jpaulocraveiro@ gmail.com "Por decisão do autor, o presente blogue não segue o novo Acordo Ortográfico"
segunda-feira, 31 de dezembro de 2007
BOM ANO NOVO
O tempo pode referir-se a um fenómeno climático. Hoje em dia é mesmo um dos problemas mais discutidos, devido ao chamado aquecimento global. A História da Terra já assistiu a períodos de gelo global, a épocas de grandes calores e a curtas eras de temperaturas relativamente amenas como a actual, que permitiu à Humanidade desenvolver-se e criar a sua própria civilização.
Outra concepção de tempo refere-se à duração de acontecimentos que se mede por períodos de tempo.
Pode dizer-se que a capacidade de “medir” o tempo, isto é, medir períodos de tempo é a base da civilização humana, desde o início da astronomia até à física quântica de hoje.
Ao longo da História, foram sendo adoptadas várias bases para nos orientarmos no tempo, tendo surgindo vários calendários para divisão do ano, que corresponde a uma translação da Terra à volta do Sol. O calendário gregoriano em vigor desde o século XVI, com o ano de 365 dias e os meses de 30 e 31 dias acrescidos do sistema dos anos bissextos, deu-nos uma base estável para nos entendermos todos sem uma grande acumulação de erros.
Durante muito tempo acreditou-se que o tempo era infinito isto é, que tinha existido desde sempre, permitindo que a realidade pudesse ser representada de forma simples através de três dimensões físicas e o tempo, que seria a quarta dimensão.
Depois, Einstein revolucionou tudo com a sua “Relatividade Geral”. Hoje acredita-se que houve um momento inicial para tudo, ao qual se chamou “Big Bang”, estando o universo em expansão e devendo em consequência prever-se igualmente um fim para tudo.
Aquela noção do tempo absoluto em que acreditaram tanto Aristóteles como Newton, foi igualmente colocada na prateleira.
A nova noção de espaço e tempo trazida por Einstein implica que o espaço-tempo não é rectilíneo e sim curvo, tendo nós uma ideia tão errada da realidade como aquela que Galileu desmontou e que era verdade “absoluta” desde Aristóteles.
De qualquer modo, a convenção do calendário gregoriano ainda nos serve perfeitamente para o dia a dia. Aquele calendário, na sua continuidade, diz-nos que hoje é o último dia do ano de 2007, sendo amanhã o primeiro dia do ano de 2008.
A base anual serve para fechar contas e fazer relatórios de actividades a todos os níveis, desde o individual ao das empresas e até do Estado. Serve também para abrir novas contas e iniciar projectos, o que é muito mais importante.
A todos os leitores e ao Diário de Coimbra “que tão amavelmente me acolhe nas suas páginas”, um bom ano de 2008.
Publicado no DC em 31 Dezembro 2007
domingo, 30 de dezembro de 2007
E DEPOIS DO INVERNO
INVERNO
Esta interpretação de Nigel Kennedy reconciliou-me com o Vivaldi das QUATRO ESTAÇÕES que já não podia ouvir por causa da charopada das versões para elevador.
FINALMENTE
Saúdo a atitude mais corajosa que vejo em Portugal desde há muito tempo.
Enorme desafio aos poderes instalados.
GOVERNADOR CIVIL
A Lusa dá-nos a resposta:
Coimbra, 30 Dez (Lusa) - Três condutores com excesso de álcool foram detidos hoje de madrugada em Coimbra, no âmbito de uma operação realizada pela PSP na zona urbana.
Na operação foram fiscalizados 300 condutores, tendo sido detectadas sete infracções muito graves de excesso de velocidade, revela a PSP de Coimbra em comunicado divulgado hoje.
Foram também assinaladas 12 infracções graves de excesso de velocidade.
A operação "Natal em Segurança 2007" decorreu entre as 00:30 e as 04:30, envolveu um total de 57 elementos policiais e foi acompanhada pelo governador civil de Coimbra.
Foram utilizadas 14 viaturas policiais, de onde se destacam um posto móvel, uma viatura equipada com um radar estático e outra com um radar dinâmico, adianta a nota da Polícia de Segurança Pública.
O uso de telemóvel durante a condução, a falta de inspecção periódica e pneus em situação irregular, foram outras infracções encontradas.
MCS
Lusa/fim
“ESPAÇO DE TEMPO”
Esta é uma expressão vulgar que me habituei a considerar como representativa de ignorância por parte de quem a emprega.
Na física clássica, o espaço é definido por três eixos ou apenas dois se considerarmos um plano. Para além disto, havia o tempo que definia o momento do acontecimento, independentemente da localização geométrica, mas que se lhe podia associar para o definir completamente.
Após a teoria da relatividade, a distância passou a ser definida em função do tempo e da velocidade da luz, isto é, o metro passou a ser definido como a distância percorrida pela luz em 0,000000003335640952 segundos medidos por um relógio de césio. Este valor corresponde à distância entre duas marcas numa barra de platina guardada em Paris, que é a definição que aprendemos na escola primária.
Curiosamente, vista desta forma, a expressão “espaço de tempo” já não parece tão ignorante, o que mostra que estamos sempre a aprender.
Para saber mais sobre o Tempo, aconselho vivamente a “BREVE HISTÓRIA DO TEMPO” de Stephen W. Hawking.
Tempus fugit
sábado, 29 de dezembro de 2007
MILLENNIUM BCP - 3
Não ao BCP, a quem desejo sinceramente que sobreviva, mas à chamada "economia liberal" em Portugal.
MILLENNIUM BCP-2
Coitado, nem se apercebe que quantas mais vezes as televisões passarem as suas declarações de satisfação pela nomeação do Eng. Faria de Oliveira para a CGD menos votos tem o PSD.
E mais não digo.
O POVO PASSOU A MANDAR
Após uma visita à exposição do Ermitage em Lisboa, uma criança com cerca de 8/10 anos, reproduz aquilo que ouviu da especialista que guiou o seu grupo na visita à exposição.
E o que disse sobre o "Imperador" NicolauII?
Que tinha sido morto com toda a sua família pelos bolcheviques, o que não tinha sido bom, mas no fim foi o povo que ficou a mandar.
Mais uma vez a relativização introduzida pelo "mas".
Claro que ninguém disse à criancinha que os bolcheviques eram comunistas.
E certamente também ninguém lhe disse que, tendo o povo passado a mandar, além de NicolauII e família foram mortas dezenas de milhões de pessoas em nome desse mesmo povo.
Mas isto, se calhar, sou eu que continuo a ser anti comunista primário...
segunda-feira, 24 de dezembro de 2007
NATAL
Se há momento da nossa vida colectiva actual em que se torna evidente o choque entre a tradição cristã e o actual relativismo racionalista é o Natal.
Todos nós sabemos a origem das festividades relacionadas com o Natal, que é o nascimento de Jesus Cristo, o que significa que esta é uma das celebrações sociais mais vincadamente cristãs.
Também são sobejamente conhecidos os lugares comuns relacionados com o Natal que enchem páginas de revistas e jornais, nomeadamente de entrevistas de “gente bonita”, afirmando uns que o Natal é todos os dias, outros que o Natal é quando um homem quiser, outros ainda que as crianças são o melhor do mundo, etc. São apenas frases feitas sem qualquer significado.
Por outro lado, basta andar na rua para se ser bombardeado com músicas a metro e luzes e mais luzinhas a brilhar, que aliás já nem reproduzem qualquer símbolo natalício, tentando apenas criar um ambiente supostamente propício a fazer compras.
Isto é, a sociedade laica contemporânea pegou num dos principais símbolos da tradição cristã e adaptou-o aos seus interesses e preocupações imediatas. Esta atitude perde tanto para o espírito cristão original do Natal, que é talvez uma das melhores provas de que, ao tentar ultrapassar os valores cristãos, a sociedade moderna apenas consegue produzir uma triste caricatura de uma festa familiar cristã que tantas obras de arte perenes produziu ao longo de vinte séculos.
O significado profundo do Natal não consiste nas prendinhas e nas luzes das ruas, mas sim no surgimento de Alguém que trouxe uma Verdade ainda hoje revolucionária ao dizer que todos os seres humanos são iguais perante Deus. É por esta razão que todos somos colectiva e pessoalmente responsáveis perante a pobreza, a exploração dos fracos e a injustiça.
