sido escolhido pelos portugueses por um excelente lugar na União Europeia. Os portugueses não perceberam e ficaram desconfiados. Quando descobriram que tinha escolhido Santana Lopes como seu herdeiro no lugar de Primeiro Ministro, aí o copo encheu. Bastaram uns poucos meses desse governo para o copo transbordar e o PSD perder toda a credibilidade que tinha junto dos portugueses. Está aí a razão da maioria absoluta de José Sócrates e parece que toda a gente vê isto, excepto o PSD (ou parte dele).
O caminho do PSD para recuperar a credibilidade perdida passou a ser muito estreito e muito íngreme.
Infelizmente, parece haver muita a gente apostada em fazer exactamente o contrário do que deveria ser feito.
Agora aparece uma mudança de marketing para "mostrar um novo PSD". Alguém pensará que é por aqui que passa a reconciliação dos portugueses com o PSD?
Os Estatutos do PSD aprovados em 2006 dizem, no seu Artigo 4º, que "o símbolo do partido é formado por três setas, de cor preta, vermelha e branca, que representam os valores fundamentais da Social-Democracia: a liberdade, a igualdade e a solidariedade". O mesmo artigo acrescenta que " O PPD/PSD adopta como sua a cor de laranja".
Para resposta aos técnicos de marketing e seus clientes pelos vistos absolutamente ignorantes dos estatutos do partido que dirigem, penso que recordar os Estatutos basta como resposta.
Para aqueles militantes que também já cansam com críticas sistemáticas sem daí tirar quaisquer conclusões, lembro que o Artigo 15º dos mesmos Estatutos prevê que o "Congresso Nacional reúne ordinariamente de dois em dois anos e, em sessão extraordinária, a requerimento do Conselho Nacional ou de 2.500 militantes".
Leram bem: 2.500 militantes.
Será preciso aguardar que o PSD fique em cacos para que alguém assuma as suas responsabilidades? Penso que nessa altura será tarde demais para que os portugueses lhe dêem a responsabilidade de os governar.
segunda-feira, 10 de março de 2008
UMA ENORME RESPONSABILIDADE
A situação política actual do país caracteriza-se por um ambiente de alguma degradação social e uma generalizada preocupação perante um conjunto de problemas graves para os quais não há uma percepção de saída clara.
No sector da Justiça, crucial para que a sociedade se sinta segura, têm vindo a aparecer a nu divergências graves entre instituições que deveriam agir em consonância. As questões ultimamente verificadas ente o Ministério Público e a Polícia Judiciária, mais evidentes no caso do Porto, não serão o problema, mas sim sintomas claros de um mau estar profundo que, associado ao arrastar de mega processos, contribui para a falta de confiança na Justiça que grassa pela sociedade portuguesa.
A crise actual do sector da Educação demonstra como a necessidade imperiosa de corrigir defeitos acumulados no sector durante décadas só pode ter sucesso se levada a cabo com os agentes no terreno, que são obviamente os professores. Temos o sistema educativo que mais gasta na Europa e que é simultaneamente o que apresenta piores resultados; significa isto que a actual situação é insustentável, em nome das gerações futuras e do próprio desenvolvimento de Portugal.
A situação de crise da área da Saúde que continua latente apesar da substituição do ministro, exige acções firmes e decididas, em nome da saúde dos portugueses e da transparência de gastos públicos. Até agora só se mexeu no interface, isto é, na organização dos serviços abertos ao público. Não se mexeu a fundo na organização interna, como por exemplo nos horários dos médicos, nem nas famosas horas extraordinárias, que só por si permitiriam colocar os hospitais a trabalhar em pleno durante todo o dia. Será que a empresarialização da saúde é a maneira de responder a estas questões de uma forma lateral? Porque não encarar os problemas de frente?
Nas Finanças têm sido obtidos bons resultados no que respeita ao controlo do défice das contas públicas. Mas a coberto de uma carga fiscal que asfixia a economia e os portugueses em geral. Na economia, o rendimento dos portugueses é hoje inferior a 75% do valor médio europeu, abaixo de Malta e da Eslovénia e sempre a descer.
