O Instituto Nacional de Estatística comemorou o “Dia Mundial da População” com a publicação do que chamou “ breve análise da evolução de alguns indicadores demográficos em Portugal, relativa às duas últimas décadas”, cuja leitura atenta se aconselha a todos os que preocupam com o futuro do nosso país.
Este trabalho do INE teve alguma repercussão na imprensa, embora receie que seja rapidamente esquecido, sem abanar as consciências como deveria acontecer.
O estudo informa que o índice de fecundidade, que indica o nº médio de crianças nascidas por mulher em idade fecunda, desceu de 1,65 para 1,36. Se em
Sublinha-se que se considera que o índice de fecundidade que garante a sustentabilidade de uma sociedade é de 2,1, pelo que a sociedade portuguesa está a morrer. E está de tal forma a morrer que, se a evolução futura dos índices demográficos se mantiver, no ano de 2050 Portugal deverá ter perdido cerca de 2,5 milhões de habitantes, tendo nessa altura uma população de cerca de 7,5 milhões de habitantes.
A acrescentar a esta hecatombe, teremos a circunstância trágica de as pirâmides etárias estarem a estreitar em baixo e a alargar em cima isto é, a passarem a estar invertidas, dado haver muito mais velhos e muito menos crianças e jovens.
Esta evolução dos índices demográficos tem que ser vista como consequência da organização da sociedade e não como natural, porque a ser natural, o futuro seria obrigatoriamente trágico.
As reformas que têm vindo a ser introduzidas na Segurança Social são de fim de linha e insustentáveis, dando provavelmente apenas para mais uma ou duas legislaturas, mesmo com supostas panaceias como a flexigurança.
Este é O maior problema de Portugal e não pode mais ser escamoteado.
È absolutamente necessário e urgente ir às causas da situação e trabalhar para a reorganização do país à luz destes dados, que devem condicionar decisões de grandes investimentos, políticas sociais, de trabalho, de família e, fundamentalmente, da mulher. Não podemos esquecer que a actual organização do país leva a que as mulheres portuguesas sejam as que mais trabalham na União Europeia, das que mais tarde têm filhos e das que têm menor taxa de fecundidade. E lembra-se ainda que Portugal é também um dos 4 países europeus que menos apoiam as famílias com filhos.
Publicado no DC em 16 de Julho de 2007
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