Neste Natal os meus votos vão para que todos nós sejamos capazes de ultrapassar a intolerância e a incapacidade de ver o sofrimento dos nossos semelhantes, principalmente os mais fracos e desprotegidos, como era Jesus Cristo quando nasceu numa gruta em Belém há dois mil anos.
Publicado no DC em 24 Dezembro 2007domingo, 23 de dezembro de 2007
MILLENNIUM BCP
É lamentável e pode ter consequências imprevisíveis.
Espera-se que a actual liderança do PSD veja a importância do que se passa e que vai muito para além dos "acordos não escritos" relativos à liderança da CGD. Aliás, essa questão nem sequer deveria ter vindo a público, muito menos nesta altura.
As intervenções públicas de responsáveis públicos do sector financeiro também não estão a primar pela sensatez.
Aguardemos pelos próximos capítulos, na esperança de que a época que se atravessa ajude a manter alguma reserva e a haver algum respeito pelos valores fundamentais que todos dizemos respeitar, evitando que isto se pareça com a Rússia de Putin.
quinta-feira, 20 de dezembro de 2007
MAGNIFICAT
Esta oração encontra-se no Evangelho segundo S. Lucas (1:46-55):
A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus, meu salvador.
Porque pôs os olhos na humildade da sua serva: de hoje em diante
Me chamarão bem-aventurada todas as gerações.
O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas: Santo é o seu nome.
A sua misericórdia se estende de geração em geração sobre aqueles que O temem.
Manifestou o poder do seu braço e dispersou os soberbos.
Derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes.
Aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias.
Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia,
como tinha prometido a nossos pais, a Abraão e à sua descendência para sempre.
Glória ao Pai e ao Filho e ao espírito Santo,
como era no princípio, agora e sempre.
Ámen
Entre os vários compositores que escreveram sobre o Magnificat sobressai Johann Sebastian Bach que, como é bem conhecido, compunha para maior glória de Deus.
segunda-feira, 17 de dezembro de 2007
ÉTICA E EMPRESAS
Uma das consequências mais notórias e impressivas da globalização é uma maior dificuldade das pequenas e médias empresas se adaptarem a um ambiente económico muito mais exigente do ponto de vista da competitividade do que se verificava há uns anos. De facto, a abertura cada vez maior dos mercados à escala planetária significa competir directamente com empresas com estruturas de custos muito diferentes, dados os diferentes estágios de desenvolvimento dos países onde se localizam, que se traduzem em custos com pessoal, matérias primas e energia muito diferenciados. Significa isto normalmente que os preços de venda dos produtos e serviços são “esmagados” para poderem ser competitivos e permitirem o crescimento das empresas, ou mesmo a sua subsistência.
Nestas condições, coloca-se cada vez com maior premência a questão da ética nos negócios, dado que com muito maior facilidade os empresários se vêm na situação de lançar mão de todos os meios ao alcance para garantir o sucesso das suas empresas. Não se pode ainda esquecer que o insucesso das empresas significa, para além da perda económica, todo um rol de sofrimento para os empresários e seus colaboradores que normalmente vão engrossar a fila dos desempregados.
Nos dias de hoje as pessoas passam cada vez mais tempo nos seus empregos, assistindo-se mesmo a uma transferência do papel central da sociedade que tradicionalmente era da família, para as empresas
Se sempre foi um desafio ser empreendedor, hoje é muito mais difícil, não se compreendendo muito bem a má-vontade contra os empresários que ainda hoje se nota em muitas franjas da sociedade portuguesa, talvez fruto de querelas ideológicas mal resolvidas relacionadas com a falência dos amanhãs que cantam.
De qualquer forma, é a qualidade das empresas e dos seus responsáveis que conta cada vez mais para a construção de um futuro que seja económica e socialmente sustentável.
Por estas razões, a preocupação com a auto-regulação das empresas com vista a promover códigos de conduta e a adopção de códigos de ética para os seus colaboradores desde o gestor de topo ao mais simples colaborador, é importante para que a sua competitividade seja sustentável, garantindo estabilidade e bem-estar para todos.
A este propósito, recomendo aos leitores uma visita ao portal VER: http://www.ver.pt/
domingo, 16 de dezembro de 2007
CLIMA DE SEGURANÇA
RATIFICAR O TRATADO
Que se saiba, o primeiro-ministro ainda não anunciou a sua decisão quanto ao processo de ratificação. Sendo assim, será que o PSD apoia a decisão, qualquer que ela seja?
Será que Ribau Esteves já está a falar do novo primeiro-ministro (do PSD)?
sábado, 15 de dezembro de 2007
JOÃO DOMINGOS BOMTEMPO
Compositor português quase desconhecido, principalmente em Portugal, de forma bastante injusta.
O Ministério da Cultura faria bem em publicar a obra deste autor, para o que até nem seria difícil encontrar patrocínio, divulgando a sua obra aos portugueses, nomeadamente nas escolas.
Bomtempo nasceu em Dezembro de 1775, tendo vivido grande parte da sua vida em Paris e
Faleceu em Agosto de 1842.
terça-feira, 11 de dezembro de 2007
HELP
Após o encerramento da cimeira fiquei a aguardar pela comunicação dos resultados.
Como não consegui obter qualquer informação na comunicação social, peço encarecidamente aos leitores deste blogue que me forneçam pistas que me levem a conhecer o que realmente resultou da cimeira. Em termos de informação concreta, estamos perante um autêntico buraco negro.
Recuso-me terminantemente a pensar que o Estado português gastou 10 milhões de euros para organizar uma festa sem qualquer significado para além de ter ocorrido.
Claro que o seguinte texto da BBC já corre na net:
«PERHAPS THERE WEREN'T ANY»
«The Portuguese Prime Minister, Jose Socrates, gave an extraordinary closing speech which spoke about bridges being built, steps forward being taken, and visions being pursued. He went off on such an oratorical flight, in fact, that I became mesmerised by the beauty of the Portuguese language and the elegance of his delivery. I was so bewitched that I didn't register any concrete points in the speech at all. Perhaps there weren't any. But it certainly sounded good.»
Jornalista da BBC, enviado a Lisboa, a propósito do discurso final do senhor presidente em exercício, retirado de “Portugal dos Pequeninos”
Apesar de tudo, quero crer que é mais uma vez o espírito imperialista inglês, o mesmo do mapa cor-de-rosa, que produziu este texto.
OUTRAS REALIDADES
Antes de partir, o líder líbio recebeu um grupo de gestores e empresários que, antes do encontro mostravam uma grande animação entre os quais se destacava Ângelo Correia.
No entanto, pouco após o início do encontro no interior da tenda, dois dos melhores gestores do país, António Mexia e Luís Filipe Pereira saem com o semblante carregado.
Questionados sobre o que se passara lá dentro, Mexia respondeu que se trata de uma realidade diferente, de uma realidade que é preciso conhecer (cito de memória) e mais não disse.
Evidentemente, os gestores viram ou ouviram algo que os chocou violentamente para tomarem a decisão de abandonar imediatamente o local, parando ali mesmo qualquer hipótese de continuar contactos com vista a negócios das suas empresas na Líbia.
Três comentários:
1) Seria interessante divulgar a tal realidade diferente.
2) Só dois gestores se vieram embora. Porque é que os outros ficaram?
3) A restante comunicação social eliminou esta ocorrência das notícias.
segunda-feira, 10 de dezembro de 2007
SEMANA DE CARAVAGGIO
Embora essa história também mereça ser conhecida, não se trata aqui da Nossa Senhora de Caravaggio trazida para o nosso quotidiano por Luis Felipe Scolari.
Trata-se sim do pintor Michelangelo Merisi que terá nascido na cidade italiana da Caravaggio em 1571e que ficou conhecido pelo nome dessa cidade onde viveu.
Apesar de ter morrido com 39 anos, deixou uma obra absolutamente extraordinária.
A sua curta vida foi turbulenta, bem à imagem da época em que viveu. É bem a demonstração de que os Artistas estão muito para além da sua própria vida.