Perante toda esta situação coloca-se uma questão política óbvia. A Democracia pressupõe e os portugueses exigem uma oposição que corporize uma alternativa sólida e consistente que permita uma escolha de caminhos consciente e verdadeira.
É esta a responsabilidade tremenda que se põe neste momento ao PSD.
Não é mais possível aguardar placidamente que a degradação social leve os portugueses a optar por uma alternativa, qualquer que ela seja. Os últimos anos têm exigido tantos sacrifícios aos portugueses e foram de alguma forma tão traumáticos que os eleitores não quererão correr o mínimo risco de deitar a perder o que foi conseguido.
Toda a acção de oposição e afirmação de propostas para o país por parte do PSD deverá percorrer este caminho muito estreito de responsabilidade e credibilidade para ser bem recebida pelos portugueses.
domingo, 9 de março de 2008
JESUITAS NA NET
sexta-feira, 7 de março de 2008
AMANHÃ SOMOS TODOS PROFESSORES
O objectivo será prever a dimensão da manifestação para bem organizar o trânsito da capital no sábado.
Ao menos desta vez podemos agradecer sensibilizados a preocupação e o cuidado de quem não consegue prevenir a delinquência, a criminalidade e o encharcamento da sociedade em drogas.
Pode-se considerar que os professores têm mais ou menos razão, mas perante esta actuação policial, outros valores mais altos se levantam, pelo que amanhã somos todos professores
REGRESSO DO CACIQUISMO ?
É o regresso às chapeladas e ao caciquismo puro e duro. Eu sei bem o que significam estas alterações, porque já senti os seus efeitos na pele.
Espera-se que o bom senso e a formação política dos elementos do Conselho Nacional que vai apreciar estas propostas não permitam este andar para trás relativamente a medidas positivas que custaram tanto a aprovar
quinta-feira, 6 de março de 2008
CHOCANTE
Esta história da solidariedade “internacionalista” para com uns tipos que não passam de bandidos como são os elementos das FARC da Colômbia já está a passar das marcas.
Que um líder anedótico e fora do tempo como Chávez que faz lembrar o Otelo de 75 ande por lá a propagandear a sua revolução bolivariana e que dê centenas de milhões de dólares às Farc é perfeitamente natural e está na linha dos Alcazares e Tapiocas do Tintin. Não deixa aliás de ser patético ter sido uma chamada do próprio Chávez para o nº 2 das FARC a denunciar a localização deste último, permitindo a acção das forças armadas colombianas.
Mas que haja por cá quem desculpe as acções de narcotraficantes e fabricantes de reféns profissionais só porque se chamam a si mesmos “Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia” como fez hoje o PCP é, não só ridículo, mas demonstrativo de que há de facto quem não aprenda nada com a História.
terça-feira, 4 de março de 2008
La ci darem la mano
DI STEFANO
A "minha" versão da TOSCA de Puccini junta Di Stefano como Mario Cavaradossi, Tito Gobbi como Scarpia e Maria Callas como Floria Tosca. O regente foi Victor de Sabata.
Aconselho vivamente a audição destas interpretações que são o testemunho de uma época de ópera que, por várias razões, acabou para sempre. Particularmente a interpretação e a voz de Di Stefano não têm nada a ver com os tenores de hoje em dia.
Aqui fica uma pequena homenagem (ouvir bem alto):
segunda-feira, 3 de março de 2008
(IN)SEGURANÇA SOCIAL
A atitude de caça cega ao dinheiro dos contribuintes, passando por cima de todas as regras e do respeito que deveriam merecer como tal já não é, pelos vistos, exclusiva da máquina fiscal. Também a Segurança Social parecer ter enveredado pelos mesmos caminhos.
O Banco Alimentar Contra a Fome de Coimbra é uma IPSS reconhecida como Pessoa Colectiva de Utilidade Pública.
Ao longo dos anos, tem tido a acção de recolha e distribuição de alimentos que é de todos conhecida.
