O PSD está de novo em processo de escolha de liderança.
Espera-se que, para além da escolha da pessoa que liderará o PSD até às próximas eleições legislativas, o processo eleitoral revele uma capacidade de afirmação que reconcilie os portugueses com o PSD e que lhe devolva o crédito da confiança perdida.
A passagem dos partidos pela oposição deve traduzir-se numa renovação dos protagonistas políticos mas, acima de tudo, numa redefinição dos objectivos essenciais que o exercício do poder quase sempre faz perder de vista.
A actual governação socialista tem revelado uma vontade de renovação e de capacidade reformadora que não foi apanágio do PS no passado. Há que ser justo e reconhecê-lo mas, por outro lado, há que ver quais as mudanças na organização do Estado português que são profícuas e vão no caminho de um desenvolvimento sustentado. É que há outras que apenas maquilham a realidade e garantem a continuidade de velhos vícios do Estado que comem impostos e apertam as amarras do Estado sobre a liberdade dos cidadãos.
O PSD não pode cair na armadilha de deixar que se generalize a ideia de que o actual governo está a fazer aquilo os social-democratas quereriam fazer e não foram capazes de levar a cabo. Pelo contrário, tem de provar que possui hoje propostas próprias consistentes, isto é, tem que ser uma alternativa real e percebida como tal pelos portugueses. Para tal, é imprescindível que os interesses individuais ditados por tacticismos e carreirismos cedam perante os valores colectivos partidários e mesmo nacionais, já que sem oposição forte e credível não há regime democrático que resista.
O PSD também não se pode deixar enredar em discursos sobre refundações da direita, fusões de partidos, etc., porque nada disto interessa ao comum dos portugueses.
Se há uma área em que o PSD deverá desde logo afirmar-se contando com a compreensão dos portugueses, é a da participação de Portugal na União Europeia.
É hoje evidente que as regras europeias tiveram como consequência a destruição quase total da nossa agricultura e da pesca. Não nos podemos dar ao luxo de permitir que os funcionários europeus venham também dar cabo do nosso sector vitivinícola, com vantagens futuras para quem se imagina, isto é, alemães e franceses.
Não estamos na União Europeia por favor, nem para recolher migalhas. A nossa participação na União Europeia não pode ser senão a da defesa intransigente dos nossos interesses, independentemente de quem ocupa os lugares cimeiros na estrutura da União.
O PSD, sem deixar de ser um partido europeísta assumido e convicto, bem podia colocar os olhos em Brown e Sarkozy e começar por se afirmar nesta matéria, sem complexos, que os portugueses agradecerão.
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