AS IGREJAS COMO PATRIMÓNIO CULTURAL
Se o leitor entrar na Igreja de Santa Cruz num qualquer dia da semana às nove da manhã, encontra o templo praticamente cheio para a celebração da Eucaristia.
Para além do facto de a congregação reunida ter como característica acentuada a predominância de cabelos brancos, o que se compreende dada a hora de trabalho, há outros aspectos que saltam à vista.
Em primeiro lugar, o templo encontra-se com a lotação quase completa, o que é muito significativo.
Por outro lado, somos apanhados de chofre pela sensação de que aquela celebração manifesta uma continuidade religiosa com mais de oitocentos anos, o que é impressionante. E apercebemo-nos de que a celebração eucarística é verdadeiramente a função primordial do templo, muito para além das cerimónias que regularmente se lá realizam, por ser monumento e panteão nacional.
Felizmente vai longe o tempo em que a classificação do património artístico e cultural da Igreja como de interesse nacional significava que o bem lhe era sistematicamente retirado e destinado a outros fins, o que não raras vezes significou a sua degradação e perda para sempre.
Ao longo de centenas de anos a Igreja Católica foi a criadora de um vastíssimo espólio cultural, constituído não só pelas igrejas e conventos, mas também por imagens, pinturas, peças de ourivesaria, panos valiosos, etc.
Se a comunidade em geral e o próprio Estado consideram esses bens como um património comum a preservar, o que no fundo é um reconhecimento da importância do cristianismo na constituição da nossa memória, não se deve esquecer o objectivo primordial da sua criação, que é o culto religioso.
Como templos abertos ao culto, as igrejas cristãs são lugares vivos que assim se distinguem dos museus, que servem apenas para conhecer ou visitar o passado.
A Igreja Católica, através da sua estrutura hierárquica, nomeadamente pela Conferência Episcopal, debruça-se com a maior atenção sobre o estudo da conservação e valorização do seu Património Artístico e Cultural.
Entre outras questões, a Conferência Episcopal considerou muito recentemente que “interessa particularmente à Igreja promover a correcta utilização pastoral e cultural do património”, aceitando ainda integrar uma comissão paritária com o Estado “que assegure um diálogo permanente, em ordem a conjugar esforços na defesa e valorização do património artístico da Igreja e a equacionar os problemas surgidos em lugares de interesse comum, como são os templos designados monumentos nacionais".
Como se vê, trata-se de uma questão que está na ordem do dia, existindo boas hipóteses de que esta nova abordagem venha a dar bons frutos, se o Estado acompanhar os esforços da Igreja Católica.
Publicado no DC em 10 Dezembro 2007domingo, 9 de dezembro de 2007
TÊ GÊ VÊ
Normalmente são ideias lançadas que após algum tempo todos "acham" que é necessário concretizar, sem verdadeiros estudos de custo-benefício.
Estão aí Sines e o Alqueva para o provar.
Se o novo aeroporto internacional é entendido como necessário para responder a uma procura estimada, o que dizer do TGV?
Ainda absolutamente ninguém demonstrou a necessidade da linha TGV entre Lisboa e Porto, para além da infra-estrutura ferroviária existente. Acresce a desmesurada ocupação de território que implica, precisamente na zona litoral já tão congestionada.
Percebe-se mais a ligação entre Lisboa e Madrid, embora mesmo neste caso devesse ser suportada exclusivamente pela União e por Espanha, que é a sua grande beneficiária.
Ao contrário da discussão do aeroporto que se centra na localização, no caso do TGV haja alguém que comece a colocar em causa este investimento de forma séria .
sábado, 8 de dezembro de 2007
Cimeira Europa-África
Sabe-se que não é verdade, sendo apenas um desvio para evitar perguntas aborrecidas dos jornalistas, perante a qualidade de muitos dos participantes.
Alguém se lembra da satisfação do presidente da União e do presidente da Comissão há poucas semanas em Lisboa quando Putin literalmente gozou com todos eles na véspera das suas eleições na Rússia? A União rejubilava ao mais alto nível com a aceitação por Putin de formas de garantir a liberdade e justiça das eleições. Depois foi o que se viu.
Será que com África vai ser diferente?
Não acredito.
Aliás o sr Kadhafi já tratou de por tudo em pratos limpos com a sua análise superior da actuação da ONU.
Quanto a este senhor só não percebo porque é que a sua tenda não foi instalada no parque Eduardo VII onde a envolvência me parecia muito mais adequada, além de que o relvado é muito mais confortável que o lajedo.
segunda-feira, 3 de dezembro de 2007
A OPERA PERFEITA - 2
Em Itália, 640
Na Alemanha, 231
100 em frança,
91 na Turquia,
Mas em Espanha, já 1003...
SEMANA DE MOZART
para todos uma boa semana.
Concerto nº 21
SOCIAL DEMOCRACIA, SA
Imagina-se que o objectivo estratégico seja ganhar as eleições, para o que os membros do partido deverão comportar-se como empregados bem disciplinados que no caso de sucesso terão os prémios devidos.
Deverão trabalhar como um exército bem disciplinado e em caso algum colocar a estratégia aprovada em causa.
A política já não terá nada a ver com isto, porque a discussão de projectos para o país passa a ser uma coisa muito complicada, que só atrapalha as opções definidas pela agência de marketing que, essa sim, sabe bem aquilo que o povo quer ouvir.
Pois se até a Tatcher descobriu há muitos anos que nenhum partido ganha eleições, os governos é que as perdem, para quê discutir opções, políticas e coisas aborrecidas para o comum dos cidadãos?
Algumas destas pessoas trazem sempre na boca o nome de Sá Carneiro.
Algum de nós, que ainda se lembra dele, o imagina a pactuar com este estilo de fazer "política"?
NO!
O povo venezuelano evitou, in extremis e POR AGORA, como o próprio Chávez fez questão de sublinhar, o "socialismo bolivariano do século XXI".
Vamos esperar pelos próximos capítulos, mas não auguro nada de bom, porque esta gente de esquerda não tem bom perder.
Não se pode esquecer que Chávez é um "putchista" de raiz, tendo protagonizado um golpe militar em 1992 contra o presidente Carlos Andrés Perez. Mais tarde veio a ganhar eleições, mas apenas porque teve essa possibilidade após ter sido amnistiado e libertado por Rafael Caldera Rodríguez.
O referendo que agora perdeu não era mais do que uma nova tentativa de golpe de estado à boa maneira sul-africana.
O que verdadeiramente impressiona é a facilidade com que certa esquerda embandeira em arco com indivíduos destes, como se viu há poucos dias em Portugal.
UNIVERSIDADE DE COIMBRA A PATRIMÓNIO MUNDIAL
Encontra-se em fase avançada a preparação da candidatura da Universidade de Coimbra a Património Mundial.
A Universidade de Coimbra foi incluída na Lista Indicativa de bens portugueses depositada junto da Unesco em 2004 pela Comissão Nacional. Este era o primeiro passo essencial para que a candidatura pudesse avançar. Dessa lista fazem parte, além da Universidade de Coimbra, a Arrábida, a Baixa Pombalina de Lisboa, a Cerca dos carmelitas Descalços (Buçaco), a Costa Sudoeste, as Fortificações de Elvas, o Palácio, Convento e Tapada de Mafra e ainda o Sítio de Marvão.
Desta lista, sendo optimista, apenas uma ou duas candidaturas, no máximo, poderão almejar obter sucesso final, que se consubstanciará na classificação como Património Mundial. É conveniente referir que a Lista Indicativa mundial inclui 159 países com um total de mais de 1400 indicações que, é de sublinhar, ainda não passaram à fase de candidatura.
Perante a concorrência, é fácil concluir que se existe verdadeira vontade nacional em apoiar esta candidatura, é absolutamente necessário juntar esforços para que seja coroada de êxito.
A candidatura abrange dois aspectos: o material e o imaterial.
Se para o imaterial bastará relevar o significado da História da Universidade de Coimbra a nível de Portugal, da Europa e do Mundo, cuja continuidade ao longo de centenas de anos levou a que a Universidade de Coimbra ainda hoje seja internacionalmente considerada com sendo a melhor de Portugal, já o aspecto material exige a maior atenção.
A parte material da candidatura inclui, não só as edificações da Alta à volta do Paço das Escolas, mas também a Rua da Sofia com os colégios seiscentistas.