Mas outra acção menos conhecida tem sido a distribuição de produtos alimentares excedentes da União Europeia. Esses alimentos são entregues a nível nacional à Segurança Social, com o objectivo de os distribuir pelos carenciados. Como a Segurança Social não dispõe de capacidade de armazenamento própria, nem estruturas que lhe permitam fazer chegar esses alimentos a quem mais precisa deles, tem solicitado aos Bancos Alimentares Contra a Fome apoio para atingir esses fins. Apoio esse que o Banco Alimentar Contra a Fome de Coimbra não tem regateado, tendo em atenção os fins da sua acção. Esta colaboração tem sido prestada, não obstante a Segurança Social não pagar nada por isso e ainda exigir uma série de papelada de controlo de que devia ser ela própria a tratar.
Acresce que os sucessivos pedidos de apoio que o Banco Alimentar tem solicitado à Segurança Social ao longo dos anos têm tido como resposta a mais absoluta indiferença.
Pois bem, mesmo tendo em conta todo este passado, o Banco Alimentar Contra a Fome de Coimbra foi há pouco tempo surpreendido com um informação da instituição bancária com que trabalha, segundo a qual a sua conta havia sido penhorada por ordem da Segurança Social. Pasme-se: a Segurança Social nem sequer teve o cuidado, ou memo a deferência perante quem com ela colabora da forma descrita, de previamente avisar ou sequer tentar resolver de comum acordo qualquer eventual falta que tivesse encontrado, atitude que aliás devia ser regra com qualquer contribuinte.
Perante o sucedido, o Banco Alimentar reclamou de imediato, solicitando em simultâneo a emissão de uma Declaração de Situação Contributiva. Com a reclamação foram apresentadas provas do pagamento das contribuições já antigas supostamente em dívida, cujo pagamento havia tido um atraso de poucos dias.
Após a recepção da declaração, verificou-se que afinal a verba já não era de 3.270,93 € como reclamado anteriormente, mas sim de 677,63 €, sem que o Banco Alimentar fosse informado das razões da alteração do valor da penhora.
Se esta actuação da Segurança Social, que me abstenho de adjectivar, se verifica com uma instituição como o Banco Alimentar Contra a Fome, imagina-se como será com os contribuintes comuns que, por uma causa ou outra, caem nas listas de faltosos dos computadores da Segurança Social.
Trata-se de uma situação a todos os títulos lamentável e tanto mais inaceitável, quanto os responsáveis da Segurança Social, desde 14 de Janeiro data de início deste imbróglio, ainda não tiveram a decência ou mesmo o bom senso de responder aos pedidos de esclarecimento da Direcção do Banco Alimentar.
Publicado no "Diário de Coimbra" em 3 de Março de 2008domingo, 2 de março de 2008
THAT'S AMORE
Para compensar, aqui fica uma antiga canção por Dean Martin em que até o ambiente, digamos um pouco italiano, lhe dá um tom especial e significativo.
sábado, 1 de março de 2008
PROFESSORES
Podem tirar o cavalinho da chuva.
No caso da Saúde, foram os próprios utentes que, com a sua revolta, levaram à saída do Ministro. Não foram os médicos ou os enfermeiros.
No caso da Educação são os professores a fazer a contestação. Não são os pais dos alunos, que deverão ser os mais interessados no sucesso da política educativa. A revolta dos professores será sempre apresentada como corporativa, como vindo de quem está contra as reformas, porque lhes ferem os privilégios obtidos ao longo do tempo.
Por outro lado, é evidente que as manifestações dos professores são tudo menos espontâneas, basta ver as camisolas negras que usam, que foram encomendadas por alguém, provavelmente os sindicatos.
Lamento, mas a realidade é mesmo esta: esta luta só favorece o Governo.
PRADA
O nosso Primeiro Ministro também fez a inconfidência, há poucas semanas, de revelar que usa sapatos Prada.
Não surpreende, por isso, que o Ministro da Economia Manuel Pinho se tenha descaido com este comentário, retirado da SIC ONLINE:
"Eu vinha cá comprar sapatos italianos, mas fiquei tão impressionado com a qualidade dos sapatos portugueses que vou levar sapatos portugueses. Vinha comprar sapatos italianos porque têm um óptimo nome em termos de design"
Apesar de os responsáveis políticos estarem sempre a elogiar a actual qualidade do calçado português a nível europeu, pelos vistos é melhor ver para crer.
