Na sequência das saídas de Coimbra de serviços desconcentrados da Administração Central já anunciadas e das notícias avulsas sobre a saída de outras, temos assistido às mais diversas reacções por parte de alguns responsáveis políticos de Coimbra.
Umas vezes insurgem-se contra as notícias e os comentários, como se hoje fosse possível calar os cidadãos, sejam eles quem forem. Esquecem-se, ou eventualmente nunca ouviram falar, da velha história de que não se anula um facto matando o mensageiro que dele dá notícia.
Outras vezes aparecem a proclamar o seu amor desvelado a Coimbra, como se estas questões fizessem parte de um concurso para ver quem ama mais Coimbra. Fazem lembrar os maridos que depois de enganarem a mulher regressam a casa com um anel de brilhantes e palavras bonitas.
Não meus senhores. De facto, o que está em causa nestas discussões é algo muito mais importante para o futuro de Coimbra e de toda a região Centro. Como aqui escrevi há várias semanas, só não vê isto quem não que ver.
Trata-se de levar à prática uma tese que infelizmente vem sendo desenvolvida há alguns anos pelos planeadores regionais oficiais e que sustenta que o carácter policêntrico da região Centro é que lhe dá importância, ao contrário do que se defende para todas as outras regiões do país.
Deliberadamente esconde-se que Coimbra é a única cidade da região Centro que tem condições para ser uma cidade média europeia. Ao pretender-se nivelar todas as cidades da região como pretende o PNPOT em vigor, mais não se faz do que nivelar por baixo, esquecendo toda a importância de Coimbra na História de Portugal, a sua relevância cultural, o papel crucial da Universidade de Coimbra no âmbito do ensino superior, da investigação científica e da colaboração com o mundo económico que hoje tem, o empreendedorismo que cá existe ao mais alto nível tecnológico e económico, a sua altíssima capacidade de atracção turística, as condições únicas em termos de dimensão e qualidade de prestação de serviços de saúde a nível nacional, etc.
Em devido tempo a Câmara Municipal alertou para as opções do PNPOT, tendo-as criticado como lhe competia, o que no entanto não foi acolhido no documento final.
Como consequência das decisões políticas que vêm sido tomadas há vários anos, verifica-se hoje um estrangulamento deliberado de Coimbra como se pode ver, por exemplo, pelas ligações rodoviárias e respectivas portagens à volta de Coimbra.
Reafirmo que ao pretender-se anular a importância de Coimbra na região Centro, será toda a região que perderá, não faltando muitos anos para que seja absorvida pelas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, à boa maneira terceiro mundista e ao contrário do que se passa na Europa a que pertencemos. O próprio país ficará desequilibrado e perderá, no seu conjunto.
É absolutamente necessário e mesmo urgente que a sociedade civil de Coimbra acorde de vez para esta questão.
Publicado no DC em 22 Outubro 2007
2 comentários:
Apela à participação cívica para posteriormente censurar a mesma.
Fez bem em não publicar o meu comentário, porque não me revejo mais nele.
Assim é o "diálogo" com os leitores.
Passar bem
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