À volta da área proposta pela candidatura está a zona de protecção, muito extensa, que abrange toda a Alta, a Baixa, a zona da Praça da República e da Av. Sá da Bandeira, bem como a Sereia.
As entidades que detêm jurisdição territorial sobre estas vastas zonas já manifestaram publicamente a vontade de participarem neste esforço, integrando na sua acção as intenções e objectivos da candidatura. O esforço financeiro para a reabilitação desta vasta área é, no entanto tão elevado, que só com a comparticipação comunitária é possível encará-lo como possível, a curto prazo.
Eis porque, para além da Universidade de Coimbra e da Cidade como um todo para o que tem estar unida em torno desta candidatura, é necessário que seja tida em conta nos programas de regeneração urbana a apoiar pelo Programa Operacional do Centro.
Publicado no DC em 3 Dezembro 2007sábado, 1 de dezembro de 2007
SINFONIA (Ext. Partita nº2)
terça-feira, 27 de novembro de 2007
COLONIALISMO ULTRAPASSADO?
As recentes atitudes de Juan Carlos relativamente a Chávez e de Gordon Brown em relação a Mugabe indiciam uma liberdade de espírito que já não se compadece com complexos post-colonialismo.
Falta que Portugal atinja esse patamar, para não suceder o que Angola tem feito connosco sistematicamente.
Mas claro, Portugal também foi o último país europeu a deixar África.
segunda-feira, 26 de novembro de 2007
CATEDRAL DE SANTA MARIA DE COIMBRA
Nestes tempos de distracção generalizada e de falta de referenciais colectivos, não há como determo-nos em símbolos sólidos que nos testemunham uma História rica que vem desde a fundação da nacionalidade e mesmo antes, que demonstram a capacidade de resistência e de afirmação de um povo durante séculos.
É o caso da Catedral de Santa Maria de Coimbra. Eventualmente, o leitor poderá perguntar-se a que catedral me refiro. Na realidade, é a verdadeira designação do templo que todos conhecem como SÉ VELHA DE COIMBRA.
Os primórdios conhecidos deste templo datam do tempo de D. Sesnando, figura importantíssima da História de Coimbra e mesmo de Portugal, pela sua acção de organização do espaço territorial do que viria alguns anos depois a ser o reino de Portugal e de política de protecção aos mocárabes. D. Sesnando, conde-governador que morreu em Coimbra no ano de 1091, cuja memória deveria ser cultivada e explicada pelo menos aos alunos das escolas de Coimbra. D. Sesnando, que transformou Coimbra numa verdadeira capital de um extenso território, antes de o nosso primeiro Rei fazer dela capital do Reino, cujo mausoléu está na Sé Velha.
A Sé Velha é riquíssima de património arquitectónico, artístico e cultural, para além do papel religioso que teve até à época do Marquês de Pombal. De facto, em 1772 o Marquês patrocinou a transferência do culto diocesano da Sé Velha para a igreja do colégio dos Jesuítas que haviam sido expulsos em 1759, assim se substituindo a Sé Velha pela Sé Nova. Com o abandono do culto a Sé Velha viu-se igualmente despojada de grande parte do seu valioso recheio, pouco mais restando do que o esplendoroso retábulo da capela-mor e a Pia baptismal, iniciando-se um longo período de decadência e esquecimento.
O actual Prior da Sé Velha Monsenhor João Evangelista, há muito anos que tenta virar este triste curso da História, chamando a atenção para o valor e importância da Catedral de Santa Maria de Coimbra. Esta acção solitária e incompreendida durante tanto tempo começa hoje finalmente a dar os seus frutos, com a preparação de obras e acções que permitam restituir ao templo alguma da sua antiga relevância religiosa e cultural. Os turistas que visitam a Sé Velha em número de largas dezenas de milhares por ano já a descobriram. Falta que a generalidade dos conimbricenses o faça também, aqui ficando o meu modesto desafio nesse sentido.
Publicado no DC em 26 Novembro 2007domingo, 25 de novembro de 2007
BPI e MILLENNIUM BCP
Ou me engano muito ou nas próximas semanas vamos ouvir muitas pessoas a falar castelhano.
25 DE NOVEMBRO, SEMPRE
Hoje em dia há um esquecimento generalizado ( suponho que intencional) do significado daquele dia de 1975.
Durante anos foi sustentado o mito de que foi a Direita (a Reacção) que levou os pára-quedistas a sair, enganados, coitados.
Depois de ler o livro de Zita Seabra tenho hoje a certeza de que aquilo de que desconfiava era a verdade. Aquela era para ser a data do Outubro português, depois de Abril ter sido o nosso Fevereiro, à semelhança do que sucedeu na Rússia com Lenine.
Tal não sucedeu, graças a muita gente, mas sobretudo à coragem e acção determinada de Eanes e Jaime Neves no momento certo.
Felizmente, a sequência da História veio a permitir que todas as opiniões e alternativas políticas tenham o seu lugar em Portugal, incluindo as dos que o tentaram evitar naquele dia.
É devido ao 25 de Novembro que o 25 de Abril é a data da celebração da liberdade.
terça-feira, 20 de novembro de 2007
ROSEBUD
Os negócios são evidentemente importantes e o petróleo não foge à regra.
Coisa diferente é subordinar a política ao negócio internacional.
Esta situação faz-me lembrar vagamente um filme em que alguém dizia que os nazis não eram tão maus assim, porque até tinham posto os comboios a andar andar a horas.
A História não serve para a aprender nada?
segunda-feira, 19 de novembro de 2007
CORRUPÇÃO? NÃO, OUTRA COISA
Também me parece que é naqueles sítios todos que ela está em casa, vá-se lá saber porquê.
domingo, 18 de novembro de 2007
ESTRADAS DE PORTUGAL
O Governo adoptou um modelo de implementação do Plano Rodoviário Nacional e de gestão das estradas nacionais que passa pela respectiva concessão por 75 anos a uma Sociedade Anónima de capitais exclusivamente públicos.
Parte do financiamento da “Estradas de Portugal” SA será assegurada pela afectação de uma parcela dos impostos sobre os combustíveis rodoviários.
Esta decisão provocou um alarido generalizado que, por uma vez, me parece completamente injustificado. Claro que havia outras alternativas. Mas esta parece-me inteiramente correcta, desde que seja acompanhada de determinadas medidas por parte do Estado.
A empresa “Estradas de Portugal” é de capitais exclusivamente públicos, não havendo portanto privatização. Também me parece evidente que, a médio prazo, as contas sairão da órbita do Orçamento Geral do Estado, o que corresponderá a uma desorçamentação, da qual também não virá mal nenhum ao mundo.
Provavelmente, este será um bom caminho para um total cumprimento do Plano Rodoviário Nacional, o que nunca foi conseguido até hoje. Também será possível garantir uma melhor manutenção das estradas, incluindo a sinalização (horizontal e vertical) sempre crucial para a segurança rodoviária.
Rapidamente deverá ser criada uma Autoridade Rodoviária que garanta uma correcta fiscalização das condições de cumprimento das concessões por parte do Estado.
O Estado deverá publicar normas com valor de lei relativas a projectos, construção e manutenção de estradas, garantindo uma correcta separação entre quem legisla, quem faz cumprir e quem tem a concessão das vias.
O Estado deve ter instrumentos que permitam punir a concessionária por incumprimento das regras da concessão, designadamente em matérias de segurança.
Os automobilistas deverão passar a ser vistos como clientes que através dos impostos sobre os combustíveis pagam muito caro o serviço proporcionado pela “Estradas de Portugal”, podendo e devendo exercer os direitos concomitantes a esse papel.
Este modelo de concessão das estradas vai acabar por trazer as empresas privadas para a gestão das estradas, o que é favorável ao desenvolvimento da economia. Por outro lado, como todos sabemos, o Estado é muito melhor a obrigar os privados a cumprir a lei do que a fazer os seus próprios serviços cumpri-la. Também por isso, tendo em conta a nossa segurança como utentes das estradas, o passo agora dado pode ser muito positivo.
Publicado no DC em 19 Novembro 2007
sábado, 17 de novembro de 2007
A humanidade vale a pena
sexta-feira, 16 de novembro de 2007
NOVAMENTE A CASA PIA
No entanto, custava-me ainda a acreditar na teoria da conspiração a alto nível para abafar o caso.