Ainda bem que agora o Sr. Ministro da Economia já pode acreditar no que diz sobre esta sector importantíssimo da nossa economia responsável por uma boa fatia das nossas exportações e que puxa a nossa competitividade para cima, mercê do alto valor acrescentado que integra.
EDUCAÇÃO
Vai na linha do meu comentário anterior e mostra que ainda há quem não confunda os conceitos, ao contrário do que parece ser moeda corrente no Ministério da Educação.
"O que realmente interessa: a qualidade da transmissão de conhecimentos".
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008
AS "CRIANÇAS" E A EDUCAÇÃO
Assim se justificam as reformas que o ministério da Educação está a tentar levar a cabo.
Sem discutir aqui se estão certas ou erradas, critico frontalmente o conceito de base que lhe está subjacente.
O objectivo da educação não são as crianças (ou melhor dito, os alunos), mas a formação dos alunos.
Claro que as modernas "teorias da pedagogia" colocaram os alunos no centro do sistema, mas o que realmente está em causa é o resultado da formação global dos alunos, e não se vê maneira de dar a volta à questão, o que significa a continuação paulatina da descida da qualidade do ensino em termos internacionais.
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008
DESENGANOS
Pensava eu que a diminuição drástica do peso do Estado implicaria a privatização da RTP, mas afinal estava enganado
terça-feira, 26 de fevereiro de 2008
ÚNICO E INSUBSTITUÍVEL
No momento em que substituiu Fidel à frente do regime cubano, Raúl Castro considerou o irmão Fidel como único e insubstituível.
Se isso é verdade, apetece perguntar o que é que ele foi para lá fazer. Mas no fundo sabemos bem que o Castro Raúl é muito bem capaz de fazer o que o Castro Fidel fazia. Portanto não é único neste sentido. Mas é-o de facto porque na minha perspectiva cristã qualquer ser humano é único e insubstituível, o que qualquer bom marxista leninista não aceita, porque o que interessa é o interesse do colectivo (definido pelas vanguardas revolucionárias, claro está) a que se devem submeter os indivíduos.
Por outro lado, de líderes insubstituíveis estão os cemitérios cheios.
Não se espera qualquer coerência destes grandes revolucionários, mas não deixa de ser curioso como os regimes comunistas que resistem ainda nos dias de hoje adoptaram o nepotismo como sistema de escolha dos líderes que substituem os anteriores: Coreia do Norte e Cuba.
Diria ainda que o que mais impressiona nisto é a desculpabilização e mesmo compreensão manifestada por tudo isto pela nossa "inteligência" de esquerda.
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008
JARDINS E MUITO MAIS
Coimbra ganhou um novo espaço de usufruição pública com muito significado.
De facto, o novo jardim construído pela Câmara em Montes Claros, veio ocupar de uma forma inovadora, um espaço com muita História, embora eventualmente desconhecida de muitos nós.
Ao contrário do que tem acontecido nas últimas dezenas de anos, um espaço vazio no interior de uma zona citadina consolidada e não resultado de urbanização recente, foi ocupado com um jardim e não “rentabilizado” com outra utilização. Por acaso, para aquele local até estava prevista a construção de um equipamento, no caso o Arquivo Municipal. O edifício teria cinco pisos e constituiria mais uma “carga” para uma zona urbana já muito utilizada, como tem acontecido por toda a Cidade, com as consequências que todos conhecemos. Exactamente o contrário do que foi feito, por exemplo nos anos setenta, com a construção da Biblioteca Municipal que foi ocupar uma fatia significativa da zona verde do parque da Sereia, vendendo a Autarquia para urbanização o espaço que lhe estava destinado e que fora comprado com esse fim ainda antes do 25 de Abril, na Av. Calouste Gulbenkian.
O que muitos conimbricenses talvez não saibam é que aquele espaço vazio ao lado da Av António José de Almeida foi originado pela demolição do antigo “Bairro Operário” que ali existiu, ao lado do que nessa altura era o antigo Matadouro Municipal, onde hoje está a Igreja de Montes Claros.
