A evolução das organizações, por mais diversas que sejam, está sujeita a regras não escritas, mas cuja importância é crucial.
Nas empresas familiares por exemplo, mesmo naquelas de grande dimensão, verifica-se que raramente chegam à quarta ou mesmo terceira geração. Sobrevivem e crescem quando desde o princípio ou logo na segunda geração existe o discernimento para adoptar uma gestão profissional, ficando a família com o capital total ou decisivo das sociedades e uma palavra essencial para as grandes decisões estratégicas.
Um fenómeno semelhante ocorre nas organizações políticas por excelência, que são os partidos. Após lideranças fortes com grande carisma, que mais cedo ou mais tarde têm sempre que terminar, coloca-se a questão de escolher novos líderes. A tentação normal é de as segundas figuras da anterior liderança darem um passo em frente e assumirem-se como novos líderes. Têm a grande vantagem de já estarem perto da liderança, lugar para onde foram levados por diversas razões, normalmente ao colo, pelo anterior líder. Mas esta opção corre normalmente mal. Há numerosos exemplos históricos de sucessões deste tipo que correram mal no passado. Recordo a sucessão a Margaret Tatcher protagonizada por John Major que deu lugar a dez anos de Tony Blair na Grã-Bretanha. Entre nós e para não ir mais longe, aponto as sucessões de Balsemão a Sá Carneiro, de Fernando Nogueira a Cavaco Silva e de Santana Lopes a Durão Barroso. A excepção será a sucessão de Carmona Rodrigues a Santana Lopes na Câmara de Lisboa, mas essa foi claramente ditada por factores externos de todos bem conhecidos e actualmente na berra.
Com vista a uma boa qualidade de liderança, há toda a vantagem em que os novos líderes sejam escolhidos fora da anterior liderança e nunca do seu interior
Quem conhece bem esta situação são os treinadores de futebol. Quando no fim da época se vão embora peças fundamentais da equipa, nunca se vão buscar as segundas linhas da equipa para os substituir. A regra é contratar novos jogadores de primeira linha, tão bons ou melhores do que os que saíram. Infelizmente, na política, isso raramente acontece, sendo em minha opinião uma das razões para a descida de qualidade a que temos assistido, e não só entre nós.
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