Depois de ver a entrevista da actual provedora da instituição, fiquei definitivamente esclarecido sobre os reais esforços para encobrir tudo isto.
Hoje parece-me claro que só com uma acção pública generalizada da sociedade civil livre nos poderemos livrar desta escória doentia que olha para as crianças como objectos sexuais.
Digo mesmo livrarmo-nos deles, já que não me parece que as teorias penais da recuperação social pegue com esta gente asquerosa que deveria ser trancada a sete chaves para sempre.
Hoje em dia tenho mesmo que dizer francamente que há pessoas ligadas a todo este processo que espero nunca encontrar pela frente .
CARNE DE VACA
Há notícias que parecem vir do fundo dos tempos.
segunda-feira, 12 de novembro de 2007
Sociedade estressada e perigosa
As circunstâncias em que ocorreu o recente trágico acidente com um autocarro na A-23 suscitaram, e bem, iniciativas várias das autoridades que detêm responsabilidades a nível da segurança rodoviária.
Este acidente envolve no entanto outros factores que devem merecer a nossa atenção, porque, embora mais notório que o habitual pelo elevado número de vítimas mortais que provocou, poderá não ser um caso isolado, antes um sintoma de problemas graves que extravasam a segurança rodoviária.
Foi referido na comunicação social que no automóvel ligeiro envolvido no acidente que se verificou eram quase oito horas da noite, seguiam quatro pessoas, professores e professoras, que regressavam a casa após o trabalho na escola.
A actual organização social portuguesa promove a necessidade de deslocação diária de muitas pessoas entre a residência e o local de trabalho, com utilização de automóvel. Essas deslocações são frequentemente demasiado longas e obrigam a um dispêndio de energia que provoca cansaço e até sono permanente nas pessoas.
O desaparecimento do mercado de arrendamento e a sistemática compra de casa por casais novos por recurso a crédito bancário criou uma rigidez na sociedade com consequências a diversos níveis. Uma delas é precisamente a necessidade de se efectuarem viagens cada vez mais longas casa/trabalho por parte de ambos os membros do casal, que normalmente até trabalham em locais diferentes.
Por outro lado, as condições de trabalho dos dias de hoje exigem muito mais horas diárias de trabalho do que era normal até há uns anos. Todos sabemos que na prática, em muitas profissões, os horários de trabalho são coisa que já era.
A conjugação destes factores, associada com a vontade de dar algum apoio aos filhos no final do dia, ainda que escasso, cria uma instabilidade psicológica generalizada que dá origem, aliás, a um consumo excessivo de ansiolíticos e anti depressivos que é dos mais elevados da Europa.
Eu sei que dar solução a estes problemas não é fácil, já que resultam de uma deficiente organização da nossa sociedade que tende a abandonar a família como seu núcleo central.
Mas é preciso, pelo menos, tomar consciência desta desestruturação social e começar a virar o rumo para uma organização social que, fundamentalmente a nível laboral, crie condições para que os pais e mães não tenham que se deslocar diariamente largas dezenas de quilómetros e que tenham calma e disponibilidade de tempo para os filhos.
Publicado no DC em 12 Novembro 2007
sábado, 10 de novembro de 2007
A CARTA
Mostra claramente como as agências de marketing tendem a substituir-se aos políticos, quando se lhes dá essa oportunidade.
O "ABRUPTO" fez serviço público ao publicar esta carta.
quarta-feira, 7 de novembro de 2007
LIDERANÇAS
Santana Lopes vai a líder do PSD e primeiro-ministro. Pode não se gostar, mas não se faz oposição interna a um líder no Governo, por princípio.
Marques Mendes é eleito líder do PSD. Pode não se gostar, mas não se faz oposição interna à liderança escolhida pelo partido, por princípio.
Menezes é eleito líder do PSD. Pode não se gostar, mas não se faz oposição interna à liderança escolhida pelo partido, por princípio.
Santana Lopes é eleito líder da bancada parlamentar pelos seus pares. Toda a gente é livre de manifestar a sua oposição a um erro clamoroso de casting e de indiferença por uma rejeição eleitoral absolutamente ostensiva do povo deste país.
DUELO?
"Duelos em que um protagonista tem 30 balas e os outros cinco é desequilibrado"
Nunca ninguém ensinou a este senhor que para um duelo só interessa uma bala, A PRIMEIRA ?
segunda-feira, 5 de novembro de 2007
Memórias de três guerras
Por estes dias, e por motivos diferentes, estamos a ser confrontados com as memórias de três guerras.
Neste mês de Novembro passam exactamente duzentos anos sobre a primeira invasão francesa comandada pelo general Junot. As consequências para Portugal da chamada “guerra peninsular” foram imensas. A saída da Família Real para o Brasil iria dar origem à independência daquele país e às guerras fratricidas que se seguiram entre D. Pedro e D. Miguel, cujas sequelas ainda hoje são perceptíveis na sociedade portuguesa.
As lutas com os franceses no território nacional caracterizaram-se por um grau de violência e de destruição e pilhagem do nosso património absolutamente indescritível. Em pequeno, lembro-me de ouvir descrições destas lutas aos velhos da beira baixa que as tinham ouvido aos seus avós, que eram de tal forma arrepiantes que seria difícil acreditar que pessoas normalmente pacíficas fossem capazes de cometer tais actos.
As recordações da guerra civil espanhola vieram ao de cima com uma iniciativa de Zapatero chamada “Lei da Memória Histórica”. Mais valia que essa memória fosse deixada a dormir por muitos e bons anos. De facto, ao abrir mais um conflito com a Igreja Católica pela sua ligação ao regime Franquista, Zapatero não podia ignorar que nas guerras civis nunca se sabe muito bem quem começa o quê, sendo certo que, ainda antes da guerra civil, a República levou a que muitos padres e freiras fossem assassinados e muitas igrejas destruídas. A violência daquela guerra civil, de parte a parte, deveria levar a que o bom senso que presidiu à transição espanhola para a democracia fosse mantido.
Já a série de documentários que a RTP está a apresentar sobre as guerras de independência em Angola, Moçambique e Guiné parece-me vir em boa altura.
Os intervenientes directos que prestam depoimentos usam ainda muito de auto-justificação dos seus actos. Mas é vantajoso tomar-se conhecimento daquilo que se passou na realidade de uma forma que até agora me parece feita de uma forma abrangente e não parcelar ou sectária o que, convenhamos, não é tarefa fácil.
Também esta guerra se revestiu de uma particular violência de parte a parte, como temos visto na série, de uma forma por vezes altamente perturbante, pelos actos praticados por pessoas de quem tal não seria de esperar.
As consequências do fim desta guerra, particularmente a vinda de centenas de milhares de pessoas de África com a sua absorção quase instantânea estão ainda por analisar e conhecer
domingo, 4 de novembro de 2007
CORRUPÇÃO
Uma parte dos corruptos quebra as regras para obter vantagens materiais indevidas.
Mas é com os que o fazem para obter outras vantagens que é preciso ter mais cuidado, até por não haver Ministério Público para os acusar.
quinta-feira, 1 de novembro de 2007
CYRANO
quarta-feira, 31 de outubro de 2007
A REALIDADE VIRTUAL
Para quem não sabia, ficou claro que hoje em dia praticamente toda a gente usa os serviços de consultores de imagem para atingir os seus objectivos que tenham que passar por conquistar opiniões favoráveis de algum grupo social.
As empresas desde sempre que o fazem para convencer os consumidores da excelência dos seus produtos ou serviços.
Os políticos também o fazem há muito para convencer os seus potenciais eleitores.
No entanto não deixa de ser verdadeiramente espantoso que entidades estatais como a Entidade Reguladora da Comunicação Social ou o Supremo Tribunal de Justiça entendam justificado ou razoável gastar fundos públicos para promoverem a sua imagem.
Claro que situações destas passam-se há muito em países com sistemas democráticos estabilizados, em que a maioria das pessoas têm já perfeito conhecimento delas .