O “Bairro Operário de Santa Cruz” era constituído por pequenas moradias viradas para a Rua António José de Almeida e para a actual Rua João Porto, com pequenas hortas no espaço situado entre elas e terá sido o primeiro bairro deste tipo em Portugal. O “Bairro Operário” foi construído com as verbas provenientes da oferta da diocese ao Bispo D. Manuel Bastos Pina em Maio de 1895, no vigésimo aniversário da sua sagração episcopal, tendo o Bispo colocado como condição de aceitação do dinheiro a sua utilização com esta finalidade. Ao lado do bairro existia uma pequena capela, cujo retábulo do Altar-mor se encontra hoje na Igreja provisória de Nossa Senhora de Lurdes.
Trata-se, pois, de um local com muita História, sendo a utilização como jardim, incluindo um parque infantil, particularmente feliz. Mereceria talvez que fosse chamado “parque do bairro operário”, atendendo a que a rua que o ladeia se chama já, e muito justamente, rua D. Manuel Bastos Pina.
sábado, 23 de fevereiro de 2008
Sangue, Suor e Lágrimas
Os conjuntinhos de hoje bem podiam aprender umas coisas com esta gente.
ESTHER & OFARIM
CREDIBILIDADE POLITICA (2)
Confusos?
Não. É apenas mais uma valente machadada na credibilidade dos políticos que vamos tendo.
CREDIBILIDADE POLITICA (1)
Numa altura em que a credibilidade da classe política anda pelas ruas da amargura, não podia haver melhor escolha para liderar aquela comissão da qual se espera algo mais do que uma simples tradução.
APOIOS NOTÁVEIS
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008
KOSOVO
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008
A "COISA" MATOU O AUTOR
terça-feira, 19 de fevereiro de 2008
A D. ALZIRA VÊ TE VÊ?
segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008
A D. ALZIRA SAIU PELA JANELA
Mais um dia de inundações em Lisboa.
No seu noticiário da noite, portanto muitas horas depois das chuvas e dos efeitos, somos bombardeados durante mais de meia hora, por directos e reportagens de casos concretos.
Numa dessas reportagens, ficámos a saber que a D. Alzira saiu de casa pela janela do seu quarto, e que a sua filha que vive ao pé, lhe prestou assistência. Esta notícia é o símbolo da incompetência jornalística que varre este país.
Total incapacidade de observação de um fenómeno, a não ser pela descrição de milhares de pormenores pontuais, que não explicam nada.
Ninguém pergunta nada aos presidentes das câmaras, nem aos responsáveis pela protecção civil.
Ninguém tenta sequer explicar porque é que nos casos mostrados, não aparece nenhum Mercedes ou BMW topo de gama, quase só se vendo opeis corsa.
E ninguém se lembra de que o ordenamento deste território coincide com mais de trinta anos de governação ou presidência de esquerda, com muita "defesa dos interesses das classes mais desfavorecidas". Dá vontade de vomitar.
ACABOU A COMIDA BARATA
As recentes notícias sobre um aumento acentuado dos preços internacionais dos cereais, com consequências imediatas no preço do pão, são muito mais importantes do que se poderia pensar à primeira vista. Na realidade, o que está em causa não é uma crise conjuntural passageira decorrente de ocasionais roturas de stocks.
Nas últimas dezenas de anos habituámo-nos a ver os custos da alimentação descer em todo o mundo, tendo havido uma quebra de cerca de três quartos em termos reais no último quartel do século XX.
Esta situação parece ter terminado irremediavelmente. De acordo com a revista ECONOMIST, só desde 2005 até agora os preços da alimentação subiram 75%, estando o respectivo índice de preços no nível mais alto desde 1845, data em que se começaram a medir.
E não se pense que o aumento dos cereais se reflecte apenas no pão. Uma enorme variedade de produtos alimentares e não alimentares lhes está referenciada. Um exemplo imediato é a carne: para se obter um quilo de carne são precisos em medis oito quilos de cereal.
Curiosamente, uma das principais causas do aumento acentuado dos cereais tem a ver com a produção de combustíveis alternativos aos combustíveis fósseis, isto é, petróleo. Para diminuir a dependência dos estados produtores de petróleo e ainda lutar contra a poluição, está-se a promover e mesmo a subsidiar a produção de bio-etanol para os veículos automóveis. É o caso do Brasil e dos Estados Unidos. Mas, como diz a revista citada, para se encher uma vez o depósito de um jipe, é necessário produzir milho que chegaria para alimentar uma pessoa durante um ano.