Há um aspecto relevante neste uso e abuso dos consultores de imagem e que é necessário que todos tenhamos consciência dele. É que muitas vezes, para além de maquilharem quem os contrata, tratam ainda de limitar os estragos das suas asneiras e, principalmente, criam na comunicação social uma realidade virtual que cria temas e discussões que levam toda a gente atrás, enquanto o que verdadeiramente interessa passa discretamente por baixo de toda essa espuma que rapidamente se desfaz, até aparecer nova matéria de distracção.
É ver como determinados assuntos são lançados e tratados com grande voluntarismo pela generalidade da comunidade bloguística e pela comunicação social, para logo de seguida serem praticamente esquecidos e substituídos por outra matéria igualmente discutida e analisada por todos.
São inúmeros os sinais de que em Portugal se pratica actualmente este tipo de manipulação da realidade, que urge denunciar.
segunda-feira, 29 de outubro de 2007
O agradecimento alemão
Como os alemães não costumam ser muito dados a reacções efusivas e não são propriamente conhecidos por brincarem a feijões nestas coisas da política da União, o entusiasmo com que aquele agradecimento foi feito despertou-me curiosidade sobre as suas razões.
Desde logo, a chanceler alemã ficou naturalmente satisfeita, porque as negociações difíceis sobre o Tratado que dirigiu durante a presidência alemã, foram levadas a bom porto pela presidência portuguesa.
Por outro lado, parece agora possível ultrapassar os problemas de gestão da União decorrentes dos sucessivos alargamentos e dos chumbos dos referendos à anterior Constituição em França e na Holanda em 2005, o que naturalmente será bom para toda a União e não para nenhum membro em particular.
Do texto da anterior “Constituição” foram deixados cair o hino, a bandeira e o ministro dos negócios estrangeiros da União, que continuará ser o “Alto Representante da União para os Assuntos Externos e Política de Segurança”. Também a livre concorrência deixou de ser um objectivo da União, para passar a ser apenas um instrumento. Como se vê, as diferenças são meramente de pormenor e até de designação, mas enfim, já não há formalmente Constituição Europeia, o que dá jeito para evitar referendos.
Manteve-se o reforço do Conselho de Ministros diminuindo os poderes da Comissão, o que evidentemente é muito bom para os países grandes, com a Alemanha à cabeça.
Foi ainda criado o cargo de Presidente fixo do Conselho Europeu, acabando a partir de 2009 as presidências rotativas de seis em seis meses, que simbolizavam a igualdade entre os países membros.
Foi adoptado o sistema de decisão por dupla maioria com aplicação a partir de 2014, pelo qual o Conselho de Ministros decidirá quando tiver uma maioria de 55% dos Estados, com 65% da população, facilitando a formação de maiorias entre os países grandes, deixando os pequenos com menos influência.
Com o novo sistema, a representação de Portugal, que pelo método anterior era de 3, 47%, passa a ser de 2,14%. Curiosamente, o peso da Alemanha passa dos actuais 8,4% para 16,7%.
Isto é, verifica-se facilmente que o novo Tratado beneficia os países maiores da União, em particular a Alemanha, pelo que se compreende agora bem o entusiasmo do agradecimento de Angela Merkel.
Já Portugal fica muito satisfeito porque o acordo final foi alcançado durante a presidência portuguesa, o que levará a que a sua assinatura seja feita em Lisboa, ficando naturalmente a ser conhecido por “Tratado de Lisboa”.
Enfim, nestas negociações difíceis cada um ficou com o que conseguiu e, curiosamente, todos os líderes europeus regressaram a casa a reclamar vitória.
Publicado no DC em 29 Outubro 2007
domingo, 28 de outubro de 2007
O PROBLEMA
Há um resultado constante em todos os rankings publicados: os primeiros lugares são sempre ocupados por escolas do ensino privado, à semelhança do que tem acontecido nos anos anteriores.
Sigificativamente, qual foi a reacção política mais notória a estes resultados? Precisamente a do Bloco de Esquerda que atirou sobre as escolas privadas, acusando-as de estarem a ser promovidas pela direita, ou mesmo pela extrema direita. Isto é, em vez de analisarem as razões dos maus resultados da maioria das escolas públicas, criticam o que é bom e deveria servir de exemplo.
Por mais descabida que seja, esta reacção deve no entanto ser tida em conta, porque provavelmente visa preparar o terreno para mais ataques ao ensino privado.
Nesta mesma altura, o Estado resolve acabar com as reprovações por faltas injustificadas. É mais um passo na direção do abismo, apenas para mascarar as etatísticas de resultados. Só apetece dizer: "shame on you".
quinta-feira, 25 de outubro de 2007
TRATADO REFUNDADOR
quarta-feira, 24 de outubro de 2007
ESCUTAS
Quando o Procurador Geral da República disse o que disse, sabia muito bem que uma eventual escuta ao seu telefone seria ilegal.
Depois disso veio uma senhora juíza informar que acontece frequentemente haver "lapsos" na identificação dos números que a polícia pede para escutar, o que leva a que os magistrados tenham que verificar os números nas operadoras, o que nunca nos passaria pela cabeça que fosse necessário.
Aprendemos que, embora não seja muito legal, haverá serviços de informações a fazer escutas. Se não é legal, quem controla?
Depois parece que há "espionagem industrial" que também usa escutas.
A cereja em cima do bolo é a garantia dada pelo Ministro da Justiça e pelo Director Nacional da Judiciária de que não há em Portugal escutas ilegais, garantia em que obviamente ninguém acredita.
Pelos vistos, e infelizmente, os Estados não passam hoje sem vasculhar a vida privada dos cidadãos, situação que obriga a que esta actividade seja muito bem definida e controlada.
O novo Código de Processo Penal dá aos arguidos a faculdade de conhecer as escutas que as autoridades policiais lhes fizeram, antes de serem destruídas por as autoridades as considerarem sem interesse para o processo.
Porque é que os simples cidadãos que são escutados "por arrasto" não têm também a possibilidade de conhecer o que a polícia ficou a saber deles e quem teve acesso a essa informação?
Será verdade que floresce entre nós uma industria de chantagem a coberto destes conhecimentos ilegítimos, como alguns afirmam?
Haja alguém que seja capaz de explicar todo este enredo aos simples cidadãos que nunca foram acusados, nem arguidos nem sequer suspeitos de nenhuma actividade ilegal. Ou será que hoje em dia todos os cidadãos são permanentemente suspeitos de algo ilegítimo? Ou será que o exercício da autoridade dá a alguns a vantagem de conhecer a vida privada dos outros?
A começar pelo Presidente da República espera-se que os principais responsáveis do País façam com que tudo isto seja muito bem explicadinho e nos demonstrem que os receios que são agora generalizados não têm razão de ser e que o Estado democrático existe também para nos proteger e não para servir de esconderijo a quem se serve ilegitimamente dele.
sábado, 20 de outubro de 2007
Comentários
Atendendo ao carácter do blogue será adoptado o seguinte procedimento:
Não serão publicados comentários que se refiram concretamente a pessoas, quer para elogiar, quer para depreciar.
De facto, uma mensagem publicada abaixo, mereceu de um visitante um comentário favorável, mas que continha apreciações (elogiosas) à pessoa do administrador deste blogue, razão por que o comentário não foi aceite. As minhas desculpas ao comentador em causa, mas compreenderá que não ficava bem ao administrador do blogue proceder à publicação, ficando agora clara esta regra.
TELEFONES
O que pensa da possibilidade de os serviços de informações fazerem escutas?
Eu vou dizer uma coisa com toda a clareza, que talvez não devesse dizer: acho que as escutas em Portugal são feitas exageradamente. Eu próprio tenho muitas dúvidas que não tenha telefones sob escuta. Como é que vou lidar com isso? Não sei. Como vou controlar isto? Não sei. Penso que tenho um telemóvel sob escuta. Às vezes faz uns barulhos esquisitos.
Bom. Como o meu telemóvel de vez em quando também faz uns barulhos estranhos, só me resta concluir que alguém ouve as minhas conversas. Que lhe faça bom proveito.
COIMBRA NA REGIÃO CENTRO
Na sequência das saídas de Coimbra de serviços desconcentrados da Administração Central já anunciadas e das notícias avulsas sobre a saída de outras, temos assistido às mais diversas reacções por parte de alguns responsáveis políticos de Coimbra.
Umas vezes insurgem-se contra as notícias e os comentários, como se hoje fosse possível calar os cidadãos, sejam eles quem forem. Esquecem-se, ou eventualmente nunca ouviram falar, da velha história de que não se anula um facto matando o mensageiro que dele dá notícia.
Outras vezes aparecem a proclamar o seu amor desvelado a Coimbra, como se estas questões fizessem parte de um concurso para ver quem ama mais Coimbra. Fazem lembrar os maridos que depois de enganarem a mulher regressam a casa com um anel de brilhantes e palavras bonitas.
Não meus senhores. De facto, o que está em causa nestas discussões é algo muito mais importante para o futuro de Coimbra e de toda a região Centro. Como aqui escrevi há várias semanas, só não vê isto quem não que ver.
Trata-se de levar à prática uma tese que infelizmente vem sendo desenvolvida há alguns anos pelos planeadores regionais oficiais e que sustenta que o carácter policêntrico da região Centro é que lhe dá importância, ao contrário do que se defende para todas as outras regiões do país.
Deliberadamente esconde-se que Coimbra é a única cidade da região Centro que tem condições para ser uma cidade média europeia. Ao pretender-se nivelar todas as cidades da região como pretende o PNPOT em vigor, mais não se faz do que nivelar por baixo, esquecendo toda a importância de Coimbra na História de Portugal, a sua relevância cultural, o papel crucial da Universidade de Coimbra no âmbito do ensino superior, da investigação científica e da colaboração com o mundo económico que hoje tem, o empreendedorismo que cá existe ao mais alto nível tecnológico e económico, a sua altíssima capacidade de atracção turística, as condições únicas em termos de dimensão e qualidade de prestação de serviços de saúde a nível nacional, etc.
Em devido tempo a Câmara Municipal alertou para as opções do PNPOT, tendo-as criticado como lhe competia, o que no entanto não foi acolhido no documento final.
Como consequência das decisões políticas que vêm sido tomadas há vários anos, verifica-se hoje um estrangulamento deliberado de Coimbra como se pode ver, por exemplo, pelas ligações rodoviárias e respectivas portagens à volta de Coimbra.
Reafirmo que ao pretender-se anular a importância de Coimbra na região Centro, será toda a região que perderá, não faltando muitos anos para que seja absorvida pelas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, à boa maneira terceiro mundista e ao contrário do que se passa na Europa a que pertencemos. O próprio país ficará desequilibrado e perderá, no seu conjunto.
É absolutamente necessário e mesmo urgente que a sociedade civil de Coimbra acorde de vez para esta questão.
Publicado no DC em 22 Outubro 2007segunda-feira, 15 de outubro de 2007
JAZZ
http://www.youtube.com/watch?v=U4FAKRpUCYY&mode=related&search=
ELIS
http://www.youtube.com/watch?v=wuq0VYEf4nc&mode=related&search=
boa semana
QUESTÕES DE LIDERANÇA
Se há muitas maneiras de se exercer a liderança, existem no entanto duas condições básicas para que as pessoas que integram essas organizações acompanhem o respectivo líder nas suas movimentações com vista a atingir os objectivos a que se propõem.
A primeira dessas condições é a representatividade/emulação. Significa que os membros de uma organização gostam ou precisam mesmo de se sentir bem representados pelo seu líder nas situações de confronto, a fim de eles próprios terem ânimo para enfrentar as dificuldades. Quando um líder é pública e frequentemente vencido nesses confrontos e mesmo assim não demonstra qualquer sinal emotivo de reacção, pode ser considerado muito frio e profissional por alguns, mas não suscita qualquer empatia daqueles que dirige. Acontece que a relação afectiva entre os membros de uma organização e os seus líderes é muito mais importante na obtenção de motivação do que pode parecer à primeira vista.
A confiança na sua liderança é outra condição para um bom funcionamento de qualquer organização. Os membros de uma organização têm que saber que, em casos de contrariedade vinda do exterior, a reacção da sua liderança será defendê-los. O papel das lideranças não pode ser o de abrir brechas na organização, devendo tomar posições de limpeza interna apenas perante provas concretas e irrefutáveis de má conduta. Caso contrário, no limite seria a própria liderança a permitir que os adversários abatessem paulatinamente os seus um a um, apenas com o simples levantamento de suspeitas.
Quando surgem, estes sentimentos de perda de representatividade e de confiança vão minando as relações e podem a certa altura transformar-se em sentimentos de rejeição, muitas vezes não reconhecidos de imediato pela liderança. No momento em que uma liderança que permite esta situação se vir na necessidade de suscitar o apoio dos elementos da sua organização, terá com toda a certeza a amarga constatação de que estará quase sozinha.
A História está cheia de exemplos de situações deste tipo, algumas trágicas, outras apenas curiosas, mas que deveriam estar permanentemente no espírito de quem dirige organizações complexas.
Concluindo, se o leitor está a pensar que na minha mente está o que aconteceu recentemente no PSD, tem toda a razão. Devo acrescentar ainda que, em minha opinião, esta incapacidade de gestão de recursos humanos teceu o pano de fundo em que a política veio a escrever o resultado da eleição directa.
Publicado no DC em 15 Outubro 2007
sábado, 13 de outubro de 2007
Fausto Correia
À primeira vista, muito nos separava na visão do mundo.
Mas havia nele claramente uma nobreza de carácter e uma grandeza de alma que infelizmente poucos possuem.
E havia nele aquele amor entranhado e algo irracional a Coimbra que me recorda Mendes Silva.
Não se compreende
No entanto, estes dois últimos números devem ter sido um êxito absoluto de vendas, por causa da entrevista a prestações da D. Catalina da Casa Pia.
A senhora é uma personagem complicada, exemplo típico da baralhação mental da geração "soixante-huitard".
Só o facto de continuar a assumir-se como admiradora de Otelo deverá colocar-nos de sobreaviso. As fotografias do bandido do CHE também não ajudam muito.
E no entanto...
As afirmações da senhora são de tal ordem, que das duas uma: ou vai a tribunal levada pelos defensores do tal ex-ministro, ou o próprio regime perde totalmente a sua credibilidade.
Não se compreende que as afirmações da senhora fiquem totalmente sem consequências.
Aliás, para provar a gravidade da situação, basta verificar as reacções dos autores do "Causa Nossa". Raramente tenho assistido a tal violência de linguagem.
Se esta entrevista não tiver consequências sérias, não será preciso mais nenhuma prova de que algo está podre no reino da Dinamarca, aliás república de Portugal.
LÍDERES
A evolução das organizações, por mais diversas que sejam, está sujeita a regras não escritas, mas cuja importância é crucial.
Nas empresas familiares por exemplo, mesmo naquelas de grande dimensão, verifica-se que raramente chegam à quarta ou mesmo terceira geração. Sobrevivem e crescem quando desde o princípio ou logo na segunda geração existe o discernimento para adoptar uma gestão profissional, ficando a família com o capital total ou decisivo das sociedades e uma palavra essencial para as grandes decisões estratégicas.
Um fenómeno semelhante ocorre nas organizações políticas por excelência, que são os partidos. Após lideranças fortes com grande carisma, que mais cedo ou mais tarde têm sempre que terminar, coloca-se a questão de escolher novos líderes. A tentação normal é de as segundas figuras da anterior liderança darem um passo em frente e assumirem-se como novos líderes. Têm a grande vantagem de já estarem perto da liderança, lugar para onde foram levados por diversas razões, normalmente ao colo, pelo anterior líder. Mas esta opção corre normalmente mal. Há numerosos exemplos históricos de sucessões deste tipo que correram mal no passado. Recordo a sucessão a Margaret Tatcher protagonizada por John Major que deu lugar a dez anos de Tony Blair na Grã-Bretanha. Entre nós e para não ir mais longe, aponto as sucessões de Balsemão a Sá Carneiro, de Fernando Nogueira a Cavaco Silva e de Santana Lopes a Durão Barroso. A excepção será a sucessão de Carmona Rodrigues a Santana Lopes na Câmara de Lisboa, mas essa foi claramente ditada por factores externos de todos bem conhecidos e actualmente na berra.