Para além do aumento dos custos da alimentação em todo o mundo, a produção de cereais para combustível em países desenvolvidos com agriculturas muito sofisticadas com elevada produtividade, está a condenar a agricultura dos países pobres que dependem muito mais dessa actividade para o sustento das suas populações.
Outro factor importante para a sustentabilidade destes aumentos de preço da alimentação a nível mundial tem a ver com a alteração de dietas alimentares nos países emergentes da Ásia, particularmente China e Índia. Só na China, o consumidor médio que comia 20 kg de carne em 1985 come agora para cima de 50 kg. Basta multiplicar este acréscimo pela população da China para se perceber a dimensão do problema.
Não se trata de boas notícias. Para além dos problemas económicos trazidos pelas crises internacionais do imobiliário, este é mais um factor a ter em conta na evolução da economia mundial nos próximos anos.
Publicado no "Diário de Coimbra" em 18 de Fevereiro de 2008
domingo, 17 de fevereiro de 2008
BEETHOVEN
Um concerto verdadeiramente histórico que reuniu David Oistrakh, Mstislav Rostropovich e Sviatoslav Richter em Moscovo em 1970.
BEETHOVEN
sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008
A NOSSA LIBERDADE
Durante anos a Grã Bretanha, nomeadamente a sua capital Londres, foi o símbolo da coexistência pacífica e respeitosa entre representantes de todo o mundo e múltiplas manifestações culturais. Nós portugueses, habituados durante muitos anos a viver num mundo fechado, espantávamo-nos pela maneira como nos passeios da cidade passavam sem qualquer conflito hindus vestidos a rigor e com turbante, muçulmanos vestidos à sua maneira, hippies floridos, homens de negócios com sobretudo e chapéu londrino e Yuppies vestidos igualmente à sua maneira própria. Era, no fundo, um sinal de civilização.
Tudo começou a mudar com Salman Rushdie nos anos 80, que foi objecto de uma fatwa decretada pelo Ayatolla Khomeini, então o supremo líder iraniano, ordenando a sua morte por qualquer muçulmano que o conseguisse fazer, por causa da publicação de um livro da sua autoria.
Hoje assiste-se ao desmoronar de todo este edifício, com o próprio arcebispo de Canterbury, líder da Igreja anglicana, a propor a integração de preceitos da sharia no direito inglês. Para dar uma ajuda, a administração do metro londrino acaba de proibir a colocação de cartazes alusivos a uma exposição sobre o pintor Lucas Cranach, o Velho na Royal Academy of Arts que reproduz um quadro daquele pintor alemão renascentista com uma “Vénus” nua.
O motivo apresentado foi “levar em linha de conta todas as categorias de passageiros e fazer o possível para não os chocar”.
Dado que ninguém acredita que os londrinos se tenham tornado de repente tão puritanos que se impressionem com uma “Vénus” nua do século XVI, é óbvio o motivo: não ofender os muçulmanos.
É toda a nossa tradição cultural e civilizacional, o que inclui a liberdade, que começa a estar em causa.
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008
BEETHOVEN
Tenho resistido a citar Beethoven, por puro pudor. Como Leonard Bernstein disse, afinal é preciso reconhecer que Beethoven é de facto o maior compositor que jamais existiu. Algumas das suas composições estão hoje tão divulgadas, que quase se tornam banais na nossa vida, o que é uma perfeita injustiça.
Hoje apeteceu-me colocar aqui o segundo andamento da 7ª sinfonia, sendo que esta está longe de ser das mais conhecidas, mas cuja audição aconselho, quer aos mais conservadores, quer àqueles que gostam de música mais contemporânea. Outra das minhas preferidas é a sexta, mas fica para um destes dias.
Esta interpretação é da Filarmónica de Berlin, dirigida por Karajan. A minha preferência iria para a interpretação da Filarmónica de Viena dirigida por Simon Rattle, mas não a encontrei no You Tube. Fiquemos com esta um pouco mais romântica, mas belíssima.