Com vista a uma boa qualidade de liderança, há toda a vantagem em que os novos líderes sejam escolhidos fora da anterior liderança e nunca do seu interior
Quem conhece bem esta situação são os treinadores de futebol. Quando no fim da época se vão embora peças fundamentais da equipa, nunca se vão buscar as segundas linhas da equipa para os substituir. A regra é contratar novos jogadores de primeira linha, tão bons ou melhores do que os que saíram. Infelizmente, na política, isso raramente acontece, sendo em minha opinião uma das razões para a descida de qualidade a que temos assistido, e não só entre nós.
Estado e Igreja
domingo, 7 de outubro de 2007
DIALOGAR COM OS LEITORES
Esta é a centésima crónica semanal da actual série que foi iniciada em Outubro de 2005.
O dia a dia atarefado da actualidade leva a que o tempo passe por nós bem mais depressa do que gostaríamos, esquecendo-nos demasiadas vezes de parar para reflectir e avaliar o percurso.
A crónica número cem justifica, a meu ver, que o seu objecto seja o conjunto dos textos entretanto publicados, não abordando qualquer assunto específico da actualidade como tem sucedido normalmente.
Aproveito por relembrar aqui algumas das orientações editoriais que ficaram definidas logo na primeira crónica:
“Tentar-se-á aqui fugir dos juízos morais que se transformam hoje amiúde em armas de combate político e de destruição, a fazer lembrar tempos inquisitoriais antigos que deveriam estar já bem enterrados. Optar-se-á sim por posições optimizadoras e construtivas, com o objectivo de poder contribuir para uma visão positiva da sociedade, que tão necessária é para melhorar a auto-estima dos concidadãos.”
Do sucesso ou insucesso dos escritos entretanto publicados quando observados à luz dos princípios assumidos ajuizará o leitor.
Algumas vezes me terei afastado mais do que gostaria do caminho traçado, mas o esforço sério para que tal não sucedesse foi real. Há evidentemente leitores que acham que vou por vezes longe demais na opinião emitida e existem outros que me criticam por ser demasiado brando em algumas matérias.
Penso que aquilo que verdadeiramente importa é o exercício activo de cidadania, expondo publicamente os pontos de vista pessoais o que, sem falsas modéstias, vai sendo cada vez mais raro na nossa sociedade. Cabe aqui agradecer os comentários recebidos ao longo deste tempo, quer os mais críticos, quer os favoráveis. É para isso mesmo que ao fundo de cada texto aparece o meu endereço electrónico. Saúdo uns e outros, consciente de que muitas vezes essas posições reflectem antagonismos profundos e mesmo preconceitos de vária ordem nuns casos e amizade demasiado indulgente noutros.
Cabe igualmente pedir desculpa aos leitores pelos erros ou gralhas que de vez em quando aparecem nos textos, apesar dos cuidados para que tal não suceda. Foi o caso da crónica da passada semana em que, após as numerosas alterações introduzidas no texto, ficaram duas palavras que lá não deviam estar.
Termino recordando que ser optimizador e construtivo é uma alternativa a ser meramente optimista ou pessimista, já que qualquer uma destas posições pode levar ao imobilismo e falta de vontade de melhorar a realidade.
Publicado no DC em 8 de Outubro de 2007sábado, 6 de outubro de 2007
Tratado "Reformador"
http://www.eu2007.pt/ue/vpt/noticias_documentos/20071004ttratado.htm
O PROBLEMA PRINCIPAL
O Instituto Nacional de Estatística comemorou o “Dia Mundial da População” com a publicação do que chamou “ breve análise da evolução de alguns indicadores demográficos em Portugal, relativa às duas últimas décadas”, cuja leitura atenta se aconselha a todos os que preocupam com o futuro do nosso país.
Este trabalho do INE teve alguma repercussão na imprensa, embora receie que seja rapidamente esquecido, sem abanar as consciências como deveria acontecer.
O estudo informa que o índice de fecundidade, que indica o nº médio de crianças nascidas por mulher em idade fecunda, desceu de 1,65 para 1,36. Se em
Sublinha-se que se considera que o índice de fecundidade que garante a sustentabilidade de uma sociedade é de 2,1, pelo que a sociedade portuguesa está a morrer. E está de tal forma a morrer que, se a evolução futura dos índices demográficos se mantiver, no ano de 2050 Portugal deverá ter perdido cerca de 2,5 milhões de habitantes, tendo nessa altura uma população de cerca de 7,5 milhões de habitantes.
A acrescentar a esta hecatombe, teremos a circunstância trágica de as pirâmides etárias estarem a estreitar em baixo e a alargar em cima isto é, a passarem a estar invertidas, dado haver muito mais velhos e muito menos crianças e jovens.
Esta evolução dos índices demográficos tem que ser vista como consequência da organização da sociedade e não como natural, porque a ser natural, o futuro seria obrigatoriamente trágico.
As reformas que têm vindo a ser introduzidas na Segurança Social são de fim de linha e insustentáveis, dando provavelmente apenas para mais uma ou duas legislaturas, mesmo com supostas panaceias como a flexigurança.
Este é O maior problema de Portugal e não pode mais ser escamoteado.
È absolutamente necessário e urgente ir às causas da situação e trabalhar para a reorganização do país à luz destes dados, que devem condicionar decisões de grandes investimentos, políticas sociais, de trabalho, de família e, fundamentalmente, da mulher. Não podemos esquecer que a actual organização do país leva a que as mulheres portuguesas sejam as que mais trabalham na União Europeia, das que mais tarde têm filhos e das que têm menor taxa de fecundidade. E lembra-se ainda que Portugal é também um dos 4 países europeus que menos apoiam as famílias com filhos.
Publicado no DC em 16 de Julho de 2007
O PSD FOI A VOTOS
O PSD está de novo em processo de escolha de liderança.
Espera-se que, para além da escolha da pessoa que liderará o PSD até às próximas eleições legislativas, o processo eleitoral revele uma capacidade de afirmação que reconcilie os portugueses com o PSD e que lhe devolva o crédito da confiança perdida.
A passagem dos partidos pela oposição deve traduzir-se numa renovação dos protagonistas políticos mas, acima de tudo, numa redefinição dos objectivos essenciais que o exercício do poder quase sempre faz perder de vista.
A actual governação socialista tem revelado uma vontade de renovação e de capacidade reformadora que não foi apanágio do PS no passado. Há que ser justo e reconhecê-lo mas, por outro lado, há que ver quais as mudanças na organização do Estado português que são profícuas e vão no caminho de um desenvolvimento sustentado. É que há outras que apenas maquilham a realidade e garantem a continuidade de velhos vícios do Estado que comem impostos e apertam as amarras do Estado sobre a liberdade dos cidadãos.
O PSD não pode cair na armadilha de deixar que se generalize a ideia de que o actual governo está a fazer aquilo os social-democratas quereriam fazer e não foram capazes de levar a cabo. Pelo contrário, tem de provar que possui hoje propostas próprias consistentes, isto é, tem que ser uma alternativa real e percebida como tal pelos portugueses. Para tal, é imprescindível que os interesses individuais ditados por tacticismos e carreirismos cedam perante os valores colectivos partidários e mesmo nacionais, já que sem oposição forte e credível não há regime democrático que resista.
O PSD também não se pode deixar enredar em discursos sobre refundações da direita, fusões de partidos, etc., porque nada disto interessa ao comum dos portugueses.
Se há uma área em que o PSD deverá desde logo afirmar-se contando com a compreensão dos portugueses, é a da participação de Portugal na União Europeia.
É hoje evidente que as regras europeias tiveram como consequência a destruição quase total da nossa agricultura e da pesca. Não nos podemos dar ao luxo de permitir que os funcionários europeus venham também dar cabo do nosso sector vitivinícola, com vantagens futuras para quem se imagina, isto é, alemães e franceses.
Não estamos na União Europeia por favor, nem para recolher migalhas. A nossa participação na União Europeia não pode ser senão a da defesa intransigente dos nossos interesses, independentemente de quem ocupa os lugares cimeiros na estrutura da União.
O PSD, sem deixar de ser um partido europeísta assumido e convicto, bem podia colocar os olhos em Brown e Sarkozy e começar por se afirmar nesta matéria, sem complexos, que os portugueses agradecerão.